… Eu te prometo ser fiel, te amar todos os dias da minha vida, ser o seu melhor amigo e seu amante…
Lindo, não é?
Eu sonhei com esse dia por meses. Cada pedacinho de tule branco, cada laço de fita de seda e cada pétala de rosa. Uma igreja linda, majestosa e lotada, com todos os meus amigos presentes sorrindo de felicidade por mim, e assistindo a esse momento único em minha vida. No entanto, como eu disse que sonhei, não quer dizer que esse meu sonho se realizou, pois nesse exato momento estou em pé no espaldar da porta de uma sacristia assistindo o homem da minha vida lendo os seus votos de casamento para outra mulher, enquanto ela sorrir amplamente para ele.
Ah não, eu não paguei por esse casamento, eu não sou tão idiota assim.
O fato é que a mulher naquele altar e eu estávamos fazendo isso ao mesmo tempo e para um único noivo. E como cheguei até aqui? É uma longa história e uma história que eu faço questão de apagar dos meus pensamentos.
… Eu vos declaro marido e mulher, já pode beijar a noiva.
E foi com essas palavras que eu dei as costas para aquele altar extremamente elegante e segui linda, e bela em cima dos meus saltos altos para fora da igreja.
— Demorooou!
Meus amigos gritaram de dentro de um jipe que já me aguardava na frente da igreja e sorri, erguendo os meus braços para alto, me sentindo plena e maravilhosa.
— E que venha o Havaiiií!
Javier gritou, tocando alto a buzina do carro várias vezes e ali mesmo na calçada me livrei dos meus saltos altos, jogando-os para o alto e depois o elegante vestido cheio de brilhos, e de babados, revelando meu jeans azul-anil tamanho 46 e uma blusa tomara que caia branca que agraciava o meu busto de seios fartos. Depois, corri animada para dentro do carro.
— Pisa no acelerador, Javier!
Mirela, minha amiga de longas dadas ordenou e ele simplesmente arrancou me fazendo cair de bunda para cima dentro do veículo.
— Mas que filho da mãe! — xingo alto quando escuto as risadas de todos e logo que me ajeito no banco de trás ao lado das minhas amigas, sinto o vento bagunçar os meus cabelos, os jogando para trás e acaricia o meu rosto de modo simultâneo. Nesse exato momento, sorri me sentindo liberta.
TucaAo longo da minha vida adulta eu fui uma boa menina. Me formei nas melhores faculdades, obedeci os meus pais, arrumei um bom emprego e também um bom namorado. Na verdade, eu conheci o Alec em uma rave e lembro-me que tinha muitas cores, muita gente dançando enlouquecida, e perto demais umas das outras. E cara, tinha muita bebida naquele lugar também. Como sempre, eu estava curtindo com os meus amigos Javier, Mirela e Val, pois somos inseparáveis desde sempre.Quer dizer, não exatamente desde sempre.Depois que Alec entrou na minha vida fui me afastando dos meus aos poucos. Não era exatamente uma exigência do meu ex, mas vivíamos tão grudados um no outro que não sobrava tempo entre o meu trabalho e o nosso namoro para os amigos. Enfim, Alec chegou no nosso meio como quem não queria nada, se enturmou e foi ficando. Naquela noite trocamos alguns olhares e depois do terceiro copo já estávamos nos pegando. Depois disso, não conseguimos evitar as enxurradas de mensagens e de telefonema
Tuca— Achei uma mesa lá atrás para nós! — Mirela grita do início da fila.— Para que uma mesa, gente? Vamos beber, dançar, gritar feito loucas, e depois que estivermos completamente bêbadas caçaremos homens. Uhuuuuuuu! — Val grita de volta, erguendo um braço para o alto e se remexe nos fazendo rir.Caçar homens eu não sei. Suponho que a minha borboleta suicida ainda não está preparada para esse tipo de evento, mas de uma coisa eu sei, eu quero beber todas até me esquecer que sou gente. Penso igualmente animada. Portanto, decidimos ir direto para o balcão do bar mesmo e como os meus amigos da onça haviam previsto depois que todos ficaram ligeiramente bêbados, saíram pela multidão de corpos suados a caça de uma nova presa para ser devorada.E viva o sexo grupal!— Boa noite, senhorita! — Desperto com o barman que coloca um tipo de coquetel com álcool dividido em três cores diferentes, e bem no topo dele tem uma deliciosa rodela de laranja com casca e tudo. Tiro os meus olhos da bela ob
TucaCaraca, eu estava pra lá de bêbada e mesmo assim não consegui dormir com aquele maldito som estralado de beijos melados, e sabe Deus mais o que. Por fim, adormeci no sofá da sala e sonhei o resto da madruga com o meu ex, vê se pode?Isso só pode ser uma sessão de sadomasoquismo.Sério, eu prefiro fazer amizade com essa maldita dor de cabeça que está me matando, diga-se de passagem, do que sonhar com aquele cafajeste! Lembrar que aquele infeliz me fez gastar horrores no casamento dos meus sonhos é quase um suicídio. O tempo todo ele estava envolvido com duas mulheres e a burra aqui nem percebeu nada. Até um envelope anônimo surgir em cima da minha mesa no meu escritório. Juro que vi tudo vermelho na minha frente quando descobri o que havia lá dentro e no mesmo instante peguei a minha bolsa e o envelope, saí da minha sala e entrei no meu carro. Dirigi direto para a empresa onde ele trabalhava e fiz das tripas coração para ser um doce com ele.Alec não perdia por esperar!Assim que
TucaSer solteira não é algo tão difícil de se levar. É praticamente como andar de bicicleta, você nunca se esquece o gostinho da liberdade e para obter sucesso, e não ficar pelos cantos remoendo o passado de uma companhia que não te pertence mais, existem algumas regrinhas básicas que você precisa pôr em prática em sua nova vida de solteiro. E a principal delas, e que não devemos descartar de maneira alguma é voltar para sua badalada vida nas redes sociais, e resgatar aqueles contatinhos que ficaram esquecidos na sua agenda.Olho para o espelho e mexo o meu corpo de uma forma graciosa, vestindo apenas um biquíni com um decote tipo cabresto e uma tanga com nós laterais. Solto os meus cabelos, ponho um elegante chapéu de abas largas na cabeça, um par de óculos escuros e enfim, aponto a câmera do celular para o alto onde a minha imagem surge exibindo a enorme porta dupla da majestosa varanda com a vista de uma bela praia exótica bem atrás de mim. Abro um sorriso extravagante e clico. Na
TucaMinutos depois, sinto a minha pele esquentar consideravelmente e resolvo passar um pouco de protetor solar. Portanto, sento-me em cima da toalha no exato momento que um rapaz traz uma bandeja com as nossas bebidas. Abro a minha bolsa e pego o creme para espalhar no meu corpo, erguendo os meus olhos para apreciar a vista. Foi quando o vi dá um salto na areia e bater com força na bola que atravessou a rede estendida na sua frente e bateu com violência no campo do adversário. De quem estou falando? De um certo Ken moreno, o tal que fugiu do mundo dos brinquedos.E que brinquedo, Deus do céu, a Barbie realmente sabe o que é viver.Suspiro e seguro o meu copo de vodca com limão e gelo que estava do meu lado e bebo um gole considerável. Santo Deus, nunca façam a merda que acabei de fazer. A porra da vodca desceu queimando tudo dentro da minha garganta e automaticamente os meus olhos se encheram d`água e eu puxei a respiração, tentando sobreviver a esse quase afogamento alcoólico.— Ei
TucaOk, eu não estava preparada para voltar a minha vida rotineira tão cedo, pois cada passo que darei de hoje em diante no meu trabalho para o meu apartamento me trará lembranças gostosas, que automaticamente se tornarão dolorosas. E, então percebi que tirar o dito cujo do meu sistema não será algo tão fácil assim. Deveras, tive que cancelar dois dias das minhas maravilhosas férias no Havaí, por causa de uma oportunidade única de crescer dentro de uma empresa de propaganda, onde oitenta por cento dos seus funcionários são homens.Então já viu, né? Assumir as contas da Stand Peterson é o mesmo que tirar na sorte grande. Isso é praticamente nascer com a bunda virada para o sol e após passar anos torrando-a ali, ela finalmente saiu da sua órbita e se virou para a lua.Essa é a minha chance de ouro!Penso quando ponho os meus pés no primeiro batente da escadaria do avião e sorrio para o céu nebuloso de Seattle. Levo a minha mão para o chapéu que o vento frio insiste em querer levá-lo pa
Tuca— Você bem podia ter escolhido uma saia mais folgada, Tuca! — resmungo baixinho, enquanto caminho pelo longo corredor, tentando andar o mais rápido possível dentro de uma saia-lápis apertada e sinto o meu corpo esquentar, e consequentemente começo a transpirar também. — Era só o que me faltava! — ralho, parando de frente para a porta, porém, antes de abri-la ajeito alguns fios dos meus cabelos atrás da minha orelha, seco levemente a minha testa com o auxílio de um lenço de papel e respiro fundo.Assim que adentro a ampla e bem iluminada sala, ouço os sons das vozes masculinas que conversavam animadamente e forço um sorriso para não parecer nervosa.— Bom dia! — cantarolo, anunciando a minha presença e consequentemente atraindo a atenção do meu chefe, que está sentado de frente para a porta.— Olha ela ai! — O Senhor Marreiro fala um tanto saudoso, se levantando para me receber com um forte aperto de mão.— Desculpe o meu pequeno atraso, sabe como é, chegar de viagem tarde da noite
TucaTanto a Sidney quanto a Solange são muito grudadas em mim. Nós temos um tipo de cumplicidade de dá inveja em qualquer grupo de trabalho, até porque como já mencionei, somos a minoria aqui dentro. Contudo, depois desse vexame colossal terei que fazer um sério pedido de desculpas para a garota.— Chega de jogar conversa fora, Fofinha. Ou você vem, ou a reunião está encerrada! — Desperto com o rosnado de Peterson.Oi?Desde quando ele dá as ordens por aqui? Penso em rebater e mostrar-lhe quem manda nessa porra toda, mas ao invés disso fecho a pasta, pego a minha bolsa, ajeito rapidamente no meu ombro e saio feito Marvin, o ET da turma do Perna Longa.— Dá esperar ôh, seu mal-educado? — ralho o olhando segui na minha frente com seus passos largos e elegantes.Ele para em frente ao elevador para apertar o botão e eu o alcanço quando as portas se abrem. Ele abaixa o seu olhar, fixando-o direto na minha saia, depois entra no elevador e se encosta na parede camurçada. Eu entro logo depois