O Começo do Fim

O passado voltava para Helena como um vendaval, revirando sentimentos que ela tentava esquecer. Seu primeiro encontro com Miguel não havia sido apenas um detalhe. Tinha sido uma colisão. Um aviso silencioso de que sua vida nunca mais seria a mesma.

Três anos antes…

A noite estava quente, abafada, mas o salão da mansão Montenegro estava impecável, repleto de pessoas influentes e taças cintilantes. Helena desempenhava seu papel com perfeição: o sorriso discreto, os gestos suaves, a postura elegante de quem sabia exatamente onde deveria estar.

O casamento com Gustavo ainda era novo. Ela tentava se convencer de que a vida que escolhera era a melhor possível. Afinal, era isso que todas as mulheres da sua posição queriam, não?

Até que Miguel Vasconcellos apareceu.

Helena sentiu primeiro. Um arrepio sutil, como se o ar ao redor tivesse mudado. Quando seus olhos o encontraram do outro lado do salão, encostado casualmente no bar, algo dentro dela despertou.

Ele não era como os outros.

Enquanto os homens ao redor ostentavam poder com gestos calculados e sorrisos mecânicos, Miguel parecia alheio a tudo isso. Seu terno escuro estava levemente desalinhado, os punhos da camisa dobrados de maneira displicente, como se não precisasse impressionar ninguém. Mas era o olhar dele que a desconcertava.

Ele a olhava como se enxergasse algo além da esposa perfeita que todos viam.

— Quem é aquele? — Helena perguntou a Gustavo, tentando manter a voz neutra.

O marido seguiu seu olhar e sua expressão endureceu.

— Miguel Vasconcellos. Um homem que acha que pode brincar de magnata.

O desprezo na voz de Gustavo era evidente.

— Você não gosta dele.

— Eu não confio nele. — Gustavo virou-se para Helena, segurando sua cintura com força. — E você também não deveria.

Ela assentiu, mas a sensação de que aquela noite mudaria sua vida não a abandonou.

Minutos depois, Miguel aproximou-se.

— Gustavo Montenegro — cumprimentou com um sorriso despreocupado.

— Vasconcellos — Gustavo respondeu, apertando sua mão com força desnecessária.

Então, Miguel olhou para Helena.

Seu sorriso mudou. Não era mais um gesto educado. Era um jogo. Um convite silencioso.

— E a senhora Montenegro.

A voz dele era rouca, carregada de algo que a fez prender a respiração. Miguel segurou sua mão de forma delicada, mas firme. Um toque breve, e ainda assim, Helena sentiu o calor subir pelo braço, um arrepio percorrer sua espinha.

Foi rápido. Um segundo apenas. Mas foi o suficiente.

Ela retirou a mão, desviando o olhar. Mas Miguel sorriu. Como se soubesse que ela voltaria a olhar.

E voltou.

No presente…

O coração de Helena batia forte enquanto as lembranças se dissipavam. Ela ainda estava no salão, com Gustavo a poucos metros, conversando com seus amigos de negócios, alheio a tudo que acontecia dentro dela.

Miguel continuava no jardim. Ela sabia. Podia senti-lo.

O ar estava pesado, o desejo e a culpa entrelaçados como fios invisíveis ao seu redor.

— Está tudo bem? — A voz de Gustavo a despertou.

Helena virou-se para ele, forçando um sorriso.

— Claro — respondeu, bebendo um gole da taça de champanhe.

O marido a observou por um momento, e ela percebeu algo nos olhos dele. Um lampejo de dúvida.

Será que Gustavo sabia? Será que ele percebia o que estava acontecendo diante dos seus olhos?

Se soubesse, se desconfiasse, ele não demonstrava.

Mas Helena sabia que seu marido não era um homem tolo.

Gustavo Montenegro sempre soube de tudo.

E se não estava reagindo agora… era porque estava esperando o momento certo para atacar.

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