Entre o Desejo e o Perigo

O beijo ainda queimava nos lábios de Helena.

O calor de Miguel parecia ter entrado em sua pele, em seu sangue, em seus pensamentos. Seu corpo ainda se inclinava levemente para frente, como se quisesse mais, como se estivesse prestes a se perder completamente.

Mas então veio a culpa. A lembrança do homem com quem era casada.

Gustavo Montenegro não era um homem comum. Ele era calculista, meticuloso, dono de uma frieza que fazia até os mais poderosos tremerem. E agora, Helena sabia que ele desconfiava. Não sabia como, mas sentia isso.

Ela deu um passo para trás, os olhos arregalados, como se finalmente tivesse percebido o que acabara de fazer.

— Isso não pode acontecer, Miguel. — Sua voz soou trêmula, mas não tanto quanto suas mãos.

Miguel, diferente dela, parecia inabalável. Ele passou a língua pelos lábios, saboreando o gosto dela, e então sorriu de lado, com aquela confiança perigosa.

— Mas já aconteceu.

Helena sentiu a garganta secar. Seu coração batia tão rápido que ela teve medo de que fosse audível.

— Eu sou casada — murmurou, como se estivesse tentando lembrar a si mesma.

Miguel riu baixo, aproximando-se novamente, e dessa vez ela não recuou.

— Você acha que eu não sei? — Sua voz era um sussurro rouco. — Mas você quer isso, Helena. Tanto quanto eu.

Ela fechou os olhos, como se pudesse apagar a verdade. Mas era impossível.

Quando abriu novamente, ele estava ali, tão perto que podia sentir o cheiro da sua pele, a intensidade dos seus olhos prendendo-a como correntes invisíveis.

— Gustavo vai saber — ela sussurrou.

Miguel não hesitou.

Helena arregalou os olhos. — Você não entende… — tentou argumentar.

— Eu entendo perfeitamente — ele a interrompe

— Você vive presa em um casamento que nunca foi sobre amor. Você sorri para as câmeras, aperta mãos, finge que é feliz. Mas quando foi a última vez que sentiu algo real?

Helena abriu a boca para responder, mas as palavras não vieram.

Porque Miguel estava certo. Fazia tempo. Tempo demais. O toque de Gustavo sempre foi frio. Sua presença sempre carregou mais dominação do que carinho. Ela nunca se sentiu desejada, nunca sentiu que era mais do que um nome ao lado do dele em colunas sociais.

— Mas Miguel…

O olhar dele era diferente. O toque, a forma como dizia o nome dela.

Era como se ele a visse.

— Eu não posso — murmurou, mas sua voz não tinha mais firmeza.

— Você já escolheu, Helena. Só ainda não teve coragem de admitir.

Ela prendeu a respiração quando ele ergueu a mão e tocou seu rosto com a ponta dos dedos. O contato foi leve, quase uma carícia.

— Isso está longe de acabar — ele sussurrou.

E então ele se afastou, desaparecendo na escuridão.

Helena permaneceu ali, o peito subindo e descendo em descompasso, tentando recuperar o fôlego, tentando recuperar a razão.

Mas então… Um arrepio percorreu sua espinha. Um sexto sentido a alertou antes mesmo de virar o rosto. Do outro lado do corredor, envolto nas sombras, estava Gustavo.

Ele não disse nada. Não se moveu. Apenas observou. Seu olhar era calmo, frio. Perigoso.

O coração de Helena parou por um segundo.

Será que ele viu? Será que ele sabia?

Ela queria acreditar que não, queria se agarrar à esperança de que talvez fosse apenas uma coincidência. Mas Helena conhecia Gustavo.

E Gustavo nunca estava em um lugar por acaso.

O jogo tinha mudado.

E agora… ela não tinha mais para onde correr.

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