LeandroO silêncio na sala pesa como uma sombra espessa, sufocante. Seguro o telefone com força, meus dedos cravando no aparelho. O que acabei de ouvir... não faz sentido. Não parece certo.— Ela ligou. — Minha voz sai firme, mas dentro de mim, há um caos furioso.Carlos ergue os olhos do tablet, interessado.— O quê? Isabela?Assinto, mas não me sinto aliviado. Meu coração bate forte, e não de um jeito bom.— Sim. Disse que está na fazenda do pai. Que precisa de um tempo.Carlos solta um suspiro, recostando-se na cadeira.— Então pronto. Ela está bem.Meu maxilar trava.— Não, não está.Ele franze a testa.— Como assim? O que ela disse exatamente?Cruzo os braços, tentando organizar os pensamentos, mas está tudo embaralhado. A voz dela. O tom. O jeito apático.— Ela falou que precisava de um tempo, que estava segura… mas a voz dela, Carlos. Não parecia a Isabela.Ele me observa com atenção, mas ainda não parece convencido.— Talvez ela só esteja cansada. Você sabe, depois de tudo…Ba
Eu o desafio com meu olhar, tentando não ceder.— Como é saber que pode ter meu corpo, mas nunca meu coração? — Respondo, com a voz firme, mesmo que meu corpo grite o contrário.As palavras são como uma facada em seu peito. Seu rosto se contorce, e eu vejo uma faísca de raiva misturada com dor. Ele aperta os lábios e se aproxima, mais feroz que nunca.— Então, primeiro, terei seu corpo. E nada nesse mundo fará com que eu pare de te amar. — Sua voz é baixa e cheia de promessa.Eu mal consigo controlar o tremor que me invade quando ele começa a me beijar de forma possessiva, cada toque seu é como uma chama que me consome.Ele me arrasta para o prazer e, quando tudo termina, o silêncio é insuportável. Fico ali, perdida, sem saber se estou mais longe ou mais perto de ceder completamente a ele.Ele me deixou marcada de forma que não sei se poderei voltar a ser a mesma.Quando tudo termina, eu fecho os olhos e me viro com o coração dilacerado e choro.Ele me vira para que o encare de frente
Ele segura meu queixo e me obriga a encará-lo, seus dedos firmes, mas surpreendentemente cuidadosos. Seu toque queima minha pele, um contraste brutal contra a tempestade que se forma dentro de mim.— Ajudaria muito se me dissesse que as ações que estou tomando valerão a pena. Há uma guerra lá fora, e eu aqui, preso nessa casa, tudo por causa de uma garota que me vê como um monstro. — Minha voz sai mais baixa, quase um sussurro rouco. — Me diga, Isabela, me diga que pode me ver com olhos diferentes.Eu não digo nada, e ele continua:— Preciso arrumar o valor que o Zoio me pediu. E não será fácil conseguir tanto dinheiro em espécie. Por isso estou nervoso. — Suas palavras pesam no ar, carregadas de exaustão. Ele não está apenas preocupado com a violência ao seu redor, mas com algo muito maior, algo que está escapando do seu controle.Observo-o atentamente e percebo que ele está sendo consumido pelo próprio jogo que jurou dominar. Há sombras em seus olhos verdes que antes eu não via. Ele
Antes que ele se vire para mim o celular dele toca. Ele então me encara e atende o celular sem desviar os olhos de mim, sua expressão fechada, o cenho franzido como se já soubesse que as notícias não serão boas.— Fala, Ronilson. — Sua voz sai tensa, carregada de um peso sombrio.Eu observo, sentindo meu coração acelerar com a vibração quase palpável no ar. Algo me diz que o que quer que esteja acontecendo, vai piorar ainda mais a situação dele. E, por consequência, a minha.Do outro lado da linha, Ronilson respira fundo antes de soltar a bomba:— Leleco já era. No meio do caminho, ele abriu a boca e disse que ia contar tudo pro Zoio. Falou que não ia pagar de otário, que não ia morrer por você. Tentamos acalmar ele, mas... ele não quis ouvir. A gente discutiu feio e... o carro saiu da estrada. — Ronilson para por um instante, a respiração ofegante. — Eu tive que acabar com ele, Dante. Não tive escolha. O filho da puta ia nos entregar.Dante fica em silêncio por alguns segundos, os ol
IsabelaMeus olhos se enchem de lágrimas lentamente quando percebo que estou de volta ao meu quadrado. Ele me encara com uma expressão sombria, e um pressentimento gélido percorre minha espinha. Talvez essa seja a última vez que o veja. Sua camisa branca, agora suja de comida e barro, está encharcada e grudada ao seu corpo, realçando seus músculos definidos. Seus olhos verdes intensos me estudam, e, mesmo em meio ao caos, não posso negar: esse homem é lindo.— Dante, o que vai fazer? — pergunto, preocupada.A frieza em seu olhar começa a se dissipar à medida que percebe meu desespero. O calor em seus olhos deixa minha mente à deriva. Confusa e assustada, sinto meu sangue ferver.— Conversar.Ofego, meu coração bate frenético.— Conversar? — minha voz falha, incapaz de esconder o temor.Ele se aproxima, tão perto que sinto sua respiração quente contra minha pele. Nossos olhos se encontram, e eu me perco no verde profundo dos dele.— Sinto-me pequeno ao trancar essa porta por não confia
—E sumir?.... significa me levar com você?—Sim, o plano é esse, porque se não for comigo não faz sentido para mim mudar.Dante passa os dedos nos meus cabelos, seus olhos descem para os meus lábios e param ali.—Eu acho melhor limpar essa sujeira toda. —Eu digo com a respiração alterada. O coração batendo forte no peito.Dante me encara frustrado.—É só isso que tem a me dizer? Depois de tudo que te falei?—Sinto, mas é isso. Eu não sou uma garota borderline que faz tudo por causa de um bandido.... mesmo que ele tenha todas as boas intenções do mundo. Lembre-se que está pedindo para que eu deixe minha vida por causa de você.— Eu sei que é um passo muito grande, por isso ficaremos aqui, neste chalé. Quero que me conheça direito, quero que entenda quem eu sou de verdade, sem pressão, sem correria. Quero que olhe para mim sem medo, sem esse peso que você carrega nos olhos.Eu balanço a cabeça, incapaz de processar tudo. Ele quer que eu fique. Quer que eu aceite essa nova versão dele, m
Dia seguinte...O cheiro forte do café invade meus sentidos antes mesmo que eu abra os olhos. Inspiro fundo, deixando o aroma quente e reconfortante me envolver, afastando lentamente o torpor do sono. A luz suave da manhã atravessa as frestas da cortina, tingindo o quarto com um brilho dourado e delicado.Me espreguiço preguiçosamente, sentindo o corpo ainda pesado da noite anterior. O silêncio do chalé é quebrado apenas pelo som distante de xícaras tilintando. Meu coração aperta por um instante ao lembrar do que aconteceu. De Dante. Das palavras dele. Do jeito como ele me olhou antes de sair do quarto.Respiro fundo e me forço a levantar. Meus pés tocam o chão frio, e um arrepio percorre minha pele. Puxo uma blusa qualquer e sigo o aroma irresistível até a cozinha.Quando chego à porta, a visão me paralisa.Dante está de costas para mim, sem camisa, passando o café. Seu corpo enorme e esculpido se destaca sob a luz matinal que entra pela janela. As tatuagens cobrem seus braços fortes
Meu coração dispara, mas eu seguro firme a xícara, tentando manter uma aparência neutra. Tento não demonstrar que suas palavras me afetam, que sua proximidade me desestabiliza, mas sei que estou falhando miseravelmente. Dante percebe. Claro que percebe. Ele se inclina um pouco mais, apoiando os antebraços na mesa, os olhos verdes cravados nos meus, como se já soubesse exatamente o que estou pensando. — Diga que estou errado, Isabela. — Sua voz é baixa, carregada de um desafio silencioso. Engulo em seco. Meu instinto grita para negar, para me levantar e me afastar desse jogo que ele joga tão bem. Mas meu corpo, minha respiração acelerada, a forma como meus dedos apertam a alça da xícara… tudo me entrega. Eu não respondo. Dante sorri de canto, satisfeito com meu silêncio. Ele pega a própria xícara e dá mais um gole no café, seus olhos ainda presos em mim, analisando cada mínimo movimento. — Você diz que quer tempo, que precisa pensar, mas seu corpo fala outra coisa. — Ele desliz