Emily estava ao meu lado no carro enquanto dirigíamos em direção ao hospital. O silêncio entre nós era pesado, cheio de pensamentos não ditos e medos não confessados. Eu não conseguia parar de pensar em tudo o que havia acontecido nos últimos dias. A neve, a cabana, a noite juntos... e agora, a possibilidade real de uma concepção.Chegamos ao hospital e eu liguei para Amélia, minha ex-cunhada e uma médica de confiança. Ela tinha pouco mais de 30 anos, com cabelos ruivos que caíam em ondas suaves sobre seus ombros, olhos verdes penetrantes e uma presença calma e confiante que sempre foi reconfortante para mim.– Amélia, estamos aqui – disse eu, tentando manter a voz firme. – Onde podemos te encontrar?– Estou no quarto de exames 302 – respondeu ela, a voz firme mas acolhedora. – Podem subir. Vou encontrá-los lá.Guiamos-nos até o quarto de exames, onde Amélia já nos aguardava. A sala era simples e esterilizada, com equipamentos médicos organizados
Entrei no banheiro e liguei o chuveiro, deixando a água quente cair sobre meu corpo. Enquanto a água escorria, meus pensamentos se agitavam. "A única mulher nascida dentro da família e a mais usada, que desrespeitoso", pensei, sentindo a indignação crescer dentro de mim. "Como podem esperar que eu me case só porque meu primo fez uma proposta? Isso é uma violação dos meus direitos, das minhas escolhas."Suspirei, tentando afastar a raiva. Precisava de um detox emocional. Talvez um pouco de compras ajudassem a clarear minha mente. Tomei a decisão de sair e comprar roupas para os próximos cinco dias. Sairia devagar, sem fazer barulho, para não acordar Karl.Voltei ao quarto e peguei meu celular. Antes de sair, parei por um momento para apreciar Karl dormindo. Ele parecia tão em paz. Um sorriso suave apareceu em meus lábios. Por mais confusa que estivesse, não podia negar o que sentia por ele.Desci até o restaurante do hotel e tomei um café rápido. Em seguida, chamei um táxi e pedi para m
–Pena que não vai rolar, bati minha cota da manhã.Emily choraminga segurando os lábios com pressão.–Tudo bem, temos coisas a resolver com o trabalho, Sr. Juíz da Suprema Corte.Eu me levanto da cama, sentindo o peso das nossas conversas e decisões recentes. Sermos abertos a uma vida, exigir espaço e ver Emily se impor com seus pais. Chamei Emily para tomar banho comigo, precisando tanto do calor da água quanto da intimidade da sua presença.No chuveiro, a água quente escorria sobre nós, criando um refúgio temporário da realidade. Emily começou a falar sobre o caso de Juliet, tentando focar no trabalho.– Sobre o caso da Juliet – disse ela, seu tom sério. – Você acha que temos uma chance real de ganhar?Enquanto lavava o cabelo, olhei para ela, absorvendo a determinação em seus olhos.– Abuso de poder é algo difícil de provar – respondi, enxaguando o shampoo. – Mas as evidências q
Quando cheguei à casa dos meus pais, Samuel foi quem abriu a porta. Ele me olhou de cima a baixo, o que me fez sentir ainda mais desconfortável. Não disse nada, apenas suspirou fundo e perguntou sobre o casamento.– Então, já decidiu sobre o nosso casamento? – perguntou ele, com um tom que soava tanto interessado quanto indiferente.Olhei para ele com fúria, não acreditando na audácia. Peguei minhas bolsas com as roupas novas e as entreguei a ele sem dizer uma palavra, me dirigindo diretamente à sala de jantar. Samuel seguiu-me e se sentou ao meu lado, como se fosse parte da mobília.Enviei uma mensagem rápida para minha mãe, pedindo que convocasse todos da família para a sala. Podia ouvir os sons das pessoas na casa, incluindo as risadas das crianças. Meus pensamentos divagaram brevemente para a possibilidade de ter uma menina um dia, e como seria ouvir risadinhas femininas na casa. Afastei rapidamente essa ideia, tentando me focar no que precisava ser fe
Me esquivei por dias no meu antigo quarto. Saia para refeições ignorando minha ex esposa em todos os jantares. Adam e eu passamos o ano novo juntos com Ella, bebemos muito e planejamos nos reencontrar na Páscoa. Hoje é meu último dia aqui. E ao juntar meus pais e Thereza na sala de estar, sinto o peso do momento. Preciso esclarecer o motivo do meu afastamento.— Pai, mãe, Thereza, precisamos conversar. — começo, tentando manter a calma. — Há algum tempo que estou afastado de Thereza, e acho que vocês precisam entender o porquê. Não pretendo voltar com ela.Meu pai me interrompe, visivelmente irritado.— Karl, você sabe que queremos que vocês voltem a ficar juntos. Por que esse afastamento? Tentem! — ele exige.Respiro fundo e continuo.— Estou conhecendo alguém. E mais do que isso, pretendo ser pai. — digo, tentando manter a voz firme.Minha mãe fica boquiaberta, enquanto meu pai balança a cabeça em desaprovação. Therez
Cheguei à Suprema Corte dirigindo meu carro, resmungando mentalmente sobre os cuidados que precisei tomar devido à neve acumulada. A lembrança de Karl e dos momentos na cabana invadiu minha mente, trazendo uma dor no peito, uma saudade covarde que encheu meus olhos de lágrimas. A cada passo, sentia uma dor que emanava do fundo do meu ser, enquanto o frio preenchia a boca do meu estômago ao avistar Karl no fim do corredor. Antes que pudesse processar totalmente a visão, minha cliente apareceu e interrompeu meus pensamentos. — Vamos repassar o que conversamos no Zoom dias atrás? — disse, tentando manter a voz firme. –Claro, Juliet! Vamos sim! Ela assentiu, e seguimos para a sala de audiências. Eu estava usando o cabelo preso e vestida com uma calça social preta e um blazer de listras cinzas. Ao entrarmos, senti o olhar gelado de Karl sobre mim, embora ele evitasse me encarar diretamente na maior parte do tempo. A audiência foi um turbilhão de argumentos e contra-argumentos. Karl, sem
Ela estava deslumbrante. Emily sempre foi linda, mas agora, enquanto a vejo como mãe, há algo ainda mais radiante nela. A alegria em seus olhos, a emoção em seu sorriso - tudo isso a torna ainda mais irresistível. Senti uma vontade quase incontrolável de beijá-la novamente, mas sabia que agora, mais do que nunca, precisávamos estabelecer limites claros.Afastei-me suavemente e a conduzi até minha sala. Precisávamos conversar sobre o bebê, sobre o que viria a seguir. Sentamo-nos e, por um momento, apenas nos olhamos. Eu estava encantado, e ela parecia estar ainda mais.– Eu acho que é uma menina – comecei, tentando quebrar o gelo.Emily sorriu e assentiu.– Eu também acho. Gosto da ideia de ser uma menina. – Ela fez uma pausa, depois brincou: – Mas seria engraçado ter um mini Karl vivendo comigo.Ri suavemente, mas a brincadeira dela abriu uma porta.– Ainda pode viver com o próprio – sugeri, tentando manter a voz leve. – Se você largar Samuel.Emily ficou muda, seu sorriso desaparecen
Não sei como me sentir, meu coração martelava como bombas e eu bambeava pelo apartamento lembrando do selinho. De tudo que vem depois dele. Quanto mais nos aproximamos, mais eu conheço o humor dele e a atenção. Mesmo agora fazendo minha refeição sozinha, parece que com ele qualquer comida fica gostosa. Eu vou ser mãe. Mãe do filho dele. Meus lábios se contraem em sorriso ao imaginar ele e nosso filho juntos, apesar de achar ele um ótimo pai de menina. Queria que fôssemos nós contra o mundo inteiro, mas não é assim. Quero gritar com a minha mãe por não me defender, quebrar os pratos daquela sala de jantar nos meus parentes que fingiram me amar. Isso não era amor. Meu peito estava magoado, angústia resumia minha família e eu não sei como vai ser agora ciente de que minha gravidez tornará meu pai meu inimigo. E ainda preciso ganhar o caso da Juliet. Inspiro, pensando na frente do notebook na minha cama e falo com meu filho: – Ei, sementinha. Acha que sua mamãe consegue ganhar o caso ag