HAVIAM MUITAS BIFURCAÇÕES, E AS PAREDES SE comportavam como se estivessem vivas. Vez ou outra, uma ondulação estranha nos cercava, ecoando pela terra, a fazendo com que raízes finas se desprendessem da mesma e agissem como braços pútridos e ressecados. Na última vez, uma raiz se prendeu teimosamente nos cabelos de Hanna, e ela gritou tanto, que o teto tremeu, ameaçando despencar sobre nossas cabeças.
O lado bom, foi que saímos antes que ele despencasse.
E a nova bifurcação possuía um ar interessante.
Cheiro de azevinho e folhas secas nos recebeu em forma de brisa, e um brilho intenso e estranho se refletia no teto alto e cheio de depressões estranhas.
Uma longa e íngreme ponte de pedras retorcidas se estendia a nossa frente, cujo outro lado, se agigantava dentro da cena na forma de um imenso portal escuro feito de vin
A VISTA POR DE TRÁS DO PORTAL RECOBERTO DE LIQUENS coloridos foi apenas mais uma surpresa.Depois de um longo túnel muito semelhante ao qual havíamos percorrido, a vegetação passou a mudar, de morta e aparentemente bipolar, para aceitavelmente mais viva, mas ainda não verde. Ao invés de verde, as folhagens apresentavam uma coloração semelhante ao vinho envelhecido. Algumas raízes chegavam a serem vermelhas, tão vivas quanto a pimenta. Quando a luz começou a verter em abundancia pela abertura a frente, um céu acinzentado, cujas cores escuras carregadas pintavam nuances como a tela de um pintor enlouquecido, nos saudou com sua dose de realismo.Quando apontamos abaixo da entrada, meu queixo voltou a cair. A paisagem parecia, de fato, um quadro não muito elaborado nos detalhes, cujas técnicas em pastel eram apreciáveis e
SE EM ALGUM MOMENTO DA VIDA, ALGUÉM TIVESSE ME DITO QUE antes mesmo dos dezoito, haveriam Estrelas Caídas se ajoelhando aos meus pés... bem, eu diria que este alguém precisava, com certa urgência, de uma consulta com algum psiquiatra Falange para possíveis tomadas de precauções. Sua saúde mental estaria totalmente prejudicada. Falida. Destroçada.No entanto, naquele momento, destroçada estava eu.Tão boquiaberta que nem mesmo fui capaz de expelir qualquer tipo de meia palavra.Haviam Estrelas.Caídas, mas ainda eram Estrelas.E elas se ajoelhavam como se eu fosse alguma... Nebulosa?Meus olhos procuram Arena em desespero, na ânsia de obter algum auxílio, mas ela parecia quase tão perdida e atônita quanto eu. Hanna parecia como se tivesse quebrado os pulmões, e Arbo parecia se decidir mentalmen
Desde o início de tudo, tal palavra cruel nos rondava.Maldição.Esteve nos lábios de Eron desde a primeira vez em que nos beijamos. Esteve em cada um dos poemas sombrios que acompanharam meus dias. Esteve nos olhos de tia Peg e Arena cada vez que um acontecimento desastroso se desenrolava, e esteve gravitando a história de Evangeline desde que eu descobrira sobre ela.A prenuncia esteve sempre ali, maldita sobre nossas cabeças. Pesada sobre nossos ombros. Real sobre nossos pesadelos.Um fantasma que enfim resolvera se materializar e dar as caras.“Não se esqueça que fui eu quem destruiu todas as suas Antecessoras! Fui eu quem observou a maldição destruir cada uma delas! ”_ Zórem havia dito, “ .... até... a... quarta... geração....”.Enquanto Meninges corriam para lá e para
P A R T E I _ M O N T E D E C I N Z A S“Você me acendeu, monte de cinzas que sou,E me transformou, em fogo.”_Charles Dickens. Um Conto de duas Cidades.F A G U L H A“Aqui, rasteje miserável, sob um conforto em um redemoinho: toda vida e morte se extingue, e todo dia morre com o sono.”—Gerald Manley Hopkins. “No Worse, There is None”. 
Miriad, Academia Elementar. Dias atuais. NÃO O SINTO EM MINHA MENTE.Era de propósito. Eu não queria que ninguém soubesse que eu havia corrido para a Academia Elementar assim que tive uma oportu
-WOW! MINHA COLUNA NUNCA MAIS VAI SER A MESMA... — Arbo reclamou em forma de uma bufada quando pulou por cima dos muros de pedra que circundavam a Academia.O crepúsculo já estava ameaçando encobrir o horizonte numa paleta indistinta de cores alaranjadas e vermelhas quando descemos as escadarias da Academia Elementar, cruzando o extenso Campo de Treinamento vazio, e voltando a subir o próximo lance de escadas cavados na terra escura que nos conduziria novamente a trilha.— Ás vezes, eu penso em tipo, oito mil maneiras diferentes de chutar o traseiro do seu namorado. — ela considerou.Mesmo me empenhando em trabalhar as pernas, detectei a palavra imediatamente, quão logo ela deixou os lábios de Arbo.Namorado.Ao mesmo tempo em que minhas sobrancelhas se franziram em estranheza ao som da palavra,
O VESTIDO ERA BONITO.Brilhava como se tivesse sido feito com pedaços do Sol. Eu me sentia como a estrela mais brilhante da constelação.— Por que dourado? — perguntei a Arbo, parada diante do espelho de corpo inteiro enquanto ela escovava meus cabelos sem graça para trás das orelhas, prendendo alguns grampos na parte superior do lado direito de minha cabeça, obrigando os cachos á caírem pelo ombro esquerdo e deixando meu rosto completamente limpo.— É a cor das festividades. É falta de educação usar roupas escuras em Cerimônias. — ela explicou — O escuro representa a morte, é o que usamos para matar. Mas hoje, vamos apenas celebrar. Dourado é cor do brilho e do furor das estrelas. E elas brilham quando estão felizes, é o que dizem.O vestido
LAYAN MUDOU DE POSIÇÃO PELO QUE LHE PARECIA ser a milésima vez no dia. Ou na noite, não havia como saber. O fato, é que já havia se acostumado à dor penetrante que se esvaia de cada célula sua, enervante, completando um ciclo de eterno tormento quando somada á todos os pensamentos que se sobrepujavam em sua mente durante seu grande tempo livre.Eles acoitavam sua mente quando Jade resolvia lhe dar um dia de folga. Como aquele.Estranhava esses dias, se perguntando o que a Falange demente poderia estar fazendo.De alguma forma, era como se ele se sentisse mais seguro quando Jade lhe fazia suas visitas constantes, se empenhando em fazê-lo descobrir novos limites de dor ao aplicar-lhe uma seção diária de tortura criativa. Pelo menos, nesses momentos, a atenção e criativida