Cris
Um mês depois...
— Bom dia, Senhora Smith! Como está se sentindo essa manhã? — Escuto a minha assistente dizer para uma paciente após o operatório. — É inevitável não a observar entretida com alguns exames nas mãos. Ela é bonitinha, mas é todinha atrapalhada e devo admitir que esse seu jeito dá um certo charme para a garota. — Os seus exames já estão prontos e o médico virá vê-la em alguns minutos. — Ela informa de um jeito bem profissional.
Jennifer passou o mês inteiro aprendendo como fazer os exames de toque e posso dizer que estou aliviado quanto aos resultados das suas observações analíticas. Ela também aprendeu a verificar a pressão e até fez um ultrassom. Me pergunto como uma aluna aplicada como ela chegou a esse período sem verificar uma simples pressão arterial?
— Obrigada, querida! — A paciente diz mais animada e me pego sorrindo para esse ato.
A minha assistente tem estudado bastante como lhe pedi. Tenho percebido isso na maneira com ela se comporta durante seus atos e orientações, o jeito como ela responde aos meus questionamentos me deixa satisfeito e orgulhoso.
Vagina monstro. Ainda rio dessa sua loucura.
Porra, e a carinha que ela fez foi desconcertante e impagável. E confesso que manter a Jennifer em pé durante o trabalho não foi uma tarefa muito fácil. Ela simplesmente tropeça em tudo na sua frente, até mesmo nos próprios pés. Sem falar nas asneiras que sai da sua boca.
Em que mundo ela vive a final?
— Doutor, pode verificar a mãe do leito três? — Uma enfermeira pede parando do meu lado e consequentemente me fazendo desviar a minha atenção de uma certa residente.
— É claro, Verônica.
Ligo o meu modo profissional, pego o tablet em cima da bancada da recepção e vou até a minha assistente, e quando me aproximo dele, o terremoto b**e forte contra o meu peito, se desequilibrando no mesmo instante e antes que ela vá ao chão, a seguro rapidamente pela cintura, puxando-a imediatamente de encontro ao meu corpo. No mesmo segundo uma chuva de papéis de exames começa a cair sobre nós e imediatamente a encaro.
O que eu posso dizer?
Ela é linda pra caralho! Penso.
Pequena, magrinha e com uma pele levemente bronzeada. Os seus olhos são um pouco puxados e eles têm um amendoado. Engulo em seco quando olho para a sua boca tão pequena quanto carnuda, pintada com um tom rosado. Ela puxa a respiração bem devagar, fazendo o meu coração acelerar feito um louco.
Que merda acha que está fazendo, Ávila? Resmungo mentalmente me obrigando a largar a moça.
— Você está bem? — pergunto após limpar a minha garganta e ela parece despertar. Jennifer me lança um olhar desprovido de qualquer firmeza. Ela parece receosa, insegura na verdade, e foge do meu olhar tão rápido quanto pode. Seus olhos correm frenéticos em todas as direções e ela se abaixa rapidamente para apanhar os papéis espalhados.
— Me desculpe, doutor Ávila! Eu... não o vi chegar e... ai meu Deus! Me desculpe, eu prometo que isso não vai mais se repetir!
Eu duvido muito. Ralho mentalmente enquanto escuto os seus pedidos trêmulos e quase embargadas. Ela é realmente uma metralhadora de palavras quando está nervosa. Penso me divertindo com essa situação.
— Reinhold? — A chamo firme, fazendo-a parar o que está fazendo. A garota me olha lá de baixo e porra, que visão é essa?!
Ok, se eu fosse o tipo de homem dominador essa garota com certeza seria uma submissa perfeita. No entanto, ela continua me encarando com esses seus olhos escuros que parecem perdidos. Ou estarão com medo de algo?
Me pergunto se é de mim que tem medo?
— Sim, doutor! — Ela puxa uma respiração profunda.
— Arrume essa bagunça agora e dirija-se imediatamente para o leitor três! — ordeno com um tom levemente rude.
É difícil ser mais maleável com ela e eu nem devo ser na verdade. Isso servirá para o seu crescimento profissional.
— Sim, doutor!
— Você tem dois minutos! — rosno me afastando dali.
— Sim, doutor!
Acho que vou pirar com ela perto de mim assim.
Olho para trás e a encontro arrumando a sua bagunça tão rápido quanto pode e saio do corredor com passos largos.
Sim doutor! Sim, doutor! Não doutor! Isso fode com o meu psicológico.
— Bom dia, Senhora Taylor!
— Bom dia, doutor!
— Estou vendo que as contrações já começaram a ganhar algum ritmo.
— Sim, o meu bebê quer vir ao mundo. — Ela diz com uma satisfação que me faz sorrir.
— Bom, vamos trazer esse garotão ao mundo, certo? — digo no exato momento que a porta se abre e Jennifer entra na sala. A garota parece um tanto exasperada, porém, assim que ela me ver se recompõe. Respira fundo e para do meu lado. — Muito bom, Reinhold! — A elogio e em troca recebendo um sorriso acanhado sei.
Não caia nessa armadilha, Ávila. Porque é isso que ela é, uma armadilha.
— Pode ler o prontuário da paciente para mim, por favor? — peço me encostando na cama para observá-la.
— Tudo bem! Ah, essa é a Laura Santiago, tem trinta e seis anos e está grávida de gêmeos... — Jennifer começa a ler o documento e por algum motivo os meus olhos focam apenas nos lábios rosados. Eles estão se mexendo e me fazendo pensar coisas que eu não deveria pensar.
Droga, preciso repassá-la para outro médico o quanto antes!
— ... e não tem passagem suficiente para um parto normal. — Finaliza a leitura.
— Pronta para acompanhar a sua primeira cesariana, Senhorita Reinhold? — pergunto e seus olhos crescem demasiadamente.
Merda, é até um pecado ser tão inda assim!
— O... Senhor está... falando sério? — A garota interpele em um misto de alegria e de espanto.
— Estou falando muito sério. Peça para preparar a sala de cirurgia e... se prepare também, Reinhold! — ordeno, mas ela faz um som engraçado com a boca e começa a dar pulinhos. — Reinhold?! — A repreendo duramente. — A sala de cirurgia!
— Sim, sim, claro! Agora, doutor. — Minha residente quase grita a exclamação. Contudo, ela segura em cada lado do meu rosto e beija as minhas bochechas com euforia.
— Reinhold! — Volto a repreendê-la, dessa vez com um tom mais firme e ela se afasta de mim imediatamente, ficando corada.
Lindamente corada devo mencionar. Depois, a observo passar as mãos atrevidas várias vezes pela calça azul de tecido. Reviro os olhos internamente.
— Me desculpe, doutor Ávila, me desculpe! — pede apreensiva, mas logo ela volta a sorrir, só que mais controlada. Contudo, ao se mexer para sair do seu lugar, Jennifer b**e a cabeça no vidro da porta e eu só consigo pensar que ela é mesmo um desastre.
Um lindo desastre!
A garota alisa o local da pancada e sai correndo da sala. Juro que tenho medo desse furacão solto dentro desse hospital. Jennifer é um perigo até para si mesma, imagine para os outro.
— Ela é muito bonita, doutor Cris. — A Senhora Taylor fala me afastando dos meus pensamentos, porém, ela faz uma careta de dor em seguida. Apenas a encaro, soltando um suspiro baixo.
— Sim, ela é. — Me pego concordado com a minha paciente.
— Vocês fariam um belo casal. — Ela comenta, porém, resolvo mexer no seu soro e diminuir a velocidade do conta-gotas.
— Não somos um casal, Senhora Taylor. A Jennifer é minha aluna.
— Hum, entendi, mas ela gosta do Senhor.
— Eu duvido muito. Eu sou tão rude com ela que as vezes tenho raiva de mim mesmo — ralho sem encará-la.
— O senhor gosta dela? — Ela pergunta e eu paro o que estou fazendo. Olho para a mulher que parece o usar essa conversa nada convencional para se distrair da sua dor.
— Vou mandar prepará-la para a cirurgia, Senhora Taylor. — Ignoro a sua pergunta de forma educada e saio da sala.
CrisÀ noite...Chego no meu apartamento pouco mais das oito da noite e cansado, largo a minha pasta em cima do divã ao pé da minha cama, e deixo o capacete ao lado. Começo a me desfazer das roupas largando-as dentro de um cesto e ligo o chuveiro. Contudo, antes de mergulhar de cabeça na água verifico a sua temperatura.Esse é o pior momento da minha existência e chego a acreditar que sou um tanto masoquista, porque é nesse momento que passo horas debaixo d'água, voltando para um passado que eu deveria apagar de uma vez da minha vida. Ainda consigo sentir o seu gosto no meu paladar e os seus gemidos de prazer preenchem os meus ouvidos. Por que eu faço isso comigo mesmo? Me pergunto, fechando os meus olhos projetando o seu lindo sorriso na minha frente.Linda, gostosa e perfeita, mas ela não é minha e nunca será. Respiro fundo. Pensar que ela me usou me deixa consternado.Longos minutos se passaram e finalmente desligo o chuveiro, envolvendo a minha cintura com uma toalha. Os meus pla
Cris— COMO DIABOS VOCÊ VEIO PARAR AQUI?! — berro praticamente saltando para fora da cama e sentindo o meu coração saindo pela boca. Jennifer solta um grito agudo na sequência, se sacudindo toda e no ato, ela se desequilibra e cai da cama. Rolo os olhos.Penso que não podia ser diferente percebendo que até acordando essa garota é um desastre.— Do-doutor Christopher?! — Ela gagueja um tanto exasperada, franzindo em uma perfeita confusão. E para piorar, a porra do desastre está vestindo apenas calcinha e sutiã. Um conjunto sensual e rendado, branca que contrasta perfeitamente com o seu tom de pele.Meu Deus, o que aconteceu na noite passada? Tomo o fôlego e tento me acalmar.— Reinhold, você está bem? — Procuro saber, deixando de lado esse meu jeito grosseiro de ser e a ajudo a levantar-se do chão.— Por Deus, acho que ainda estou viva! O Senhor quer me matar do coração? — A criatura ralha com uma respiração alterada, levando uma mão no peito.— Só... me conte. O... o que aconteceu aqu
CrisCris— Eu acredito desacreditando — Ela diz me deixando confuso.— Como é isso, Reinhold? Ou você acredita, ou não acredita. — Jennifer se acomoda na banqueta e dá de ombros.— Só sei que é assim. — Rio e me sento de frente para ela.— Esse negócio de amor à primeira vista não existe, Tempestade e isso é um fato. — Ela sorrir.— Tempestade? — Faço um gesto desdenhoso.— É o que você é, uma tempestade.— Eu acredito porque quero que aconteça comigo, mas desacredito porque isso nunca aconteceu definitivamente.— Você nunca se apaixonou antes? — Ela balbucia.— Sim! Não! — Reinhold sacode a cabeça e eu seguro o riso. — Quer dizer, eu não sei ao certo.— Não sabe? Você é confusa sabia? E dá um nó cabeça de qualquer um — ralho. Ela volta a sorrir.— Eu estou esperando uma explosão de emoções igual dos livros de romances, sabe? — confessa um tanto sonhadora. — Sabe aquela sensação de calor e de suor frio. Aquela tremedeira, as borboletas no estômago, o coração acelerado...— Isso não m
CrisCris— Não! — Respiro fundo. — Ela não está preparada e você sabe como a doutora Corona é perfeccionista. Aquela mulher vai engolir a garota em menos de meio minuto.— E não é assim que eles aprendem? — questiona.— John, ela não está pronta. Veio totalmente despreparada de outro hospital. Eu preciso de mais tempo com ela. — Ele me encara em silêncio por alguns minutos.— Tem certeza de que não existe nada entre vocês? — bufo em resposta.— Tenho. É só trabalho mesmo.— Quanto tempo? — inquire.— Eu aviso quando ela estiver pronta — rebato firme e saio da sala sem esperar a sua resposta.Minutos depois estou de volta ao meu setor e o tal assistente foi dispensado por mim. Então eu volto a me concentrar no meu trabalho. Ponho o gel em uma bandeja ao lado da mesa, ligo o aparelho de ultrassom, ponho o papel toalha ao lado do gel e ligo o computador. Logo escuto a porta do consultório se abrir e uma Jennifer esbaforida, e assanhada passa pela ela. — Estava correndo em uma maratona?
JennyTundum! Tundum! Tundum!O meu coração bate descompassado assim que fecho os meus olhos para sentir o seu hálito quente aquecer a minha pele, provocando alguns arrepios pelo meu corpo. Sua mão grande, quente e firme aperta a minha cintura, enquanto a outra segura com uma firmeza agradável nos meus cabelos. Ele é um devorador e toma a minha boca com um desespero que eu não sei de onde vem. A sua língua invade a minha boca e logo sinto o seu sabor direto no meu paladar. Então solto um gemido de puro prazer. Um gemido dengoso e manhoso como se eu fosse uma gatinha que recebe o carinho do seu dono. Portanto, me contorço inteira desejando ainda mais.— Ah, doutor Ávila! — gemo o seu nome baixinho, quase como uma súplica. Porque sim, eu quero mais, preciso de mais desse homem.— Ou, Jen, acorda, garota! Escuto a voz de Amber do meu lado e em seguida sinto o meu corpo ser sacudido. Me forço a abrir os olhos e vejo que ainda estou na cama do dormitório do hospital. Pior, estou sozinha
Jenny— Você está ridícula nesse biquíni, Jen. — Ela diz entrando no meu quarto. — Será que não consegue ver? Você é um pouquinho gorda e para piorar tem algumas celulites. O biquíni não vai cair bem. Sem falar que os homens vão rir de você, Patinho Feio. Se eu fosse você não ia para essa festa na piscina. — Ashley joga as palavras cheias de veneno e sai do meu quarto, mas não antes de me mandar aquele sorrisinho escroto que diz que ela tem tudo o que eu não tenho. Suspiro e volto a me olhar no espelho. Imediatamente me sinto desanimada e penso que ela tem razão. Está ridículo!— Eu sou a porra de um Patinho Feio — resmungo baixinho e suspiro. — A quem eu quero enganar? — questiono-me e me levanto do beliche, mas no processo bato a minha cabeça na cama de cima e solto um gemido dolorido, e saio do quarto alisando o local da pancada.A essa hora os médicos já trocaram os seus plantões, e o doutor Ávila já deve ter saído do hospital. Melhor assim.— Ah, você está ai! — A médica chefe d
JennyHoras depois... — Hum! — Solto um gemido baixo, abrindo os meus olhos preguiçosos e no ato, me espreguiço em cima do colchão. Contudo, percebo que não tive sonhos dessa vez. — Obrigada, meu Deus! — resmungo e olho pela janela.Reviro os olhos.— Sério, Jen? Você apagou por um dia inteiro? Droga! — retruco saindo da cama e vou para o banheiro. Tomo uma ducha demorada e vou para a cozinha. Na geladeira e encontro um resto de lasanha do dia anterior, meia garrafa de vinho e duas fatias de torta de avelã. — Isso está perfeito! — Sorrio tirando tudo e levo para cima do balcão e após esquentar tudo, começo a me servir, mas suspiro desanimada quando olho para o outro lado da mesa e encontro a cadeira da minha amiga vazia.Eu odeio ficar sozinha! Odeio ter que voltar para casa e ficar com os meus malditos pensamentos. Odeio ainda mais os finais de semana! Contudo, diferentes das outras vezes em que me perdi no meu passado insignificante, dessa vez fui surpreendida pelas lembranças do d
Jenny— Reinhold?— Ãh? — Desperto e noto a taça de vinho estendida na minha direção.— Você está aluada hoje, ou é só impressão minha? — A pergunta tem um tom de brincadeira que me faz abrir outro meio sorriso.— Só... pensando em algumas coisas — digo.Se ele soubesse.O sinal do micro-ondas avisa que a comida está pronta e o doutor Christopher vai até o aparelho, pega a travessa e a deposita bem no centro do balcão. Depois, ele vai até um móvel alto e tira dois pratos de lá, e por fim, pega os talheres dentro de uma gaveta. Não tem como não observar os músculos se contraindo com cada movimento seu. E abdômen? Chapado e cheio de gominhos. Suspiro quando os meus olhos trilham pelos negros que vão do peitoral até debaixo do umbigo, escondendo-se no elástico da calça de moletom. Extasiada, bebo um gole grande da minha bebida e respiro bem devagar. O vinho vai me deixar mais descontraída e mais leve, e isso me ajudará a me livrar dessa maldita tensão. O observo servir uma porção da lasa