Jenny— Reinhold?— Ãh? — Desperto e noto a taça de vinho estendida na minha direção.— Você está aluada hoje, ou é só impressão minha? — A pergunta tem um tom de brincadeira que me faz abrir outro meio sorriso.— Só... pensando em algumas coisas — digo.Se ele soubesse.O sinal do micro-ondas avisa que a comida está pronta e o doutor Christopher vai até o aparelho, pega a travessa e a deposita bem no centro do balcão. Depois, ele vai até um móvel alto e tira dois pratos de lá, e por fim, pega os talheres dentro de uma gaveta. Não tem como não observar os músculos se contraindo com cada movimento seu. E abdômen? Chapado e cheio de gominhos. Suspiro quando os meus olhos trilham pelos negros que vão do peitoral até debaixo do umbigo, escondendo-se no elástico da calça de moletom. Extasiada, bebo um gole grande da minha bebida e respiro bem devagar. O vinho vai me deixar mais descontraída e mais leve, e isso me ajudará a me livrar dessa maldita tensão. O observo servir uma porção da lasa
JennyUma briga interna começa dentro de mim. A lógica X meu coração, e as vontades do meu corpo que quer partir para cima dele.Sinto que vou pirar.— Doutor Ávila? — sussurro.— Sim? — Ele sussurra a um milímetro da minha boca e olha nos meus olhos.Ok, agora estou literalmente me derretendo, me desfazendo em água. Isso é tão... intenso e céus, eu preciso disso, mas não sei se devemos fazer. Quer dizer, não sei se consigo fazer.— Você quer tanto quanto eu, Jennifer — Ele incentiva com esse rouco e firme, contradizendo os meus pensamentos mais contraditórios.— Sim, eu... quero. — Concordo. Então acontece. Finalmente acontece. Um beijo devorador, faminto, avassalador e...— Reinhold? Reinhold, você está bem? — Ouço a voz do doutor Ávila, porém, me nego a abrir os meus olhos.Estou mortificada de vergonha.— Reinhold abra os seus olhos! — Ele ordena.— Eu não posso! — digo levando as mãos para o meu rosto que nesse momento deve estar pra lá em de vermelho. Se é que existe um tom ma
Jenny— Doutor John, eu preciso falar com o Senhor — falo ao mesmo tempo que o meu instrutor, que está saindo de uma porta que imagino ser o banheiro. Nos encaramos e eu engulo em seco. Chego a cogitar que o chão se abra debaixo dos meus pés e que ele me engula de uma só vez. E imediatamente sinto o meu rosto queimar... melhor, arder.— Os dois ao mesmo tempo? — O homem pergunta olhando de mim para o médico e vice-versa. — Tenho que me preocupar com isso? — John interpele ainda trocando olhares entre nós dois. — Não! — respondemos em uníssono.— O que está fazendo aqui, Reinhold? — Ávila indaga com seus olhos intensos me avaliando minuciosamente.Eu odeio quando ele me chama assim! Odeio toda essa formalidade e odeio ter que trabalhar com ele!Odeio ainda mais por me permitir sentir coisas!— Eu só... — Tento dar uma justificativa, porém, desisto, desviando o meu olhar do maldito doutor gostosão. — Eu... preciso mesmo falar com o Senhor — digo para o doutor John, ignorando o seu qu
CrisApós um dia cheio no hospital, tomo um banho por lá mesmo e resolvo não ir para casa. Sigo para o pub próximo do trabalho, me sento em um canto reservado, peço uma garrafa de uísque e encho o primeiro copo da noite. Não pretendo esvaziá-la, só quero ficar quieto no meu canto e deixar o tempo correr. Daqui há dois meses terei que voltar para o Brasil pela primeira vez desde a noite que marcou a minha vida, para participar o baile de Alice e serei forçado a enfrentar os meus fantasmas do meu passado.Agora entendo o meu pai.Daniel Ávila passou anos sofrendo com a dor de um passado que quase o destruiu. Ele se autodepreciava, se matava aos poucos com o álcool e se entregava ao trabalho como um louco. Era doloroso vê-lo daquele. Sei que essa situação é bem diferente da outra, mas dor de um coração partido é uma dor insuportável, seja separado pela morte ou pela própria vida. Encho o segundo copo quando a vejo passar pela porta do Pub pouco movimentado. Jenny parece triste, talvez um
Cris— Então vem, eu vou te levar para casa. A carinha que ela faz é... porra, assim fica difícil suportar e seguir as regras!Jennifer faz uma carinha de menina abandonada toda inocente, com a boquinha aberta em espanto e os olhos negros brilham de apreciação. Então ela sorrir novamente e com dificuldade, sai do carro. Tenho o cuidado de levantar o vidro e de travar a porta, pego as suas chaves, e guardo no meu bolso. Sigo para o ponto de táxi porque eu também bebi e não é seguro dirigir agora. Jennifer enlaça o seu braço no meu e encosta a sua cabeça no meu ombro.Está tão perto que me sinto envolvido por seu perfume floral.— Onde está o seu carro, doutor gostosão? — Ela questiona, olhando de um lado para o outro. Contudo, faço sinal para um táxi parado em frente do pub e ajudo Jennifer a se acomodar no banco de trás, me sentando do seu lado em seguida. Ela volta a encostar a cabeça no meu ombro e puxa uma respiração forte.— Para onde, Senhor? — O motorista pergunta, porém, me do
CrisEstou com um puta tesão aqui e a garota simplesmente dormiu?!Sem alternativas vou para o banheiro, ligo o chuveiro e entro debaixo da água fria. Preciso terminar o meu servicinho sujo sozinho e enquanto faço isso me surpreendo ao pensar nela na hora de gozar. Sim, pensei nos seus olhos inocentes, na sua boca gostosa, na porra da dança que assisti descaradamente no Pub, no seu gosto, no seu gemido, no seu toque. Pensei que esse desastre ambulante que está dormindo bem ali no meu quarto e na minha cama.— Aaah, Jennifer! — grunho me derramando inteiro e chamando o seu nome, e quando tudo se acaba, encosto a cabeça nos azulejos molhados e fecho os meus olhos, permitindo que a água complete o seu serviço.Estou mesmo fodido. Penso quando me vem a cabeça que eu nunca gozei pensando em outra mulher que não fosse a Bianca. Mesmo estando com outras mulheres na minha c
Cris— Fica mesmo e fala pelos cotovelos, e chora e rir ao mesmo tempo. Eu quase fico maluco com você — confesso, mas com diversão. Ela me abre um sorriso tímido.— Então... é só esquecer — pede tímida.— Não, não é. Vem comigo, Jennifer — peço e lhe estendo a minha mão.— Por que está me chamando assim? — questiona, fazendo uma coisinha com o nariz que eu amei ver.Ela é toda assim, engraçada, divertida, linda e sexy. Como pode se botar para baixo dessa maneira?— Esse é o seu nome, não é? — indago divertido e seu sorriso aumenta mais um pouquinho.— É, mas o senhor sempre me chama...— Não estamos no trabalho agora, Jennifer e eu já fiz algumas confidências para você que nunca fiz para ninguém
Janny— Não vai me dizer nada? — Ele me pergunta depois de um tempo.A verdade é que eu tenho muita coisa para dizer e sei que se eu abrir a boca não vou conseguir parar mais. O problema é que eu não estou pronta para encarar o doutor Ávila ainda. Pelo amor de Deus, eu confidenciei que tive sonhos com ele e não foi qualquer tipo de sonho, foram sonhos eróticos, e ele... nós... nós fizemos confidências bêbados, Sem falar que ainda sinto o sabor daquele beijo na minha boca, e...—Jennifer, pelo amor de Deus, o que há de errado em sonhar comigo? Foi tão ruim assim?! — Ele reclama e a minha cabeça dá um giro como se fosse o exorcista. Estou impactada aqui.Como ele consegue fazer isso? — É simples, Reinhold, você pensa alto demais. — Ele responde e eu caio na real.Fazia mu