Jenny— As malas já estão todas no carro. — O Cris avisa quando seguro a Nicole no meu colo e vou na direção da garagem. Ele a pega nos seus braços e a coloca na sua cadeirinha no banco de trás do carro. Assim que me acomodo no banco do carona, ligo o DVD para deixar a Nick mais à vontade durante o trajeto até o aeroporto. — Pronta para um novo recomeço? — Meu marido indaga, se sentando no banco no motorista.— Ansiosa, na verdade. — Ele liga o motor e logo pegamos o asfalto.Finalmente chegou o dia de irmos morar no Brasil. Nesse meio tempo conseguimos vender nossos apartamentos, carros e moto, e com o dinheiro conseguimos comprar uma casa ampla, arejada e bem iluminada em um bairro nobre, e tranquilo no Rio de Janeiro. O hospital já está pronto desde a metade desse ano, mas não podíamos ir até a Amber, o Adam e eu concluirmos o curso.Estou exausta. Depois de um dia corrido seguido de uma extensa formatura e depois de horas de comemoração, estamos finalmente indo para o aeroporto. O
Dois anos depois...Olho para o céu azul, sem nenhuma nuvem aparente. Alguns pássaros cantam nas árvores, outros estão voando. Sorrio. O lugar é calmo... Transmite muita paz. Eu olho ao meu redor... Estou sozinha... Onde está o Cris e por que não vejo Nicole em lugar nenhum?Ando pelos campos de flores campestres... Há muitas delas por aqui...Onde estou realmente? Não sei o porquê, mas não sinto medo. Não me sinto só, me sinto segura e amada. Continuo andando e andando, não sei por quanto tempo... Mas me parece que não estou chegando a lugar algum. Logo a minha frente há uma árvore frondosa, de uma copa verdejante.Respiro fundo, mas não é o cheiro das flores campestres que invade as minhas narinas, é um cheiro familiar, um perfume conhecido. Contudo, me sento debaixo da árvore e me encostando no tronco grosso e olho os caminhos das flores por onde eu passei. O fim de tarde está chegando, mas a impressão que eu tenho é que a luz e sombra l está tão radiante quanto o sol do meio-dia.
Cris— Pai outra vez, isso é digno de um brinde! — Não seguro um sorriso satisfeito. Portanto, ergo o meu copo no mesmo instante que o meu pai ergue o seu e os copos tilintam em seguida. — E não se esqueça que você será avô outra vez! — resmungo após beber um gole da bebida. Do outro lado do jardim da casa dos meus pais fito o meu avô Dam curtindo os seus bisnetos e contando-lhes histórias que prendem a atenção da garotada. Confesso que eu amava ouvir as suas histórias, era o que me fazia viver enquanto o meu pai morria aos poucos.— E a Alice? — Procuro saber. Ele suspira alto.— Está no quarto de castigo. — Reviro os olhos.— Qual é pai, a Alice já tem vinte anos, ela não é mais uma criança! — reclamo.— Ela ainda é a minha criança, Cris! — rosna. — Não admito que a minha bebê namore um cara de quase quarenta anos! — retruca irritado. Rolo os olhos outra vez.Daniel Ávila é um grande homem, mas esse preconceito dele me irrita.— Lucca Fassini só tem 37, pai e ele é um homem admi
Cris É 21 de março e o dia está perfeito lá fora. Nicole está na casa dos meus pais e hoje é aniversário da minha Tempestade. Ela está dormindo serenamente, perdida entre os lençóis brancos. A sua barriga imensa está disposta e sua mão descansa sobre o ventre. Em breve teremos mais um bebê em casa. Fico aqui quieto e parado, apenas a admirando por longos minutos. É algo que não me canso de fazer nesses quatro anos de casamento. Sorrio quando vejo o quarto repleto de flores, balas de chocolates, Noka as suas preferidas, sem falar no exagero de presentes que com certeza ela já espera por isso. É algo que eu simplesmente não consigo evitar e repito todos os anos. A diferença, é que hoje estamos apenas nós dois aqui e será um dia só nosso. Solto um suspiro baixo e caminho lentamente até a cama, e com calma, sem agitá-la aproximo-me da minha esposa dorminhoca e a beijo calmamente. Ela geme manhosa e se espreguiça igual uma gatinha. Por fim, abre uma brecha de olho e sorrio. — Bom dia!
Conhecendo o meu chefe.Jenny— E não se esqueça, Jenny, você é uma garota linda, é muito gostosa e maravilhosa. Ah, e tem que arrumar um homem para você. O hospital Mont Sinai é o melhor lugar para fazer isso. — Amber resmunga um tanto animada enquanto arruma o laço da minha blusa cor de rosa.— Amber, pelo amor de Deus, é meu primeiro dia no hospital e eu estou atrasada! E você está me dando conselhos amorosos? Isso não cai bem! — rosno exasperada, mas ela acha graça.— Não se preocupe, vai dar tudo certo, amiga! — Ela fala tranquila, porém, suspiro e me viro para sair do quarto. Na sequência bato bruscamente na quina da minha cama.— Ai, droga! — rosno com um gemido dolorido. — Eu não tenho tanta certeza disso — retruco malcriada. — Foi por causa desse meu jeito atravessado que fui expulsa do projeto do outro hospital, se lembra? — reclamo alisando o local da pancada que deixou minha pele avermelhada e saio do quarto em seguida.— Bom, eu vou ficar bem aqui torcendo por você. — Min
Jenny— Você não vem? — Escuto a voz do meu instrutor e percebo que ainda estou parada bem perto da porta do elevador. Com um suspiro baixo, engulo em seco e percebo o olha especulativo do homem em cima de mim.Put's! Tem como pagar mais micos em tão poucos minutos? Melhor nem perguntar, certo? A final o dia está só começando. Solto outro suspiro e me forço a sair do meu lugar. Doutor Ávila volta me dar as costas e eu volto a segui-lo, entrando em outro corredor. Esse mais longo e todo branco, até entramos em uma sala onde tem uma Senhora descabelada, com a pele um tanto vermelha, deitada em uma cama estreita e em um estado de gravidez avançada. Ela respira fundo, prendendo a respiração e faz uma careta de dor. No ato, eu repito o seu gesto e não consigo respirar.— Bom dia, Ada! — Doutor Ávila fala cordialmente, abrindo aquele sorriso provocante outra vez.— Bom dia, doutor Cris! — A paciente rosna com um som estrangulado, entre uma respiração pesada e outra.— Como estamos indo?—
JennyDoze horas. Doze malditas horas seguidas de trabalho árduo e confesso que estou um caco. Portanto, assim que tudo fica mais calmo respiro fundo e me sento em um dos sofás brancos do corredor.— Oi, eu sou o Adam! — Um rapaz usando um jaleco azul diz sentando-se do meu lado. Provavelmente ele é um residente como eu.— Ah oi, Adam! Eu sou a Jenny... quer dizer, eu sou a Jeniffer — falo um tanto desanimada.— Cansada? — indaga com curiosidade.— Morta, praticamente. Eu preciso ir para casa. Ah, que saudades da minha cama quentinha e macia! — resmungo fechando os meus olhos à medida que encosto a minha cabeça na parede atrás de mim e escuto o som do seu riso baixo em seguida.— Devia ir dormir um pouco, Jenny Jennifer. — Ele ralha com humor.— Acredite, esse é o meu plano — rebato fazendo menção de me levantar. Contudo, ele segura no meu antebraço.— Não, eu quero dizer antes de ir para sua casa.— Ah, sério? Eu não posso dormir aqui nesse sofá! — protesto, mas ele volta a rir do me
JennyChego em casa perto das oito da noite e assim que entro no apartamento encontro a minha amiga na cozinha fazendo algo. É estranho porque ela deveria estar trabalhando agora. Assim que adentro a sala, largo os meus materiais em um sofá e me jogo no outro. Ela ergue a cabeça e sorrir, pega um pano de prato, seca as mãos e vem sentar-se do meu lado.— E aí, me conta como foi?— Você não devia estar trabalhando? — questiono ignorando a sua pergunta animada.— Devia, mas liguei para o hospital e dei uma desculpa porque precisava saber como você se saiu.— Sério, foi uma grande merda! Aquele povo é doente por trabalho. Acredita que os residentes trabalham como loucos lá dentro?— Detalhes, Jen, por favor!— Eu fui um fracasso como sempre, mas juro que me esforcei. Não sei por que não me botaram para correr de lá ainda.— O que você fez?— Para começar? Não soube identificar um bebê nascendo e ainda dei uma de idiota na frente do meu instrutor. — Suspiro quando a sua imagem aparece nít