Jenny
Doze horas. Doze malditas horas seguidas de trabalho árduo e confesso que estou um caco. Portanto, assim que tudo fica mais calmo respiro fundo e me sento em um dos sofás brancos do corredor.
— Oi, eu sou o Adam! — Um rapaz usando um jaleco azul diz sentando-se do meu lado. Provavelmente ele é um residente como eu.
— Ah oi, Adam! Eu sou a Jenny... quer dizer, eu sou a Jeniffer — falo um tanto desanimada.
— Cansada? — indaga com curiosidade.
— Morta, praticamente. Eu preciso ir para casa. Ah, que saudades da minha cama quentinha e macia! — resmungo fechando os meus olhos à medida que encosto a minha cabeça na parede atrás de mim e escuto o som do seu riso baixo em seguida.
— Devia ir dormir um pouco, Jenny Jennifer. — Ele ralha com humor.
— Acredite, esse é o meu plano — rebato fazendo menção de me levantar. Contudo, ele segura no meu antebraço.
— Não, eu quero dizer antes de ir para sua casa.
— Ah, sério? Eu não posso dormir aqui nesse sofá! — protesto, mas ele volta a rir do meu comentário.
— Você está brincando comigo, não é? — questiona com diversão.
— Por que acha que eu estou brincando?
— Porque temos um dormitório aqui para os médicos e para os residentes do hospital. — Arqueio as sobrancelhas.
— Está falando sério? — Adam meneia a cabeça. — Ok! Ah, olha só eu vim de um hospital bem diferente desse aqui. Lá não tínhamos que trabalhar feito doidos e não tinha dormitórios também, então... — Tento explicar para não parecer uma lunática.
— Entendi. É o seu primeiro dia aqui, certo? — Ele me interrompe.
— Pois é.
— Tudo bem, vem que eu te mostro onde fica.
O homem segura na minha mão e sai praticamente me rebocando pelo corredor que parece não ter fim. Não tem como não observar. Esse hospital é realmente muito grande. Imenso na verdade e eu ainda não sei onde fica tudo para aqui ainda.
— Tenha bons sonhos, bela dama! — Adam fala abrindo uma porta larga para mim e um dormitório bem esquisito surge no meu capo de visão.
— Obrigada, Adam!
— Não há de que! — Ele retruca antes de fechar a porta e imediatamente os meus olhos percorrem o cômodo semiescuro com alguns beliches. E como se fosse atraída por um daqueles colchões estreitos me arrasto em sua direção e praticamente desmaio em cima dele. um sonho, um paraíso no descanso.
💗
Horas depois...
Abro os meus olhos no exato momento que a porta do dormitório se abre lentamente e vejo o doutor gostosão passar por ela. Os nossos olhos se encontraram por uma fração de segundos e o meu pobre coração dispara quando Ávila começa a se desfazer do seu jaleco, colocando-o com cuidado em um gancho na parede. Depois ele se senta do meu lado na cama.
Droga, não consigo me mexer!
E quando penso em respirar fundo apenas para dissipar qualquer sombra de nervosismo, o seu cheiro invade as minhas narinas. O calor do seu corpo parece querer incendiar o meu e a droga desse sorriso? Por que ele insiste em sorrir para mim?
A pergunta certa não é essa, Jenny. Meu subconsciente ralha. Que porra de sorriso é esse? Seria a mais acertada. Bufo mentalmente.
— Senhorita Reinhold? — balbucio.
Fala alguma coisa pelo amor de Deus!
— Doutor Ávila!
— Gosto quando me chama de doutor Ávila, mas eu adoraria que me chamasse apenas de Chris! — Ele sussurra e eu começo a respirar com dificuldade.
— Ah, é... verdade! Me desculpe... Chris! — gaguejo com um pouco de dificuldade e não sei se vi direito, mas ele parece experimentar o som do seu nome saindo da minha boca.
— Não foi tão difícil, foi? — Doutor Ávila sussurra e chega ainda mais perto, inclinando-se na minha direção e eu paro de respirar outra vez.
Por Deus, ele não vai fazer o que eu penso que vai, não é?
Me pergunto tentando controlar as batidas desenfreadas do meu coração, que parece querer fugir pela minha boca.
Sim, ele vai!
Engulo em seco. Portanto, Chris roça a sua boca levemente na minha e o seu hálito de menta logo alcança o meu paladar.
— E se eu te beijar, linda? — Ele sussurra na minha boca, deixando-me ofegante e completamente desejosa.
Céus, que diabos de pergunta é essa?
Ai meu Deus, isso é assédio? Só se eu quiser que seja, certo?
Ai minha virgem santinha! Rogo quando sinto a sua língua deslizar preguiçosamente pelo meu lábio inferior, queimando a minha pele sensível e automaticamente a minha calcinha fica inundada. Solto um gemido involuntário quando sinto a sua mão deslizar pelo meu abdômen, por cima da minha roupa e vai descendo descaradamente na direção a minha...
Intimidade?
Sinto-me resfolegar e no ato e me espanto ao descobrir que estou ansiosa pelo seu toque bem ali. O meu coração dá saltos acrobáticos dentro do meu peito no exato momento que ele toma a minha boca em um beijo estupidamente erótico e um som estridente ecoa dentro do dormitório no mesmo. Então eu abro os olhos e...
Put's!
Tudo isso foi apenas um sonho?
Não acredito que tive um sonho erótico com o meu instrutor! Frustrada, enfio a cara no travesseiro e resmungo algumas coisas sem sentido para alivia a droga dessa tensão sexual, que está explodindo em cada terminação nervosa do meu corpo.
— Definitivamente você é louca, Jennifer Reinhold! — rosno, saindo da cama e exasperada pego o meu jaleco que está no gancho da parede. — Você nem o conhece direito e não sabe quem ele é de verdade.
Ah, merda, a coisa é bem pior que isso! Resmungo mentalmente.
O doutor Christopher Ávila nem se liga na sua existência. Com esse pensamento saio do dormitório com passos largos e através dos vidros transparentes da recepção percebo que já escureceu. Contudo, antes de sair realmente, passo no banheiro e abro o meu armário. Pego minha bolsa e as chaves.
Está na hora de ir para casa, Jen. Penso e sigo apressada para os elevadores. Aperto o botão do térreo e enquanto aguardo, me lembro do sonho maldito erótico. Bom, pelo menos eu ia perder a minha virgindade, mesmo que fosse através de um sonho. Retruco mentalmente, mas balanço a cabeça, tentando jogar esse maldito pensamento para o esquecimento.
Meu Deus, eu mal acabei de conhecer o meu instrutor e já cheguei no nível de sonhar com ele.
Fala sério!
— Falando sozinha, Reinhold? — Uma voz masculina soa bem atrás de mim, fazendo-me dar um pulo de susto e no ato, levo uma mão para o meu peito, puxando uma respiração exasperada em seguida.
— Nossa que susto! — Praticamente berro. Contudo, Ávila arqueia as sobrancelhas grossas e perfeitas para mim.
Oh, Deus será que ele pode parar de fazer isso?
— Isso o quê? — Ele inquire me fazendo sobressaltar.
— O... quê? — gaguejo.
— Você pediu para eu parar de fazer isso.
— Por Deus, doutor Christopher, o Senhor consegue ler mentes também? — Arregalo os olhos em espanto, mas o homem sorri lindamente e eu... droga!
Respira, Jenny!
— Eu ainda não tenho esse poder, Reinhold, mas você perguntou em voz alta e eu respondi com outra pergunta. — Ele explica.
As portas do elevador se abrem e entramos praticamente ao mesmo tempo. A parte pior? É que só tem nós dois aqui dentro.
Droga!
Me forço a não pensar mais em nada enquanto estiver perto dele. Contudo, o silêncio é quase palpável dentro dessa caixa de aço. Ele encara os números vermelhos e eu encaro a parede a minha frente, e quando as portas voltam a se abrir eu praticamente saio quase correndo de dentro dele e sem olhar para trás.
Preciso respirar!
JennyChego em casa perto das oito da noite e assim que entro no apartamento encontro a minha amiga na cozinha fazendo algo. É estranho porque ela deveria estar trabalhando agora. Assim que adentro a sala, largo os meus materiais em um sofá e me jogo no outro. Ela ergue a cabeça e sorrir, pega um pano de prato, seca as mãos e vem sentar-se do meu lado.— E aí, me conta como foi?— Você não devia estar trabalhando? — questiono ignorando a sua pergunta animada.— Devia, mas liguei para o hospital e dei uma desculpa porque precisava saber como você se saiu.— Sério, foi uma grande merda! Aquele povo é doente por trabalho. Acredita que os residentes trabalham como loucos lá dentro?— Detalhes, Jen, por favor!— Eu fui um fracasso como sempre, mas juro que me esforcei. Não sei por que não me botaram para correr de lá ainda.— O que você fez?— Para começar? Não soube identificar um bebê nascendo e ainda dei uma de idiota na frente do meu instrutor. — Suspiro quando a sua imagem aparece nít
CrisUm mês depois...— Bom dia, Senhora Smith! Como está se sentindo essa manhã? — Escuto a minha assistente dizer para uma paciente após o operatório. — É inevitável não a observar entretida com alguns exames nas mãos. Ela é bonitinha, mas é todinha atrapalhada e devo admitir que esse seu jeito dá um certo charme para a garota. — Os seus exames já estão prontos e o médico virá vê-la em alguns minutos. — Ela informa de um jeito bem profissional.Jennifer passou o mês inteiro aprendendo como fazer os exames de toque e posso dizer que estou aliviado quanto aos resultados das suas observações analíticas. Ela também aprendeu a verificar a pressão e até fez um ultrassom. Me pergunto como uma aluna aplicada como ela chegou a esse período sem verificar uma simples pressão arterial?— Obrigada, querida! — A paciente diz mais animada e me pego sorrindo para esse ato.A minha assistente tem estudado bastante como lhe pedi. Tenho percebido isso na maneira com ela se comporta durante seus atos e
CrisÀ noite...Chego no meu apartamento pouco mais das oito da noite e cansado, largo a minha pasta em cima do divã ao pé da minha cama, e deixo o capacete ao lado. Começo a me desfazer das roupas largando-as dentro de um cesto e ligo o chuveiro. Contudo, antes de mergulhar de cabeça na água verifico a sua temperatura.Esse é o pior momento da minha existência e chego a acreditar que sou um tanto masoquista, porque é nesse momento que passo horas debaixo d'água, voltando para um passado que eu deveria apagar de uma vez da minha vida. Ainda consigo sentir o seu gosto no meu paladar e os seus gemidos de prazer preenchem os meus ouvidos. Por que eu faço isso comigo mesmo? Me pergunto, fechando os meus olhos projetando o seu lindo sorriso na minha frente.Linda, gostosa e perfeita, mas ela não é minha e nunca será. Respiro fundo. Pensar que ela me usou me deixa consternado.Longos minutos se passaram e finalmente desligo o chuveiro, envolvendo a minha cintura com uma toalha. Os meus pla
Cris— COMO DIABOS VOCÊ VEIO PARAR AQUI?! — berro praticamente saltando para fora da cama e sentindo o meu coração saindo pela boca. Jennifer solta um grito agudo na sequência, se sacudindo toda e no ato, ela se desequilibra e cai da cama. Rolo os olhos.Penso que não podia ser diferente percebendo que até acordando essa garota é um desastre.— Do-doutor Christopher?! — Ela gagueja um tanto exasperada, franzindo em uma perfeita confusão. E para piorar, a porra do desastre está vestindo apenas calcinha e sutiã. Um conjunto sensual e rendado, branca que contrasta perfeitamente com o seu tom de pele.Meu Deus, o que aconteceu na noite passada? Tomo o fôlego e tento me acalmar.— Reinhold, você está bem? — Procuro saber, deixando de lado esse meu jeito grosseiro de ser e a ajudo a levantar-se do chão.— Por Deus, acho que ainda estou viva! O Senhor quer me matar do coração? — A criatura ralha com uma respiração alterada, levando uma mão no peito.— Só... me conte. O... o que aconteceu aqu
CrisCris— Eu acredito desacreditando — Ela diz me deixando confuso.— Como é isso, Reinhold? Ou você acredita, ou não acredita. — Jennifer se acomoda na banqueta e dá de ombros.— Só sei que é assim. — Rio e me sento de frente para ela.— Esse negócio de amor à primeira vista não existe, Tempestade e isso é um fato. — Ela sorrir.— Tempestade? — Faço um gesto desdenhoso.— É o que você é, uma tempestade.— Eu acredito porque quero que aconteça comigo, mas desacredito porque isso nunca aconteceu definitivamente.— Você nunca se apaixonou antes? — Ela balbucia.— Sim! Não! — Reinhold sacode a cabeça e eu seguro o riso. — Quer dizer, eu não sei ao certo.— Não sabe? Você é confusa sabia? E dá um nó cabeça de qualquer um — ralho. Ela volta a sorrir.— Eu estou esperando uma explosão de emoções igual dos livros de romances, sabe? — confessa um tanto sonhadora. — Sabe aquela sensação de calor e de suor frio. Aquela tremedeira, as borboletas no estômago, o coração acelerado...— Isso não m
CrisCris— Não! — Respiro fundo. — Ela não está preparada e você sabe como a doutora Corona é perfeccionista. Aquela mulher vai engolir a garota em menos de meio minuto.— E não é assim que eles aprendem? — questiona.— John, ela não está pronta. Veio totalmente despreparada de outro hospital. Eu preciso de mais tempo com ela. — Ele me encara em silêncio por alguns minutos.— Tem certeza de que não existe nada entre vocês? — bufo em resposta.— Tenho. É só trabalho mesmo.— Quanto tempo? — inquire.— Eu aviso quando ela estiver pronta — rebato firme e saio da sala sem esperar a sua resposta.Minutos depois estou de volta ao meu setor e o tal assistente foi dispensado por mim. Então eu volto a me concentrar no meu trabalho. Ponho o gel em uma bandeja ao lado da mesa, ligo o aparelho de ultrassom, ponho o papel toalha ao lado do gel e ligo o computador. Logo escuto a porta do consultório se abrir e uma Jennifer esbaforida, e assanhada passa pela ela. — Estava correndo em uma maratona?
JennyTundum! Tundum! Tundum!O meu coração bate descompassado assim que fecho os meus olhos para sentir o seu hálito quente aquecer a minha pele, provocando alguns arrepios pelo meu corpo. Sua mão grande, quente e firme aperta a minha cintura, enquanto a outra segura com uma firmeza agradável nos meus cabelos. Ele é um devorador e toma a minha boca com um desespero que eu não sei de onde vem. A sua língua invade a minha boca e logo sinto o seu sabor direto no meu paladar. Então solto um gemido de puro prazer. Um gemido dengoso e manhoso como se eu fosse uma gatinha que recebe o carinho do seu dono. Portanto, me contorço inteira desejando ainda mais.— Ah, doutor Ávila! — gemo o seu nome baixinho, quase como uma súplica. Porque sim, eu quero mais, preciso de mais desse homem.— Ou, Jen, acorda, garota! Escuto a voz de Amber do meu lado e em seguida sinto o meu corpo ser sacudido. Me forço a abrir os olhos e vejo que ainda estou na cama do dormitório do hospital. Pior, estou sozinha
Jenny— Você está ridícula nesse biquíni, Jen. — Ela diz entrando no meu quarto. — Será que não consegue ver? Você é um pouquinho gorda e para piorar tem algumas celulites. O biquíni não vai cair bem. Sem falar que os homens vão rir de você, Patinho Feio. Se eu fosse você não ia para essa festa na piscina. — Ashley joga as palavras cheias de veneno e sai do meu quarto, mas não antes de me mandar aquele sorrisinho escroto que diz que ela tem tudo o que eu não tenho. Suspiro e volto a me olhar no espelho. Imediatamente me sinto desanimada e penso que ela tem razão. Está ridículo!— Eu sou a porra de um Patinho Feio — resmungo baixinho e suspiro. — A quem eu quero enganar? — questiono-me e me levanto do beliche, mas no processo bato a minha cabeça na cama de cima e solto um gemido dolorido, e saio do quarto alisando o local da pancada.A essa hora os médicos já trocaram os seus plantões, e o doutor Ávila já deve ter saído do hospital. Melhor assim.— Ah, você está ai! — A médica chefe d