CrisCris— Não! — Respiro fundo. — Ela não está preparada e você sabe como a doutora Corona é perfeccionista. Aquela mulher vai engolir a garota em menos de meio minuto.— E não é assim que eles aprendem? — questiona.— John, ela não está pronta. Veio totalmente despreparada de outro hospital. Eu preciso de mais tempo com ela. — Ele me encara em silêncio por alguns minutos.— Tem certeza de que não existe nada entre vocês? — bufo em resposta.— Tenho. É só trabalho mesmo.— Quanto tempo? — inquire.— Eu aviso quando ela estiver pronta — rebato firme e saio da sala sem esperar a sua resposta.Minutos depois estou de volta ao meu setor e o tal assistente foi dispensado por mim. Então eu volto a me concentrar no meu trabalho. Ponho o gel em uma bandeja ao lado da mesa, ligo o aparelho de ultrassom, ponho o papel toalha ao lado do gel e ligo o computador. Logo escuto a porta do consultório se abrir e uma Jennifer esbaforida, e assanhada passa pela ela. — Estava correndo em uma maratona?
JennyTundum! Tundum! Tundum!O meu coração bate descompassado assim que fecho os meus olhos para sentir o seu hálito quente aquecer a minha pele, provocando alguns arrepios pelo meu corpo. Sua mão grande, quente e firme aperta a minha cintura, enquanto a outra segura com uma firmeza agradável nos meus cabelos. Ele é um devorador e toma a minha boca com um desespero que eu não sei de onde vem. A sua língua invade a minha boca e logo sinto o seu sabor direto no meu paladar. Então solto um gemido de puro prazer. Um gemido dengoso e manhoso como se eu fosse uma gatinha que recebe o carinho do seu dono. Portanto, me contorço inteira desejando ainda mais.— Ah, doutor Ávila! — gemo o seu nome baixinho, quase como uma súplica. Porque sim, eu quero mais, preciso de mais desse homem.— Ou, Jen, acorda, garota! Escuto a voz de Amber do meu lado e em seguida sinto o meu corpo ser sacudido. Me forço a abrir os olhos e vejo que ainda estou na cama do dormitório do hospital. Pior, estou sozinha
Jenny— Você está ridícula nesse biquíni, Jen. — Ela diz entrando no meu quarto. — Será que não consegue ver? Você é um pouquinho gorda e para piorar tem algumas celulites. O biquíni não vai cair bem. Sem falar que os homens vão rir de você, Patinho Feio. Se eu fosse você não ia para essa festa na piscina. — Ashley joga as palavras cheias de veneno e sai do meu quarto, mas não antes de me mandar aquele sorrisinho escroto que diz que ela tem tudo o que eu não tenho. Suspiro e volto a me olhar no espelho. Imediatamente me sinto desanimada e penso que ela tem razão. Está ridículo!— Eu sou a porra de um Patinho Feio — resmungo baixinho e suspiro. — A quem eu quero enganar? — questiono-me e me levanto do beliche, mas no processo bato a minha cabeça na cama de cima e solto um gemido dolorido, e saio do quarto alisando o local da pancada.A essa hora os médicos já trocaram os seus plantões, e o doutor Ávila já deve ter saído do hospital. Melhor assim.— Ah, você está ai! — A médica chefe d
JennyHoras depois... — Hum! — Solto um gemido baixo, abrindo os meus olhos preguiçosos e no ato, me espreguiço em cima do colchão. Contudo, percebo que não tive sonhos dessa vez. — Obrigada, meu Deus! — resmungo e olho pela janela.Reviro os olhos.— Sério, Jen? Você apagou por um dia inteiro? Droga! — retruco saindo da cama e vou para o banheiro. Tomo uma ducha demorada e vou para a cozinha. Na geladeira e encontro um resto de lasanha do dia anterior, meia garrafa de vinho e duas fatias de torta de avelã. — Isso está perfeito! — Sorrio tirando tudo e levo para cima do balcão e após esquentar tudo, começo a me servir, mas suspiro desanimada quando olho para o outro lado da mesa e encontro a cadeira da minha amiga vazia.Eu odeio ficar sozinha! Odeio ter que voltar para casa e ficar com os meus malditos pensamentos. Odeio ainda mais os finais de semana! Contudo, diferentes das outras vezes em que me perdi no meu passado insignificante, dessa vez fui surpreendida pelas lembranças do d
Jenny— Reinhold?— Ãh? — Desperto e noto a taça de vinho estendida na minha direção.— Você está aluada hoje, ou é só impressão minha? — A pergunta tem um tom de brincadeira que me faz abrir outro meio sorriso.— Só... pensando em algumas coisas — digo.Se ele soubesse.O sinal do micro-ondas avisa que a comida está pronta e o doutor Christopher vai até o aparelho, pega a travessa e a deposita bem no centro do balcão. Depois, ele vai até um móvel alto e tira dois pratos de lá, e por fim, pega os talheres dentro de uma gaveta. Não tem como não observar os músculos se contraindo com cada movimento seu. E abdômen? Chapado e cheio de gominhos. Suspiro quando os meus olhos trilham pelos negros que vão do peitoral até debaixo do umbigo, escondendo-se no elástico da calça de moletom. Extasiada, bebo um gole grande da minha bebida e respiro bem devagar. O vinho vai me deixar mais descontraída e mais leve, e isso me ajudará a me livrar dessa maldita tensão. O observo servir uma porção da lasa
JennyUma briga interna começa dentro de mim. A lógica X meu coração, e as vontades do meu corpo que quer partir para cima dele.Sinto que vou pirar.— Doutor Ávila? — sussurro.— Sim? — Ele sussurra a um milímetro da minha boca e olha nos meus olhos.Ok, agora estou literalmente me derretendo, me desfazendo em água. Isso é tão... intenso e céus, eu preciso disso, mas não sei se devemos fazer. Quer dizer, não sei se consigo fazer.— Você quer tanto quanto eu, Jennifer — Ele incentiva com esse rouco e firme, contradizendo os meus pensamentos mais contraditórios.— Sim, eu... quero. — Concordo. Então acontece. Finalmente acontece. Um beijo devorador, faminto, avassalador e...— Reinhold? Reinhold, você está bem? — Ouço a voz do doutor Ávila, porém, me nego a abrir os meus olhos.Estou mortificada de vergonha.— Reinhold abra os seus olhos! — Ele ordena.— Eu não posso! — digo levando as mãos para o meu rosto que nesse momento deve estar pra lá em de vermelho. Se é que existe um tom ma
Jenny— Doutor John, eu preciso falar com o Senhor — falo ao mesmo tempo que o meu instrutor, que está saindo de uma porta que imagino ser o banheiro. Nos encaramos e eu engulo em seco. Chego a cogitar que o chão se abra debaixo dos meus pés e que ele me engula de uma só vez. E imediatamente sinto o meu rosto queimar... melhor, arder.— Os dois ao mesmo tempo? — O homem pergunta olhando de mim para o médico e vice-versa. — Tenho que me preocupar com isso? — John interpele ainda trocando olhares entre nós dois. — Não! — respondemos em uníssono.— O que está fazendo aqui, Reinhold? — Ávila indaga com seus olhos intensos me avaliando minuciosamente.Eu odeio quando ele me chama assim! Odeio toda essa formalidade e odeio ter que trabalhar com ele!Odeio ainda mais por me permitir sentir coisas!— Eu só... — Tento dar uma justificativa, porém, desisto, desviando o meu olhar do maldito doutor gostosão. — Eu... preciso mesmo falar com o Senhor — digo para o doutor John, ignorando o seu qu
CrisApós um dia cheio no hospital, tomo um banho por lá mesmo e resolvo não ir para casa. Sigo para o pub próximo do trabalho, me sento em um canto reservado, peço uma garrafa de uísque e encho o primeiro copo da noite. Não pretendo esvaziá-la, só quero ficar quieto no meu canto e deixar o tempo correr. Daqui há dois meses terei que voltar para o Brasil pela primeira vez desde a noite que marcou a minha vida, para participar o baile de Alice e serei forçado a enfrentar os meus fantasmas do meu passado.Agora entendo o meu pai.Daniel Ávila passou anos sofrendo com a dor de um passado que quase o destruiu. Ele se autodepreciava, se matava aos poucos com o álcool e se entregava ao trabalho como um louco. Era doloroso vê-lo daquele. Sei que essa situação é bem diferente da outra, mas dor de um coração partido é uma dor insuportável, seja separado pela morte ou pela própria vida. Encho o segundo copo quando a vejo passar pela porta do Pub pouco movimentado. Jenny parece triste, talvez um