Aos pés dos mais fortes homens de cada Alto Povo estava a jovem mulher das Planícies. Ela estava amarrada, amordaçada e ferida. Havia lágrimas em seus olhos. Não precisava ser muito esperto para entender que ela estava ali contra sua vontade. Os quatro estavam no centro da clareira.
Daigan virou um alforge do qual caiu uma pequena catarata de cinzas e ele circulou o lugar com ela.
– Se ele não se apresentar a nós, mate-a – Disse Hans Dullack, o rei das Montanhas. O semblante duro feito pedra. Lutava para manter sua convicção. A boca entre a barba bem feita era um traço reto. Embora não fosse muito mais velho do que os companheiros, fazia juz ao título e experiência.
Keiru, sorrindo cinicamente, encostou a espada na nuca de Clarissa, forçando-a para baixo. Ergueu, então, a lâmina e aguardou o comando.
Daigan de
No final do ano 198 do Novo Tempo, o mundo marchava em fúria. Cada par de olhos refletia o fogo do olhar de Dáverus. Cada corpo era movido por sua vontade.Os únicos seres humanos do planeta, que ainda não tinham seus corpos dominados pela vontade de Dáverus, estavam cercados no castelo do Alto Povo das Montanhas.Clarissa, senhora do Dragão de Achibaki, havia sido aceita como tutora do pequeno rei, Hans Melik, agora com oito anos. Ali estavam, também, os outros senhores dos Altos Povos.– Estamos cercados – disse o rei dos Povos das Florestas. Não havia medo em suas palavras. Era um homem que sempre avaliava todas as possibilidades para encontrar saídas para as mais variadas questões. Era tio de Daigan. Seu nome era Meldor. Tinha longos cabelos lisos e grisalhos, como o cavanhaque. Sobre a túnica verde havia algumas partes de armadura.&ndas
Os Reinos ainda estavam em reconstrução. Clarissa se esforçava para conter suas lágrimas por seu amado Dáverus. Regressei à ilha de Phemba com as lendárias Espadas Místicas. Embora desprovidas dos poderes, elas continuariam inquebráveis.Phemba me recebeu e contei a ela o que aconteceu.– Deve guardá-las – falei, entregando as espadas.– Assim como guardou meu Dragônix? – Ela estava séria.– Você receberá alguns discípulos aqui na ilha, no decorrer dos séculos seguintes, e um deles estará carregando a pedra negra sem suspeitar do que realmente é. Assim você saberá que ele está destinado essas espadas. A vida deste alguém estará ligada a Dáverus e ele precisará do Dragônix em determinado momento. Mas não se preocupe, ele te devolver
A mulher, sentada na beira do abismo, sequer piscava. Abraçada por seu xale escuro, ela tinha um semblante congelado, onde lágrimas haviam secado há muito. Ela ouviu tudo o que lhe contei, com bastante atenção.– Quase trezentos anos se passaram, desde a morte de Dáverus e chegamos a este ponto – Falei. – Agora sabe o quão importante é, para Dáverus, renascer e continuar trilhando seu destino. Mas, até mesmo isso, será decidido pela humanidade, representada por você. Pode muito bem pular neste precipício e, com isso, conseguir mais algum tempo para sua raça, antes de seu julgamento, nesta linha temporal. Ou deixar que a história de Dáverus continue, seja ela para o bem da humanidade ou não.– Como posso trazer ao mundo alguém que precisará definir se a humanidade merece ou não continuar existindo? É cr
Era tudo cinza ao meu redor, em várias tonalidades oscilantes, em todas as direções. Estava novamente naquele plano fora do tempo e do espaço e dentro da minha imaginação. As últimas palavras de Holdur, sobre a vida de Dáverus, ecoavam em minha mente.Ali tive acesso à vida passada de Dáverus, a divindade. Assim como já havia acessado a vida do pirata Ônix Pedra-Negra, sem a qual, o regresso de Dáverus não teria sentido. O deus havia novamente despertado no tempo do pirata. Se na vida passada o deus tinha certezas; na vida seguinte elas foram imensamente abaladas. Restava saber o resultado destas duas vidas e a chave estava numa terceira vida.Havia uma porta naquela vastidão acinzentada. Nela, em alto relevo, tinha uma imagem composta por elementos híbridos, tão enigmáticos quanto os anteriores. Acima da imagem na porta, havia um nome escr
William MoraisApresentaDáverusTodos os direitos reservados e protegidos pela lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. É proibida a reprodução total ou parcial, por quaisquer meios existentes ou que venham a ser criados no futuro, sem a autorização prévia, por escrito, do autor.Capa: William MoraisNota do autor:Meu primeiro livro, chamado Ônix , sobre a vida do inusitado pirata Pedra-Negra, foi desenvolvido e publicado antes deste segundo livro, sobre a vida do deus Dáverus. Cronologicamente, no entanto, os acontecimentos deste segundo livro ocorrem antes dos acontecimentos relatados no primeiro. Mas, para preservar surpresas, garantidas por uma narrativa não linear, tão evidentes no primeiro livro, a vida de Dáverus só &
Prólogo – ImaginaçãoTer o mundo nas mãos, em extrema evidência, pode ser mais perigoso do que ter mãos quase imperceptíveis no mundo. Se na segunda opção é muito difícil manter uma simples vida no planeta; a primeira pode, num breve momento de descuido, erradicar facilmente toda a vida nele.Essa linha de raciocínio atravessou minha mente e foi suficiente para me laçar e me lançar numa jornada interna.Apaguei as luzes do quarto. Coloquei uma música relaxante para tocar no computador e desliguei a tela. Acendi algumas velas. Sentei com as pernas cruzadas e fechei os olhos. No instante seguinte eu estava tanto no meu quarto, quanto estava longe.Era tudo cinza ao meu redor, em várias tonalidades oscilantes, em todas as direções. Mas havia brilhos aqui e ali, seme
Não posso contar a história de Dáverus, o deus, sem contar a história de Irelay, o humano. Saber a razão de Irelay ter se tornado Dáverus é tão importante na escolha que você precisa fazer, quanto saber o que Dáverus fez depois de ter se tornado tal deus.Mas para chegar em Irelay, preciso falar brevemente sobre mim, uma vez que fui o seu mestre.Eu nasci há 483 anos atrás. O Novo Tempo era novo, tinha treze anos apenas. Eu não esperava viver tanto como já vivi. Principalmente porque me tornei um homem amargurado, numa guerra entre as máquinas e os humanos. As máquinas eram objetos inteligentes alimentados com fontes de energia variadas, que hoje em dia seriam vistas como formas de magia.Acreditei que morreria naquela guerra que terminou no ano 82. Estava errado, no entanto e graças ao poder de uma deusa
Quando Irelay me pediu para treiná-lo, o avisei que deveria ficar na ilha mística, sem notícias do mundo externo, por um ano.Seriam necessárias as quatro estações para ele compreender os quatro elementos. No final de seu treinamento, ele deveria ser capaz de passar no meu teste. Não seria fácil, mas ele estava determinado, como o verão pedia. Era o ano 197 do Novo Tempo.Não havia coincidências. Ele havia chegado três dias antes da melhor estação para iniciar um treinamento para alguém como ele, destinado a grandes feitos.Irelay estava em pé, diante de mim, nas primeiras horas do seu primeiro dia de treino. Estávamos no alto de um monte e ainda estava escuro ao redor dele, tanto quanto em sua mente despreparada. A diferença é que faltava pouco para o amanhecer do dia, mas muito para a luz tomar