Somente nesse momento que notou ainda estar com a arma na mão. Cris abaixou, colocando a arma ao seu lado e sentou-se no chão do box, as pernas tremiam muito e não conseguia mais manter-se em pé. Fernando passou pelos policiais em seguida, assim que pegaram a arma no chão, alcançando a esposa e a envolvendo nos braços, sentando ao lado delas.
— Está tudo bem agora amor. – Ele disse baixinho, muito mais para ele mesmo do que para ela.
Cris segurava a filha fortemente em seus braços e a menina não continha o choro. Amélia entrou no banheiro e também chorava, aproximou-se do casal de amigos, estendendo os braços, pegando a bebê.
— Solta amiga, me deixe tirar a bolinha daqui, ela está apavorada.
Cris somente balançou a cabeça concordando, mas não soltava a criança, foi as mãos de Fernando que afrouxaram o
— Tudo bem, você venceu! Cris dizia para o seu celular, naquele exato momento. Nada em sua vida corrida e escandalosamente atrasada, fazia sentido. Toda a rotina estabelecida com o passar dos anos, havia sido revirada há meses por uma única mensagem de um número desconhecido. Uma brincadeira boba em uma manhã ensolarada. Uma tirada sarcástica e o despertar da infinita curiosidade que gritava dentro dela constantemente. Todo o passado de dor e angústias, esquecido. O trauma, os pesadelos que ainda assombravam suas noites, nada mais importava, ela estava decidida. — Já disse que irei. Não aguentava mais aquele mistério todo. A última noite havia sido desesperadora demais para que ela perdesse a coragem no último minuto. Ela iria, não importando mais qual seria o rumo que aquele encontro tomaria. Programou um e-mail para ser entregue à sua melhor amiga dentro de uma hora, caso alguma coisa acontecesse com ela, ao menos saberiam onde encontrar o seu corpo. <
Ao lado da palavra "atrasada" em um dicionário, sem dúvida alguma, deveria ter uma foto de Cristiane. Ela era a personificação da falta de pontualidade. Nem era por maldade, realmente se esforçava em chegar no horário marcado, mas jamais conseguia. O mundo parecia conspirar contra a sua pontualidade. Cris, como era chamada pelos amigos, já estava desistindo de lutar contra o que o destino havia preparado para ela. Mas algo estava a seu favor. Ela morava na quarta maior metrópole do mundo: São Paulo. A cidade é um emaranhado de carros e semáforos, um ir e vir constante de pessoas, transporte público, andarilhos e tudo mais que puderem imaginar. Cris se permitia usar o trânsito louco a seu favor e justificava seu atraso sempre da mesma forma. Seus amigos já não se importavam mais ou sempre marcavam com ela um horário diferente para o encontro. Claro que sempre uma ou duas hor
Após algum tempo de filme, Cris já estava apertando as pernas e contraindo a musculatura do quadril. Ela estava louca de tesão e a calcinha molhada, não conseguia conter seu desejo. Há meses não transava com alguém que não fosse seu vibrador e as cenas protagonizadas a sua frente lhe causavam desespero.— Se não parar de se esfregar assim, vai acabar ficando com câimbra na boceta Cris. – Duda sussurrou no ouvido da amiga que se sobressaltou com o comentário.— Deixa de ser boba Duda, não é nada disso.— Sei, estou vendo que realmente não é. Você precisa ser fodida com força menina. Essa sua vida vai acabar te matando.— Podemos resolver isso depois do filme. – Amélia se envolveu na conversa, deixando Cris, que estava entre as duas, muito desconfortável.— Não vamos resolv
Assim que as portas se abriram, de alguma forma, Cris achou que estava no paraíso. O salão não era tão grande quanto os dois primeiros. Não havia quartos, somente grandes sofás em veludo vermelho espalhados. Em alguns pontos havia grandes almofadas redondas, forradas em veludo vinho. As pessoas estavam em sua grande maioria nuas ou quase nuas. Pouco mais de dez pessoas ainda se encontravam com todas as peças de suas roupas, mas não parecia que ficariam assim por muito mais tempo. Elas continuaram andando, sempre juntas. Amélia e Eduarda se olhavam enquanto notavam a reação de Cris diante das cenas à sua frente.Cris estava absorta em seus pensamentos. Via em cada canto a cena de um de seus sonhos sendo realizado por outras pessoas. Sem nem ao menos notar, foi levada mais à frente onde um casal trepava em um dos sofás. A mulher estava de joelhos sobre o assento, com o corpo leveme
Ela não quis esperar por resposta, algo naquela situação a incomodava muito. Mesmo sob a água quente, a sensação de ciúmes ainda atormentava Cris. Sabia que era racionalmente estupido sentir ciúmes de um desconhecido, mas seu lado racional estava desligado. Demorou um bom tempo no banho. Muito mais do que precisava. Não queria sair do chuveiro e ver que ele havia atendido o seu pedido e não iria mais conversar com ela naquela noite.— Isso é o cumulo da carência Cristiane! Não seja ridícula.Após a bronca mental, Cris não se deu ao trabalho de se enxugar ou se vestir. Passou pela sala, ainda nua, somente para arrumar a pequena bagunça do seu dia de preguiça no sofá. Pegou o celular e o carregador que estava jogado em um canto, indo direito para o quarto. Iria somente colocar o aparelho para carregar, ler um livro e se permitir dormir
Seus olhos se abriram devagar e o sorriso tomou seus lábios. Há tempos Cris não dormia uma noite inteira e de forma tão tranquila e profunda. Não sonhou, não se afundou em amargura, não se sentiu sozinha e em momento algum, pensou em mudar toda a sua vida. Simplesmente fechou os olhos e dormiu. Espreguiçou-se sobre a cama, tendo a consciência de seu corpo nu. Somente nesse momento lembrou-se do exato motivo de seu bem-estar. Quase em desespero, correu as mãos entre o lençol e os travesseiros, achando o aparelho sem bateria, jogado na cama. Cris rapidamente buscou o carregador e amaldiçoou todos os deuses por saber o quanto o aparelho demoraria para ligar. Sabendo que não conseguiria ficar ali deitada somente esperando, levantou-se indo direto para chuveiro. As sensações da noite passada invadiam a sua mente e a explosão de prazer que experimentou a fez gemer sem nem ao meno
Claro que Cris recebeu mais de dez mensagens, mas não leu nenhuma. Poderia ter bloqueado o número, mas por alguma razão, que ela sabia muito bem, não conseguiu. Os dias seguiram da pior forma possível. Cris praticamente se arrastava dentro da empresa. Mesmo com uma grande festa de aniversário de um ano de um famoso cantor sertanejo se aproximando e tomando quase todo o seu tempo, ainda assim, sentia-se consumida pela ausência dele. O celular ainda vibrava uma vez ou outra e em todas, ela visualizava na barra de notificações, mas jamais abria a caixa da conversa com ele.— Você precisa parar de suspirar Cris... É sério, está quase arrastando correntes. O que aconteceu com você? – Amélia estava sentada ao lado da amiga e a olhava com carinho – Sabe que pode contar comigo, não sabe?— Sim, eu sei... – Respondeu baixo – Só
Após um banho demorado, estava com seus cabelos lavados e maquiagem feita. Escolheu um vestido vermelho tomara que caia, com um decote que contornava os fartos seios e descia colado ressaltando curvas de seu corpo. Sentada no banco de trás do carro de Eduarda, não sabia para onde estava indo, mas havia prometido que iria sair daquela situação. Deixou o celular em casa, não se importando em carregar o aparelho que há dias estava sem bateria.— Poderiam ao menos me falar para onde estamos indo? – Disse para as amigas, pelo que pareceu ser a decima vez.— Isso realmente importa Cris? Qualquer lugar é melhor do que ficar trancada dentro de casa. – Amélia escolhia as palavras e o tom de voz certo para responder.— Sem contar que estava apodrecendo Cris... Entendo a depressão, essa sua loucura virtual aí... mas ficar sem banho? – Eduarda ainda não ha