Anne,— Não precisa ficar preocupada. Todos os meses faço exame de sangue, e todo ano de próstata. Não quero morrer antes do tempo certo, e agora, principalmente, não quero morrer antes de me casar com você, doutora Anne.Solto um suspiro e ele começa a dar risada, depois esboça um sorriso safado, e eu fico parada no tempo. Se casar comigo? Será que ele realmente quer isso? Um pegador geral ficando preso a uma pessoa só, será que vai dar certo?— Não se assuste, por favor. Sabe, Anne, você é linda, gostosa e sensual. Mas também é respeitosa e violenta quando alguém tenta algo com você. Sei que você é totalmente diferente de todas as mulheres, pois você se guardou todos esses anos. E porra, 30 anos sendo virgem, não é qualquer pessoa que consegue isso não.— Foi uma escolha minha, e também não tive tempo para namorar. A medicina acabou comigo. Fora que depois do acidente, eu fiquei tão aérea, que nem prestei atenção nisso. Só queria trabalhar e pagar minhas contas.— Sim, e trabalhado
Eduardo,Ao amanhecer, passo a mão pela cama, e ela não está mais ao meu lado. Uma sensação de medo me invade, quase como se o que aconteceu ontem fossem meras ilusões, fragmentos de um sonho que se foi ao primeiro sinal de luz.Como se ela tivesse apenas invadido meus sonhos, mas agora acordei para a realidade sem realmente ter acontecido nada. Será que eu pedi a mão dela em casamento no sonho? Transei com ela em sonho? Mas tudo parecia tão real. Minha mente não poderia me trair desse jeito, não, não foi um sonho.Em desespero, pego meu celular, com a esperança de que ela só esteja na esquina comprando algo para nós comermos, e procuro pelo número dela sem conseguir abrir os olhos direito pela claridade do celular. Assim que encontro, aperto o botão de ligar imediatamente. Respiro rápido, tentando me acalmar junto com os toques do celular, que parecem uma eternidade.Na primeira tentativa, a ligação cai. Me ergo da cama desesperado, e tento mais uma vez, passando a mão pelos cabelos.
Eduardo,— Posso pensar no caso? — Ela pergunta e eu concordo, mas vou fazer de tudo para que ela aceite isso. É injusto ela ser noiva de um médico como eu, que tenho muito dinheiro, se matar de tanto trabalhar.Mas ainda quero fazer ela retomar para a pediatria. Ela não perdeu a licença, ela é médica, e vou fazer ela perder esse trauma dela. Só não sei como vou fazer isso, mas eu preciso tomar uma providência. Assim, com certeza ela largaria de vez, sem nem pensar duas vezes, o trabalho de socorrista.O dia foi maravilhoso entre nós dois, parecíamos realmente um casal apaixonado. Tivemos um momento só nosso, nós cozinhamos juntos, assistimos a um filme, e dormimos no sofá durante o filme, pois temos o plantão à noite no hospital.Acordamos, fizemos a nossa higiene e seguimos para o hospital. Queria dar mais uma namoradinha antes de irmos trabalhar, pois lá no hospital ela é muito chata, não me deixa tocá-la, mesmo que tenha um quarto para os médicos descansarem.Mas sei que ela deve
Anne,O olhar suplicante do Eduardo, a menina toda machucada em cima da mesa, o crânio dela fraturado em minhas mãos e a revelação da Helen de que ela foi abusada me fez paralisar por um breve momento.— Anne, por favor, vamos salvar ela, me ajuda. — Eu acordo para a realidade no mesmo instante.— Ok, doutor. Helen, avisa a sala de cirurgia, estamos descendo. — Os dois esboçam um sorriso no rosto, e Helen sai correndo para avisar a sala de cirurgia.Eduardo e eu arrumamos ela em cima da maca, para que ela não caia, e seguimos às pressas para a cirurgia. As enfermeiras colocam-na na sala enquanto Eduardo e eu fazemos a higienização. Ele não fala nada; pelos cantos dos olhos, posso ver que ele me olha enquanto se lava.Respiro fundo enquanto Eduardo e eu entramos na sala de cirurgia. Sinto uma mistura de tristeza e raiva pela situação dela. Esta é a minha primeira cirurgia após meu afastamento da pediatria e, apesar de estar nervosa, sei que estou pronta para enfrentar e salvá-la.Visto
Anne,— Anne, como você já sabe, o processo de adoção é bastante detalhado e requer alguns passos importantes. — Explica a assistente social para mim, eu presto bastante atenção. — Primeiro, você precisa entrar em contato com um órgão responsável pela adoção na sua região, geralmente um juizado da infância e juventude ou um grupo de apoio à adoção. Eles vão orientá-la sobre os documentos necessários e os requisitos para se tornar apta para adotar.— Entendi. E depois disso, o que acontece? Demora muito?— Depois de passar pela fase de preparação e análise documental, você será submetida a entrevistas e visitas domiciliares para avaliar sua aptidão e capacidade para cuidar de uma criança. Esse processo é importante para garantir o bem-estar da criança e a compatibilidade com o perfil da família adotiva. Então sim, demora alguns dias, as vezes meses para ser aprovada.— Até ela lá, ela ficará no orfanato? — Ela balança a cabeça concordando, já que ela não pode volta para a avó paterna,
Anne,Após sairmos do hospital, decidimos ir direto a lanchonete. Ele se senta à minha frente, com um sorriso no rosto, como se soubesse exatamente o que eu vou dizer. Observo seu olhar confiante e me pergunto o que está se passando em sua mente. Será que ele realmente sabe o que eu pretendo falar? Pela felicidade dele, ele deve ao menos suspeitar.— vamos lá Anne, solta tudo.— Só depois que eu comer. Garçom, quero uma fatia de bolo de chocolate, aquele com bastante recheio.Ele olha para mim sorrindo, e balança a cabeça. Peço praticamente um banquete, e diferente dele, pedi logo tudo de uma vez. — Pode trazer tudo, e mais um café para mim. — Ele fala olhando para o garçom, e depois olha para mim. — Espero que a notícia vale essa falência que você está me dando.— Ouvir dizer que pediatra ganha muito bem. Você me fez pagar um monte de coisa para você, com um salário de enfermeira e de socorrista, o que isso para um médico que logo será o Chefe.— Chefe? Que história é essa, Anne?Nã
Anne,Ela é tão linda, mesmo com alguns machucados, parece uma princesinha. Não sei se vou conseguir dar tudo que ela quiser, mas vou fazer de tudo para dar tudo que ela precisar. Acredito que essa seja a função dos pais, e essa pequena já sofreu tanto, que agora eu quero dar o mundo para ela.Alguns minutos depois, o Eduardo entra no quarto, e fica do meu lado, apreciando ela junto comigo. Nesses dias, ela está sob os cuidados da assistente social, nenhum parente dela está autorizado a vir, por ordens do juiz. Até porque, parece que a mãe dela era sozinha aqui, e a família que ela tem é tudo por parte de pai.Se eles não conseguiram proteger ela do monstro, então acho muito mais que certo que eles não possam vê-la, nem agora e nem nunca mais. Se eu conseguir essa adoção, vou trocar o nome dela todo, vou deixá-lo Sophia, pois ela parece muito com a princesa. Até a mesma cor dos cabelos que vai na altura dos ombros.Vou tentar ganhar a guarda dela antes que ela vá para o orfanato, quer
Anne,Entramos no carro dele, e ele para em frente à minha casa. Pego minhas coisas, pelo menos as pessoais que cabem no carro do Eduardo, pois como a casa dele já está toda montada com os móveis, levar os meus só vai encher a casa de coisas desnecessárias.Ligo para o dono da casa e a entrego, dizendo que vou deixar os móveis como brinde por ele ter sido tão bom e paciente comigo quando meus pagamentos atrasavam. Mas agora minha vida é de mulher casada, e tenho que morar com Eduardo, algo que ele nem queria, não é mesmo? Tento acreditar que ele conseguiu o que tanto queria.Chegando em casa, capotamos na cama depois de um belo banho quente, super relaxante. Não há nada melhor na vida do que poder dormir até o seu corpo dizer "chega", especialmente quando o Eduardo não acorda antes de mim querendo namorar um pouco.O celular desperta às 14:00, pois preciso levar os documentos para a assistente social para ganhar a guarda da Sophia. Balanço o Eduardo, perguntando se ele vai comigo ou n