— Puta que pariu! — Eu falo isso um pouco alto demais e cubro minha boca com a mão. Escuto uma risada e franzo a testa para Elias.
— O que está fazendo acordada essa hora, Beca?
— Nada demais, só esperando um idiota vir e me assustar. — Digo irritada e abro o armário para pegar um copo. Meu deus, é sempre uma luta para alcançar a prateleira dos copos.
— Eu mal cheguei e você já vai me maltratar assim? — O ignoro e fico na ponta dos pés para pegar um copo. — Becaaa? — O ignoro de novo e ouço seus passos se aproximando. — Você vai mesmo me ignorar? — Ainda não percebeu? Estou quase subindo na bancada pra pegar o copo quando ele ri e pega um copo com enorme facilidade.
— Obrigada. — Agradeço emburrada e coloco a água no copo.
— Não há de quê. — Ele cruza os braços e se apoia ao meu lado na bancada. - Sabe, eu gosto dessa expressão no seu rosto, parece um gatinho mal humorado porquê o dono esqueceu de colocar a ração. — Reviro os olhos.
— Específico demais, não acha? — Ele dá de ombros ainda sorrindo.
— Não, é exatamente a expressão que você fazia quando éramos crianças, você não mudou nada. — Arqueio a sobrancelha.
— Claro que mudei, tirei o aparelho, não tá vendo? — Mostro meus dentes para ele.
— Não achei que reconheceria você sem ele, usou aquela coisa por o que, cinco anos?
— Seis, na verdade. — Ele revira os olhos como quem dissesse "uma puta diferença". — Você está perdendo o filme. — Digo tentando fazer ele sair e me deixar só.
— Eu já assisti esse filme várias vezes, Beca, sei as falas de trás pra frente. — Ele me encara com um sorriso debochado, ele sempre gostou de me deixar desconfortável.
— Da parar de olhar pra mim assim? — Ele ri.
— Assim como?
— Desse jeito. — Aponto pra cara dele. — Com essa sua cara feia e esse sorrisinho debochado que parece que tá rindo de mim.
— Nunca ouvi tanta besteira numa frase só, Beca. — Ele não perde uma oportunidade de me chamar assim, eu odeio esse apelido.
— Da pra me chamar de Rebeca? Não entendo a dificuldade, é só colocar o "Re" antes do "beca".
— Eu gosto mais de Beca. Combina mais com você, e é divertido ver a cara que você faz quando eu te chamo assim, Beca. — Eu reviro os olhos. — Não faz isso... — Ele sussurra isso, mas eu consegui escutar muito bem, eu viro pra ele com uma sobrancelha arqueada e pergunto:
— Você não vai mesmo me deixar terminar de tomar minha água sozinha?
— Claro que não, que tipo de cara eu seria se deixasse uma garota como você sozinha?
— Você seria conveniente e definitivamente menos irritante. — Ele ri e escorrega pra mais perto de mim, eu dou um passo para me distanciar, mas ele escorrega de novo.
— O que está fazendo?
— Eu? Nada. Mas você está fugindo de mim. — Reviro os olhos e tomo mais um gole da minha água antes de falar.
— Você é um cara esquisito, Elias.
— Esquisito, chato, irritante, idiota... já perdi a conta de quantas vezes você já me falou essas coisas. Está ficando repetitivo, não acha?. — Ele desce da bancada, pega o copo da minha mão e o coloca na pia.
— Ei, eu ainda estava beben... — Ele me puxa pra perto dele e eu perco a habilidade de falar por alguns segundos. — Vou perguntar mais uma vez Elias, o que você está fazendo?
Ele não responde, só sorri maliciosamente, coloca suas mãos na minha cintura e me coloca sobre a bancada.
— Elias...
Nossos rostos estão tão próximos que isso saiu como um sussurro. Sinto sua respiração em meus lábios e borboletas voam descontroladamente em meu estômago.
— Quer mesmo saber o que estou fazendo, Beca?
Eu só concordo com a cabeça, perdida entre seus olhos e sua boca. Ele sorri novamente e me beija, não foi um beijo de língua, mas também não foi um selinho, foi como um teste para saber até onde poderia ir, até onde eu o deixaria ir.
Ele se afasta um pouco e me olha com atenção, mas eu estou completamente chocada, e pelo o que eu vejo ele se diverte com minha confusão.
Eu mexo minha boca para tentar falar, mas nenhum som sai, eu apenas balbucio algumas sílabas sem sentido e sons confusos, meu coração batendo rápido demais.
— Beca, talvez seja prudente da sua parte falar alguma coisa agora, estou perigosamente perto de te beijar até que você esqueça que já beijou outra pessoa algum dia.
Um arrepio dolorosamente lento passa por minha espinha e eu mordo o lábio inferior. Minha cabeça está cheia de perguntas como: por que droga o Elias faria isso? O que ele quer? Seja lá o que for, eu quero? Meu deus, como alguém pode ter lábios tão bonitos?
Não faz sentido, a gente nem se gosta pra início de conversa, aí do nada ele vem todo confiante e me beija... certo que eu não afastei ele, mas isso não vem ao caso! Isso é completamente ridículo e inapropriado.
— Tá bom. — Ele dá de ombros, segura meu pescoço e me puxa em sua direção para colar nossos lábios de novo, eu não resisto a princípio.
Sinto sua língua abrir caminho entre meus lábios e dançar com a minha em uma sincronia que me surpreende. Elias chega mais perto, nem sabia que era possível ficar tão perto assim de alguém, mas esse cara é Elias Wayne, se tem alguém que pode mexer comigo assim, é ele.
De repente uma onda de sobriedade me atinge, me tirando da dormência entorpecida que é estar nos braços do Elias, e eu me afasto dele abruptamente.— Você só pode ter batido a cabeça em algum lugar enquanto esteve em Nova York... — Resmungo de olhos fechados, com medo de encontrar o olhar cortante dele, mas posso senti-lo sorrir.
— Não sei do que você está falando. — Seu tom de piada em sua voz me irrita, eu levanto o rosto para olha-lo bem, mas tenho que ser forte para encarar seus olhos azuis como o oceano.
— Qual é! Você é o Elias, o garoto insuportável, que eu só convivo por ser o irmão da minha melhor amiga. — Ele solta o ar pelo nariz de um jeito sarcástico, como se o que eu disse fosse algo idiota e irrelevante.
— Eu só quis beijar você, o que tem de tão errado? — Eu cruzo os braços e olho para ele incrédula.
— Você nem olhava para mim à um ano.
— Tem certeza? — Eu arregalo meus olhos e ele da um passo para trás, sorrindo como o gato Cheshire da Alice e me olhando de cima a baixo.
— Eu não sei o que você quer dizer. — Ele não pode tá falando sério... Elias Wayne não pode ter simplesmente insinuando ter uma queda por mim!
— Você é uma garota inteligente, senhorita Linor. — Ele dá uma piscadinha e coloca as mãos no bolso do moletom de um jeito despreocupado. — Você tem aula amanhã bem cedo, deveria ir dormir.
Eu desço da bancada ainda atordoada, só de passar por ele sinto um calor estranho.
— Boa noite, Elias. — Falo com a mandíbula travada e tentando parecer indiferente, mas sinto que não foi essa a impressão que eu causei quando o escuto rir de fundo.
— Boa noite, linda.
Volto para o quarto da Diana completamente perdida em pensamento e dúvidas. Eu estou furiosa com o Elias, mas, ao mesmo tempo, me sinto nervosa e empolgada. Fiquei surpresa com o beijo, é óbvio, mas ele tinha que falar aquilo de insinuar que ele tinha uma queda por mim mesmo antes de ir para o intercâmbio só para me deixar confusa? Droga! É claro que ele tinha que falar aquilo, assim eu não consigo tira-lo da minha mente.
Acho que prefiro a época que ele não me notava.
Eu viro a noite acordada, parte pelo filme de terror que vi e parte por causa do Elias… tá, okay, boa parte da minha insônia foi causada por aquele idiota!Vejo o sol nascer e vou tomar um banho antes da Diana acordar já para adiantar o processo. Me arrumo e fico ouvindo música até que o despertador toca e Diana acorda.— Bom dia. — Digo sorrindo.— Bom... dia. — Se levanta, boceja e se espreguiça. — Já está pronta?— Sim, tive insônia e fiquei entediada. — Dou de ombros e vou me ver no espelho.— Okay, vou tomar um banho e já volto para a gente ir tomar café.— Tá bom. — Quando ela termina o banho e coloca uma roupa, pegamos nossas mochilas e descemos para tomar o café da manhã.— Bom dia mãe, bom dia pai. — Ela dá um beijo na bochecha de cada
As aulas até que passam rápido, mas acho que foi porque eu passei o tempo desenhando e ouvindo música.Alguém bate na porta da sala e entra em seguida.— Bom dia Sr. Connor, bom dia alunos. — É o diretor Müller. — Eu só estou passando pra avisar que a professora Agatha Petal, de literatura inglesa, adoeceu e não poderá dar a terceira aula. — A turma comemora discretamente e eu reviro os olhos.— Obrigada pelo aviso diretor, e caso fale com a Srta. Petal, deseje-a melhoras por mim. — O diretor concorda com a cabeça e sai da sala.Quando chega a terceira aula, eu e as meninas fomos para o refeitório, ficamos conversando, colocando parte do assunto em dia e falando sobre a Flórida, a Califórnia e sobre outros lugares que ainda queremos visitar.— Meninas, eu estou apertada, vou ao banheiro e volto rapidinho, guardem os assuntos picantes para quando eu voltar. — Digo já me levantando.— Não quer que alguma de nós vá com você? — Diana pergunta.<
Em casa, peço a minha mãe pra ir pra casa da Sarah e ela deixa, eu aviso as meninas que eu vou pra lá e vou me arrumar para o trabalho.Coloco uma calça jeans azul clara e meio rasgada, uma blusinha branca por baixo de um moletom em um tom bem clarinho de pêssego, prendo meu cabelo de qualquer jeito e coloco meu tênis branco.Pego minha mochila e vou me despedir da minha mãe.— Tchau, mãe!— Tchau, filha. Você vai passar por aqui antes de ir pra casa das meninas?— Não, já estou levando roupa pra ir direto pra lá.— Tudo bem, se cuide viu? Juízo.— Eu sou a mais ajuizada de nós quatro, mãe.— Que continue assim. — Diz e ri.— Bye. — Digo e saio.A biblioteca não é tão longe daqui, eu vou andando e em dez minutos já estou lá. Eu abro o lugar e vou organizar alguns livros. Normalmente, o Henri – o dono da biblioteca (
No meio de toda essa zona, me arrependo amargamente de não ter colocado uma senha no meu celular. A Diana consegue pegar o celular primeiro e fica em pé na cama.— Okay, parem as duas! — Ela diz e só então eu percebo que a Bella se quer entrou na bagunça. — Não podemos invadir a privacidade dela assim, gostariam que fosse com vocês? — Eu fico aliviada.— Muito obrigada. — Digo e ela me devolve o celular.— Que crise de bom senso foi essa agora? — Sarah pergunta.— Quando ela quiser nos contar, ela vai nos contar. — A Bella responde. — Você tem que parar de ser assim, já conversamos sobre isso. — Sarah bufa e cruza os braços.— Aff, tá bom, só espero que seja logo. — Sarah diz e revira os olhos.— Se fosse algo importante eu contaria, mas não é, é irrelevante. — Digo. — Podemos voltar ao filme agora?— Sim, senhora. — E todas se voltam novamente para a televisão.<
No laboratório, vou até a minha mochila que está pendurada em um dos ganchos na parede, a abro e pego o meu celular, me viro e dou de cara com... vocês sabem muito bem quem.— Gostei da saia. — Okay, se alguém pudesse despir outra pessoa só com o olhar, eu estaria completamente nua agora.— Eu também gostei, agora da licença. — Eu tentei passar por ele, mas ele se colocou na minha frente.— O que está fazendo, Beca?— O que você está fazendo, Elias? Me deixe passar de uma vez. — Droga droga droga, eu não pensei direito sobre isso!— Não mesmo, nós dois sabemos que você veio assim pra me provocar, acha que sou burro?— Eu até que achei, pra falar a verdade.Ele solta uma risada forçada e dá um passo pra frente, eu dou um passo pra trás, na esperança de manter a distância. Eu me fodi agora, e pela expressão dele, ele vai me foder agora... e eu vou acabar f
Eu volto correndo pras meninas, elas suspeitam da minha demora mas não insistem para que eu explique, por isso, sou eternamente grata à elas.Quando o intervalo acaba voltamos para o laboratório, formamos nossas equipes, e como vocês já sabem, estou na equipe do Elias, decidir deixar o Noah entre a gente, para não correr riscos de certas coisas acontecerem, eu não sou tão discreta quanto o Elias, ele é capaz de fazer algo completamente safado com um sorriso angelical no rosto, acho que é um super poder.— Pronto, agora coloque esse no tubo de ensaio. — O Noah pede e eu faço, o líquido que está no tubo muda de cor e eu fico maravilhada.— Isso é incrível! — Digo.— É mesmo. — Ele diz com o rosto próximo ao meu.— Nada de namorar, prestem atenção nos experimentos! — O professor grita perto da nossa mesa, eu tomo um baita de um susto e depois começo a rir.— Você
A semana até que passou rápido, e, caso você esteja se perguntando, eu não tenho visto o Elias, só de relance na escola no horário do almoço.As meninas Cooper continuam animadas com tudo como sempre, e eu e a Diana, estamos super ansiosas para pegar um bronze e tirar várias fotos. Eu normalmente trabalho de domingo à quinta, mas o Henri me deu uma folga por conta da quantidade de horas extra que eu fiz durante as férias, então vou aproveitar o máximo que eu puder.Na sexta, eu coloco tudo na minha mochila, estou quase levando meu quarto inteiro aqui dentro. Eu coloco dois pares de tênis, dois shorts jeans, quatro blusas, dois biquínis, dois pijamas, fora os produtos de higiene, como: toalha, sabonete, shampoo, etc. Meu pai vai vir me buscar e daqui vamos direto para o parque, a Diana e eu combinamos que seria melhor que fosse hoje porque a previsão do tempo falava que tinha boas chances de chuva amanhã.Eu coloco o biquíni que co
Até que demorou pra ele aparecer, mas ele tinha que chegar em grande estilo, não é? Franzo o cenho e olho para ele com raiva.— Mandou bem! — A Diana grita para o irmão, que por sua vez, também pula na piscina.— Eu vou... acabar congelando. — Digo com o queixo tremendo.— Deixa de drama. — Ela fala e joga água na minha cara, não demorou para começarmos uma guerra de água.— Tá bom, tá bom, já chega! Você quer me afogar? — Pergunto rindo, mas a Diana está rindo muito mais, está quase tendo uma crise de riso. — Você está parecendo uma hiena.— Detesto concordar com a Beca, mas tá mesmo. — O Elias fala ao meu lado e eu já fico tensa com sua presença.— Ah, calem a boca vocês dois e me deixem ser feliz.— Quem é a dramática agora? — Pergunto e ela joga água em mim de novo.— Ai gente, vou ao banheiro e depois vou tomar mais um solzinho, mais tarde eu