Capítulo 4

As aulas até que passam rápido, mas acho que foi porque eu passei o tempo desenhando e ouvindo música. 

Alguém bate na porta da sala e entra em seguida.

— Bom dia Sr. Connor, bom dia alunos. — É o diretor Müller. — Eu só estou passando pra avisar que a professora Agatha Petal, de literatura inglesa, adoeceu e não poderá dar a terceira aula. — A turma comemora discretamente e eu reviro os olhos.

— Obrigada pelo aviso diretor, e caso fale com a Srta. Petal, deseje-a melhoras por mim. — O diretor concorda com a cabeça e sai da sala.

Quando chega a terceira aula, eu e as meninas fomos para o refeitório, ficamos conversando, colocando parte do assunto em dia e falando sobre a Flórida, a Califórnia e sobre outros lugares que ainda queremos visitar.

— Meninas, eu estou apertada, vou ao banheiro e volto rapidinho, guardem os assuntos picantes para quando eu voltar. — Digo já me levantando.

— Não quer que alguma de nós vá com você? — Diana pergunta.

— Não precisa, só não falem nenhuma fofoca muito importante enquanto eu não voltar.

— Okay. — Elas falam rindo.

Eu vou andando pelos corredores vazios e observo brevemente pela pequena janela de vidro das portas das salas, as outras turmas que ainda estão em aula. 

Mas, enquanto eu ando despreocupadamente, uma sala em específico acaba me chamando a mais atenção que as outras. Inconscientemente eu sabia que aquela era a sala do Elias, mas parei mesmo assim e, na frente da pequena janela, eu o vejo sentado em cima de uma das carteiras enquanto ri e conversa com seus colegas, o professor ignorando completamente a baderna que eles estão causando. Mas, por algum motivo, destino, talvez azar, ele acaba olhando na minha direção e eu me sinto uma criança sendo pega no flagra enquanto come a última fatia de bolo na geladeira. Específico, eu sei, mas foi exatamente o que eu senti.

Eu saio o mais rápido que posso da frente da porta, torcendo para que ele não tivesse me visto – mesmo que no fundo, por um breve momento, eu desejei que ele me visse – e volto a andar em direção aos banheiros. Só que eu não sou rápida o suficiente e, quando escuto a porta abrindo e fechando em seguida, aperto o passo numa tentativa vã de fugir daquele lugar.

— Beca, espera! — Ele me alcança.

— Já falei pra não me chamar assim. — Continuo andando e ele continua me seguindo.

— E eu já falei que não ligo.

— O que você quer? — Paro de andar e olho para ele com o cenho franzido.

— Nada demais. — Ele sorri de lado, e se inclina um pouco para ficar na minha altura. — Tem um lugar que eu quero mostrar pra você, vem comigo? — Arqueio uma sobrancelha.

— Nem fodendo. — Ele faz uma falsa cara de quem está pensando e abre mais um de seus sorrisos maliciosos.

— Se eu te fizer rir, você vem comigo? — Eu levanto o queixo de um jeito superior.

— Isso é um desafio, senhor Wayne? — Ele morde o lábio inferior e eu perco a concentração por um segundo, ele percebe e da um passo na minha direção ajeitando sua postura.

— Com certeza. — Sorrio de lado me sentindo confiante. 

— Muito bem. Então me faça rir. 

Ele me olha de um jeito despreocupado e eu fico logo desconfiada, mas, quando eu menos espero, ele começa a me fazer cócegas, eu não aguento e começo a rir.

— Ai! — Seguro as mãos dele. — Não vale.

— Claro que vale, e agora você tem que vir comigo. 

Eu respiro fundo e me arrependo de ter concordado com isso internamente. Concordo com a cabeça e ele segura minha mão com naturalidade, é quase como se tivéssemos feito isso várias vezes antes.

— Onde vamos? — Toda a vontade de ir ao banheiro passou, eu sinceramente esqueci que precisava ir. Como pode um negócio desses?

— Só vem comigo Beca, você não vai se arrepender, eu prometo.

— Já estou arrependida! — Ele ri e abre uma das salas, é o laboratório de matemática, só é usado para os alunos do fundamental que são do contra turno. — Eu não gosto muito de matemática Elias. — Falo emburrada.

— Então é bom que a minha intenção aqui tá longe de ser estudar, né? — Ele me empurra e me prende contra a parede.

— Como não suspeitei? — Falo sarcasticamente. Suas mãos estacionam na minha cintura enquanto seu olhar permanece quente e preso ao meu. — Aparentemente, sua intenção é uma só quando se trata de mim. Tem certeza que não vai se arrepender disso mais tarde? 

— Eu? Me arrepender de beijar uma garota tão linda? — Seu sorriso é sincero, mesmo que seu tom continue sarcástico. Mas, de alguma forma, não  consigo acreditar nele.

— Como pode ser tão confiante? — Ele enrosca uma mecha do meu cabelo em seu dedo indicador e o enrola.

— Eu sou assim, não se lembra?

— Eu só lembro de você implicando comigo, o que você se lembra? — Ele da de ombros.

— Muita coisa, para falar a verdade, mas a lembrança da gente se beijando me parece a única que importa, não acha? 

— Nah. — Falo entediada, mas ele apenas se deixa rir baixinho.

— Pelo menos não está me afastando, já é um avanço. 

Eu coloco uma mão no peito dele para empurrá-lo, mas perco toda e qualquer concentração quando sinto os músculos por baixo da camisa dele. Talvez ele tenha praticado em alguma academia enquanto estava em Nova York, tenho certeza de que ele não era assim antes de ir pra lá… não que eu ficasse reparando, claro. 

Ele segura minhas mãos e as leva acima da minha cabeça usando apenas uma das suas, a outra ele coloca na minha cintura e me puxa. Seus lábios tocam os meus lentamente, mas é só no começo, pois a cada segundo ele parece mais e mais famintos, mas quando ele se afasta sinto falta quase imediatamente.

— Filho da puta… — Resmungo. Nem estou brava com ele, estou brava comigo mesma por tá gostando dessa putaria.

— Que boca suja é essa, Beca? Com certeza, isso não é algo que eu lembrava de você. — Ele solta meus braços e coloca um deles em volta do próprio pescoço.

— Acho que você não prestava tanta atenção assim. — Sinto sua mão escorregando e indo para um lugar que eu chego a temer o seu toque. Eu fecho o punho contra seu ombro. — Sério Elias, tá passando dos limites… — Seguro a mão dele antes que chegue na minha bunda.

— Relaxa um pouco, Beca. — E ele me beija, de novo. 

Nem pro filha da puta beijar mal! Só pra ferrar com meu psicológico. 

Solto sua mão – que finalmente chega a minha bunda – e passo ambos meus braços em volta do pescoço dele. Mas quando ele me aperta contra ele, sinto um frio na barriga bem forte e meus joelhos tremem. Eu perco o fôlego e viro meu rosto para o lado, ele desce os beijos para o meu pescoço e eu fraquejo completamente, o pescoço é meu ponto fraco, tenho que admitir.

— Elias... para por favor. — Sussurro ao seu ouvido e ele solta a minha bunda e para com os beijos. 

Ele mantém o rosto na curva do meu pescoço, mas completamente parado, seu único movimento foi para trazer sua mão para a minha cintura novamente. Eu respiro fundo para tentar acalmar meus batimentos e ele espera pacientemente minha permissão.

— Como eu não te beijei antes?

— Você namorava, seu idiota. — Ele ri e levanta o rosto para me olhar.

— Todos cometem erros, não é? 

De alguma forma, o jeito que ele falou isso me incomodou mais do que eu gostaria. Eu lembro que foi uma confusão enorme o término dele com a tal da Kora, mas eu nunca soube o real motivo por trás disso.

Eu tento empurra-lo de novo, agora sem me deixar distrair pela beleza dele, mas ele se mantém firme no lugar e sua mão volta para minha bunda. 

— Qual é!? Tira a mão daí! — Ele ri.

— Tente sair que eu aperto mais forte.

— Não tem a menor graça!

— Claro que tem. — Isso tudo tem uma vibe oodal, como uma brincadeira sexy envolta de uma raiva falsa. Então eu tento sair de novo e ele faz o que prometeu.

— Ei!

— Eu te avisei.

— As meninas vão vir me procurar se eu demorar de mais, inclusive a sua irmã, está preparado para isso?

— Eu não poderia me importar menos. — Ele enterra seu rosto no meu pescoço novamente e dá uma leve mordida.

— Mas eu me importo, Elias. — Ele rosna e se afasta de mim alguns passos.

— Okay, eu tenho que voltar pra aula de qualquer forma. 

Ele me dá um sorriso de adeus e simplesmente sai da sala, enquanto eu fico paralisada no mesmo lugar, tentando digerir o que acabou de acontecer.

Quando eu finalmente saio do meu transe, vou para o banheiro, lavo o rosto e retoco meu glóss para que as meninas não percebam nada, olho no espelho e vejo que ficou pequenas marcas avermelhadas no meu pescoço, mas isso eu posso dizer que um mosquito me mordeu e eu cocei, já que qualquer coisinha me deixa vermelha mesmo. Eu sou muito pálida, tenho que tomar um sol qualquer dia, devo ta com alguma deficiência de vitamina. Termino de me arrumar e volto para o refeitório o mais rápido possível, como se nada tivesse acontecido.

— Por que demorou tanto? — Sarah pergunta assim que eu me sento ao seu lado.

— As líderes de torcida estavam usando o banheiro, por sorte peguei um box vazio. Mas e aí, perdi muita coisa?

— Não, só falamos um pouco mais sobre a viagem.

— E sobre uns garotos também. — A Bella diz.

— Pois podem rebobinar a fita, contem tudo! 

Elas riem e passamos o resto do tempo livre conversando, fiquei meio distraída por causa do Elias, aquele garoto é completamente alucinado, será que é melhor eu dar um tempo de ir na casa da Diana? Acho que é uma boa ideia.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo