Capítulo 5

Em casa, peço a minha mãe pra ir pra casa da Sarah e ela deixa, eu aviso as meninas que eu vou pra lá e vou me arrumar para o trabalho.

Coloco uma calça jeans azul clara e meio rasgada, uma blusinha branca por baixo de um moletom em um tom bem clarinho de pêssego, prendo meu cabelo de qualquer jeito e coloco meu tênis branco.

Pego minha mochila e vou me despedir da minha mãe.

— Tchau, mãe!

— Tchau, filha. Você vai passar por aqui antes de ir pra casa das meninas?

— Não, já estou levando roupa pra ir direto pra lá.

— Tudo bem, se cuide viu? Juízo.

— Eu sou a mais ajuizada de nós quatro, mãe.

— Que continue assim. — Diz e ri.

— Bye. — Digo e saio.

A biblioteca não é tão longe daqui, eu vou andando e em dez minutos já estou lá. Eu abro o lugar e vou organizar alguns livros. Normalmente, o Henri – o dono da biblioteca (do morro não) – sempre chega meia hora, uma hora depois que eu chego, só que ele me surpreendeu dessa vez e chegou só quinze minutos depois.

— Henri, como você está? — Pergunto sorrindo e ele sorri de volta.

— Estou bem, e você? — Ele me abraça brevemente.

— Bem também, como foi a viagem?

— Foi… sensacional! — Ele fala pausadamente e eu rio. — Conseguiu dar conta disso aqui sem mim?

— Claro que sim, foi moleza.

— Que bom, estava pensando em viajar de novo e tal…

— Aí vou ser obrigada a te pedir um aumento. — Ele ri.

— Então acho que vou adiar mais um pouco meus planos de viajar novamente. — Ele tira o celular do bolso e começa a mexer. — Eu vou estar lá no escritório, qualquer coisa me chama, okay?

— Tudo bem, já virou a placa de aberto?

— Já, minha irmã vai trazer mais alguns exemplares dos livros do Stephen King mais tarde, você pode pegar pra mim?

— Claro.

— Obrigada, Rebeca.

Depois que meu turno acabou mandei mensagem para Sarah avisando que já estava a caminho e que só estava esperando o ônibus chegar.

Do meu trabalho até a casa das meninas é mais ou menos meia hora de ônibus, ou seja, consideravelmente longe, se não fosse, eu ia à pé mesmo.

Sarah:

— A Daiana disse que vai

sair de casa em cinco minutos,

quer que eu peça a ela pra te

buscar já que é caminho?

Rebeca Linor:

— Quero sim!

Sarah:

— Tudo bem, vou ligar

pra ela.

Rebeca Linor:

— Vlw amiga.

Não demorou muito para eu avistar o carro do pai da Diana, só que eu não esperava que não fosse o Sr. Wayne no volante.

— E aí Beca, entra. — Ai Deus, tenha piedade de mim.

— Oi… — Falo meio desconfortável, mas a cara de pau dele é perfeitamente irritante.

Por que eu tenho a impressão de que esse embuste vai aparecer sempre na primeira oportunidade que tiver? Reclamo mentalmente e entro no carro.

— Tá ansiosa? — Diana fala. — Eu sei que eu tô, a Sarah disse que vai me passar o contato de um cara super gato da Flórida que está vindo morar aqui e… — O Elias a interrompe.

— Como assim? Vai pegar um número de um cara que você nem conhece?

— Sim ué, ele tem a nossa idade e vai estudar na nossa escola, não vejo porque não.

— Eu vejo. — Ele diz meio irritado e eu não consigo segurar a risada. — Qual é a graça, Beca? — Ele me olha pelo retrovisor.

— A graça é esse seu ciúme com sua irmã mais nova.

— Não é ciúme, só estou tento cuidado com a minha irmã.

— Tudo que eu entendi do que você falou foi: ciúme ciúme ciúme, ciúme ciúme ciúme. E você Rebeca?

— A mesma coisa. — Nós rimos, menos ele.

— Que coincidência… — Ele fala sem paciência e revira os olhos em seguida.

— Deixa de ser chato. — Ela diz e se estica para olhar para mim do banco da frente. — Elas não falaram só dele, aparentemente, ele tem um irmão mais velho, não tão velho, deve ter uns dezoito anos… interessada?

— Com certeza. — Olho para o retrovisor bem a tempo de ver o Elias desviar o olhar, uma satisfação estranha me invade.

— Uma péssima ideia. — Ele resmunga e a Diana revira os olhos.

Eu e a Diana conversamos o resto do caminho enquanto o Elias resmungava, eu percebia o olhar dele sobre mim de vez em quando, e eu sei o que você está pensando, se eu percebia o olhar, significa que eu também estava olhando pra ele, e você não está errado, não dá pra não olhar para o cara que te jogou contra a parede, te beijou e te apalpou descaradamente.

Quando finalmente chegamos na casa da Sarah e da Bella, descemos do carro e fomos correndo até a varanda, em seguida eu aperto a campainha.

— Finalmente! — Diz a Bella ao abrir a porta. — Entrem, meninas. — Ela vai pro lado para nos dar passagem e nós entramos.

— Oi meninas, quanto tempo!

— Oi tia. — Dizemos em uníssono.

— E o tio Hugh — Pergunto. Meredith e Hugh são os pais das meninas, eles são bem legais.

— Ele está em uma viagem à trabalho, só volta no final de semana. O que vão fazer agora?

— Nós vamos subir, conversar e talvez ver um filme. — Bella responde.

— Okay, mas daqui a pouco eu vou chamar vocês para o jantar.

— Tudo bem. — Subimos a escada correndo e entramos no quarto das meninas.

— Finalmente! — Diz a Sarah e nós rimos, ela e a Bella dizem a mesma coisa com frequência, deve ser aquele negócio de gêmeos que todo mundo fala.

— Sim, meninas, contem tudo, com detalhes! — A Diana diz empolgada e as meninas começam a contar o que aconteceu.

Depois de muito tempo de conversa a tia Meredith nos chama para o jantar, descemos, jantamos e logo depois voltamos para o quarto, conversamos mais e depois assistimos um filme de terror. No meio do filme, meu celular vibra e eu o pego para ver o que é.

Número desconhecido:

— O que estão fazendo agora?

Tá repreendido em nome de Jesus!!! – minha consciência grita para mim.

Rebeca Linor:

— Quem é?

Número desconhecido:

— Eu não acredito que você

ainda não tem meu número

salvo, Beca.

— Estou realmente magoado.

Me fodi, agora essa peste vai me perturbar até pelo celular.

Rebeca Linor:

— Elias?

— Quem te deu meu

número???

Elias Wayne:

— Peguei no celular da

Daiana ué.

Rebeca Linor:

— Você sabe que perseguição

é crime né, seu retardado?

Elias Wayne:

— Não estou te perseguindo,

Beca, só estou mandando

mensagem para uma amiga.

— Isso virou crime agora?

Rebeca Linor:

— Sim, já que não somos amigos!

Mesmo que eu goste dessa queda que ele tem por mim…

Elias Wayne:

— Ai! Assim você vai acabar machucando meu coração.

Rebeca Linor:

— Queria poder te dar

um chute no saco!

Elias Wayne:

— Estou tão assustado!

— Qual é, Beca, você não

reclama tanto quando eu

tô te beijando…

Claro que não, nem se quer tenho tempo pra falar alguma coisa!

Elias Wayne:

— Mas se você estiver

precisando de mim agora,

é só falar que eu vou te buscar.

Rebeca Linor:

— Até parece né.

Elias Wayne:

— Não finge que não gosta

de mim, linda.

— Nós dois sabemos que gosta.

Rebeca Linor:

— Sabemos?

— Cuidado, querido, iludido

é pior que doido.

Elias Wayne:

— Olha que fofo, você já

está me chamando de querido.

Rebeca Linor:

— Eu vou te bloquear,

fica com deus.

______________________

|Contato bloqueado|

Eu bloqueio a tela frustrada e jogo meu celular longe. Quando eu finalmente olho pra frente acabo pegando três pares de olhos me observando.

— O que foi? — Pergunto um pouco ansiosa.

— Nada, é só que… — Diana começa a falar mas a Sarah a interrompe.

— Amiga, você tava resmungando alto e do nata tacou teu celular longe mulher, "o que foi?" Digo eu! — Diz fazendo aspas com os dedos.

— Não foi nada, só a merda do meu celular que não funciona direito.

— E você realmente espera que a gente acredite nisso? — A Bella pergunta com sua voz suave e seu sorriso inocente.

— É a verdade! — Falo indignada com a desconfiança mais que justificada.

— Então deixa a gente ver seu celular.

A Sarah diz e imediatamente leva uma cutucada repreensiva da própria irmã, mas eu gelo dos pés a cabeça e tento pensar em como vou explicar as mensagens com o irmão da Diana.

Nós nos entreolhamos e claramente pensamos a mesma coisa, o meu celular está a uma distância igual entre nós quatro, mas eu sei que a briga maior vai ser entre mim e a Sarah, e é dito e feito. Nos pulamos em cima da cama, é um pouco ridículo parando pra pensar.

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