(Ponto de Vista de Bill)O armazém se ergueu diante de mim, uma estrutura colossal e deteriorada que já tivera seus melhores dias. Era exatamente como eu me lembrava: frio e vazio.Meu coração bateu forte enquanto corri em direção à porta pesada e enferrujada. Sem hesitar, bati nela com ambos os punhos, com o som ecoando pela noite silenciosa.— Doris! — Gritei, expressando a voz rouca de desespero. — Estou aqui! Abra a maldita porta!Por um momento, nada aconteceu. O silêncio foi ensurdecedor, sentindo minhas próprias respirações ofegantes soando nos meus ouvidos. Bati novamente, mais forte desta vez, implorando para que a porta se abrisse e eu pudesse ver o rosto de Serena, mas a única resposta foi o leve ranger de metal movendo-se com o vento.Levantei meu punho para bater na porta novamente quando ela, de repente, se abriu apenas um pouco. A escuridão dentro era densa, quase impenetrável. Não consegui ver ninguém, no entanto eu tinha consciência de que estavam ali, observando e esp
(Ponto de Vista de Bill)Kevin deu um passo à frente, e pude ver a raiva borbulhando sob a superfície. Seus punhos estavam cerrados ao lado do corpo, e seus olhos estavam fixos em mim, queimando com um ódio que eu não conseguia entender completamente.Doris nos observava com um sorriso distorcido, apoiada na parede como se aquilo fosse algum tipo de entretenimento.— Vai em frente, Kevin. Faça o que for preciso. O Bill não vai reagir, pois ele está mais preocupado com a sua preciosa Serena do que consigo mesmo.Enquanto isso, eu mantive os olhos em Kevin, tentando lê-lo, e tentando entender se havia alguma maneira de eu convencê-lo a parar.— Kevin, escuta o que eu estou dizendo. — Falei, com a voz firme, embora meu coração estivesse batendo forte no peito. — Você está certo. Eu tirei o Max de você, e não posso mudar isso. Mas me matar? Isso não vai trazê-lo de volta. No fundo, não vai resolver nada.Os olhos de Kevin brilharam de raiva enquanto ele apertava ainda mais sua pegada em mi
(Ponto de Vista de Bill)A tensão na sala era sufocante, onde cada respiração parecia ser a última. Doris mantinha a vida de Serena pendurada por um fio, e qualquer movimento errado de qualquer um de nós poderia fazer tudo desmoronar em um caos. Minha mente girava em alta velocidade, buscando desesperadamente uma forma de desarmá-la e tirar Serena dali com vida. A cada segundo que passava, parecia uma eternidade.James, ao meu lado, com a arma apontada para Kevin, olhou para mim. Fez um gesto sutil com a cabeça, e eu soube que ele estava pensando o mesmo que eu: Precisávamos de uma distração, algo que me desse uma chance de tirar a arma de Doris.— Kevin, acabou. Não torne isso pior para você. — Disse James, com sua voz calma, mas firme. No segundo seguinte, ele deu um passo à frente, se aproximando de Kevin, que já estava fervendo de raiva.Os olhos de Kevin saltavam entre James e Doris, com seus punhos se cerrando e se abrindo, como se estivesse lutando para decidir se deveria lutar
(Ponto de Vista de Bill)Eu estava estendido no chão frio e duro, onde cada respiração enviava ondas agudas de dor pelo meu abdômen. O sangue estava pegajoso entre meus dedos, e cada batida do meu coração parecia estar me despedaçando por dentro. Tentei me levantar, mas o esforço foi demais. Minhas pernas falharam sob mim, e eu desabei de volta, com o mundo girando ao meu redor.Tudo o que eu conseguia pensar era em Serena. Serena e nosso bebê. "Meu Deus... Espero que eles estejam bem. Não sou um homem religioso, mas, se houver alguma divindade ouvindo, estou implorando: proteja-os. Por favor, deixe que saiam vivos daqui. Que fiquem bem. É tudo o que eu peço."Olhei para Doris e Kevin, ambos caídos no chão. No entanto, pelo canto do olho, percebi Kevin se movendo - ele se levantava devagar, gemendo de dor a cada movimento, até finalmente ficar de pé. Cambaleando, arrastou-se até Doris e, com esforço, ajudou-a a se levantar. Meu coração disparou. Eles ainda não tinham acabado.Tomei uma
(Ponto de Vista de Serena)As luzes do teto se fundiam em um borrão ofuscante enquanto eu era levada apressadamente pelos corredores do hospital, sacudida sobre a maca. Vozes murmuravam ao meu redor, mas soavam distantes. Eu me esforçava para compreender o que estava acontecendo, mas minha mente estava enevoada, com cada pensamento escorregando como areia entre os dedos. Tudo parecia irreal, como um sonho do qual eu não conseguia despertar.Piscava, tentando focar, mas nada fazia sentido. Sentia o metal frio da maca sob mim e o rangido ritmado das rodas, mas tudo parecia tão surreal... "Onde será que eu estava? Por que estava naquele lugar?"A lembrança me atingiu como um soco no estômago, arrancando meu fôlego. Doris. Kevin. O armazém. Tudo vinha em flashes desconexos, fragmentos que não se encaixavam. Eu me via amarrada, tomada pelo pavor... E depois, o vazio. Meu coração disparou numa corrida desgovernada enquanto eu tentava desesperadamente reconstruir os momentos seguintes. "Algué
SerenaMeu Marido e a sua linda assistente Doris estavam rindo e comendo como se eles estivessem no primeiro encontro deles. Mas a piada era eu…Eu estava ali, a mulher do Bill, assistindo eles do outro lado da sala, cuidando da minha barriga rasa que abrigava a pequena vida.Claro, Bill não sabia ainda não sabia do bebê. A notícia ainda estava fresca na minha mente, mal tinha algumas horas.Era suposto ser um encontro para um jantar familiar, mas eu nunca era bem-vinda, mas sim uma intrusa.Assistindo o Bill levando o pedaço de carne cortada e dando para a Doris, a melhor amiga dele da juventude que o conhecia melhor que ninguém, eu acho que estaria a estragar a diversão deles se contasse que estava grávida.— Doris, o Bill mencionou que você está estudando para ter um mestrado em negócios e administração, por que você não nos conta um pouco de como está indo? — Helena, a mãe do Bill perguntou. Eu sabia que aquele jantar não era só para colocar a conversa em dia. Helena queria exibir
Ponto de vista da SerenaÉ engraçado como a adrenalina pode fazer você esquecer da dor por um tempo.Ao sair do hotel, meu joelho esquerdo começou a latejar de novo.— Bom, pelo menos saí de lá, — murmurei para mim mesma.Ainda ouvia a confusão lá dentro. A família do Bill estava cuidando da Doris. Nossa, estavam exagerando. Ela só havia caído, não era como se tivesse perdido uma perna. Enquanto isso, eu sentia como se fosse perder a minha perna a qualquer momento.Foquei-me na respiração para aliviar a dor. Distraída, esbarrei num homem que vinha na direção oposta. O impacto leve me fez perder o equilíbrio.— Ops, desculpe.Ele percebeu que eu estava desequilibrada e segurou no meu braço para me ajudar.— Cuidado! Hmm... acho que já te vi antes. Ah! Você é a Serena, a esposa do Bill, certo?Ótimo, mais um familiar que irá me odiar. E eu achando que a noite não podia ficar ainda melhor.— Ah... sim, sou eu.Curiosa para saber quem ele é, olhei para o rosto. O tempo não deixou marcas m
Ponto de Vista da SerenaPor um segundo, pensei que o Bill realmente se importasse com a minha perna. Mas não, ele voltou a ser um babaca completo.— Eu tropecei fora do hotel e... — Comecei a explicar.— Sabe de uma coisa? Não interessa. Só vá pedir desculpas para a mamãe e para a Doris — Ele disse, sem sequer me deixar terminar.E lá está ele de novo, me cortando como se eu fosse apenas um ruído qualquer. Aquilo era tão ridículo. Por que eu continuava tolerando ele me tratando como lixo?Eu estava prestes a dizer ao Bill que ele ia ser pai, mas me controlei. Não podia deixar nosso filho crescer nos vendo brigando o tempo todo. Não era assim que relacionamentos saudáveis deviam ser. Honestamente, comecei a achar que talvez fosse melhor criar nosso bebê sozinha.Baixei a cabeça e sussurrei, — Quero o divórcio.Já estava dito — Não tinha mais volta. Mas, estranhamente, me senti mais leve, como se estivesse prendendo a respiração por tanto tempo e, finalmente a pudesse soltar.O silênci