Serena

Meu Marido e a sua linda assistente Doris estavam rindo e comendo como se eles estivessem no primeiro encontro deles. Mas a piada era eu…

Eu estava ali, a mulher do Bill, assistindo eles do outro lado da sala, cuidando da minha barriga rasa que abrigava a pequena vida.

Claro, Bill não sabia ainda não sabia do bebê. A notícia ainda estava fresca na minha mente, mal tinha algumas horas.

Era suposto ser um encontro para um jantar familiar, mas eu nunca era bem-vinda, mas sim uma intrusa.

Assistindo o Bill levando o pedaço de carne cortada e dando para a Doris, a melhor amiga dele da juventude que o conhecia melhor que ninguém, eu acho que estaria a estragar a diversão deles se contasse que estava grávida.

— Doris, o Bill mencionou que você está estudando para ter um mestrado em negócios e administração, por que você não nos conta um pouco de como está indo? — Helena, a mãe do Bill perguntou. Eu sabia que aquele jantar não era só para colocar a conversa em dia. Helena queria exibir a Dora, a nora que ela gostaria que tivesse.

Doris, com os seus cabelos castanho-avermelhado ondulados, sorriu e se inclinou para frente na sua cadeira. — Está indo muito bem, — disse ela, com os seus olhos verde-esmeralda brilhando de entusiasmo. — Estou aprendendo muito acerca dos mercados globais. O Bill até disse que eu poderia ser um grande trunfo para a empresa dele. Não é, Bill?

Ela lançou um olhar radiante para Bill, buscando confirmação, mas ele estava ocupado admirando a maneira como ela encantava todos na mesa com tanta facilidade.

— Com certeza. Doris tem uma mente brilhante para negócios, — Bill respondeu com muita confiança. Ele era alto, com os cabelos loiros impecavelmente arrumados, sem um fio fora do lugar. Ele exalava uma presença marcante, exatamente como o CEO que ele era.

Eu apertei o garfo com mais força, sentindo uma mistura de raiva e impotência. Bill nunca falava das minhas conquistas daquela maneira. Ele sempre tinha umas desculpas: “técnica demais, mundana demais” não valia a pena mencionar aquilo num jantar em família. Mas ali estava ele, elogiando Doris como se ela já fosse parte da família.

Vendo os olhos azuis do Bill, que geralmente eram penetrantes e afiados, olhando para Doris com uma expressão calorosa e gentil. Era bem diferente do jeito que ele olhava para mim. Doía assistir aquilo. Eu sabia que não deveria ter ido para lá.

O garçom interrompeu meus pensamentos, segurando numa garrafa cara de vinho, — Vinho, senhora?

— Ahm... pode trocar com um chá gelado, por favor? — Eu pedi, ele assentiu e se afastou.

Eu toquei levemente na minha barriga debaixo da mesa, pensando no meu segredo. Será que alguém iria perceber por que não eu não estava bebendo vinho? Provavelmente não. Todos estavam ocupados demais falando com a Doris. Eu só estava ali porque o Bill me trouxe. Pois, eu ainda era a esposa dele.

— Com licença, preciso ir ao banheiro, — Eu disse enquanto me levantava. Por um segundo, todos olham para mim, mas os rostos deles não mostravam gentileza nenhuma. Acho que ninguém se importava realmente com o que eu estava fazendo naquele momento.

Enquanto caminhava mancando em direção ao banheiro, meu joelho dolorido me lembrava do que havia acontecido mais cedo. Estava tão distraída com meus pensamentos que não notei o desnível na calçada. Tropecei, e o meu joelho esquerdo começou a latejar de dor. Ótimo, achei que tinha machucado de verdade.

— Parabéns, Serena, — Disse a Dra. Sanchez. — Você está com quatro semanas de gravidez.

— Ah, isso é... maravilhoso, — Respondi. Tentando soar animada, mas não era bem assim que me sentia. Eu queria ter o bebê. Mas como Bill e eu podíamos criar uma criança juntos se ele não me amava mais?

— O que há de errado? — Dra. Sanchez perguntou, notando minha hesitação.

— Bem, não sei como meu marido irá reagir, — Respondi, olhando nos olhos dela.

Dra. Sanchez me deu um tapinha no ombro com intuito de me tranquilizar. — A decisão é sua, — Disse ela. "Mas eu recomendaria conversar com ele."

Já no banheiro, joguei água no rosto, tentando clarear minha mente. Será que devia contar a todos sobre o bebê durante o jantar? Talvez isso os fizesse me enxergar de forma diferente, não só como alguém que trabalhou para o Bill.

Mas daí lembrei de como todos foram frios quando entrei no salão. Bill e família dele me viram mancando, mas ninguém ajudou ou sequer disse um "olá". Parecia que estavam me ignorando de propósito, e Bill só me olhou de forma impassível.

Olhando no espelho, via alguém que se pareia comigo, mas não sentia como se fosse eu. Tínhamos os mesmos traços: olhos castanhos suaves, cabelos castanho-avelã em ondas soltas, e pequenas sardas nas bochechas. Mas aquela não era a Serena que eu conhecia. Ela não deixaria ninguém a tratar como um tapete.

Quando estava voltando ao meu lugar, Doris de repente apareceu na minha frente. Ela tropeçou, e o garçom que estava trazendo o chá gelado que eu havia pedido não conseguiu desviar a tempo. O chá todo se derramou sobre o meu vestido branco.

— Ei! Cuidado, Doris, — Disse, eu surpresa e meio irritada. Tentei limpar a mancha com meu lencinho, mas não saía.

Bill, como um cavaleiro de armadura brilhante, foi rapidamente até a Doris e a ajudou a se levantar.

— Você está bem? — Perguntou ele.

Doris começou a chorar, se fazendo da vítima. "Estou bem. Só não sei porquê a Serena me faria tropeçar."

Meu rosto se esquentou. Aquela puta mentirosa estava testando minha paciência. — O quê?! Eu nem encostei em você.

Bill me encarou friamente. — O que há de errado com você? Peça desculpas para ela agora mesmo.

Não acreditei que ele estava do lado dela. — Você está falando sério? Eu não fiz nada! Se alguém deve pedir desculpas, é ela por arruinar o meu vestido.

— Sério? É com o seu vestido que você está preocupada? Você é tão egoísta!

— Ah, eu sou egoísta? Você nem olhou para mim uma vez se quer. Não fiz escândalo nenhum. Você estava ocupado demais com a Doris para lembrar que tem esposa! Agora todos estão olhando para nós, normalmente, não gosto de expor minha vida pessoal em público, mas estou cansada de como todos me trataram nesta noite. As pessoas podem nos encarar o quanto quiserem, eu já não me importo mais.

— Chega! — Gritou a Helena. — Parem com essa confusão. Se você não pedir desculpas à Doris, pode ir embora.

Olhei para o Bill, esperando que ele dissesse algo em minha defesa. Ele apenas encarou a mesa no centro, deixando a mãe dele me humilhar sem dizer uma palavra se quer.

Senti as lágrimas começarem a se formar nos meus olhos. Nunca havia me sentido tão humilhada em toda minha vida.

Respirei fundo e disse: — Tudo bem, não quero causar mais problemas aqui. Eu vou embora Helena, se é isso que você quer.

Os garçons me lançam olhares estranhos enquanto eu saia do salão. É isso, já estava no meu limite. Se Bill não me defendesse, nosso casamento iria terminar. Eu nem ia contar para ele sobre o bebê, e estaria à espera da porra do divórcio!