Chapter 3
Ponto de Vista da Serena

Por um segundo, pensei que o Bill realmente se importasse com a minha perna. Mas não, ele voltou a ser um babaca completo.

— Eu tropecei fora do hotel e... — Comecei a explicar.

— Sabe de uma coisa? Não interessa. Só vá pedir desculpas para a mamãe e para a Doris — Ele disse, sem sequer me deixar terminar.

E lá está ele de novo, me cortando como se eu fosse apenas um ruído qualquer. Aquilo era tão ridículo. Por que eu continuava tolerando ele me tratando como lixo?

Eu estava prestes a dizer ao Bill que ele ia ser pai, mas me controlei. Não podia deixar nosso filho crescer nos vendo brigando o tempo todo. Não era assim que relacionamentos saudáveis deviam ser. Honestamente, comecei a achar que talvez fosse melhor criar nosso bebê sozinha.

Baixei a cabeça e sussurrei, — Quero o divórcio.

Já estava dito — Não tinha mais volta. Mas, estranhamente, me senti mais leve, como se estivesse prendendo a respiração por tanto tempo e, finalmente a pudesse soltar.

O silêncio que se seguiu foi mortal. Bill não disse nada por um momento, como se estivesse tentando processar o que eu acabava de falar. Finalmente, ele se pronunciou,

— O quê? Você não pode estar falando sério — Com um tom de descrença total.

Olhei diretamente para Bill. Ele estava com uma expressão estranha, sobrancelhas franzidas, confuso.

— Sim, você ouviu muito bem, — disse, com uma clareza extra dessa vez. — Eu quero o divórcio, — Fiz questão de enfatizar cada palavra, para que não restassem dúvidas.

Dei tudo de mim naquele relacionamento. Até engoli meu orgulho para suportar a família do Bill. Mas, sendo honesta, aquilo estava além de qualquer conserto. E, além disso, o Bill já tinha deixado claro que estava interessado noutra pessoa. Ele não poderia ter sido mais evidente durante o jantar daquele dia.

Bill solta um suspiro pesado. Parecia que ia explodir, mas se segurou.

— Pare de falar besteiras agora.

— Não tem discussão aqui, Bill. Acabou — respondi, e de seguida estávamos travando um duelo de olhares. Eu recusei me intimidar.

— Você está agindo como uma criança, Serena — Disse o Bill, já perdendo a paciência. Clássico Bill, sempre achando que eu era a imatura nas nossas brigas. Ele sempre se colocava como o “Sr. CEO”, como se estivesse sempre certo. Tentar argumentar com ele é como falar com uma parede. Era simplesmente frustrante.

Mas, diferente das vezes anteriores, não iria o deixar vencer.

— Acho que três anos foram o suficiente, Bill...

Tudo bem, ali vinha, toda a porcaria que tive que aguentar do Bill e da família dele. Já tinha passado da hora de falar como me sentia diminuída quando a família dele agia como se eu fosse apenas a assistente que estava atrás do dinheiro dele. E o Bill, nem se dando ao trabalho de me dar atenção, flertando com a Doris bem na minha frente…

Enquanto preparava meu discurso na cabeça, o celular do Bill tocou. Ai, Deus, o que é agora?

Bill atendeu, mas continuou me olhando.

— Mãe? — respondeu ele.

Claro, colocando outras pessoas na frente de mim novamente. Enquanto ele estava na chamada, já havia esquecido da bronca que havia preparado para ele a poucos segundos.

— Certo, mãe. Tchau — Disse o Bill, encerrando a chamada.

Eu o encarei, fervendo de raiva. Conhecia bem aquela tática dele. Ele não ia me deixar terminar o que estava falando.

— Preciso cuidar da proposta para Johnson and Haines Inc. amanhã, — Bill explicou. — Mamãe deu uma olhada e disse que ainda não está boa o suficiente.

Por mais que eu quisesse falar o que pensava, ouvi durante o jantar que aquele acordo com a Johnson and Haines Inc. valia milhões. Não podia me dar ao luxo de atrapalhar os pensamentos do Bill naquele momento. Ainda estava furiosa com ele, mas não queria que ele parecesse incompetente na frente dos investidores.

— Então, conserte essa droga de proposta, — Falei. — Vou esperar aqui.

Bill cruzou os braços, como se estivesse calculando meus próximos movimentos. Era como se toda conversa com ele fosse um jogo de xadrez, e ele sempre precisasse vencer.

— Não acho que precisamos ter essa conversa de novo, — Ele disse, mantendo um olhar firme. — Olha, só peça desculpas e seguimos em frente. E vamos esquecer que você mencionou... o divórcio.

A maneira como ele disse a palavra “divórcio”, era como se estivesse zombando da ideia. Ele não estava me levando a sério.

— Você é um idiota, sabia? — murmurei, com a minha voz tremendo de raiva. As lágrimas começam a se acumular nos meus olhos.

— É, já ouvi isso antes, — Disse o Bill, me dispensando. — Vamos só encerrar a noite. Estamos os dois cansados.

Bill estudou o meu rosto enquanto eu ficava quieta. Estava evitando que minhas lágrimas caíssem na frente dele, aquilo só alimentaria o ego dele. Finalmente, ele saiu e foi para o nosso quarto.

Pedi à Anne a chave de um dos quartos de hóspedes. Não vou dividir a cama com ele nesta noite. Sexo não iria consertar aquele casamento.

Deitei a cabeça no travesseiro e pensei no quanto sacrifiquei para fazer as coisas funcionarem com o Bill. Estaria mentindo se dissesse que não o amava mais. Mas havia um limite para o quanto eu podia suportar.

Sempre incentivamos um ao outro a dar o melhor de nós. Eu adorava como ele era apaixonado pelo trabalho dele, e ele também como eu era pelo meu. Mas tudo mudou depois que nos casamos. Deixei que ele assumisse o controle da minha vida. Talvez isso tivesse sido parcialmente minha culpa.

Ele dizia:

— Você não precisa mais trabalhar. Eu cuidarei de você. — E ele cuidou, garantiu que eu tivesse todas as coisas luxuosas que o dinheiro dele podia comprar. Mas, quando se tratava de demonstrar amor e dar atenção, ele era muito mesquinho.

Bill tinha razão… estava cansada. Não podia continuar o perdoando por fazer só o mínimo necessário. Na verdade, já tinha pensado em me divorciar dele há um tempo. Mas, para ele parecia que tudo aquilo era apenas uma enorme piada.
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