(Ponto de Vista de Serena)— Acorda, Serena! — A voz feminina e familiar cortou a névoa que dominava minha mente.Pisquei várias vezes, tentando afastar a névoa que tomava minha mente enquanto, pouco a pouco, os sentidos retornavam. A cabeça latejava, e cada movimento do corpo parecia arrastado, como se eu estivesse submersa. Mas então, ouvi ela... E não havia como confundir aquela voz - fria, carregada de escárnio - A mesma que me perseguia nos pesadelos havia meses.Doris.Meu coração deu um salto, e o medo se apoderou de mim enquanto eu lutava para me sentar, mas meus membros não respondiam. O pânico tomou conta de mim ao perceber que estava amarrada, com os pulsos firmemente presos atrás de mim, sentindo a corda áspera cortando minha pele, impedindo qualquer chance de fuga.O ambiente ao meu redor estava mal iluminado, as paredes eram nuas e geladas. O ar estava úmido e mofado, como um porão ou um antigo armazém. Não sabia quanto tempo havia ficado ali, mas uma coisa era certa: aqu
(Ponto de Vista de Bill)O braço de Calvin era como um torno, apertando meu pescoço e cortando minha respiração. Eu arranhei o antebraço dele, tentando me soltar, mas sua pegada era forte, alimentada por meses de ressentimento reprimido. Minha visão começou a embaçar nas bordas, manchas escuras flutuando diante dos meus olhos enquanto eu lutava para respirar.Me torci, tentando usar meu peso para escapar, mas meus pulmões gritavam por ar, e meu coração batia forte no peito. Eu precisava sair daquela situação, imediatamente.Com um último esforço, dei um golpe de cotovelo nas costelas dele. Ele grunhiu, com sua pegada vacilando o suficiente para que eu pudesse me soltar e recuar cambaleando, ofegante por ar.Dando um passo atrás, tentando recuperar o equilíbrio, e sentindo a garganta arder com cada respiração. Os olhos de Calvin estavam selvagens, e seu rosto retorcido de fúria. Isso não era mais uma luta qualquer - era pessoal.Eu podia ver que Calvin estava tão exausto quanto eu. A ca
(Ponto de Vista de Bill)O táxi freou na calçada, e eu me joguei para dentro do banco de trás, mal conseguindo fechar a porta antes de gritar para o motorista:— Me leve até este endereço. Agora.O motorista olhou para o endereço no meu celular, com seus olhos se estreitando.— Tem certeza disso? Essa parte da cidade é perigosa, especialmente à noite.— Só dirija. — Respondi, expressando minha voz mais ríspida do que eu pretendia, mas não tinha tempo para isso.Ele hesitou, com seus olhos se fixando no retrovisor, tentando me observar melhor.— Parece que passou pelo inferno, cara. Está todo machucado, com sangue no rosto... O que está acontecendo, afinal?Tirei um maço de dinheiro e enfiei em sua direção.— Pegue o dinheiro e cale a boca. Só me leve até lá rápido.Os olhos do motorista se arregalaram, mas ele não discutiu. Enfiou o dinheiro no bolso, murmurando algo entre os dentes enquanto engatava a marcha e arrancava, com os pneus cantando enquanto acelerávamos pela noite, e as luz
(Ponto de Vista de Bill)O armazém se ergueu diante de mim, uma estrutura colossal e deteriorada que já tivera seus melhores dias. Era exatamente como eu me lembrava: frio e vazio.Meu coração bateu forte enquanto corri em direção à porta pesada e enferrujada. Sem hesitar, bati nela com ambos os punhos, com o som ecoando pela noite silenciosa.— Doris! — Gritei, expressando a voz rouca de desespero. — Estou aqui! Abra a maldita porta!Por um momento, nada aconteceu. O silêncio foi ensurdecedor, sentindo minhas próprias respirações ofegantes soando nos meus ouvidos. Bati novamente, mais forte desta vez, implorando para que a porta se abrisse e eu pudesse ver o rosto de Serena, mas a única resposta foi o leve ranger de metal movendo-se com o vento.Levantei meu punho para bater na porta novamente quando ela, de repente, se abriu apenas um pouco. A escuridão dentro era densa, quase impenetrável. Não consegui ver ninguém, no entanto eu tinha consciência de que estavam ali, observando e esp
(Ponto de Vista de Bill)Kevin deu um passo à frente, e pude ver a raiva borbulhando sob a superfície. Seus punhos estavam cerrados ao lado do corpo, e seus olhos estavam fixos em mim, queimando com um ódio que eu não conseguia entender completamente.Doris nos observava com um sorriso distorcido, apoiada na parede como se aquilo fosse algum tipo de entretenimento.— Vai em frente, Kevin. Faça o que for preciso. O Bill não vai reagir, pois ele está mais preocupado com a sua preciosa Serena do que consigo mesmo.Enquanto isso, eu mantive os olhos em Kevin, tentando lê-lo, e tentando entender se havia alguma maneira de eu convencê-lo a parar.— Kevin, escuta o que eu estou dizendo. — Falei, com a voz firme, embora meu coração estivesse batendo forte no peito. — Você está certo. Eu tirei o Max de você, e não posso mudar isso. Mas me matar? Isso não vai trazê-lo de volta. No fundo, não vai resolver nada.Os olhos de Kevin brilharam de raiva enquanto ele apertava ainda mais sua pegada em mi
(Ponto de Vista de Bill)A tensão na sala era sufocante, onde cada respiração parecia ser a última. Doris mantinha a vida de Serena pendurada por um fio, e qualquer movimento errado de qualquer um de nós poderia fazer tudo desmoronar em um caos. Minha mente girava em alta velocidade, buscando desesperadamente uma forma de desarmá-la e tirar Serena dali com vida. A cada segundo que passava, parecia uma eternidade.James, ao meu lado, com a arma apontada para Kevin, olhou para mim. Fez um gesto sutil com a cabeça, e eu soube que ele estava pensando o mesmo que eu: Precisávamos de uma distração, algo que me desse uma chance de tirar a arma de Doris.— Kevin, acabou. Não torne isso pior para você. — Disse James, com sua voz calma, mas firme. No segundo seguinte, ele deu um passo à frente, se aproximando de Kevin, que já estava fervendo de raiva.Os olhos de Kevin saltavam entre James e Doris, com seus punhos se cerrando e se abrindo, como se estivesse lutando para decidir se deveria lutar
(Ponto de Vista de Bill)Eu estava estendido no chão frio e duro, onde cada respiração enviava ondas agudas de dor pelo meu abdômen. O sangue estava pegajoso entre meus dedos, e cada batida do meu coração parecia estar me despedaçando por dentro. Tentei me levantar, mas o esforço foi demais. Minhas pernas falharam sob mim, e eu desabei de volta, com o mundo girando ao meu redor.Tudo o que eu conseguia pensar era em Serena. Serena e nosso bebê. "Meu Deus... Espero que eles estejam bem. Não sou um homem religioso, mas, se houver alguma divindade ouvindo, estou implorando: proteja-os. Por favor, deixe que saiam vivos daqui. Que fiquem bem. É tudo o que eu peço."Olhei para Doris e Kevin, ambos caídos no chão. No entanto, pelo canto do olho, percebi Kevin se movendo - ele se levantava devagar, gemendo de dor a cada movimento, até finalmente ficar de pé. Cambaleando, arrastou-se até Doris e, com esforço, ajudou-a a se levantar. Meu coração disparou. Eles ainda não tinham acabado.Tomei uma
(Ponto de Vista de Serena)As luzes do teto se fundiam em um borrão ofuscante enquanto eu era levada apressadamente pelos corredores do hospital, sacudida sobre a maca. Vozes murmuravam ao meu redor, mas soavam distantes. Eu me esforçava para compreender o que estava acontecendo, mas minha mente estava enevoada, com cada pensamento escorregando como areia entre os dedos. Tudo parecia irreal, como um sonho do qual eu não conseguia despertar.Piscava, tentando focar, mas nada fazia sentido. Sentia o metal frio da maca sob mim e o rangido ritmado das rodas, mas tudo parecia tão surreal... "Onde será que eu estava? Por que estava naquele lugar?"A lembrança me atingiu como um soco no estômago, arrancando meu fôlego. Doris. Kevin. O armazém. Tudo vinha em flashes desconexos, fragmentos que não se encaixavam. Eu me via amarrada, tomada pelo pavor... E depois, o vazio. Meu coração disparou numa corrida desgovernada enquanto eu tentava desesperadamente reconstruir os momentos seguintes. "Algué