Como se tivesse percebido a emoção dela, Rafael deu dois leves tapinhas em seu ombro, num gesto reconfortante:— Que bom que você voltou, Alana. Que bom mesmo.Alana ergueu o olhar e encontrou os olhos de Rafael, cheios de encorajamento e compreensão. Sentiu o nariz arder levemente, numa onda de emoção que quase a dominou.Rafael recolheu a mão e, voltando-se para o grupo de estudantes excitados e para Isadora, que parecia paralisada de puro choque, explicou com um sorriso:— Alana realmente foi minha aluna. Na época, o Departamento de Psicologia fez questão de conceder a ela uma licença especial de afastamento irrestrito. Isso porque não queríamos desperdiçar o talento incrível que ela demonstrava. Durante o tempo em que esteve na faculdade, ela não só completou os créditos do curso em tempo recorde, como também colaborou ativamente com a polícia, hospitais psiquiátricos e centros de atendimento psicológico, trazendo contribuições práticas inestimáveis para a psicologia. Alana só prec
Alana mordeu o lábio, prestes a recusar a proposta, mas foi surpreendida por Ayla, que acenou alegremente para alguém à distância:— Irmão!Alana levantou o olhar e viu Murilo saindo de um carro. Ele fechou a porta com calma e caminhou em sua direção. Vestia um impecável terno feito sob medida, que lhe conferia um ar mais imponente do que de costume. Contudo, seus olhos mantinham aquele brilho sombrio e enigmático, difícil de decifrar.Um arrepio percorreu a espinha de Alana enquanto ela caminhava em direção ao homem, tentando parecer despreocupada:— Sr. Murilo, que coincidência.Murilo ergueu os olhos para ela, e um leve sorriso curvou os cantos de seus lábios:— Que coincidência mesmo.Enquanto isso, do lado de fora da secretaria acadêmica, Isadora apertava com força a folha de advertência em suas mãos, os maxilares cerrados de tanta raiva. Seus dedos deslizavam rapidamente pela tela do celular, revisitando o post de declaração no fórum. A cada palavra que lia, sentia-se mais irrita
Alana, sem demonstrar, deslizou discretamente para o canto do banco, buscando manter uma certa distância. Murilo, que vinha observando-a em silêncio, percebeu imediatamente o pequeno movimento. Seus olhos brilhantes, marcados por um sorriso sutil, estreitaram-se por um instante. Logo ele relaxou, como se aceitasse o gesto. Afinal, ele sabia: para Alana, manter distância de estranhos era algo natural.— Sr. Murilo, vamos para o Hotel Palmeira? — Perguntou o motorista, lançando um olhar pelo retrovisor. Ele notou a postura discreta e educada de Alana, que parecia se afastar instintivamente de Murilo, e, sem perceber, sua voz ganhou um tom respeitoso.O Hotel Palmeira era o local preferido de Murilo para receber convidados. Ele tinha ali uma suíte privativa, sempre à disposição.Murilo pensou por um momento e então se virou para Alana:— Srta. Alana, tem alguma sugestão?O inesperado da pergunta fez Alana hesitar por alguns segundos antes de responder:— Se o Sr. Murilo está acostumado co
— Assine.A voz fria e grave soou acima de sua cabeça, enquanto uma folha de papel era colocada diante dela. Era um contrato de divórcio. Alana Alves ficou levemente atônita, levantando os olhos para encarar Diego Arruda. Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.Então era isso... Não era à toa que, mais cedo, ele havia feito algo completamente inusitado: ligou para ela pela manhã, dizendo que voltaria para casa à noite porque precisava conversar.Ela passou o dia inteiro ansiosa, cheia de expectativas. Pensou que, talvez, depois de três anos de casamento, ele finalmente estivesse disposto a abrir seu coração para ela. Mas, no fim, o que ele tinha a dizer era isso. O ponto final em um casamento que, para ela, já durava uma eternidade, mas, para ele, nunca havia começado de verdade.Alana pegou os papéis sem dizer nada. Seus dedos apertaram levemente as folhas, enquanto ela permanecia em silêncio. Depois de um momento, sua voz saiu rouca:— Tem mesmo que ser assim?Diego franziu as sobra
Alana ouviu a conversa do lado de fora do escritório e abaixou os olhos. Durante todos esses anos como parte da família Arruda, ela sempre se esforçou ao máximo para cuidar de Luana, sua sogra, e de Isadora, a irmã caçula de Diego.Quando Isadora sofreu aquele acidente de carro e precisou passar por uma cirurgia delicada, foi Alana quem ficou noites inteiras no hospital, cuidando dela. Para Luana, ela sempre teve paciência e respeito, tratando-a com o máximo de atenção. Mas, no fim das contas, tudo isso não fez a menor diferença. Não importava o quanto se dedicasse, o desprezo dos Arruda por ela nunca mudou.Pouco depois, o celular tocou. Era Luiza Duarte, a voz dela soava um pouco cansada:— Alana, você realmente não vai? Eu me lembro que você adorava caçar ao ar livre. Sem falar que é sempre uma boa desculpa para dirigir como louca.Alana ficou um instante em silêncio, surpresa. Algumas lembranças vieram à tona, como se alguém tivesse puxado uma corda esquecida em sua mente.Antes de
Sob o olhar atônito de Isadora, Alana segurou a mala com firmeza e saiu sem olhar para trás.Assim que deixou os Arruda, avistou Luiza abaixando o vidro do carro. Ela inclinou a cabeça para fora e, com um sorriso radiante, mandou-lhe um beijo no ar:— Amor, entra logo no carro! Hoje você vai comemorar comigo.Embora tivesse falado em comemoração, Luiza sabia bem que o coração de Alana ainda estava pesado por causa do divórcio. Por isso, resolveu levá-la a um restaurante com temática musical, onde pudessem conversar e descontrair. Ao descobrir o motivo da separação, Luiza não conseguiu conter a indignação:— Foi por causa da Telma de novo? Mas que coisa absurda! O que o Diego viu nela, afinal?Alana mexia lentamente o café com a colher, a voz saindo preguiçosa:— Não sei…Alana nunca chegou a conhecer Telma, a mulher que parecia ser a eterna "primeira-amor" no coração de Diego. Quando Telma foi para o exterior, Alana ainda não fazia parte da vida dele. Tudo o que sabia vinha de rumores:
Alana parou os passos. Sua expressão permanecia tranquila, mas ela não estendeu a mão para retribuir o cumprimento. O rosto de Telma ficou levemente rígido.Ao lado, Diego abriu a boca para quebrar o silêncio, com a voz baixa e grave:— O vovô ficou sabendo da gente. Ele pediu para você ir jantar hoje à noite. Seu celular estava desligado, então vim te buscar.— Entendi. — Alana olhou para o celular e confirmou que estava desligado. Assentiu com a cabeça. — Vou carregar a bateria. Daqui a pouco eu vou.O subtexto era claro: ela não planejava ir junto com eles.Diego franziu as sobrancelhas:— Que tal eu esperar você aqui em baixo?Alana interrompeu-o com um sorriso leve:— Não precisa. Eu vou sozinha.Diante do silêncio dele, Alana desviou o olhar para Telma e lançou calmamente:— E amanhã, às nove da manhã, se você estiver livre, podemos ir buscar o certificado de divórcio.Por algum motivo, Diego sentiu uma inquietação crescer em seu peito:— Está com tanta pressa assim?Alana assen
Diego estava perdido em seus pensamentos quando sentiu um toque suave e quente em sua mão. Virou a cabeça e viu Telma olhando para ele com preocupação:— Diego, está com dor no estômago? Quer que eu pegue um pouco de sopa para você?Ele balançou a cabeça, recusando.Enquanto isso, Alana terminava de cumprimentar Dario. Sem demonstrar emoção, puxou a cadeira e se sentou à mesa, completamente alheia à interação entre Diego e Telma. Dario, por outro lado, deixou escapar um resmungo de desprezo.Os jantares na família Arruda sempre seguiam a etiqueta rígida de silêncio à mesa. Alana, sem muito apetite, apenas acompanhou Dario e comeu um pouco para não parecer desrespeitosa.Quando a refeição terminou, Dario segurou a mão dela e disse:— Eu já soube de tudo entre você e o Diego, Alana. Não se preocupe, para a família Arruda, você é e sempre será a única nora legítima.Dario lançou um olhar cortante para Diego e Telma, cujas expressões ficaram tensas. Aproveitando o momento, disparou com sar