— Esse não é o momento para discutir ou debater. Vamos nos concentrar no que é essencial agora — Lucian disse simplesmente, sua voz soando firme, mas com um toque de hesitação. Ele não olhava diretamente para Ivy, talvez porque soubesse o que encontraria no olhar dela. — Lucian, está me dizendo que vai considerar isso? — Ivy questionou, sua voz carregada de incredulidade. — O que eu estou dizendo é que temos que avaliar todas as opções antes de tomar uma decisão final. — Ele virou-se novamente para os anciãos. — Mas se esta união for realmente necessária, eu preciso de respostas. Quem sugeriu isso primeiro? Quais os vínculos específicos entre Ivy e a alcateia rebelde? Ivy percebeu o que Lucian estava fazendo. Ele queria saber até que ponto os anciões sabiam sobre a ligação entre ela e os rebeldes. Principalmente, Lucian queria saber se eles estavam cientes sobre a identidade do verdadeiro líder daquela rebelião.Os anciãos trocaram olhares tensos antes de o líder responder: —
Ivy caminhava pelos corredores escuros da mansão, o eco de seus próprios passos parecendo amplificar o turbilhão de pensamentos em sua mente. O peso da conversa com Lucian ainda pairava sobre ela como uma tempestade que ameaçava desabar a qualquer momento. Cada palavra que ele dissera parecia reverberar, cada revelação aumentando o nó que se formava em sua garganta.Ela precisava de ar.Quando finalmente encontrou uma saída para os jardins externos, o frio da noite foi um alívio bem-vindo. Ivy respirou fundo, tentando acalmar as emoções que disputavam espaço em seu peito: raiva, tristeza, culpa e uma confusão crescente de sentimentos que ela não queria nomear. "Ele sacrificou tanto... e nunca disse nada. Por que esconder isso de mim? Ele acha que isso me protegeria?" Ivy murmurou para si mesma, segurando as mãos trêmulas.Por mais que estivesse irritada, ela também não conseguia ignorar o que ouvira. Lucian havia posto tudo em risco por ela. Aquilo a assombrava. — Perdeu o sono?
A madrugada avançava lentamente, trazendo com ela um silêncio quase sobrenatural. Ivy permanecia deitada na cama, encarando o teto enquanto os pensamentos se empilhavam como peças de um quebra-cabeça impossível de resolver. Não havia como voltar atrás, não havia mais zona de conforto. Quando o primeiro raio de sol se insinuou pela janela, ela soube que era hora de agir. Ivy se levantou com determinação renovada. O tempo para hesitação havia acabado. Vestindo uma jaqueta simples e uma expressão de aço, ela atravessou a mansão em direção à sala de reunião, onde Lucian e outros membros da alcateia deveriam estar reunidos. Havia um murmúrio abafado que cessou abruptamente quando Ivy entrou, atraindo todos os olhares para si. Lucian estava sentado na cabeceira da mesa, olhando para um mapa marcado com linhas e anotações estratégicas.Seu olhar encontrou o dela, e algo na postura dele mudou. Talvez fosse surpresa por vê-la ali tão cedo, ou talvez fosse o impacto silencioso da deci
O silêncio na sala de reuniões era quase audível.Ivy olhou ao redor, sentindo os olhares de todos fixados nela. Sua postura ereta e confiante mascarava a tempestade de emoções que travava em seu interior.Então, ela se virou diretamente para Lucian.— Antes de responder à pergunta de Grace — começou Ivy, sua voz firme —, quero que você me diga uma coisa, Lucian. Você aceita as condições que impus? Transparência total. Sem segredos.Lucian manteve seu olhar fixo nela por alguns segundos que pareceram uma eternidade. Então, ele deu um passo em sua direção, parando bem próximo.— Eu aceito, Ivy. — Sua voz era grave, mas cheia de convicção. — Você terá sua transparência, mas lembre-se, essa confiança exige o mesmo em troca.Sem hesitar, Ivy ergueu o queixo e declarou, firme:— Então eu me casarei com você.O impacto de suas palavras reverberou na sala como uma onda. Um burburinho tomou conta dos presentes, enquanto olhares desconfiados, confusos e curiosos eram trocados entre os membros
Enquanto tudo que se ouvia eram os gritos de longe, o ambiente estava congelado. Cada pessoa naquela sala pareceu prender a respiração ao mesmo tempo.Lucian não perdeu mais nenhum um segundo.— Quantos? — perguntou ele, seu tom autoritário.— Pelo menos dois grupos pequenos, mas... eles estão carregando armas pesadas. — Respondeu David.Lucian franziu o cenho, seu corpo inteiro parecendo pronto para a batalha.— Organize os guardas. Quero um relatório completo da situação em quinze minutos.O beta assentiu rapidamente antes de se afastar. Lucian voltou seu olhar para Ivy, que estava claramente confusa e apreensiva.— Fique aqui. Não saia do salão, Ivy.Ela deu um passo à frente, sacudindo a cabeça.— Você está falando sério? Você espera que eu fique sentada enquanto algo perigoso está acontecendo?— Sim, eu espero — ele respondeu, cortante. — Porque lá fora, os inimigos não vão hesitar em atacar, e eu não posso proteger você e lutar ao mesmo tempo.A franqueza em sua voz a desarmou m
Ivy levantou-se lentamente, o corpo tremendo com uma combinação de raiva e desespero. As palavras de David ressoavam em sua mente como um eco doloroso.Ao seu redor, o caos não diminuía. Fogo, fumaça e gritos preenchiam o ar. Mas algo dentro dela começou a mudar, como se cada partícula do ambiente ao redor reacendesse algo que ela nunca soube existir.O homem que ferira David estava parado a alguns metros, fitando-a com um sorriso perverso, a arma ainda levantada. Ivy ergueu os olhos para ele, uma intensidade feroz nos seus próprios.— Você cometeu o maior erro da sua vida. — Ela disse, sua voz baixa, mas carregada de força.Antes que ele pudesse reagir, Ivy avançou com rapidez surpreendente. Os movimentos dela eram instintivos, mas precisos, como se guiados por uma força desconhecida.Ela desviou do próximo golpe, agarrando o pulso do homem e torcendo-o com força. A arma caiu no chão com um som surdo.Lucian, que até então estava no campo de batalha comandando seus guerreiros, viu a
Cada passo que Ivy dava em direção à masmorra parecia fazer o chão vibrar. Seu coração batia de forma irregular, uma tempestade rugindo dentro dela, misturando dor e fúria. O sangue ainda quente manchava suas mãos, grudava em sua pele, e a lembrança do último suspiro de David queimava em sua mente como brasas vivas.Ela não conseguia pensar em mais nada.Além de Ethan.Ele era o responsável por tudo.As paredes de pedra da fortaleza eram altas e ameaçadoras, mas Ivy não hesitou. Quando se aproximou da entrada da masmorra, seus olhos correram pelos guardas postados ali, todos em alerta máximo. Havia pelo menos uma dúzia deles, armados até os dentes.Um deles deu um passo à frente, tentando impedir sua passagem.— A Luna não pode entrar aqui. São ordens diretas do Alfa.Ivy ergueu o rosto, seus olhos ardendo em fúria.— Vocês vão me deixar passar.A voz dela soou baixa, mas carregada de um peso avassalador. A raiva vibrava em cada palavra, e a presença dela parecia crescer no ar, sufo
O silêncio entre Ivy e Lucian parecia mais pesado do que o próprio ar da noite. As águas do riacho corriam suaves ao lado deles, mas, dentro deles, tudo era caos. Dor. Perda. Lucian continuava parado ao lado dela, os olhos escuros fixos no reflexo da lua na superfície da água. Ivy queria falar, mas as palavras pareciam presas na garganta. Era raro que ficassem assim—sem provocações, sem confrontos, sem as farpas afiadas que sempre trocavam. Mas, pela primeira vez, não havia espaço para isso. Havia apenas o luto. — Ele se foi.— A voz de Ivy saiu baixa, quase um sussurro, enquanto sua mente ainda estava presa na lembrança do Ethan que um dia conheceu. Lucian virou o rosto para ela. — O Ethan que você conhecia já tinha ido embora há muito tempo. Ivy soltou uma risada fraca e amarga. — Eu sei. Mas isso não torna menos doloroso. Lucian desviou o olhar, e, por um momento, ela viu algo diferente nele. Algo que ia além da frieza de sempre. Era dor. —David tam