A madrugada avançava lentamente, trazendo com ela um silêncio quase sobrenatural. Ivy permanecia deitada na cama, encarando o teto enquanto os pensamentos se empilhavam como peças de um quebra-cabeça impossível de resolver. Não havia como voltar atrás, não havia mais zona de conforto. Quando o primeiro raio de sol se insinuou pela janela, ela soube que era hora de agir. Ivy se levantou com determinação renovada. O tempo para hesitação havia acabado. Vestindo uma jaqueta simples e uma expressão de aço, ela atravessou a mansão em direção à sala de reunião, onde Lucian e outros membros da alcateia deveriam estar reunidos. Havia um murmúrio abafado que cessou abruptamente quando Ivy entrou, atraindo todos os olhares para si. Lucian estava sentado na cabeceira da mesa, olhando para um mapa marcado com linhas e anotações estratégicas.Seu olhar encontrou o dela, e algo na postura dele mudou. Talvez fosse surpresa por vê-la ali tão cedo, ou talvez fosse o impacto silencioso da deci
O silêncio na sala de reuniões era quase audível.Ivy olhou ao redor, sentindo os olhares de todos fixados nela. Sua postura ereta e confiante mascarava a tempestade de emoções que travava em seu interior.Então, ela se virou diretamente para Lucian.— Antes de responder à pergunta de Grace — começou Ivy, sua voz firme —, quero que você me diga uma coisa, Lucian. Você aceita as condições que impus? Transparência total. Sem segredos.Lucian manteve seu olhar fixo nela por alguns segundos que pareceram uma eternidade. Então, ele deu um passo em sua direção, parando bem próximo.— Eu aceito, Ivy. — Sua voz era grave, mas cheia de convicção. — Você terá sua transparência, mas lembre-se, essa confiança exige o mesmo em troca.Sem hesitar, Ivy ergueu o queixo e declarou, firme:— Então eu me casarei com você.O impacto de suas palavras reverberou na sala como uma onda. Um burburinho tomou conta dos presentes, enquanto olhares desconfiados, confusos e curiosos eram trocados entre os membros
Enquanto tudo que se ouvia eram os gritos de longe, o ambiente estava congelado. Cada pessoa naquela sala pareceu prender a respiração ao mesmo tempo.Lucian não perdeu mais nenhum um segundo.— Quantos? — perguntou ele, seu tom autoritário.— Pelo menos dois grupos pequenos, mas... eles estão carregando armas pesadas. — Respondeu David.Lucian franziu o cenho, seu corpo inteiro parecendo pronto para a batalha.— Organize os guardas. Quero um relatório completo da situação em quinze minutos.O beta assentiu rapidamente antes de se afastar. Lucian voltou seu olhar para Ivy, que estava claramente confusa e apreensiva.— Fique aqui. Não saia do salão, Ivy.Ela deu um passo à frente, sacudindo a cabeça.— Você está falando sério? Você espera que eu fique sentada enquanto algo perigoso está acontecendo?— Sim, eu espero — ele respondeu, cortante. — Porque lá fora, os inimigos não vão hesitar em atacar, e eu não posso proteger você e lutar ao mesmo tempo.A franqueza em sua voz a desarmou m
— Não importa o que aconteça, Ivy, eles já nos condenaram. O único consolo que me resta é que, ao menos, estaremos juntos até o fim.Os corredores escuros da masmorra vibravam com o eco da voz de Ethan e das gotas d'água que caíam das paredes frias de pedra.Ivy estava sentada contra a parede, o metal gélido das correntes apertando seus pulsos e tornozelos. Ela havia perdido a noção do tempo ali dentro. Dois anos pareciam uma eternidade, um ciclo interminável de escuridão, fome e silêncio quebrado apenas pelos gemidos baixos de dor de seu irmão preso na cela ao lado.— Juntos até o fim, sim. — Ivy finalmente responde. — Mas isso não significa que vamos morrer sem lutar.Ethan não tivera tempo de rebater a resposta coberta de resignação e coragem de sua irmã, porque no mesmo instante, surgiu uma luz no fundo do corredor. A luz fraca das tochas iluminava os passos calculados de Lucian, o alfa. Ele era uma figura intimidante, com ombros largos e olhos que pareciam queimar de raiva ete
Ivy tentou resistir, lutar contra as sensações que inundavam seu corpo. O cheiro de Lucian parecia invadir cada fibra de seu ser, enquanto a conexão que surgia entre eles pulsava como uma corda apertada ao redor de seu coração. Ela sentia o peso de sua fome, de sua fraqueza.E o seu corpo acabou por ceder, desabando como se finalmente estivesse entregando tudo o que tinha lutado para segurar nos últimos anos. As correntes em seus pulsos tilintaram quando ela caiu no chão de pedra, seu cabelo rubro se espalhando ao redor de seu rosto pálido.Antes que possa apagar completamente, Ivy sente braços fortes e calorosos amparando sua queda. Aquele toque, aquele calor enviam conjuntos de faíscas sobre todo o seu corpo frágil, a deixando ainda mais desnorteada. Lucian reage antes que qualquer outro pudesse se mover. Em um movimento rápido, ele a segurou antes que seu corpo atingisse o chão completamente. Sua mão firme a amparou, mas o toque fez o laço entre eles pulsar ainda mais forte. Era
Ivy emergiu, tossindo e completamente furiosa. Seus cabelos molhados grudaram no rosto enquanto ela o encarava com ódio puro.— Você é um tirano! Um monstro!— E você é teimosa. — Lucian cruzou os braços, observando-a com uma calma que só a irritou mais. — Agora, faça o que pedi, ou a próxima vez não será tão gentil.Ele saiu do banheiro antes que ela pudesse dizer outra palavra, deixando-a sozinha, molhada e cheia de raiva, mas sem opções. Ivy jurou que ele não venceria, mesmo que tivesse que lutar com cada fibra do seu ser.Ciente de que naquela altura do tempo, lutar contra Lucian seria uma imensa perca de tempo e ela precisava fazer o que ele ordenara, até certo ponto, para assim conseguir notícias do seu irmão, Ivy mergulha completamente.Não sabia que precisava de um banho e que se sentia tão suja até o momento em que saiu da banheira e se secou completamente. Se sentiu melhor, e um pouco mais determinada. Esticando as mãos, ela encontrou um vestido azul celeste ao lado do biomb
Ivy estava presa no grande salão, e naquele instante, tudo que ela desejava era desaparecer entre as sombras. O espaço era amplo, com paredes de pedra e tetos altos que amplificavam cada som, mas para ela, parecia sufocante. Porque ela sempre soubera que não era bem-vinda, e a hostilidade estava presente em toda a atmosfera.Principalmente naquele instante, quando aquela loba avançou suas garras afiadas contra ela, os olhos prateados e cobertos por um ódio cego e latente.O movimento foi rápido demais para Ivy reagir, e a garra daquela loba rasgou sua bochecha antes mesmo que ela pudesse chamar por sua loba. Aquela fêmea parece disposta a continuar com seu golpe e Ivy sente seu sangue gelar, porque percebe que não teria chance alguma contra ela. Principalmente com a situação deplorável e fraqueza que seu corpo se encontrava.— Você é tão covarde quanto os fracassados dos seus pais. — A loba volta a rosnar e se prepara para atacar Ivy novamente, que só desvia os olhos e espera pelo gol
O carcereiro deu uma risada grave diante da determinação cega e a coragem imprudente de Ivy. Lentamente ele avança em sua direção, o sorriso diabólico presente em seu rosto duro e cruel.— Ora, ora... a ovelhinha decidiu enfrentar o lobo. Pena que não vai durar muito. — Ele resmunga, ficando cada vez mais próximo.Ivy tremeu, mas não cedeu. Seu coração batia tão forte que sentia como se fosse rasgar seu peito, mas sua convicção era maior que o medo. Enquanto encarava o carcereiro, ouviu o irmão atrás dela.— Saia daqui, Ivy! Ele vai te machucar... como fizeram comigo.— Eu não vou deixar você sozinho — respondeu, sem desviar os olhos do homem à frente.O carcereiro levantou o chicote novamente, pronto para desferir o golpe, mas algo aconteceu. O som grave de passos ecoou pelo corredor. Pesados, firmes, inconfundíveis.Lucian. Lucian não hesitou. Um rosnado profundo e ensurdecedor escapou de sua garganta quando entrou com violência no recinto.O carcereiro hesitou, os olhos piscando na