Lucian cruzou os braços, sua expressão endurecida, enquanto encarava Ivy como se estivesse à espera de algo—uma decisão que apenas ela poderia tomar.— Não entendi sua pergunta. — Ivy tentou desconversar, tentando ganhar tempo para uma resposta que ela sabia que não tinha. Que não teria.Lucian não cedeu a sua tentativa de se esquivar e com a voz ainda mais firme, proferiu:— Prometi proteger você e seu irmão. Por mais que ele seja um inimigo agora, continuo cumprindo minha palavra.— E então? — Ivy engoliu em seco, tentando não ceder àquela presença e pressão esmagadoras. — Vai esperar que eu te agradeça por isso?Lucian deu um passo à frente, sua voz baixa e penetrante:— Não quero sua gratidão, Ivy. Só quero saber... você também manterá sua promessa?— Que promessa? — Ivy disparou, confusa.Os olhos de Lucian brilharam, escurecidos por algo que ela não conseguia decifrar.— A promessa de se manter na alcateia, de honrar o acordo que ambos fizemos.Ivy sente seu coração acelerar. Sa
Ivy lutava contra as mãos que a arrastavam pela escuridão, mas os braços que a seguravam eram fortes demais.— Socorro! — ela gritava, mas o seus gritos foram sufocados pelo barulho das folhas sob seus pés e a mão que estava sobre sua boca.O mais assustador para Ivy era o som surdo da respiração ofegante dos dois machos que a levavam sem piedade. Assim que chegaram a uma área livre na floresta, Ivy foi jogada ao chão com brutalidade. A terra úmida grudou em suas mãos e roupas, e quando ela ergueu o rosto, viu duas figuras quase completamente lupinas.Seus olhos brilhavam com um misto de malícia e ferocidade, e suas garras, que não estavam totalmente retraídas, brilhavam à luz fraca do sol que atravessava as frestas das árvores.Ivy sentiu um arrepio percorrer sua espinha e começou a se afastar instintivamente, arrastando-se pelo chão, mesmo sem forças para fugir.— Quem são vocês? — sua voz tremeu ao perguntar. — O que querem comigo?Um dos machos abriu um sorriso cruel, seus dentes
Ivy tentou recuperar o fôlego enquanto seu corpo tremia. A última coisa que viu foi o grande lobo negro e branco se lançando contra um dos machos, um grito de dor atravessando a escuridão.Em seguida, um borrão, garras e sangue.O cheiro de ferro tomou conta de tudo, e ela mal conseguia distinguir onde terminava o sangue deles e começava o dela.Quando Ivy finalmente conseguiu abrir os olhos, tudo estava em silêncio.Ivy ficou estática no lugar, seus joelhos cedendo enquanto seu corpo ainda absorvia a extensão da carnificina ao redor. Ela olhou para suas próprias mãos, trêmulas e encharcadas de sangue quente.O chão ao seu redor estava coberto de folhas molhadas e pedaços indistinguíveis dos dois lobos, agora destroçados, irreconhecíveis. Um tremor percorreu sua espinha ao perceber a magnitude do que acabara de acontecer. Tudo estava destruído, os corpos dos machos desmembrados ao redor, um contraste brutal com o chão coberto por folhas verdes e douradas.O lobo, agora parado a poucos
Ivy sentiu o corpo inteiro reagir à proximidade de Lucian. Seu coração disparava, o sangue pulsava em suas veias como se uma força desconhecida estivesse no comando. Mas era mais do que físico; era instintivo, primitivo. Os olhos de Lucian brilhavam com algo indecifrável, um misto de provocação e promessa. Ela tentou desviar o olhar, mas não conseguiu. E então, ele falou com aquele tom rouco, que parecia tocar diretamente suas fibras mais sensíveis. — Está corando por minha causa, Ivy? Ou há algo mais que está passando nessa sua cabecinha agora? Ivy sentiu seu rosto esquentar ainda mais, e, para seu desespero, ela não conseguia recuar. Por que não se afastava? Por que suas pernas pareciam presas ao chão e o ar ficava cada vez mais denso? Levou a mão ao pescoço quase involuntariamente, onde a marca latejava levemente. A pele parecia pinicar sob seus dedos, como se reconhecesse o toque de Lucian mesmo à distância. Seus lábios estavam secos, e o cheiro dele — um aroma amadeir
A apreensão que tomava conta do corpo de Ivy a deixava imóvel, cada célula do seu corpo ainda reagindo à proximidade de Lucian momentos atrás. A marca em seu pescoço pulsava levemente, um lembrete constante do vínculo perturbador que agora compartilhavam. Ela não sabia o que era mais assustador: a intensidade com que sentia sua presença ou a ideia de que, talvez, ela o desejasse. Lucian permaneceu parado, observando-a como se pudesse ler cada pensamento que passava por sua mente. Finalmente, ele falou, sua voz baixa e com um tom de autoridade. — Você precisa dormir, Ivy. Vai ser uma longa noite. Ela estremeceu, surpresa pelo comando súbito. Tentou se recompor, cruzando os braços numa tentativa de parecer indiferente. — Eu vou para o meu quarto. Lucian deu um passo à frente, fazendo-a recuar involuntariamente até encostar na parede. A intensidade no olhar dele não deixou espaço para questionamentos. — Não esta noite. — A declaração era simples, mas carregada de uma determi
A janela de vidro parecia vibrar com o impacto de mais uma pedra arremessada, trazendo Ivy de volta ao presente. Com o coração ainda disparado pelos eventos recentes, ela se aproximou lentamente, afastando a cortina com cuidado. Quando olhou para baixo, viu uma figura que imediatamente reconheceu: Alaric.Um alívio avassalador tomou conta dela ao perceber que não era mais uma ameaça desconhecida. Mas, ao mesmo tempo, havia surpresa e culpa. Ela tinha se esquecido completamente da promessa entre os dois — de que ele ficaria por perto, caso ela precisasse de proteção. Ivy abriu a janela, mantendo a voz baixa para que ninguém mais ouvisse. — Você está louco? Vai embora, Alaric. É perigoso você estar aqui!Ele sorriu de maneira desafiadora, aquele sorriso que a irritava e, ao mesmo tempo, a fazia sentir-se protegida. — Confie em mim, Ivy — disse ele. Antes que pudesse respondê-lo, Alaric inclinou-se, transformando-se rapidamente. Suas feições humanas deram lugar às de uma criat
Ivy parou, congelada, ao encontrar os olhos intensos de Lucian. O frio do inicio da manhã parecia abraçá-la, mas o calor do olhar dele era quase sufocante. Ela não sabia como começar a explicar sua ausência sem revelar demais.— Eu... precisava de um pouco de ar. — A voz dela soou mais trêmula do que gostaria.Lucian permaneceu em silêncio, o rosto mascarando qualquer emoção óbvia, mas seus olhos a perfuravam. Ele deu um passo à frente, a sombra de seu corpo tornando-se maior sob o fraco brilho do amanhecer.— O ar estava melhor longe do meu quarto? — Ele arqueou uma sobrancelha, a ironia evidente.Ivy engoliu em seco, tentando ignorar o aperto crescente em seu peito.— Não é isso. Eu… só precisava pensar.— Pensar. — A palavra saiu de seus lábios como um veneno suave. Ele a rodeou lentamente, como um predador avaliando sua presa. — E encontrou o que estava procurando?Ela sentiu o sangue fugir do rosto. Será que ele sabia? Será que ele viu Alaric?— Sim — respondeu, apertando os pun
— Lucian, não! — gritou Ivy, tentando puxar o braço dele. — Por favor, pare!O silêncio na masmorra era preenchido apenas pelos grunhidos abafados de Ethan enquanto lutava inutilmente contra o aperto implacável de Lucian. Ivy sentiu o ar rarefeito, como se a tensão fosse uma entidade viva ao seu redor. — Solte-o, Lucian! — implorou, avançando alguns passos. — Você vai matá-lo! — Ele insultou você. Me diga por que eu deveria deixá-lo respirar? — Lucian rebateu, sem desviar o olhar de Ethan, que agora começava a perder força em suas lutas.— Ele é meu irmão! — Ivy implorou, sua voz tremendo com desespero.Por um momento que pareceu uma eternidade, Lucian permaneceu imóvel, sua mandíbula travada, o ódio emanando dele como calor. Mas Lucian não desviou o olhar de Ethan, seus olhos brilhando em um tom dourado ameaçador.Ele apertou ainda mais o pescoço do irmão, fazendo Ethan sufocar em desespero. — O que você disse a ela? — Lucian exigiu, sua voz reverberando pelas paredes de pedra. I