Cassia colocou uma mão sobre o peito, a preocupação evidente em seu rosto.
— E ela ajudou você? Mesmo assim? — Sim — respondi, minha voz suavizando. — Era uma humana. Pequena, frágil mas corajosa. Ela não hesitou em me ajudar. — Isso é inusitado. — Liam comentou, sua expressão pensativa. Antes que eu pudesse responder, senti o olhar de Scarlett queimando em mim. Quando me virei ligeiramente para olhar para ela, vi algo em seus olhos, um lampejo de ciúme que ela rapidamente escondeu com um sorriso indiferente. — Pequena e corajosa, hein? — ela murmurou, a voz baixa o suficiente para que só eu ouvisse. Engoli em seco, sentindo uma tensão invisível crescer entre nós, mas Scarlett rapidamente voltou a sua postura habitual, olhando para Colin como se nada tivesse acontecido. — E depois? — Caleb perguntou, quebrando o silêncio desconfortável. — Ela me deixou me esconder em sua floricultura e lidou com os caçadEu sabia que Scarlett estava certa, mas isso não tornava a situação mais fácil de aceitar.— Está decidido. — Colin declarou, encerrando a discussão.O ambiente permaneceu em silêncio por um instante.Alec revirou os olhos, claramente contrariado, mas não disse mais nada. Caleb parecia prestes a argumentar novamente, mas um único olhar de Colin o silenciou.— Vou começar agora. — Alec disse finalmente, se levantando com um suspiro e indo em direção à sala de monitoramento.O resto de nós permaneceu ali, com o único som quebrando o silêncio sendo o fogo crepitando na lareira.Passei a mão pelo rosto, soltando um suspiro frustrado.— Isso vai ser um inferno. — murmurei, cruzando os braços enquanto me recostava na poltrona.Scarlett riu suavemente ao meu lado.Virei o rosto para encará-la e, por um instante, observei como a luz da lareira refletia em seu cabelo. Havia algo de absurdamente fascinante em sua postura sempre composta, como se nada no mun
O escritório estava mergulhado em um silêncio opressor, interrompido apenas pelo som do relógio na parede e pelo arranhar da minha caneta contra o papel. Pilhas de documentos estavam espalhadas sobre a mesa de madeira maciça, cada uma exigindo minha atenção imediata. Contratos, relatórios, análises financeiras toda aquela pilha de documentos parecia interminável. Peguei outro documento, mas antes mesmo de começar a lê-lo, um suspiro escapou dos meus lábios. Apoiei as costas na cadeira de couro e esfreguei as têmporas, tentando afastar a tensão que parecia grudada a mim nos últimos dias. Do lado de fora, sabia que os seguranças estavam postados em pontos estratégicos, alertas e prontos para agir. Olhei para a agenda digital no meu computador, cheia de reuniões adiadas ou canceladas, e para o canto do escritório, onde um conjunto de rádios comunicadores permanecia em constante murmúrio. Minha vida agora era uma constante escolta. Carro blindado.
Houve um silêncio na sala enquanto eu processava a informação. Eu olhei para ela, esperando que ela dissesse que era uma piada. Mas o rosto dela estava sério. — Espere — me inclinei para frente, apoiando os cotovelos na mesa. — Você está me dizendo que um dos meus homens, um profissional treinado, foi atacado com uma vassoura? A minha secretária assentiu, os lábios começando a tremer como se estivesse segurando o riso. — Sim, senhor. Por um momento, fiquei sem palavras. A ideia de um homem engravatado, provavelmente com uma maleta em mãos, sendo perseguido por uma jovem mulher empunhando uma vassoura era surreal. E, então, aconteceu. Uma risada inesperada escapou de mim. Primeiro, foi apenas um som baixo, mas logo se transformou em uma gargalhada completa. Eu ri até que meus ombros tremessem, me inclinando para trás na cadeira enquanto tentava recuperar o fôlego. Minha secretária me observava com uma mistura de ch
O carro blindado parou na calçada em frente à floricultura. A sensação de confinamento dentro daquele veículo era insuportável, mesmo com todo o luxo ao meu redor. Eu estava cercado por couro italiano, tecnologia de ponta e um motorista treinado, mas nada disso podia amenizar a irritação que borbulhava dentro de mim. A presença dos seguranças tornava tudo ainda pior. Dois homens robustos, vestidos em ternos pretos e com expressões tão duras quanto concreto, me encaravam com atenção. Tudo por causa das ordens de Colin, claro. Meu irmão tinha decidido que, após os incidentes recentes, eu precisava ser protegido a todo custo. Assim que o carro estacionou, olhei para o motorista pelo retrovisor. — Fique aqui. Não quero ninguém me seguindo. Antes que pudesse sair, um dos seguranças se aproximou, abrindo a porta com rapidez militar. — Senhor Whitmore, não podemos deixá-lo sozinho — disse ele sua voz tinha um tom grave e assertivo mas, de a
Apenas a ideia dela pensando em gestos tão pequenos e significativos mexia comigo de uma forma que eu odiava admitir."Você está aqui para negociar, Ethan. Lembre-se disso," murmurei para mim mesmo.Ainda assim, enquanto eu esperava, algo dentro de mim começou a relaxar. O peso constante que eu sentia em meus ombros, a pressão de liderar e proteger, parecia se dissipar levemente. Este lugar era mais do que uma loja; era um refúgio, um espaço que oferecia algo que nem todo o dinheiro ou poder podia comprar: paz.De repente, ouvi um som vindo do andar de cima. Era suave, mas inconfundível. Passos.Minha atenção foi imediatamente capturada. Eu reconheceria aquele ritmo leve e casual em qualquer lugar.Lila estava descendo a escada.Os passos leves se tornaram mais claros enquanto eu esperava, imóvel no meio da floricultura. Meu lobo interior estava inquieto, como se antecipasse algo significativo. E então, lá estava ela, surgindo no final da escada, carregando u
— V-você tem certeza que você é o mesmo homem que ajudei a se esconder aqui semana passada? — a voz dela era um misto de incredulidade e nervosismo.Ela piscou algumas vezes, como se tentasse processar o pensamento antes de continuar, a cor subindo para seu rosto.— E é o próprio Ethan Whitmore? O bilionário?!Foi impossível não rir.Um riso baixo, contido, mas genuíno.O cheiro sutil do nervosismo dela pairava no ar, uma mistura de adrenalina e incerteza que me fez estreitar os olhos levemente.— Impressionada? — provoquei.O rubor em suas bochechas se intensificou em questão de segundos.— Filho da... — ela começou a praguejar, mas, no instante seguinte, arregalou os olhos e levou as mãos à boca, como se percebesse tarde demais com quem estava falando.Ah, isso foi divertido.— Pode falar — incentivei, cruzando os braços, a diversão dançando em meu olhar. — Estou curioso para saber como terminaria essa frase.Lila estreitou os olhos para
Assim que ouvi os passos descendo a escada, senti meu estômago se revirar.Fechei os olhos por um instante, já imaginando o que viria a seguir.— Ah, ótimo — murmurei, mais para mim mesma do que para Ethan.Virei-me para encarar a figura que descia os degraus com passos cuidadosos, as mãos finas segurando o corrimão pois cada um de seus movimento exigia esforço.Minha avó tinha os cabelos grisalhos presos em um coque frouxo, e vestia um cardigã azul claro sobre um vestido floral desbotado. Seus olhos castanhos passearam pela loja antes de pousarem em mim — e foi ali que meu coração se apertou.Ela sorriu, mas não para mim.— Samantha, querida! — sua voz saiu carregada de ternura, e por um momento, ela parecia radiante.Engoli em seco.Ethan, ao meu lado, ficou em silêncio, mas senti seu olhar pesar sobre mim.— Vovó, sou eu — corrigi com suavidade necessária, descendo um pouco os ombros para conter a onda de tristeza que sempre me atingia nesses m
Senti Ethan ao meu lado prender a respiração por um breve instante.— Meu pai tentou comprar esta floricultura? — ele perguntou, a incredulidade evidente em sua voz.Minha avó sorriu para ele como se fosse a coisa mais natural do mundo.— Oh, sim. Ele fez uma oferta generosa, mas eu disse a ele: ‘Jovem, esta loja é minha vida. Nenhum dinheiro do mundo pode comprar a dedicação de alguém por algo que ama.’Meu estômago revirou.Jovem.Ela ainda via o pai de Ethan como um rapaz, como alguém da idade de Ethan agora.Ethan notou isso também. Ele soltou um suspiro curto, como se não soubesse se ria ou se tentava entender melhor.— E o que ele disse? — ele perguntou, cruzando os braços, interessado.Minha avó franziu o cenho, parecendo momentaneamente confusa.— Oh… ele sorriu. Sim, sorriu e disse que respeitava isso. Mas eu via nos olhos dele que ainda queria tentar. Ele era persistente. Como você.Ela levantou os olhos para Ethan, estudando-o c