— Só pra constar, você tá fodido.
— Eu já sei disso.— Não, você não sabe. Mas vai saber.— Alec…Ele ergueu as mãos, rindo.— Tá, tá, já tô vendo. Me manda a foto e eu vejo o que consigo descobrir.Soltei um suspiro, tirei a foto e enviei para ele. O coração ainda batia forte no peito, um tambor insistente contra as costelas, mas ignorei. Eu não podia me dar ao luxo de demonstrar fraqueza agora.Alec olhou para a tela por um momento antes de se espreguiçar, como se já estivesse calculando os próximos passos.— Isso vai levar um tempinho. Mas eu te aviso assim que souber de alguma coisa.— Ótimo — murmurei.Alec assentiu, mas antes que ele pudesse desligar, um sorriso presunçoso surgiu no meu rosto.— Agora pode voltar pro seu Crepúsculo.Alec ficou vermelho na hora, arregalando os olhos antes de estreitá-los em um olhar furioso.— Vai se foder, Ethan.A risada escapou antes que eu pudesse segurar.— Até mais, maninho.O silêncio entre nós era tão espesso que quase podia ser tocado. Meus passos ecoavam pelos corredores da mansão, pesados, ritmados, enquanto a presença de Scarlett logo atrás de mim se fazia sentir como um peso invisível sobre meus ombros. O som discreto dos saltos dela contra o chão polido me dizia que ela me seguia, mas sem pressa, sem urgência—como se estivesse processando cada momento, cada palavra não dita.Soltei um suspiro baixo, passando uma mão pelos cabelos, tentando encontrar uma maneira de começar.— Scarlett, eu sei que isso é—— Não agora, Ethan.A frieza na voz dela fez meu peito se apertar.Continuei andando, mas minha mente girava, inquieta. Algo estava errado. Não que eu esperasse que ela reagisse bem ao que eu disse, mas a ausência de uma explosão, de uma reação mais intensa, estava me deixando apreensivo. Scarlett nunca foi de engolir suas emoções. Sempre foi intensa, possessiva, apaixonada.Empurrei as portas de vidro que davam para o jar
E Scarlett sabia.Ela estudou meu rosto, e dessa vez, não havia mais raiva. Apenas uma aceitação silenciosa, cruel em sua simplicidade.Scarlett se virou para o jardim outra vez.— Esse lugar sempre foi nosso refúgio, Ethan. Eu escolhi cada flor, cada detalhe. Mas agora…Ela suspirou.— Agora o quê?Seus olhos encontraram os meus.— Agora eu sinto que ele pertence a outra pessoa.O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Eu não podia negar. Eu mesmo tinha sentido isso assim que pisei ali.Scarlett desviou o olhar primeiro.— Você ainda vai me dizer que ela não significa nada?Engoli em seco, mas não respondi.Eu não precisava. O silêncio falava por mim.Scarlett soltou uma risada curta, sem humor.— Foi o que eu pensei.Puxei o ar devagar, tentando encontrar as palavras certas, mas elas simplesmente não vinham. O cheiro das flores ao nosso redor, o vento leve balançando os galhos das árvores, tudo parecia uma ironia cruel.
Ela demorou um instante para me encarar novamente, e quando o fez, seus olhos estavam diferentes. Ainda havia mágoa ali. Ainda havia dor. Mas agora, também havia algo mais.Algo que me fez prender a respiração.— Scarlett… — Minha voz saiu mais rouca do que eu gostaria. — Eu sei que isso parece… imperdoável. Mas eu preciso que você entenda.Ela arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços.— Entender o quê?Engoli em seco. Não havia maneira fácil de explicar isso.— A ligação com uma destinada… — Passei uma mão pelos cabelos, sentindo a frustração crescer. — É como uma força que te arrasta, que consome tudo ao redor. Não é uma questão de escolha, Scarlett. Não é algo que eu queria.Ela soltou um riso curto e descrente.— E, no entanto, você ainda está aqui, me explicando isso, ao invés de estar na cama com ela.Meus punhos se apertaram ao lado do corpo.— Eu nunca toquei nela.Os olhos dela se estreitaram.— Não?— Nunca a beijei. N
A luz da lua banhava os cabelos loiros de Scarlett, fazendo-os brilhar como fios dourados contra a escuridão do jardim. Por um instante, fiquei distraído com a maneira como o vento os movia, como se até a noite sussurrasse segredos para ela. Ela sempre teve esse efeito—transformar qualquer cenário em algo digno de ser pintado em uma tela. Mas, agora, havia algo tenso na forma como se mantinha rígida, como se estivesse se preparando para um golpe inevitável.E eu não recuaria. Não agora.— Você pode tentar evitar isso o quanto quiser, mas nós dois sabemos que tem algo que você não quer me dizer. — Minha voz saiu controlada, mas firme.Ela soltou um riso seco, curto, sem humor. Seus braços se cruzaram em um gesto defensivo, mas seus olhos me desafiaram.— Você acha que estou com medo de você, Ethan?Seu tom era afiado, quase provocador, mas eu conhecia Scarlett bem demais. O jeito que seus ombros estavam tensos, como se segurassem um peso invisível. O modo como seu
Eu soltei um suspiro longo, sentindo o peso daquela conversa se espalhar por cada músculo do meu corpo. Scarlett continuava ali, me observando, esperando por algo que eu não sabia se poderia dar. Perdão? Aceitação? Raiva? Tudo que eu sentia era um vazio cansado. — Você devia ter me contado — murmurei, quebrando o silêncio. Ela abaixou a cabeça, mordendo o lábio. — Eu sei. — Então por que não contou? — Minha voz saiu mais firme do que eu esperava. Ela respirou fundo antes de me encarar. — Porque eu sabia que ia te machucar. Soltei um riso seco. — E esconder a verdade não machuca menos? — Eu pensei que, se eu fingisse que não aconteceu… — Ela fechou os olhos por um instante. — Talvez eu pudesse voltar a ser a Scarlett que você merecia. Aquilo me pegou de surpresa. — Scarlett… — Passei uma mão pelo rosto, tentando organizar os pensamentos. — Você sempre foi suficiente
O frio da noite pareceu mais intenso quando me vi sozinho no jardim. Mas, pela primeira vez em muito tempo, eu me senti livre. Fiquei parado no jardim por mais alguns minutos, tentando processar tudo o que acabara de acontecer. O fim do meu noivado com Scarlett não foi uma explosão de raiva ou palavras ditas no calor do momento. Foi um desmoronamento lento, inevitável. Um adeus silencioso entre duas pessoas que, no fundo, já sabiam que não podiam mais continuar juntas. Eu a observei atravessar o caminho de pedras até a entrada da mansão, seus passos firmes, mas sem pressa. Ela não olhou para trás, e eu não a chamei. Algumas despedidas não precisam de mais do que um olhar. Assim que Scarlett entrou na casa, um carro preto estacionado perto da entrada ligou os faróis. Em segundos, ela desapareceu dentro dele. O motor roncou suavemente, e então, sem hesitação, o veículo seguiu pela longa estrada que levava à saída da propriedade. Fiquei
O peso da pergunta de Lila pairou entre nós, e pela primeira vez, eu realmente considerei o que queria dali para frente.Olhei para ela—para os olhos castanhos que me desafiavam a ser honesto, que pareciam enxergar através de cada camada que eu tentava esconder. A lua refletia neles, e por um momento, me perguntei se era possível que ela visse as respostas que nem eu mesmo conseguia encontrar.O cabelo ruivo caía em ondas suaves sobre os ombros, capturando a luz prateada da noite como se cada fio carregasse um brilho próprio. Eu queria tocá-lo, deslizar os dedos ali e descobrir se era tão macio quanto parecia. Suas sardas espalhavam-se delicadamente pela pele pálida, pequenas constelações desenhadas sobre ela, e eu queria me perder nelas, contar cada uma como se fossem segredos impressos só para mim.Meu peito apertou.Ela era linda. Mas não era só isso. Não era apenas atração, não era apenas desejo. Era algo mais profundo, algo que eu não conseguia nomear, mas que c
Lila ainda segurava minha mão contra seu rosto, seus olhos cheios de algo que eu não conseguia decifrar completamente. Mas então, ela respirou fundo e afastou-se levemente, seus dedos deslizando pelos meus antes de soltar minha mão.— No grimório… — ela começou, hesitante. — Eu vi algumas passagens sobre a conexão entre destinados. Sobre o idioma lupino. Eu queria aprender mais sobre isso.Minha boca se curvou num meio sorriso cansado, e eu balancei a cabeça, soltando um suspiro.— Lila, foi coisa demais para um dia só.Ela franziu o cenho.— Mas…— Sem "mas". — Cruzei os braços, arqueando uma sobrancelha para ela. — Você já descobriu sobre o nosso vínculo, sobre como isso muda tudo, e agora quer se enfiar em estudos sobre um idioma que você nem sabia que existia até algumas semanas atrás?Ela abriu a boca para retrucar, mas parou, mordendo o lábio.— Bom… quando você coloca desse jeito…Soltei um riso baixo.— Eu coloco desse jeito porque voc