Layla
Não sabia como havia chegado até o topo daquela montanha, só sabia que a loba que sempre existiu dentro de mim, acabou se revelando a todos diante da tribo do meu pai, o clã Lort Ur. E ela rugia, querendo imensamente entrar na batalha que se desenrolava na frente dela. O medo já não me dominava, então corri rapidamente, pela primeira vez usando as quatro patas, e conclui que nesta pelagem eu era a loba, e a loba era eu, nos transformamos em uma só, diferentemente quando estou na minha forma humana quando a loba fala em minha mente, portanto dominando todas as funções deste corpo, me sentia mais que feroz. Me sentia como se fosse eu mesma. Nasci para ser esta loba branca de três longas caudas, com o intuito de chegar na besta fera que assolava toda a minha família, notando que o alfa era o único que não havia se transformado. Por que? Será que era tão difícil para ele deixar que nós, os quadrúpedes pudessem se comunicar com ele? Ou o problema era exclusivamente comigo? Mas Lucien não teria como saber que esta loba é na verdade sua esposa, ou teria como?
Cheguei no meio da briga, notando que os meus atacavam agora individualmente o lobisomem azul, enquanto ele, sorrindo diabolicamente, arranhava e mordia alguns integrantes de nossa matilha. Ele se movia velozmente, aparecendo, surgindo, atrás de nós, como se fosse uma aparição. Espantando-nos mas não ao ponto de nós perdermos a coragem diante de uma criatura nunca antes vista por essas ou outras bandas.
Lucien se movia com mais destreza que nós por ser o mais antigo, o alfa supremo, mas sem estar em sua forma animal não seria páreo para o novo inimigo de nossa alcateia.
Guii ferozmente, fazendo aqueles machos em suas formas animalescas, darem espaço para a única fêmea do grupo. Porém, ao mesmo tempo que eu tramava, ouvia os pensamentos deles, incluindo alguns sussurros do tal lobisomem-vampiro. O que me deixava em total alerta.
Até que, distraído por um soco do meu líder, meu marido, consegui chegar nele. Dando um salto, um impulso, que parecia que havia flutuado, dei uma cabeçada na testa daquela criatura azul, voltando ao meu local de partida como se nunca tivesse pulado. Olhei para ele exibindo meus caninos de maneira obscena; desejava despedaça-lo com os meus próprios dentes, ao ouvir as lamúrias do meu povo por terem sido mordido por um ser ainda desconhecido. Alguns dos meus estavam caídos no chão de terra, murmuravam em suas formas animais, incapazes de se transformar por causa dor, ou veneno,. E um deles era o meu pai. A raiva me subiu, dominava meu corpo novo por inteira. Olhava o ser esquisito, mudando de forma, enquanto Lucien buscava uma nova brecha para liquidar o ser maligno. Mas ao contrário do que esperávamos, ele somente havia se transformado num homem comum, parecendo um homem de posses. Ele sorri, exibindo a carreira de dentes perfeitos; brancas e brilhantes, parecia recém polida. Nem sombra dos dentes de vampiro, da pelagem azul, e das garras mais afiadas que já existiu no reino animal.
“Voltaremos a nos ver, loba branca.”
Disse-me de forma sentimental, antes de desaparecer feito um raio de luz, enquanto Lucien tentou agarrar o ar entre seus braços.
Olhei-o sem compreender a razão dele não ter se transformado para ajudar aqueles que haviam entregando-lhe uma fêmea que aparentemente era defeituosa.Mas talvez ali estava a resposta; não se importava, com nada, a não ser com ele mesmo. Essa triste constatação caiu feito um raio.
Em meio ao ruído de choro animal, uma lágrima solitária rolou do meu olho, notando o meu esposo olhando em volta o estrago que ele não teve como controlar por ter sido tão egoísta. Respeitando seus propósitos acima de tudo, até da lei.
Nossos olhares se encontraram, enquanto alguns lobos, que não haviam sidos atingidos pelas garras e dentes daquela besta-fera, se transformaram em suas formas originais. Nus e descalços, eles cercaram a mim e ao líder natural, procurando respostas pela fatalidade ocorrida, procurando respostas cabíveis, para um alfa não ter feito o que fosse preciso para salvar uma das últimas descendência do seu clã.
Lucien tentou se aproximar de mim, nesta forma de loba. Seu rosto parecia tranquilo, mesmo tendo observado quase uma massacre diante dos seus olhos. Meu estimado marido, havia visto muita coisa na vida longa dele, e por isso não sensibilizava fácil. O que fazia me sentir péssima por saber o quanto a minha loba amava o homem que ele é, sem se importar se a humana, eu, pudesse realmente amá-lo. Então mesmo que esse corpo o quisesse, eu o comandava, e seria a minha escolha prevalecida. Ele vinha até ao meu alcance, enquanto eu deslizava as patas para longe daquele ser que parecia ser insensível para com os demais de sua estirpe.
— Lucien!!!! — berrou a minha mãe, ao acudir meu pai em sua forma animal.
Todos, tirando eu e o Lucien, desviaram os pescoços de suas cabeças para olhar a mulher em prantos, enquanto ouvia meus irmãos, principalmente o mais velho, resmungando alto contra seu próprio líder de sangue.
Eu não sabia como lidar com as emoções conflituosas que se acomulavam dentro da minha alma. Queria ficar para saber como eles resolveriam a questão dos massacrados com o Lucien, mas estava prestes a me transformar, e não queria ficar nua diante da minha tribo, mesmo que eles tenham me olhado de uma maneira que sempre sonhei em ser olhada. Com olhos de admiração, além de me acharem diferente por não conseguirem ler a minha mente, porque naturalmente invoquei uma muralha mental para a minha identidade não ser revelada, pois queria saber como seria recebida em meio a luta. No entanto, precisei recuar, me afastar de todos eles, incluindo do Lucien. Do Lucien da loba branca.
OLá. quero comentários. Estão gostando? O que acham desse lobisomem-vampiro?
LucienApós avistar Layla, a esposa dada para um casamento de pura conveniência, se afastava visivelmente aflita, em sua forma mais pura, genuína, lotada de sentimentos confusos contra as minhas ações, os moradores daquela tribo, me cercavam com suas faces desprovidos de qualquer respeito pelo ser original.— Por que Lucien… — Chorou a senhora, minha sogra, enquanto caminhava sendo seguido pelos seres que haviam se originado através do sangue da minha antiga família Real. Podia sentir seu rancor, suas mágoas, seus lamentos, em forma de áurea, borbulhando através de suas peles desprovidos de qualquer vestimenta, porque estas haviam sido rasgadas ao se transformarem.Cheguei perto dela o suficiente para que um dos seus filhos, um dos meus cunhados, me ameaçasse verbalmente sem pensar nas consequências.— Culpa sua! — Esbravejou o mais velho, enquanto os demais me olhavam com enorme irreverência.Olhei cada um deles nos olhos, mantendo a respiração calma, atento a qualquer sinal de confl
Continuação…Lucien— Quer me desafiar… — Fiz um triângulo de cabeça para baixo com os dedos, propositalmente na região que mais aguçou sua curiosidade. — Talvez eu revide, fazendo um contra-desafio, que tal? Se aceitar, acreditarei fielmente que tem a macheza necessária para assumir meu lugar.— Mas mestre…— Cale essa boca, mulher! — Esbravejei em alto e bom som, perdendo a paciência por tanta intromissão, fazendo-a se encolher enquanto era amparada pelos seus quatro filhos babacas. Além de um primo da família, que se mantinha fora daquele grupo, apenas me observando raivosamente por ter tirado a chance dele procriar com a minha luna. Podia farejar seu ciúme pegajoso daqui. — Foram ensinados por este ali quebrado, que devem se comportar desta maneira diante do seu alpha? Vocês pobres camponeses insolentes!!Respirei bem fundo, voltando a mirar aquele que desejava se manter na surdina.— Como será, caro cunhado? Aceita o contra-desafio? Posso revelar o maior segredo do Baha?Olhei pa
LucienDe volta ao forte, acabei encontrando Layla, nua, caída na neve antes de chegar na porta de entrada de nossa cabana. A peguei nos meus braços tentando raciocinar como a neve não havia coberto seu corpo desnudo, e como não havia congelado sem a proteção dos pelos de sua loba.A levei rapidamente para o nosso lar, colocando-a na cama que precisávamos compartilhar, enquanto sentia o lobo agitado dentro de mim. Ignorando o fato de por causa dele, meu corpo fica dando sinais de excitação, procurei uma manta quentinha, cobrindo a nudez que o meu animal interior desejava. Depois procurei usar a lareira do quarto há muito tempo sem uso, então precisei sair para a minha garagem coletar madeira seca.No meio do caminho fiquei a pensar, se Layla me contaria da sua transformação, quando todos achavam que ela era um ser tão defeituoso que poderia ser dada para um indivíduo quase pária. Desejava fortemente que não me contasse, porque não me importava se podia ter dons ou não. Lia nunca foi u
LaylaEnquanto Lucien parecia brigar consigo mesmo mantendo aquele par de olhos marrons fechados com tanta força que me dava medo de olhar, minha loba interior apreciava o espetáculo. A visão para ela era de pura luxúria, enquanto que para mim, desconfiava de como ele fazia para conter o imenso volume que se acumulava no meio das suas coxas.“Meu homem! Lucien!”O desejo transbordava em meu sexo pulsante, mesmo quando não queria desejá-lo pela mágoa que me consumia. Usaria, isso ao meu favor, observando atentamente as feições ferozes daquele rosto transfigurado pelas amarras do seu íntimo. Seria o lobo dele querendo emergir logo agora? Tarde demais para demonstração do seu poder, Lucien. Agora minha matilha está danificada, e o líder natural não lutou o suficiente para impedir a besta-fera.— Layla! Vista-se! Iremos para a Itália! — Mas…Lucien em meio a sua batalha interna, ergueu a mão na minha direção, surgindo garras pontudas, abrindo aqueles olhos completamente consumidos pela s
LaylaEu observava de longe a interação deles em suas formas de lobo. Meus cinco irmãos são fortes e destemidos. No entanto, faltava-lhes algo que apenas um alfa extremamente poderoso poderia possuir. Ao observá-los escondidos atrás dos arbustos enquanto tomavam banho na cachoeira, percebi o quanto eu desejava ter nascido como eles, para poder desfrutar desses momentos fraternais. Os machos costumam tomar banho juntos enquanto conversam sobre suas caçadas e, claro, suas conquistas envolvendo mulheres virgens de outros lugares. Preferencialmente humanas, para evitar misturar as linhagens dos lobos."O que você está fazendo?” perguntou minha mãe seriamente.Eu não sabia onde esconder meu rosto depois de ser descoberta.“Mamãe, eu... eu não estava…”Eu ia me virar por respeito à matriarca, mas ela agarrou as laterais da minha cabeça com força e sussurrou, obrigando-me a continuar olhando para eles, segurando meu rosto daquela forma.“Dê uma boa olhada nos meus cinco meninos; eles são o f
LaylaMeu pai realmente não perdeu muito tempo; assim que chegamos no Polo Norte, me incentivou a entrar na cabana do nosso Alfa, mesmo sem ele estar lá para nos receber.“Pai, não seria melhor esperarmos aqui fora?”Olhei ao redor, admirada pela neve que caía continuamente e lentamente. Só se via o branco e o céu azul; ainda era de dia, mas logo a noite cairia, densa e duradoura. O amanhecer demoraria para chegar nessa época do ano.“Está esfriando rapidamente; temo que você fique doente.”Olhei para ele, sem conseguir conter um sorriso genuíno. Ele me chamou e eu me aproximei. Sua expressão me agradava porque eu nunca a havia visto em seu rosto antes; ele sempre me mostrava uma profunda dureza, junto com uma enorme insatisfação pessoal.“Entre; eu ficarei aqui fora. Não se preocupe com mais nada, Luna.”Ele ajustou minha capa de frio, um tecido de alta qualidade, usado tradicionalmente pela antiga realeza. Pela primeira vez, seus olhos buscaram os meus de maneira súbita, vívida, com
LucienEu não deveria ter aceitado esse casamento; ter uma nova moradora nesta cabana pode despertar o lobo que esteve adormecido por séculos, escondido dentro de mim. Mas agora é tarde demais. Além disso, Luna precisa de proteção. Sua família não a quer, não a aceita como ela é. Eu a aceitei por pena e por precisar de sua ajuda no forte. Apenas por isso. “Eu digo ao meu lobo interior para não ficar muito animado com a nova companheira.”“Você pode descansar, mas mais tarde iremos ao vilarejo comprar roupas novas. Afinal, seu pai nem se deu ao trabalho de trazer suas malas. Preferiu te enganar com palavras gentis,” eu disse enquanto retornava do banheiro, após lavar as mãos.“Podemos ir agora,” ela respondeu confiantemente, vindo ao meu encontro no corredor.Eu a observei removendo a capa luxuosa, uma vestimenta caríssima de sua ascendência. Talvez o único bem que ela herdou exclusivamente por ter se casado. Casada com alguém que nunca poderia amá-la como ela merecia. Os sonhos dessa
LaylaA cidade que ele insistia em chamar de vilarejo era bastante afastada de sua casa. Quer dizer, nossa casa. Olhei para ele, notando o quanto ele ficava extremamente atraente ao dirigir sua picape monstruosa, que podia jogar uma quantidade enorme de neve para as laterais.“Pare de me olhar assim.”“Por quê? Isso te incomoda?”“Não é óbvio?” retorquiu frustrado, em um tom agressivo.Depois disso, me calei e me tranquei na minha resiliência. Voltei a olhar para frente, repensando a lista da minha sobrevivência mental. Os machos da minha matilha não gostavam quando eu, sem querer, me intrometia em seus problemas, em seus interesses, ou nas suas vivências corriqueiras, mesmo de forma tímida, distante, quase como uma sombra qualquer.“Desculpe, não queria ser rude com você. Minha Luna.”“Não precisa ser obrigatoriamente simpático comigo,” disse tranquilamente. Já estava acostumada a ser jogada para o escanteio. Ser desprezada era perfeitamente normal e aceitável para mim.“Como eu diss