Capítulo 6

Layla

Não sabia como havia chegado até o topo daquela montanha, só sabia que a loba que sempre existiu dentro de mim, acabou se revelando a todos diante da tribo do meu pai, o clã Lort Ur. E ela rugia, querendo imensamente entrar na batalha que se desenrolava na frente dela. O medo já não me dominava, então corri rapidamente, pela primeira vez usando as quatro patas, e conclui que nesta pelagem eu era a loba, e a loba era eu, nos transformamos em uma só, diferentemente quando estou na minha forma humana quando a loba fala em minha mente, portanto dominando todas as funções deste corpo, me sentia mais que feroz. Me sentia como se fosse eu mesma. Nasci para ser esta loba branca de três longas caudas, com o intuito de chegar na besta fera que assolava toda a minha família, notando que o alfa era o único que não havia se transformado. Por que? Será que era tão difícil para ele deixar que nós, os quadrúpedes pudessem se comunicar com ele? Ou o problema era exclusivamente comigo? Mas Lucien não teria como saber que esta loba é na verdade sua esposa, ou teria como?

Cheguei no meio da briga, notando que os meus atacavam agora individualmente o lobisomem azul, enquanto ele, sorrindo diabolicamente, arranhava e mordia alguns integrantes de nossa matilha. Ele se movia velozmente, aparecendo, surgindo, atrás de nós, como se fosse uma aparição. Espantando-nos mas não ao ponto de nós perdermos a coragem diante de uma criatura nunca antes vista por essas ou outras bandas.

Lucien se movia com mais destreza que nós por ser o mais antigo, o alfa supremo, mas sem estar em sua forma animal não seria páreo para o novo inimigo de nossa alcateia.

Guii ferozmente, fazendo aqueles machos em suas formas animalescas, darem espaço para a única fêmea do grupo. Porém, ao mesmo tempo que eu tramava, ouvia os pensamentos deles, incluindo alguns sussurros do tal lobisomem-vampiro. O que me deixava em total alerta.

Até que, distraído por um soco do meu líder, meu marido, consegui chegar nele. Dando um salto, um impulso, que parecia que havia flutuado, dei uma cabeçada na testa daquela criatura azul, voltando ao meu local de partida como se nunca tivesse pulado. Olhei para ele exibindo meus caninos de maneira obscena; desejava despedaça-lo com os meus próprios dentes, ao ouvir as lamúrias do meu povo por terem sido mordido por um ser ainda desconhecido. Alguns dos meus estavam caídos no chão de terra, murmuravam em suas formas animais, incapazes de se transformar por causa dor, ou veneno,. E um deles era o meu pai. A raiva me subiu, dominava meu corpo novo por inteira. Olhava o ser esquisito, mudando de forma, enquanto Lucien buscava uma nova brecha para liquidar o ser maligno. Mas ao contrário do que esperávamos, ele somente havia se transformado num homem comum, parecendo um homem de posses. Ele sorri, exibindo a carreira de dentes perfeitos; brancas e brilhantes, parecia recém polida. Nem sombra dos dentes de vampiro, da pelagem azul, e das garras mais afiadas que já existiu no reino animal.

“Voltaremos a nos ver, loba branca.”

Disse-me de forma sentimental, antes de desaparecer feito um raio de luz, enquanto Lucien tentou agarrar o ar entre seus braços.

Olhei-o sem compreender a razão dele não ter se transformado para ajudar aqueles que haviam entregando-lhe uma fêmea que aparentemente era defeituosa.Mas talvez ali estava a resposta; não se importava, com nada, a não ser com ele mesmo. Essa triste constatação caiu feito um raio.

Em meio ao ruído de choro animal, uma lágrima solitária rolou do meu olho, notando o meu esposo olhando em volta o estrago que ele não teve como controlar por ter sido tão egoísta. Respeitando seus propósitos acima de tudo, até da lei. 

Nossos olhares se encontraram, enquanto alguns lobos, que não haviam sidos atingidos pelas garras e dentes daquela besta-fera, se transformaram em suas formas originais. Nus e descalços, eles cercaram a mim e ao líder natural, procurando respostas pela fatalidade ocorrida, procurando respostas cabíveis, para um alfa não ter feito o que fosse preciso para salvar uma das últimas descendência do seu clã. 

Lucien tentou se aproximar de mim, nesta forma de loba. Seu rosto parecia tranquilo, mesmo tendo observado quase uma massacre diante dos seus olhos. Meu estimado marido, havia visto muita coisa na vida longa dele, e por isso não sensibilizava fácil. O que fazia me sentir péssima por saber o quanto a minha loba amava o homem que ele é, sem se importar se a humana, eu, pudesse realmente amá-lo. Então mesmo que esse corpo o quisesse, eu o comandava, e seria a minha escolha prevalecida. Ele vinha até ao meu alcance, enquanto eu deslizava as patas para longe daquele ser que parecia ser insensível para com os demais de sua estirpe.

— Lucien!!!! — berrou a minha mãe, ao acudir meu pai em sua forma animal.

Todos, tirando eu e o Lucien, desviaram os pescoços de suas cabeças para olhar a mulher em prantos, enquanto ouvia meus irmãos, principalmente o mais velho, resmungando alto contra seu próprio líder de sangue.

Eu não sabia como lidar com as emoções conflituosas que se acomulavam dentro da minha alma. Queria ficar para saber como eles resolveriam a questão dos massacrados com o Lucien, mas estava prestes a me transformar, e não queria ficar nua diante da minha tribo, mesmo que eles tenham me olhado de uma maneira que sempre sonhei em ser olhada. Com olhos de admiração, além de me acharem diferente por não conseguirem ler a minha mente, porque naturalmente invoquei uma muralha mental para a minha identidade não ser revelada, pois queria saber como seria recebida em meio a luta. No entanto, precisei recuar, me afastar de todos eles, incluindo do Lucien. Do Lucien da loba branca.

Kelly romântica

OLá. quero comentários. Estão gostando? O que acham desse lobisomem-vampiro?

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