Layla
A cidade que ele insistia em chamar de vilarejo era bastante afastada de sua casa. Quer dizer, nossa casa. Olhei para ele, notando o quanto ele ficava extremamente atraente ao dirigir sua picape monstruosa, que podia jogar uma quantidade enorme de neve para as laterais.
“Pare de me olhar assim.”
“Por quê? Isso te incomoda?”
“Não é óbvio?” retorquiu frustrado, em um tom agressivo.
Depois disso, me calei e me tranquei na minha resiliência. Voltei a olhar para frente, repensando a lista da minha sobrevivência mental. Os machos da minha matilha não gostavam quando eu, sem querer, me intrometia em seus problemas, em seus interesses, ou nas suas vivências corriqueiras, mesmo de forma tímida, distante, quase como uma sombra qualquer.
“Desculpe, não queria ser rude com você. Minha Luna.”
“Não precisa ser obrigatoriamente simpático comigo,” disse tranquilamente. Já estava acostumada a ser jogada para o escanteio. Ser desprezada era perfeitamente normal e aceitável para mim.
“Como eu disse, você é masoquista. Por que não admite logo isso?”
Ouvi aquela risadinha masculina, completamente envolvente. Ela atingiu meu âmago com fervor.
“E se eu for?” perguntei, incapaz de desviar o olhar. Algo dentro de mim me impulsionava a olhá-lo sem temor de ser repreendida.
Lucien parou de sorrir imediatamente, mas não ousou me olhar diretamente.
“Eu continuaria a te apreciar como a Luna que você graciosamente nasceu para ser.”
Essa afirmação aqueceu meu coração, a ponto de eu sentir a ponta de um sorriso nos meus lábios.
Logo chegamos à lojinha de roupas. Não precisei experimentar peça por peça, pois só de olhar já sabia que serviriam.
“Interessante, gosto de pessoas que não perdem tempo escolhendo demais.”
“Igual ao poderoso Alfa Lucien,” falei debochadamente, sorrindo, lembrando-me bem da sua escolha.
Mas rapidamente endireitei a postura, pois não se deve dirigir ao líder da matilha nesse tom.
Lucien me olhava seriamente enquanto pagava as compras, mesmo que a vendedora estivesse quase se jogando atrás do balcão para servi-lo da melhor maneira possível. Preferencialmente em sua cama, m*****a puta!
“Mas que merda foi essa?” falei comigo mesma ao entregar a última peça de roupa. A voz que ouvi me assustou.
Lucien suspirou cansado ao desviar o olhar da ruiva que ficou ali parada esperando ele responder ao convite para um encontro a dois. A mulher nem se deu ao trabalho de me notar, parecia que eu era invisível para seus olhos ávidos. Não havia homens comuns para essa desinibida flertar?
“Não, sou muito bem casado,” respondeu roucamente, sedutor. Voltou a me olhar com desejo. “Vamos para casa, querida esposa?”
A ruiva me olhou com desgosto.
“Sim, meu amor,” disse confortando um lado de mim que eu não reconhecia.
Passeamos rapidamente pelo seu habitat natural, destacando alguns pontos onde ele gostaria de ir comigo. Ele me orientou que estávamos localizados no ponto mais seguro, pois dali se originou o forte. Nenhum intruso passaria por ali enquanto estivermos naquela cabana, mas como ele precisa sair frequentemente para trazer suprimentos para a moradia, o local ocasionalmente fica desamparado. Isso trouxe algumas preocupações para os moradores locais. Ao longo do tempo, alguns criminosos e até mesmo assassinos trouxeram angústia para os lares dessas pessoas, tirando-lhes a paz e a ordem natural das coisas. Portanto, eles têm uma confiança inestimável em Lucien, como se ele fosse um certo herói. Alguns deles sabem sobre a origem do alfa, quer dizer, sabem até onde ele decidiu contar.
“Você realmente acha que o forte estará seguro comigo aqui sozinha?” perguntei assim que passamos pela porta, agora sentindo-me superexaurida.
“E por que diabos não estaria?” ele questionou, confuso com a minha dúvida.
Lucien despejou as sacolas de compras no sofá, olhando detalhadamente para o meu rosto.
“Não é meio lógico? Sou fraca, Lucien,” apontei diretamente para mim mesma.
“Não é, e você sabe disso internamente,” afirmou solenemente antes de me deixar sozinha na sala.
Depois de jantarmos uma saborosa sopa de legumes e bebermos um licor de pêssego, fomos dormir.
“É... posso me aconchegar no sofá, Lucien? Não me incomodaria com isso.”
Olhei para a cama redonda, espaçosa o suficiente para caber três Luciens.
“Negativo. Quero que se deite comigo, Layla. E isso é uma ordem do seu alfa,” disse ele, sentando na beirada do colchão e depois estendendo o braço, chamando-me carinhosamente pelo nome.
“Eu...” Minha mente dizia para não seguir aquele chamado tentador, mas era o meu corpo que ditava as regras.
“Não tema, não farei nada contigo.” Sorriu torto, mostrando uma parte daqueles dentes brancos e perfeitos.
Não temia por causa dele, e sim pela intimidade que pulsava. Uma pulsação que eu com certeza não podia controlar.
LucienObservei Luna dormindo ao meu lado, mantendo uma distância segura. Estava fazendo tudo o que podia para garantir que nossa parceria funcionasse. Layla usava um pijama listrado, que eu achava feio, e usava meias para se aquecer, algo que deveria vir naturalmente para ela. Como líder, eu poderia ter várias fêmeas se quisesse, mas não era tão ambicioso. Ter uma mulher como ela na minha cama era mais do que suficiente para os anos de castidade forçada que escolhi suportar.“Mamãe… Papai… Irmãos…”Minha esposa estava continuamente sonhando com sua família. Isso estava consumindo horas do seu sono noturno.“Calme-se, Luna. Durma.” Sussurrei, vendo como minha voz parecia aliviar sua angústia.Isso me trouxe alegria, mesmo sem entender o motivo.“Minha Layla! MINHA!” rugiu o lobo dentro de mim novamente, exigindo que eu tomasse a esposa virgem e imaculada que dormia tranquilamente ao meu lado.Passei a noite acordado, precisando manter o lobo sob controle para evitar qualquer ação inad
LaylaEu observava de longe a interação deles em suas formas de lobo. Meus cinco irmãos são fortes e destemidos. No entanto, faltava-lhes algo que apenas um alfa extremamente poderoso poderia possuir. Ao observá-los escondidos atrás dos arbustos enquanto tomavam banho na cachoeira, percebi o quanto eu desejava ter nascido como eles, para poder desfrutar desses momentos fraternais. Os machos costumam tomar banho juntos enquanto conversam sobre suas caçadas e, claro, suas conquistas envolvendo mulheres virgens de outros lugares. Preferencialmente humanas, para evitar misturar as linhagens dos lobos."O que você está fazendo?” perguntou minha mãe seriamente.Eu não sabia onde esconder meu rosto depois de ser descoberta.“Mamãe, eu... eu não estava…”Eu ia me virar por respeito à matriarca, mas ela agarrou as laterais da minha cabeça com força e sussurrou, obrigando-me a continuar olhando para eles, segurando meu rosto daquela forma.“Dê uma boa olhada nos meus cinco meninos; eles são o f
LaylaMeu pai realmente não perdeu muito tempo; assim que chegamos no Polo Norte, me incentivou a entrar na cabana do nosso Alfa, mesmo sem ele estar lá para nos receber.“Pai, não seria melhor esperarmos aqui fora?”Olhei ao redor, admirada pela neve que caía continuamente e lentamente. Só se via o branco e o céu azul; ainda era de dia, mas logo a noite cairia, densa e duradoura. O amanhecer demoraria para chegar nessa época do ano.“Está esfriando rapidamente; temo que você fique doente.”Olhei para ele, sem conseguir conter um sorriso genuíno. Ele me chamou e eu me aproximei. Sua expressão me agradava porque eu nunca a havia visto em seu rosto antes; ele sempre me mostrava uma profunda dureza, junto com uma enorme insatisfação pessoal.“Entre; eu ficarei aqui fora. Não se preocupe com mais nada, Luna.”Ele ajustou minha capa de frio, um tecido de alta qualidade, usado tradicionalmente pela antiga realeza. Pela primeira vez, seus olhos buscaram os meus de maneira súbita, vívida, com
LucienEu não deveria ter aceitado esse casamento; ter uma nova moradora nesta cabana pode despertar o lobo que esteve adormecido por séculos, escondido dentro de mim. Mas agora é tarde demais. Além disso, Luna precisa de proteção. Sua família não a quer, não a aceita como ela é. Eu a aceitei por pena e por precisar de sua ajuda no forte. Apenas por isso. “Eu digo ao meu lobo interior para não ficar muito animado com a nova companheira.”“Você pode descansar, mas mais tarde iremos ao vilarejo comprar roupas novas. Afinal, seu pai nem se deu ao trabalho de trazer suas malas. Preferiu te enganar com palavras gentis,” eu disse enquanto retornava do banheiro, após lavar as mãos.“Podemos ir agora,” ela respondeu confiantemente, vindo ao meu encontro no corredor.Eu a observei removendo a capa luxuosa, uma vestimenta caríssima de sua ascendência. Talvez o único bem que ela herdou exclusivamente por ter se casado. Casada com alguém que nunca poderia amá-la como ela merecia. Os sonhos dessa