Capítulo 4

Layla

A cidade que ele insistia em chamar de vilarejo era bastante afastada de sua casa. Quer dizer, nossa casa. Olhei para ele, notando o quanto ele ficava extremamente atraente ao dirigir sua picape monstruosa, que podia jogar uma quantidade enorme de neve para as laterais.

“Pare de me olhar assim.”

“Por quê? Isso te incomoda?”

“Não é óbvio?” retorquiu frustrado, em um tom agressivo.

Depois disso, me calei e me tranquei na minha resiliência. Voltei a olhar para frente, repensando a lista da minha sobrevivência mental. Os machos da minha matilha não gostavam quando eu, sem querer, me intrometia em seus problemas, em seus interesses, ou nas suas vivências corriqueiras, mesmo de forma tímida, distante, quase como uma sombra qualquer.

“Desculpe, não queria ser rude com você. Minha Luna.”

“Não precisa ser obrigatoriamente simpático comigo,” disse tranquilamente. Já estava acostumada a ser jogada para o escanteio. Ser desprezada era perfeitamente normal e aceitável para mim.

“Como eu disse, você é masoquista. Por que não admite logo isso?”

Ouvi aquela risadinha masculina, completamente envolvente. Ela atingiu meu âmago com fervor.

“E se eu for?” perguntei, incapaz de desviar o olhar. Algo dentro de mim me impulsionava a olhá-lo sem temor de ser repreendida.

Lucien parou de sorrir imediatamente, mas não ousou me olhar diretamente.

“Eu continuaria a te apreciar como a Luna que você graciosamente nasceu para ser.”

Essa afirmação aqueceu meu coração, a ponto de eu sentir a ponta de um sorriso nos meus lábios.

Logo chegamos à lojinha de roupas. Não precisei experimentar peça por peça, pois só de olhar já sabia que serviriam.

“Interessante, gosto de pessoas que não perdem tempo escolhendo demais.”

“Igual ao poderoso Alfa Lucien,” falei debochadamente, sorrindo, lembrando-me bem da sua escolha.

Mas rapidamente endireitei a postura, pois não se deve dirigir ao líder da matilha nesse tom.

Lucien me olhava seriamente enquanto pagava as compras, mesmo que a vendedora estivesse quase se jogando atrás do balcão para servi-lo da melhor maneira possível. Preferencialmente em sua cama, m*****a puta!

“Mas que merda foi essa?” falei comigo mesma ao entregar a última peça de roupa. A voz que ouvi me assustou.

Lucien suspirou cansado ao desviar o olhar da ruiva que ficou ali parada esperando ele responder ao convite para um encontro a dois. A mulher nem se deu ao trabalho de me notar, parecia que eu era invisível para seus olhos ávidos. Não havia homens comuns para essa desinibida flertar?

“Não, sou muito bem casado,” respondeu roucamente, sedutor. Voltou a me olhar com desejo. “Vamos para casa, querida esposa?”

A ruiva me olhou com desgosto.

“Sim, meu amor,” disse confortando um lado de mim que eu não reconhecia.

Passeamos rapidamente pelo seu habitat natural, destacando alguns pontos onde ele gostaria de ir comigo. Ele me orientou que estávamos localizados no ponto mais seguro, pois dali se originou o forte. Nenhum intruso passaria por ali enquanto estivermos naquela cabana, mas como ele precisa sair frequentemente para trazer suprimentos para a moradia, o local ocasionalmente fica desamparado. Isso trouxe algumas preocupações para os moradores locais. Ao longo do tempo, alguns criminosos e até mesmo assassinos trouxeram angústia para os lares dessas pessoas, tirando-lhes a paz e a ordem natural das coisas. Portanto, eles têm uma confiança inestimável em Lucien, como se ele fosse um certo herói. Alguns deles sabem sobre a origem do alfa, quer dizer, sabem até onde ele decidiu contar.

“Você realmente acha que o forte estará seguro comigo aqui sozinha?” perguntei assim que passamos pela porta, agora sentindo-me superexaurida.

“E por que diabos não estaria?” ele questionou, confuso com a minha dúvida.

Lucien despejou as sacolas de compras no sofá, olhando detalhadamente para o meu rosto.

“Não é meio lógico? Sou fraca, Lucien,” apontei diretamente para mim mesma.

“Não é, e você sabe disso internamente,” afirmou solenemente antes de me deixar sozinha na sala.

Depois de jantarmos uma saborosa sopa de legumes e bebermos um licor de pêssego, fomos dormir.

“É... posso me aconchegar no sofá, Lucien? Não me incomodaria com isso.”

Olhei para a cama redonda, espaçosa o suficiente para caber três Luciens.

“Negativo. Quero que se deite comigo, Layla. E isso é uma ordem do seu alfa,” disse ele, sentando na beirada do colchão e depois estendendo o braço, chamando-me carinhosamente pelo nome.

“Eu...” Minha mente dizia para não seguir aquele chamado tentador, mas era o meu corpo que ditava as regras.

“Não tema, não farei nada contigo.” Sorriu torto, mostrando uma parte daqueles dentes brancos e perfeitos.

Não temia por causa dele, e sim pela intimidade que pulsava. Uma pulsação que eu com certeza não podia controlar.

Leia este capítulo gratuitamente no aplicativo >

Capítulos relacionados

Último capítulo