Capítulo 3

Lucien

Eu não deveria ter aceitado esse casamento; ter uma nova moradora nesta cabana pode despertar o lobo que esteve adormecido por séculos, escondido dentro de mim. Mas agora é tarde demais. Além disso, Luna precisa de proteção. Sua família não a quer, não a aceita como ela é. Eu a aceitei por pena e por precisar de sua ajuda no forte. Apenas por isso. “Eu digo ao meu lobo interior para não ficar muito animado com a nova companheira.”

“Você pode descansar, mas mais tarde iremos ao vilarejo comprar roupas novas. Afinal, seu pai nem se deu ao trabalho de trazer suas malas. Preferiu te enganar com palavras gentis,” eu disse enquanto retornava do banheiro, após lavar as mãos.

“Podemos ir agora,” ela respondeu confiantemente, vindo ao meu encontro no corredor.

Eu a observei removendo a capa luxuosa, uma vestimenta caríssima de sua ascendência. Talvez o único bem que ela herdou exclusivamente por ter se casado. Casada com alguém que nunca poderia amá-la como ela merecia. Os sonhos dessa garota seriam esmagados por mais um que passaria em sua triste vida de loba. Talvez no futuro próximo eu possa libertá-la desse enlace matrimonial.

Eu a observava continuamente enquanto ela fazia o mesmo comigo. Logo, percebendo que havíamos ficado tempo demais nos encarando em vez de simplesmente agir, ela me entregou a pesada capa para pendurar no gancho da parede.

“Você poderia pendurá-la para sua esposa?” ela perguntou, usando o tom mais amável possível. O lobo rugiu dentro de mim.

Eu o acalmei internamente, dizendo-lhe para não ficar animado, para vê-la apenas como uma irmã.

“Fale por você mesmo, Lucien, porque eu a quero e a reivindico para mim!” declarou ele dentro da minha cabeça como uma criança birrenta. Fazia anos e anos que ele não se comunicava comigo, e agora, de repente, estava irrevogavelmente atraído por essa humana? Que lamentável!

“Lucien, estou esperando. Não consigo alcançar, seus ganchos estão muito altos, por isso não consigo alcançá-los.”

Eu imediatamente reduzi o espaço entre nós, pegando-a de surpresa. Eu a levantei, juntando suas pernas e empurrando para cima. Ajudando-a a colocar a peça no lugar. O lobo estava encantado, regozijando-se com a proximidade. “Pobre, dormiu tanto que ficou facilmente encantado por essa criatura.”

“Ei, você podia ter me avisado antes,” disse ela, meio brava e meio tímida, enquanto colocava seus pés de volta no chão de madeira e se afastava, dando-lhe um espaço considerável para respirar.

“Quem mandou não crescer o suficiente, agora não consegue executar uma simples tarefa como essa.”

Aqueles olhos escuros se voltaram para mim com enorme raiva.

“Está me criticando também? Será que esse é o tipo de homem que predomina no nosso meio? Que vida desgraçada eu tenho,” ela disse, chateada.

Eu cruzei os braços com raiva sobre o peito, estufando o peitoral de uma maneira viril. Seus olhos percorreram carinhosamente a região, contendo um gemido baixinho. Um som que só um homem com audição animal poderia ter ouvido, pois a garota fazia questão de minimizar qualquer sinal de encantamento. Uma sensação de puro deslumbramento feminino.

“Ouça, eu apenas constatei um fato; você, Luna, é baixinha. Mas isso não me incomoda, na verdade, nada sobre suas características físicas, pessoais ou morais me incomoda.”

O rosto dela mostrou uma mistura de emoções.

Ela se abraçou, mostrando que estava envergonhada com a minha convicção.

“Vai ficar bem sem a sua capa de frio? Está muito gelado lá fora devido à neve.”

“Sim,” ela afirmou rapidamente, respirando fundo.

Ela colocou as mãos nos quadris, envolvidos por um vestido de lã vermelha. Destacando todas as curvas de seu corpo curvilíneo, aparentemente quente e convidativo. Layla nunca havia passado por experiências carnais; eu soube disso desde o momento em que meus olhos pousaram nela, fazendo com que meu animal enjaulado ficasse ainda mais obcecado por rasgar aquele vestidinho grosso com suas garras afiadas, combinado com meu estado humanoide. Automaticamente, o lobo me obrigou a compartilhar sua apreciação desmedida. Luna tem excelentes ancas de parideira.

“Por que o alfa me olha assim?” ela perguntou, inquieta.

Eu levantei lentamente o olhar, desejando intimamente que o tempo parasse. No entanto, tudo que eu podia fazer era memorizar esse momento para dar ao lobo ao menos um consolo pela noite que se aproximava. Noites longas e dias curtos são o que nos espera no Polo Norte. Noites assim me fazem pensar mais nela, em minha Lia.

“Você não vai gostar de saber, então…” Eu a olhei diretamente, notando seus dedos escorregando vagarosamente para baixo, deixando os braços pendurados em volta daquela cintura fina e quadris consideravelmente vantajosos para uma mulher de estatura menor.

“Então…” continuou ela, tentando continuar o que dizia antes de eu me distrair com sua beleza. Curiosa para saber o restante da frase.

“Esqueça, vamos logo. Deve estar louca para trocar de roupa e se sentir à vontade na sua casa.”

“Minha casa?” ela perguntou, estranhando algo. “Se vamos ter um casamento de aparência, vamos dormir em camas separadas. Tem outro quarto na sua moradia?”

“Nossa moradia.”

Eu enfatizei; ela precisava de um verdadeiro lar. Sentir-se dona do seu espaço. Tomar posse de algo que fosse somente dela.

“E falando sobre o assunto…” eu suspirei, disfarçando um incômodo que meu lobo queria mais do que tudo. “Você terá que dormir comigo, ao meu lado. Só temos um quarto, uma cama.”

Eu relatei, observando aquelas esferas escuras se ampliando, dilatando de forma que não deixava dúvidas. “A loba adormecida dentro dela me desejava, eu, Lucien, o homem.”

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