Ana e Clara estudaram juntas alguns anos na escola, e as duas se tornaram muito amigas na vida e com o decorrer dos anos tinham sentimentos de irmãs uma com a outra. Compartilhavam confidências, sonhos e medos. Ana sabia sobre as noites solitárias de Clara e o comportamento errático de Ruan com os anos. Ela oferecia apoio e conselhos, tentando ajudar Clara a encontrar um caminho para sua felicidade.
Certa tarde, enquanto Ana a visitava em sua casa, após Ruan a ter agredido-a, Ana olhou para Clara com preocupação. — Você sabe que merece ser feliz, não é? Existe um mundo aí fora esperando por você. — disse Ana, segurando a mão da amiga que estava tão gelada como seu coração. Clara suspirou, olhando para o horizonte. — Eu sei, mas as coisas não são tão simples. Tenho minha filha para pensar. E, apesar de tudo, há momentos em que Ruan parece querer mudar. O que eu poderia fazer longe dele. Ana balançou a cabeça, compreensiva. — Eu entendo. Mas você não pode viver assim para sempre. Talvez seja hora de procurar ajuda, falar com alguém, olhe para seu braço está roxo novamente e porque ele faz isso? Posso te ajudar, trabalho em uma casa de rico, sei que meu patrão pode te ajudar, ele é um homem muito bondoso e correto e tem condições financeiras para oferecer ajuda. Posso falar com ele. Talvez ele te arrume até um emprego. Clara assentiu, refletindo sobre as palavras de Ana. Ela sabia que sua amiga tinha razão, mas tomar uma decisão definitiva era assustador. Sua tia talvez não a apoiaria. Sempre que tentava falar com ela, acabava desistindo para nao lhe trazer problemas e aborrecimentos. No entanto, com o apoio de Ana, ela sentia uma centelha de esperança começar a crescer. Nos dias que se seguiram, Clara começou a pensar mais seriamente sobre seu futuro. Decidiu que iria conversar com Ruan sobre seus sentimentos e a necessidade de mudanças reais. Ana prometeu estar ao lado dela, oferecendo suporte incondicional. Numa noite, após colocar a filha para dormir, Clara esperou Ruan chegar. Quando ele entrou e se preparava para seu habitual banho, ela o chamou para conversar. — Ruan, precisamos falar. — Sua voz era firme, mas seu coração batia acelerado. Ele a olhou com curiosidade e um toque de irritação, mas se sentou no sofá. — O que foi agora, Clara? — Eu não posso continuar vivendo assim — começou ela, sentindo a coragem a dizer seus sentimentos. - Eu preciso de paz, e nossa filha também. Ou você muda, ou teremos que seguir caminhos separados… Ruan a encarou por um momento, com um semblante sério e firme, processando as palavras. Ele sabia que Clara estava falando sério. A verdade é que ele também estava cansado daquela rotina desgastante. Mas não sabia como se livrar desse ciclo que sempre caía entre a bebida e agressões.. — Eu... eu vou tentar, Clara, mas não pense que vou afrouxar, que você vai sair como essas mulheres atrás de macho ou que vai me deixar. Está querendo me fazer de otario pela rua?— Sua voz era baixa, mas ainda havia perturbações em sua fala. Aquele foi o começo de uma nova fase para Clara ela encarou Ruan frente a frente e impôs dia vontade. Com Ana ao seu lado e a promessa de Ruan, de melhorar, ela sentia que, finalmente, poderia encontrar a felicidade que tanto desejava. Mas, como sempre, sua esperança pouco durou. Logo, Ruan voltou a beber, e tudo se repetia. As noites de Clara se tornaram novamente longas e carregadas de ansiedade. O tilintar do trinco ainda provocava arrepios, mas agora também trazia um profundo cansaço emocional. Ruan as vezes voltava com marcas de baton, de madrugada ia para bares, e sempre tinha bilhetes em seu bolso de telefones e cheiro de perfume feminino em sua roupa. Ela não se importava se ele estava com alguém ou não, ela não queria mais estar ali sendo agredida por ele, sendo destruída como mulher, não podendo amar e ser amada, respeitada, querendo ser beijada, desejada. Andar na rua de mãos dadas, receber carinho como se não fosse uma posse apenas de alguém. Ana percebeu a mudança em Clara após sua chegada do hospital dessa vez. Sua amiga estava mais retraída e desanimada. Estava sem celular e com olhar sem brilho, não falava em mudanças ... Decidida a ajudar, Ana sugeriu que procurassem um grupo de apoio e insistiu que poderia falar com sua tia e com seu patrão para ajuda-la um homem influente na cidade e na política e com condições financeiras favorável para ajuda-las. — Clara, você não precisa passar por isso sozinha. Existem pessoas que podem te ajudar a enfrentar essa situação — disse Ana, com firmeza. Inicialmente, Clara relutou, mas a insistência e o carinho de Ana a convenceram. Juntas, foram as escondidas, em um grupo de apoio para mulheres que enfrentavam relacionamentos abusivos. Lá, Clara encontrou histórias semelhantes à sua e começou a perceber que não estava sozinha. Existia mesmo que com dificuldade um mundo fora de casa. Durante o dia, Clara ouviu relatos de superação e resiliência, e pouco a pouco, começou a se fortalecer. Sentiu que merecia mais do que uma vida de medo e incerteza. Com o apoio das novas amigas e de Ana, Clara tomou a difícil decisão de deixar Ruan e decidiu falar com sua tia sobre o que estava passando e pensando. Sua tia ficou perplexa e disse que daria apoio , triste ao descobrir que aquele sorriso largo de Ruan escondesse tanta amargura e ruindade com sua sobrinha. Ruan sempre foi um bom rapaz para a sociedade alegre e divertido. Todos sabiam que ele tinha um certo exagero com a bebida, mas sempre foi um bom rapaz com todos. Com clara ele, não era o mesmo que conheciam, até ela própria não sabia quem ele era, ele gostava de te-la como uma posse. Eles não saiam muito de casa juntos, e ele não deixava ela sair. O celular ele dava desculpas e tomara, mas no último episódio ele retirou até o celular. Nenhum homem podia olhar ou falar com Clara pois ele já achava que tinha alguma coisa. As vezes uma roupa já era motivo para ele achar que ela estava querendo trai-lo. Decidida ela planejou tudo com cuidado, pois sabia que se fugisse não poderia voltar atrás. E Ruan tentaria acha-la e dessa vez a mataria com certeza. E com a ajuda da polícia não seria difícil ele encontra.la.O dia ainda começava a nascer .. as nuvens começavam a clarear no céu .. com o silêncio poderia ouvir os pássaros cantando ao novo dia. Jorge tentou dormir mas sua adrenalina ainda estava alta para conseguir fechar os olhos decidiu se levantar junto aos pássaros pois a noite já havia sido longa em seu quarto. Ainda ressoava em sua mente o estampido dos tiros que atingiu a cabeça de Sarah a mulher de Afonso, tráficante de diamantes e heroína qual Jorge tinha negócios em atividade. Jorge, rapaz forte de altura mediana, cabelos curtos castanhos, com olhos esverdeados, chamava a atenção das mulheres por sua beleza jovem. Seus braços torneados evidenciavam seu vigor físico, e, aos quase 30 anos, era um homem de presença marcante. Atuava como negociante e transportador de heroína. Ainda novo começou a se envolver com o transporte de pedras preciosas e heroína aprendeu e criou rotas que a polícia não conseguia encontrar, era rápido e inteligente, negociava preços e com o tempo com
Clara havia planejado com Ana sua fuga dias antes. E no fim da tarde, enquanto Ruan estava trabalhando, Clara arrumou as malas dela e da filha, e deixou uma carta explicando sua decisão. Disse que não poderia mais viver naquela situação, que precisava de paz e estabilidade para si e para a filha e assim que possível entraria em contato. E partiu ao encontro se Ana Ana, que morava no emprego pediu ao patrão Sr. Leonara para que Abrigasee Clara por alguns dias — Sr. Leonara, minha amiga Clara está passando por uma situação difícil em casa -explicando a situação a ele. - Ela e a filha precisam de um lugar seguro por alguns dias, seu esposo é policial, é conhecido na cidade, não poderá encontra-la. Será que elas poderiam ficar aqui temporariamente?— pediu Ana, com uma expressão de preocupação — Claro, Ana. Sei que você não pediria isso se não fosse realmente necessário. Elas podem ficar aqui o tempo que precisarem, ainda mais sabendo de tudo que ela vem enfrentando desse covarde— re
Jorge chegou tão rápido a casa do irmão que podia sentir seu coração pulsar forte, a governanta que muito gostava dele lhe permitiu rapido a entrada oferecendo um suco enquanto chamava por seu irmão Leonara. -"Jorge!!" - Leonara exclamou confuso mas sabendo que algo ruim havia acontecido pois já era tarde. Sabia do trabalho ilegal do irmão, mas sempre tiveram boa relação e isso não o impediam de terem as boas relações como sempre tiveram. - Algo deu muito errado Mano! Preciso que me ajude a sair rápido da cidade, do estado, do país! preciso ir para algum lugar seguro .... mas não posso usar meus contatos e nem meu nome. Preciso que me ajude a sair sem que ninguem saiba. Pensando no horário e na possibilidade de todos estarem dormindo, Leonara decidiu que seria muito arriscado sair pedindo ajuda naquela hora. Qualquer movimento poderia chamar atenção indesejada. Resolveu, então, esperar até de manhã para resolver a situação com mais cautela. -Venha! Vá se deitar esta tarde. Des
O dia começava a clarear quando Clara ouviu passos pela casa. Decidiu ficar quieta no quarto, esperou que Ana viesse a sua porta logo pela manhã nos primeiros raios de sol. -Clara? Ana b**e a porta do quarto -Bom dia, já está acordada? Ana adentrou ao quarto devagar.- Venha Margarida já fez um café quentinho, venha tomar enquanto Sr. Leonara ainda não desceu para cozinha. -Ana com sorriso acolhedor e com esperança no novo dia chamou Clara para a cozinha. — Dormir? Não consegui — respondeu Clara, ainda apreensiva com o novo dia e exausta pela noite longa que havia enfrentado. Carol ainda dormia, era muito cedo para acorda-la. Clara decidiu ir tomar um café com Ana antes que Carol acordasse e começasse a questionar tudo novamente. -Margarida? Essa é minha amiga, minha irmã aquele de quem falei com você que viria para cá. -Oh sim, venha aqui, menina tome esse café quentinho com esse bolo - disse Margarida sorrindo Clara olhou pela janela e viu que alguém se aproximava. — Mar
Ana e Clara entraram na sala e perceberam a tensão no ar. O ambiente estava carregado, e elas podiam sentir que algo havia acontecido.Jorge estava na janela, olhando para fora com um semblante preocupado. Leonara estava sentada na poltrona de frente para o sofá maior, com uma expressão séria e igualmente preocupada. Assim que Leonara começou a falar, Jorge se virou:— Este é meu irmão, Jorge. Ana já o conhece desde que começou a trabalhar aqui. Sabe o quanto ele é um bom rapaz e seguro. Ele precisa sair da cidade, mas temos alguns problemas pela frente. Estamos providenciando, junto a um amigo meu que é detetive, um documento para que ele possa deixar a cidade ou até o estado. Gostaríamos de propor que você fosse junto com ele. Oferecerei segurança e abrigo a vocês. Assim, poderão recomeçar e, quando tudo estiver resolvido, poderão retomar suas vidas com segurança.Leonara continuou, com um tom ainda mais sério:— Clara, seu marido é policial. Ele sabe que Ana trabalha aqui e poderá
O telefone tocou e Sr.Leonara se desculpou e se retirou da sala Clara ainda estava apreensiva, consciente de que Carol resistiria a sair do estado ou do país. Sem saber como abordar o assunto com a filha, ela aguardou a saída do Sr. Leonara para atender o telefone e, em voz baixa, compartilhou suas preocupações com Ana. "Carol não vai aceitar, Ana! Ela já está relutante em sair de casa. Não posso forçá-la a isso, nem exigir que ela aceite esse plano." Clara desabafou, preocupada com a resistência de sua filha. "Deixe-a aqui. Eu cuidarei dela e, assim que você chegar, eu mesma a acompanharei com o motorista", ofereceu Ana, mostrando-se disposta a ajudar e aliviar as preocupações de Clara. Ao perceber que elas tinham assuntos a tratar, Jorge optou por sair da sala em silêncio, respeitando a privacidade da conversa entre Clara e Ana. Margarida entrou apressada na sala e informou a Clara que Carol havia pegado o celular dela, que estava na bancada, e tinha ido para o quarto. C
As últimas palavras de Jorge ainda ressoavam na mente de Clara, causando um turbilhão de emoções. "Ele não tocará um dedo em você, enquanto eu estiver por perto." Como assim? Uma enxurrada de pensamentos invadiu sua cabeça em questão de segundos. "Você não precisa me defender", pensou, surpresa. Clara nunca soubera o que era ter alguém para defendê-la. Sempre suportara tudo sozinha, lutando por suas próprias vontades. Nesse momento, Ana entrou na sala com uma expressão aflita e chamou por Clara. — Clara, me chamaram agora da portaria e Ruan está lá com uma viatura, dizendo que vai entrar e que não adianta irmos contra. Antes que Clara pudesse responder ou sequer pensar em algo, o Sr. Leonara invadiu a sala com uma expressão ainda mais aflita e disse rapidamente: — Jorge, você precisa sair agora. Fred me informou que carros do Guevara acabaram de passar pelo posto 1. — E Clara, a menina filha dela? — Jorge apontou para ela, havia preocupação evidente em seu rosto. — Como vamos
Ao ver Clara, Fred soltou um suspiro de alívio e rapidamente abriu a porta do carro. “Rápido, temos que sair daqui antes que eles percebam,” disse, olhando nervosamente ao redor. Vou levar vocês a um lugar seguro. E lá irão receber instruções de como chegar até uma casa no interior que estou arrumando para vocês. Jorge ajudou Clara a entrar no banco de trás e, logo em seguida, entrou também, batendo a porta com força. “Temos que chegar ao ponto de encontro antes deles,” havia tensão em sua voz. Olhando para trás enquanto Fred acelerava, para garantir que não estavam sendo seguidos. Fred acelerou, saindo rapidamente pelo caminho estreito que levava à estrada principal. Clara olhou pela janela, pelas pequenas frestas viu que na entrada havia vários carros, o coração batendo forte, a imagem de Carol ainda fresca em sua mente. “E Carol?” perguntou, com a voz trêmula.“Ela vai ficar bem,” respondeu Jorge, tentando soar mais confiante do que se sentia. “Eles irão conseguir sair rápido e