Tudo era muito confuso para Carol, que só queria sair dali. Não queria entender e não era fácil aceitar, a violência de seu pai contra sua mãe. Afinal, chegar aos 12 anos já era difícil. Ela tinha muitos problemas: a pele, a menstruação que a incomodava, e a falta de popularidade na escola, onde não conseguia se enturmar.Seu pai, sempre descolado, falava com todos, e suas amigas riam e se divertiam com suas piadas sem graça. Sua mãe pouco saia e cada dia estava mais triste. Ela não entendia a relação de seu pai com sua mãe. Sua mãe chorava, mas Carol não se preocupava em saber o motivo. Sua pouca idade não lhe dava experiência para compreender a violência que sua mãe sofria em casa.Suas necessidades eram tantas que ela só pensou em si, quando decidiu ligar para o pai e pediu para que ele viesse busca-lq no trabalho da tia Ana. Claro, aqui está o texto revisado para melhorar a clareza e fluidez:As necessidades de Carol eram tantas que ela pensou apenas em si ao decidir ligar para
-O telefone não atende! Vamos ligar de novo! Jorge disse olhando para Clara. Clara que estava tão aflita, não sabia como dividir suas angústias. Embora Marta fosse acolhedora, ela olhou para o lado da casa e, ao ver a varanda com Melissa encostada na parede, lembrou-se do início de tudo. Isso lhe causou uma imensa tristeza e frustração, ela se aproximou e viu que havia um banco e em pensamentos ela se sentou sem perceber. Ela se lembrava como nada havia saído como planejado, mas sua filha, tão doce e linda, era tudo para ela. Um desespero tomou conta ao relembrar a infância de Carol, seus primeiros passos e sorrisos. Decidiu que precisava voltar, pois tudo aquilo era uma loucura. Seu corpo já não respondia aos seus comandos, e Clara começou a chorar desesperadamente e alto. Quanto mais chorava, mais ouvia a voz de sua filha e repetia para si mesma: "Preciso voltar! Minha filha! Não posso seguir sem ela." Jorge, observando de longe, ficou em dúvida se deveria se aproximar. Decidiu de
Jorge desligou o telefone e, sem saber exatamente como revelar a notícia a Clara, se adiantou:— Estão bem. Guevara foi embora e não fez mal a ninguém. Carol está a salvo, mas preciso falar com você, Clara — disse, chamando-a para uma conversa particular.Clara, alarmada, mal conseguia conter a ansiedade:— O que aconteceu? Algo com minha filha? Carol está bem? — suas perguntas saíam atropeladas.— Sim, sim, ela está bem — Jorge respondeu rapidamente. — Mas primeiro, quero me desculpar. Não fazia ideia do que você estava passando. Não sei o quanto você está aflita. Preciso saber: quão perigoso seu marido pode ser para você e para Carol?Clara o encarou, confusa e temerosa:— Por que esse interesse agora? Pode ser mais claro? O que está acontecendo?Jorge respirou fundo, lutando para manter a calma:— Seu marido levou Carol com ele. Disseram para eu não te contar, mas não posso esconder isso de você. Não seria certo — sua voz era grave e sincera.Clara sentiu um calafrio percorrer seu
Na estrada, Clara observava a paisagem que se desenrolava velozmente pela janela. As árvores e colinas, borradas pela rapidez do carro, pareciam fugir de sua visão, assim como os momentos tranquilos de sua vida. Por breves instantes, ela se perdeu em um mar de pensamentos. Como havia chegado àquele ponto? O que a conduzira por um caminho tão tumultuado? A injustiça da situação a esmagava, um fardo pesado demais para seus ombros frágeis.Sentia-se afundar na maré de emoções, desejando libertar-se da dor que parecia não ter fim. As memórias dolorosas se aglomeravam em sua mente, sobrecarregando-a. Incapaz de conter a torrente interna, uma lágrima solitária escapou. Clara, tentando esconder sua vulnerabilidade, enxugou rapidamente o rosto, mas não conseguiu impedir que seus olhos continuassem a transbordar. A tristeza desenrolava-se em silêncio absoluto, marcada apenas pelo som sutil de sua respiração entrecortada.Clara lembrava-se de quando era uma boa garota, cheia de esperanças e son
Jorge acelerava o carro em direção à linha do horizonte, os olhos fixos na estrada. Ao seu lado, Clara enxugava as lágrimas que escorriam incessantemente. Ele não conseguia tirar da cabeça o carregamento deixado no galpão do Guevara, agora confiscado, e a dívida gigantesca que isso acarretava. Precisava falar com Tito para saber a situação da mercadoria. Clara, silenciosa, mantinha o olhar perdido pela janela, vendo o acostamento e as árvores passarem rapidamente. Jorge sabia que Kate estava no seu encalço e que não seria fácil se aproximar do galpão sem ser visto ou seguido. Sua principal preocupação era garantir a segurança de Clara. Mais uma vez, Jorge olhou para o lado e se perguntou por que se preocupava tanto com Clara. Talvez a achasse indefesa? Sacudiu a cabeça, tentando afastar esses pensamentos, e percebeu que já estavam chegando. — Deve ser aquela cidade — disse ele com um sorriso, apontando para o aglomerado de casas próximo à linha do horizonte. — Mais alguns minut
O GPS indicava que estavam próximos. Um calafrio ainda percorria o corpo de Clara, e suas mãos suavam mais a cada minuto. Jorge, por outro lado, parecia tranquilo, ao menos exteriormente. A tarde começava a descer suavemente no horizonte. As folhas das árvores, amareladas e secas, caíam lentamente ao sabor do vento. Era uma tarde fria de inverno; o outono havia se despedido há apenas dois dias, e o pôr do sol trazia consigo um frio cortante. Clara olhou pela janela do carro, tentando controlar a ansiedade. O cenário ao redor parecia um quadro pintado em tons de cinza e laranja. Jorge, concentrado na estrada, quebrou o silêncio: — Está tudo bem? — perguntou ele, sem desviar os olhos do caminho. — Sim, só um pouco nervosa, acho — respondeu Clara, tentando forçar um sorriso. Jorge assentiu, compreensivo. A jornada deles estava prestes a inciar. Entraram em uma travessa da avenida. A placa indicava "Rua 45". Parecia ser uma rua calma, estava em silêncio e não havia ninguém na
Clara não deveria, mas pensou em como seria bom poder viver como naqueles filmes lindos, com famílias amáveis que via na TV. Por tantas vezes, teve nojo de si ao se deixar ser tocada por Ruan, por tantas noites bêbado e agressivo. Ela ainda podia sentir sua mão a puxando com força, ou o sussurro em seu pescoço com o fedor da bebida.Olhou ao redor e viu a casa vazia, documentos em sua mão com nomes de outra pessoa, e deu um suspiro para si mesma. "Esse deve ser o fim da linha, o fundo do poço que algumas pessoas dizem", pensou. "Não posso desistir, eu sei, mas não sei o que fazer. Estou tão só, sem dinheiro." Falando sozinha, ela olhou pela janela e chorou, sabia que não poderia agora se apegar em suas fraquezas, mas chorou o quanto pôde até ser interrompida pelo tilintar do portão que estava se abrindo.Esse barulho era assustador há dois dias, quando Ruan chegava em casa. Agora, ela sentia um alívio, o som do portão agora indicava que não estava sozinha, ao contrário que antes a sen
Jorge, que agora era Romeu, tinha algumas curiosidades sobre Clara, agora Catarina, mas resolveu deixar o tempo correr para que se conhecessem melhor. O silêncio às vezes aparecia e trazia a Romeu a lembrança de todo o ocorrido, fazendo-o lembrar que precisava recuperar sua mercadoria e falar com Tito sobre seus negócios.Ele não poderia desaparecer completamente; precisava encontrar uma maneira de se sustentar. Um trabalho novo? Mas com o quê? Eles nem sequer tinham documentos originais. Ele sabia que tinha Catarina sob sua responsabilidade e que precisava mantê-la em segurança.Romeu deu uma olhada ao redor e viu que faltavam muitos móveis, e os que estavam na casa eram muito velhos. O fogão, por exemplo. Catarina tinha o transformado, pois, à primeira vista, parecia impossível cozinhar nele, tão enferrujado que estava. Milagrosamente, Catarina o limpou e conseguiu torná-lo usável. Foi admirável a sua capacidade de limpar a casa. Enquanto ele havia saído para ir ao mercado, dar uma