Meu mergulho no mar revolto trouxe mais complicações que eu poderia imaginar, afetando não somente a mim, mas também meus pais. Como já dito, minha traição não passou impune diante de Wolfgang, que me demitiu do Desert Rose.
Proibindo-me de visitar Diana, o alemão trouxe consigo outra corrente contrária, mas disso falarei adiante. A questão agora era Andrea, a qual estava sendo enganada. Então, por que eu haveria de manipular os sentimentos da ruiva?
A motivação, igualmente já comentada, não vinha de minha própria vontade, mas de outra pessoa, muito interessada em se aproveitar do momento. Isso se deu por um ato involuntário que acreditei não me afetar mais, após o ocorrido com Diana.
Ocorreu em 29 de dezembro de 1993, quando eu acabara de voltar para casa de Felipe Ruiter. Ao atender ao telefone, Joic
Enquanto Ana assumia o protagonismo na história, sem ser convidada, Wolf iniciava um movimento dentro da Triton. O alemão, ofendido novamente pela minha traição, finalmente uniu a família, mas contra mim. Diana e Martha não tinham porque estar ao meu lado.Traí as duas, seja por relacionamento no primeiro caso, seja por amizade, no segundo. Ingrid já não gostava de mim mesmo e Bertha, bem, menos ainda… Assim, a família Niechtenbahl queria me ver longe, porém, isso se ampliou e a culpa, indiretamente, recaiu sobre Ana.Em seu plano maquiavélico, a garota convenceu Andrea a se reaproximar de mim, o que não passou batido. De Diana até minha mãe, de alguma forma, todos acabaram descobrindo que a ruiva voltara a me ver. Logicamente, Mauro também…Mesmo repreendendo-a, o chefe dos Ruiter não tinha poder para dominar a filha
Quando Andrea mudou-se para a casa do primo, contra a vontade dos pais, veio também com a decisão de ficar comigo. Ainda assim, mesmo sob a chantagem de Ana, foi inevitável não tê-la na cama por vontade própria, afinal, ela ainda me atraía muito. Todavia, essa não era a vida que queria.Assim, no dia 18 de janeiro, levantei muito cedo, pouco antes das 6h da manhã, tomei um banho e me vesti. Após arrumar rapidamente minha mochila com o básico, mirei-a sob os lençóis, em pleno sono. Senti um frio na barriga por deixar a segurança de seus braços e sua proteção.No entanto, precisava dar “paz” para a vida dela, de Felipe e de todos, especialmente de Diana. Desci e encontrei Joice na cozinha, logo cedo. Cumprimentei a esposa do caseiro, que me ofereceu uma xícara de café. Falei que iria para uma entrevista de emprego p
Ainda no ônibus, Maria Clara contou mais de si. Disse morar num bairro chamado Bocaina e residia ali com a mãe, assim como com a irmã Maria Lúcia. O pai, já falecido, trabalhou na estrada de ferro Santos-Jundiaí.Com a noite já posta no horizonte, o balançar do ônibus que se encheu rápido e a demora para chegar ao centro, eu geralmente já estaria caindo pelas tabelas. Todavia, o resumo da história de Clara me manteve estranhamente preso a ela.Atento aos detalhes, fiquei vislumbrando aquela garota de 20 anos, que tinha muita vivacidade. Até então não sabia, mas Maria Clara gostava de falar. No restaurante ela não era dada a tanto diálogo, mas sentada ao meu lado naquele banco do ônibus, a jovem estava à vontade.— Estou aqui falando tanto… Você já deve estar cansado de me ouvir.— C
Lembro-me bem deste dia, um ensolarado domingo, dia 8 de maio de 1994. Era o Dia das Mães. Fazia uma semana que Ayrton Senna havia nos deixado e duas semanas que forjei forte amizade com Maria Clara.Pela primeira vez desde que parti para meu “exílio” na Borda do Campo, liguei para minha mãe. Foi bem cedo que usei um orelhão na Cata Preta. Ao atender e ouvir minha voz, Eliza começou a chorar alto, o que cortou meu coração.Percebi o quanto fazia falta para minha mãe e também o quanto ela deixava um vazio em meu peito. Foi difícil falar, mas precisei.— Feliz Dia das Mães!— Guilherme…Eliza não conseguia falar, somente chorar. Eu, todavia, precisava ser rápido naquele orelhão azul da CTBC.— Mãe, não chore, estou bem! Te amo muito, viu?! Estou trabalhando muito!Com a voz en
Naquele emocionante Dia das Mães, voltei para a cozinha do restaurante com um anúncio que não seria agradável à Maria Clara. Ao entrar, mecanicamente terminei minhas obrigações, enquanto a jovem me olhava a distância. Parecia preocupada e talvez já estivesse antevendo os acontecimentos.Temendo ouvir o que não queria, Clara limitava-se em sorrir, mas sua feição não escondia seu estado. Percebi e compreendi que não seria fácil, mas precisava assumir meus erros e cumprir minhas obrigações. Ao encerrar as atividades, falei com Rubens e pedi as contas.Ele lamentou e ainda me indagou sobre a visita da minha “família”. Concordei em responder e afirmei precisar ir. Pelo meu bom trabalho lá, decidiu me despedir sem justa causa, o que me ajudaria na fase de desempregado que se seguiria.Sai do escritório e Clara já
Naquela noite, minha mãe insistiu em dormir no hospital e decidi voltar com Felipe. Contudo, pouco antes de sairmos do local, Manoel recebeu uma visita inesperada e não necessariamente com interesse velado em sua pessoa.Me sentia exausto, não só pelo dia de trabalho puxado na churrascaria, mas pelos momentos que tive de enfrentar. A imagem de Diana em minha mente não desaparecia e igualmente a lembrança de Maria Clara.Então, não sei como, ela apareceu… Num jeans de cintura alta e blusa vermelha com mangas a cair pelos braços, Andrea surgiu apressada, como se adivinhasse meu pensamento.Quando me viu, sorriu, mas disfarçou sua aparente alegria diante de minha mãe, alquebrada pela tensa situação. Eu e Felipe nos entreolhamos, não entendendo como ela poderia estar ali, no hospital Santo Amaro.Olhando para Felipe com ar desconfiado, Andrea se aproximou
Na segunda-feira, dia 9 de maio de 1994, liguei para Diana. Decidi resolver minha vida e era esse o motivo de ter voltado. Logo após levantar e tomar café com Felipe, sentei no sofá da sala, disquei o número da casa dela em São Paulo e aguardei.Lourdes, a empregada dos Niechtenbahl, atendeu e chamou Diana, que estranhamente ainda estava em casa naquela manhã. O motivo era que, naquela ocasião, fazia o primeiro semestre de Medicina, como planejara antes de me conhecer. Pouco entusiasmada, começou a conversa.— Diga Guilherme.— Diana, ontem não foi um dia fácil para mim.— É mesmo? E para mim? Não sabe como fiquei?— Como você ficou?Após uma pausa, a morena respondeu.— Fiquei muito triste em ver você ontem após meses sem dar notícias.— Perdão. Fui um tolo.<
Após muitos minutos ali, Diana, curiosa e com ar de felicidade estampada em seu rosto rosado, quis conhecer a casa. Martha, acompanhando a irmã em sentimento, também insistiu no pedido e, após apresentações devido a minha tia, mostrei minha velha casa.Tia Débora, uma bela negra com seus 30 e poucos anos — ela nunca dizia a idade exata, nesse caso — prendia sempre seu cabelo em um coque no alto da cabeça. Tendo um corpo curvilíneo, muita inteligência e língua afiada, encantou um japonês, quer dizer, um nissei.Casada com Paulo Ikari, que na época tinha cerca de 40 anos, morava em Extrema, no sul de Minas Gerais.Apesar da preocupação com o irmão, Débora deu total atenção àquela jovem.— Nossa! Ainda não consigo tirar os olhos de você! Gente! Esse olho é natural mes