Ainda chorávamos, quando uma apressada Martha chegou e nos abraçou. A loira, com seus olhos avermelhados de tanto chorar, beijou nossas cabeças e disse:
— Meus amores, eu terei de voltar com eles, Wen precisa de mim. Está muito mal.
Mirando na irmã, falou:
— Di, deixa que de tuas coisas eu cuidarei. Vou pegar tudo o que você gosta e levarei para onde estiver.
— Tata, eu não sei para aonde vamos...
Martha olhou-me e eu apenas a fitei sem dar uma resposta, afinal, eu não tinha. Então, ela me disse:
— Gui, sua mãe gosta de você e saberá onde vocês estarão. Então, eu combino com ela, ok?
Animei-me, afinal, meu anjo alemão continuava ali, protegendo-me, ou melhor, protegendo-nos. Assenti com a cabeça, pois, ainda era difícil falar.
— Di, eu te amo! Até mais minha linda...
Como pode um pai e uma mãe eliminar de suas vidas a própria filha? O ser gerado de sua paixão, de seu amor? Fiz-me essas e outras questões por muitos, muitos anos. Diana, mesmo tendo sido responsável por seus atos, não merecia ser tratada como foi.Em meu caso, ser expulso de casa era algo que eu já imaginava há algum tempo, dado o temperamento de meu pai e a infelicidade que habitava em meu ser.Naquela enorme e ainda desconhecida casa, eu e Diana viveríamos outra vida, uma em que não andávamos por nós mesmos.No mesmo dia em que chegamos àquela casa, Felipe e Andrea se dispuseram a nos atender em tudo o que precisávamos.Diana, no entanto, logo após se instalar numa das suítes, mergulhou em um choro longo. O vazio que sentia no coração era enorme, dado que nunca se separara de fato de sua família.Não era com
O despertar do primeiro dia após nosso exílio foi gratificante, afinal, eu estava ao lado daquela que amava. Sentir a presença dela e saber que um pedaço de nós, que crescia em seu ventre, foi ótimo, mas eu sabia também que a vida seria dura. Observei-a dormindo e me perguntei o que estaria sonhando.Logo após eu levantar, Diana acordou e pareceu ter mais ânimo que no dia anterior. Passamos uma noite ótima, onde novamente conectamos nossos corpos num imenso prazer. Questionei-a sobre o que esperar de nossos anfitriões, dado que pareciam animados demais.Diana, apesar do pequeno mal-estar com Andrea, acreditava que a relação com ela não teria maiores problemas. Eu, no entanto, conjecturava sobre os planos de Felipe. Ele pensava muito e parecia ter ideias para nós… Bem, pelo menos assim imaginei naquele momento.Ao descermos, por volta das 9 horas da manh
O almoço naquela casa dos Ruiter foi ótimo. Diana estava feliz pela presença da irmã, que não só trazia muitos de seus pertences, mas a esperança de um dia retornar para casa. Bem, não exatamente nesses termos. Grávida de minha filha, Diana sabia que teria de ter seu próprio lar logo mais, mas naquele momento, sabíamos também que isso seria muito difícil. Martha, agora envolvida pela presença de Felipe, não se demorou, mas prometeu retornar logo. Andrea, solicita como sempre, ajudou a organizar as coisas de Diana, trazidas pela irmã loira. Felipe me abordou junto à piscina e perguntou: — Gui, você conhece Martha há muito tempo? — Não muito, mas já passamos um fim de semana juntos...
O calor do corpo dela me aquecia e o suor escorria por diversos lugares, fazendo cócegas, enquanto sua respiração já não era mais ofegante. Andrea, relaxada sobre mim, não parecia ter pressa em separar-se. Naquele momento, eu não pensava Diana, apenas em como uma garota como Andrea, poderia me desejar daquela forma. Desejo foi a palavra que encontrei para definir sua ação. Acreditei ser somente isso e tudo não havia passado de um deslize… Não negarei, nossa transa foi ótima, mas eu sabia a quem pertencia. Após vestir-se, a ruiva disse: — O que aconteceu aqui, fica entre nós, ok? Isso foi tudo o que queria ouvir, afinal, quem estava comprometido ali era eu e não ela. Eu teria muito mais a perder se Felipe ou Diana soubessem do caso. — Vem, levanta que te ajudo — falou a ruiva. Fomos até a cozinha e encontramos Joice na pia, preparando o almoço. A bela negra nos olhou engraçadamente e ali notei algo. Era óbvio: ela nos observou n
Aquele fim de semana foi de uma intensidade extrema. Um misto de emoções, sentimentos e situações que fugiram ao meu controle. No sábado, fomos exilados por nossas famílias e aceitamos abrigo de amigos feitos no calor dos acontecimentos.No domingo, um dia de sol maravilhoso. Com ela, a minha Diana, tive direito a visita do “anjo” chamado Martha, apesar da noite com uma situação delicada. A segunda-feira, diante disso, parecia um dia bom.Contudo, estou falando de uma “segunda” e, como tal, não começou bem… Bertha veio, Diana foi com ela e eu me perdi.Não só nas ruas de terra do Jardim Virgínia, mas nas curvas dela, a irresistível Andrea, que consolou meu coração decepcionado. Agora, estava sob as águas do chuveiro com ela, que pedia o que eu não podia dar…Andrea mudou drasticamen
Na grande mesa branca com seis cadeiras, sentei-me ao lado de Diana, junto à vidraça daquele enorme átrio. Wolf e Bertha ficaram nas extremidades, com as duas irmãs de frente para nós. A empregada, Lourdes, uma mulher negra, lá com seus 40 anos, tinha o cabelo coberto por uma touca branca, mesma cor de seu avental.Posta num vestido preto, a mulher mirou-me com surpresa, mas não disse uma palavra. Serviu-nos com uma salada mista e depois o chamado königsberger klopse, que Bertha chamou kochklopse.Essa é a famosa almôndega alemã, um prato realmente delicioso. Enquanto eu comia, senti ser observado por muitos olhos naquela mesa, mas apenas os de Diana e Martha eram aceitáveis.Mantive-me em silêncio inicialmente, mas Diana quebrou o gelo novamente. Antes, havia me explicado sobre a origem do prato.— Guilherme, está gostando?—
Ao entrar no casarão de Felipe, vi Andrea posta no sofá, vestindo um shortinho jeans e uma camisa amarela, escrita “Palm Beach”. Com o cabelo ruivo jogado no ombro esquerdo e as pernas dobradas sobre o estofado, mirava séria para a enorme TV de 41 polegadas da Sony.Concentrada no filme “O Nome da Rosa”, reproduzido no videocassete, a garota nem olhou para mim. Ao lado dela, alguém que não via há dias… Ana Ruiter, sua irmã, era muito parecida com Andrea, porém, seu cabelo era castanho e não tinha sardas.Seus olhos verdes miraram-me surpresos quando cheguei a sala. Ela, rapidamente comunicou a irmã:— Dea, olha quem chegou!Olhando-me com desdém, a ruiva apenas a respondeu:— Foi visitar a namoradinha…— Mas, ela não está aqui?— Deixa de ser tonta Ana, não te falei qu
Naquela quarta-feira, 22 de dezembro de 1993, sob as ordens do “capitão” Lúcio, me apresentei ao trabalho a bordo do Desert Rose. Varrer, lavar, enxugar, esfregar… Ainda que o piloto fizesse muito pelo barco, havia sempre o que limpar.No mesmo dia, vi Manoel a distância, mas não tive coragem de falar com ele. Precisava dar um tempo ao meu pai. Os Niechtenbahl não apareceram, nem mesmo Wolf, que pensei ser presença garantida em meu primeiro dia em sua lancha.Os Ruiter também não se fizeram presentes. Minha mãe me levou comida no barco e revelou que meu pai já sabia do trabalho ali. No final da tarde, Lúcio me dispensou e, após despedir-me de Eliza, tomei o rumo da casa de Felipe.Ao entrar pela porta da frente, algo que Felipe sempre dizia para eu fazer, encontrei a casa vazia. Então, fui até a piscina e lá estavam Ana e Andrea, na