Duas semanas passaram se arrastando. Penélope havia me dito que só o tempo iria acabar com o meu sofrimento. Bem, eu acho que ou o tempo está passando devagar porque o sofrimento é enorme ou o sofrimento ainda está aqui por que o tempo está passando lentamente. Seja como for, eu estou ferrada. Matteo entrou no meu sistema como uma droga. Com a sua falsa sensação de euforia seguida de uma destruição profunda e lenta. Eu nunca fiz uso de drogas, que fique claro, mas se for algo ligeiramente parecido com isso, mais do que nunca as pessoas devem se abster delas. Quando Matteo disse, desde o início, que não queria me machucar e, mesmo quando eu sabia que ele faria, eu não poderia imaginar como seria, na prática, isso. Pois bem. Agora eu sei e por mais que eu tente, não poderia explicar como é. Ainda que eu use toda a analogia disponível, ainda não será exato. No dia seguinte ao ocorrido eu me sentia como se fosse morrer. E não era somente por causa da re
- Oh Meu Deus! É perfeita. Sua história me fez chorar como nunca. É uma história triste, muito triste, mas a força que a personagem imprime nos últimos capítulos é incrível. Nós já estamos trabalhando nela, Toda a equipe está e eu conversei com os executivos de Hollywood e eles concordaram em usar o lançamento desse livro para trazer a sua identidade à tona. Minha nossa! Eu estou tão empolgada. Tenho uma equipe de revisores e editores trabalhando nele neste momento. Menina! Você me surpreendeu. Todas essas semanas confinada e você me sai com uma pérola dessa. Eu só acho que você deve pensar na possibilidade de produzir um novo volume, agora com um final feliz para os personagens.Ela estava tagarelando desde o momento em que eu disse alô e eu já estava com uma dor de cabeça dos infernos. Aliás, eu não estive bem na última semana e atribuo isso as horas e horas diante do computador escrevendo sem me alimentar. Mas o resultado foi positivo. Eu tinha um trabalho novo prontinho que seria
- Aonde você vai?- Eu tenho uma reunião amanhã cedo, preciso ir para casa.- E quando nós vamos nos ver de novo? – Agora vinha a parte chata, mas onde eu era bastante objetivo. Nas últimas semanas eu aprendi que quanto mais sincero você for, menos a chance delas insistirem. Basta ser honesto sem brilho para enfeitar as palavras e elas não vão mais te encher o saco.- Nós não vamos.- Como assim?- Assim, desse jeito.- Por que você está sendo tão grosso depois do que acabou de rolar entre a gente?- Eu não estou sendo grosso. Estou sendo sincero. Eu queria foder, você queria que eu a fodesse, eu a fodi e estamos todos satisfeitos. Sem mais.- Ok. Já chega. Basta sair. Agora só falta você deixar algumas notas sobre a mesinha – ela cuspiu as palavras com sarcasmo.- basta dizer quanto foi o programa e eu pago.- Seu cretino miserável. Pra fora. Agora.- Eu terminei de me vestir calmamente e saí deixando mais uma mulher fodida e frustrada para trás. Quando eu ent
Ela entrou na loja e se manteve lá por um longo tempo. Enquanto isso eu andava de um lado para o outro esperando e pensando no que eu iria fazer. Porra! Um filho? O que eu ia fazer com um filho e por que ela não me falou nada. Já faz algum tempo, talvez entre 8 a 10 semanas que estivemos na vinícola, ela deveria ter me contado. Então a frase de Tony veio a minha mente: “Você não merece saber.” Eu não mereço saber. Eu não merecia saber? Que merda é essa? Esse é o meu filho. Eu disse as palavras em voz alta - Meu filho. Eu vou ter um filho.Giovanna saiu da loja com algumas sacolas e com um sorriso bobo no rosto. Ela estava feliz por ter um filho meu. Mas, então, ela deveria estar. Ela vai ter um filho de Matteo Mazza. Esse menino vale ouro, não é? Mas que merda eu estou dizendo. Essa não é Giovanna. Não pode ser. Ela é doce e despretensiosa. E ela poderia ser minha se eu só não tivesse fodido com tudo. Eu atravessei um inferno nas últimas semanas. Primeiro eu estava com m
Ela me olhou desconfiada. Sondando. Santo Deus! Ela estava ainda mais bela de perto. Alguns fios haviam se soltado e caíam ao lado do seu rosto. Os lábios estavam vermelhos por causa do sorvete gelado e os olhos azuis estavam grandes demais no seu rosto. Ela havia perdido muito peso, mas ainda assim ela era perfeita. Pela primeira vez eu parei para pensar que eu já havia causado um estrago nela. Eu me mantive distante para protegê-la, mas foi em vão. Eu já tinha ferrado tudo e só fiz piorar as coisas. – O que você tem pra me dizer, Giovanna? – insisti.Ela puxou uma respiração longa e comeu mais uma colher de sorvete de creme. Como se tivesse ganhando tempo para pensar em alguma coisa. No fim, encolheu os ombros – Não tenho nada pra dizer a você. Não tenho nem uma vaga ideia sobre o que você está falando. Agora você pode ir embora e continuar a ignorar a minha existência pelo resto da sua vida problemática.Eu me levantei e de modo calmo, porém firme, caminhei diretamente para a saída
GiovannaEu acordei e encontrei Matteo sentado ao lado da minha cama. No seu colo estavam os sapatinhos amarelos, um macacão branco e uma manta da mesma cor dos sapatinhos que eu havia comprado mais cedo. Ele olhava para esses objetos com total reverência. Isso amoleceu meu coração, mas não eliminou a minha preocupação em relação a isso tudo. Matteo na minha vida significava problemas. Eu não podia ficar confortável com a sua presença, pois quanto mais cômoda eu ficasse, mais difícil seria me acostumar com a sua ausência depois.Eu me movi, sentando-me. O que chamou a sua atenção – Oi – cumprimentei – você ainda está aqui?- Olá. Sente-se melhor?- Sim. Muito melhor.- Está com fome?- Muita. Mas receio comer algo e passar mal novamente.- Você deve comer mesmo assim. Não pode deixar de se alimentar. Por você e pelo bebê.Passado o susto daquele grito que Matteo me deu, naquele jardim da mansão, quando nos conhecemos, eu vi, de pronto, que ele era uma boa pessoa. Ele se preocupava com
MatteoPropósito, por definição, é algo que se busca alcançar, objetivo, finalidade, intuito. Giovanna, sem saber, deu-me um propósito. Do momento em que eu deixei a mansão esta manhã até o instante em que a vi colocar a mão sobre o seu ventre diante daquela loja, minha vida deu uma guinada. Eu ainda não sabia ao certo o que isso significava na prática, mas eu sentia uma vontade imensa de proteger essa pequena vida que ela carregava. Esse era o meu propósito agora e você sabe o que dizem sobre um homem com um propósito.Mas eu também sabia que não seria nada fácil. Eu a machuquei de modo que ela não confia mais em mim, ainda que eu jure e por mais que eu tente convencê-la de que eu sei o que eu quero, de que eu estou preparado para seguir adiante, ela perdeu totalmente a fé. Ela também não quer que eu esteja por perto. Mas, como eu disse, isso não é uma opção. O que eu posso fazer é tentar deixar a situação o mais confortável possível pra ela. Se ela acha que pode lidar apenas com a m
Quando aparecemos na sala de jantar, meus pais e Antonella tinham os rostos divididos ao meio com belos sorrisos – Eu sei, já ouvimos daqui que você é um imbecil – Antonella disse – Mas, para sua informação, todos nós já sabíamos disso.Eu fui até ela e lhe dei um beijo na testa – sei que me perdoou fácil, mas ainda assim merece um pedido de desculpas decente. Aliás, todos vocês. Eu tenho sido um imbecil.- Eu amo você. Seja feliz e faça Giovanna e o meu sobrinho felizes que eu perdoo você totalmente.- Eu vou tentar. – disse e me sentei no meu lugar. Embora eu tenha comido mais cedo com Giovanna, comi novamente apenas para desfrutar da companhia dos meus familiares. E, mesmo ainda não tendo Giovanna aqui comigo, me sentia mais aliviado. Se tudo desse certo, logo essa felicidade estaria completa.Giovanna- Como assim morar com ele?- Pois é, achei uma verdadeira loucura. Eu não o queria por perto.- Eu sei. Mas o filho é dele. Você não pode impedi-lo de ver o filho. Certo, você pode