Aquela informação bateu e voltou na minha mente como um bumerangue. Era incapaz de assimilar o fato.
Hilay? Como ela poderia fazer algo como um selo anti-visão? Ela nem era bruxa! Mas quem estava me passando a informação não era uma pessoa qualquer, era um mago poderoso.
— Minha amiga é uma bruxa… — Respirei fundo e tentei absorver o que Ivan tinha dito. — Por que ela faria isso?
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— O local simplesmente sumiu? Assim, sem explicação? — Anelise perguntou mexendo no canudo de um suco de acerola. Ela estava fungando o nariz, deliberadamente gripada. Deveria ter ficado em casa naquela noite fria e de vento cortante, mas acho que a curiosidade falou mais forte, pois Anelise estava na minha frente, com seus olhos escuros fixos em mim e uma touca cor-de-trigo na cabeça, de forma que os cabelos pareciam uma proteção a mais ao longo do seu rosto afinado. — Tem certeza que você não sonhou? — O Strange — O Círculos das Sombras se reúne a cada nove anos. E o que sei é que a cada nove anos, eles moram em um ponto estratégico do planeta… O que significa que dos dezoito aos vinte e sete anos, estarão todos por aqui. Justina? Você ao menos está escutando o que estou falando? Pisquei os olhos várias vezes e foquei na graciosa figura de Ivan. Não aquele que ele mostrava para todos os outros com Glamour, mas ele de verdade. Ivan segurava a colher do café, que Capítulo 23: Fogo fátuo
— Fiquem aqui. — Bruno anunciou, afastando-se de nós, dando passos rápidos na direção da água do lago.Rafael nem se mexeu, mas eu joguei a jaqueta para trás e corri até ele:— Espere, vou com você.— Você não está sendo iniciada, garota? — Bruno parou de andar e se virou para mim, fica
Havia um contraste entre a barba mal aparada e escura de Bruno e o rosto liso de Ivan. Seus perfumes se contradiziam, um doce e poroso como incenso de sândalo e o outro cítrico de damasco com grãos de café. Ivan deslizou a língua quente em meu pescoço, Bruno me beijou com os lábios frescos e cheios de piercing. Eu estava deitada por cima de Ivan no sofá de couro escuro e frio da sala de estar do aparta
Se quiser evitar decepções ao longo de sua vida, não crie expectativas para o futuro. Essa é a regra máxima que todo ser humano deve seguir e que, infelizmente, demorou um pouco para eu entender como essa dinâmica funcionava. É inevitável: eu sou patética.Cultivei essas expectativas como uma plantinha na jardineira da janela. Prestei atenção aos seus ciclos, reguei todas as manhãs, tardes e noites. Eu só pensava no quanto a minha vida ia melhorar depois que eu conseguisse o que eu tanto queri
A Faculdade São Valentim era uma das universidades mais antigas da cidade, era católica diziam, mas ninguém era obrigado a ir à igreja. O engraçado dela era que os prédios eram um antigo mosteiro — por isso o nome — e tinha todo um ar do século XIX, com mesas e cadeiras de madeira maciça que pareciam ter saído de filmes antigos de orfanatos e janelas de vitrais colorido. Eu imaginava que estudar nessa sala pela manhã seria muito bonito, inspirador, para a turma de artes plásticas e, com certeza, seria lindo ver a luz do sol atravessar os vitrais azulados que tinham no prédio. Eu até me chateava de ter escolhido o turno da noite quando pensava nisso, mas Túlio não estudava no turno da man
— Namorada? Como assim, “namorada”? — Aquelas palavras me atingiram como uma bomba e eu tinha explodido em mais de mil pedacinhos microscópicos. Bem, meu coração tinha.Eu senti um misto de sentimentos naquela hora, olhando para Túlio e aquela celebridade de quinta categoria com grande descrença. Era quase inacreditável que ele tivesse dito que estava namorando outra menina e pior, uma que era muito mais bonita do que eu, diga-se de passagem. Eu me senti traída pelo pior tipo de pessoa, com raiva, de Túlio e dessa tal Roxane. Meu sangue ficou mais volumoso, bombeando em minhas veias, esquentando como fogo e eu senti raiva. M
— “Seu aroma é rico, com notas frutadas e doce fragrância de flores do outono”. — Li a parte detrás da garrafa azul escura de porcelana, com detalhes dourados, dando um largo gole naquele uísque de cor intensa. — Mas eu só sinto gosto de fumaça.— Seu paladar é destreinado. — Olhei para a bancada da cozinha, onde Bruno estava de costas para mim, só de meias, relaxado, tinha tirado a jaqueta e eu podia ver a camiseta de uma banda gótica, a linha de uma cruz vermelha de ponta-cabeça desenhando suas costas… enfim. — Esse é um dos me