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Capitolo Terzo: Bem-vinda a Itália.

Aeroporto Internacional de Richmond.

Cecília empurrava sua mala pelo saguão, acompanhada por uma e mais dois seguranças. Ela se sentiu insegura, pois havia pensado que, Fiorella iria até lá , mas não a viu.

Eles entraram juntos no avião e foram todos se acomodarem em seus assentos. Assim que Cecília passou os olhos pelo lugar, se encantou com a vista.

— Eu só vi um desses pela televisão! – Cochichou Cecília, para a manager de Fiorella, que estava bem ao seu lado. — Acha mesmo que isso vai dar certo?

— Você já se olhou no espelho? As chances de isso dar errado, são nulas. – Respondeu, a italiana, tirando um pó compacto da bolsa, passando em Cecília. — Só preciso esconder essas sardas.

Assim que Beneditte disse aquilo, a primeira atitude de Cecília foi levar as mãos no rosto, para as esconder.

A italiana riu da atitude da garota e voltou a se encostar em sua poltrona.

— É, acho que não será fácil. Você é o oposto dela. – Resmungou Beneditte, suspirando fundo, continuando a falar em seguida. — Lembre-se, sorrir sempre e sem doçura., mostrando autoridade. Não deixem que te vejam nua, a final, você é mais magra.

— Pode deixar. A partir de agora, serei Fiorella Scopelli! – Disse Cecília, respirando fundo.

— Não! A partir de agora, você será a senhora Scopelli e não Fiorella. Ela usava o primeiro nome apenas como meio artístico. – Respondeu Beneditte, olhando fixamente para Cecília, que prendeu a respiração ao sentir uma enorme pressão nos ouvidos.

Aquela era a primeira vez que Cecília estava em um avião.

Fiorella havia cuidado de todos os detalhes sorrateiramente; para que aquela viagem acontecesse.

Quando Cecília concordou, ela não sabia, mas seus dados já haviam sido roubados por Fiorella, que agiu meticulosamente contra ela.

Fiorella comprou uma passagem para a Rússia no nome da então garota, com Ronald, amante de Fiorella. Ela agendou, em seguida, um voo de volta para Itália em seu próprio nome. Dessa forma, Hugo não desconfiaria.

Cecília estava realmente integrada ao personagem; os cabelos estavam ondulados e com um laranja vivo. Os olhos azuis brilhantes, foram necessários ser tampados por uma lente acinzentada, apenas para diminuir o brilho.

Foi Fiorella quem cuidou desses detalhes também.

Só tinha um problema; Cecília tinha lindas sardas no rosto. Graças a maquiagem que Fiorella usava, nunca foram vistas uma se quer.

Ela tinha um certo preconceito com sua aparência e algumas coisas, Fiorella resolveu cirurgicamente. Até mesmo ela, invejou o corpo de Cecília, quando a viu nua.

Ela sabia que, a garota que ocuparia seu lugar, tinha uma aparência sexy e pura, da forma que deixaria todos encantados, principalmente Hugo.

Mas a partir daquele momento, o eu Hugo fizer com Cecília não era problema mais dela, a final, ela achou justo a garota ser entregue de bandeja, já que viveria com ele.

Não se tem uma vida boa, sem sacrifícios; pensou Fiorella, antes de sair do salão sem se despedir.

No avião, já haviam se passado bastante tempo. Cecília ouviu com atenção, tudo o que Beneditte havia dito. Ela foi ensinada sobre como deveria andar, assistiu a alguns vídeos de Fiorella desfilando no tapete vermelho e até mesmo sobre a forma de como a artista italiana tratava as pessoas.

Ela, também, aprendeu sobre o nome e personalidade de cada parente. Dos que Fiorella gostava e sobre as que ela não suportava; como Mirella e Cássia.

Beneditte também, mostrou fotos da casa, das estilistas particulares e até mesmo sobre o amigo gay, que arrumava o cabelo de Fiorella com frequência.

Cecília se intrigou e sorriu, deixando sua companheira confusa; ela pensou que, toda a personalidade que ela detestava, estava vendo diante de seus olhos, em uma gêmea.

Depois de tantas horas estudando, eles se alimentaram e Cecília acabou pegando no sono. Ela teve os eletrônicos trocados e cada último detalhe estava sendo cuidado por Beneditte, já que estavam se aproximando de seu destino.

Aeroporto de Palermo, 10:00 AM.

Assim que chegaram na Itália, Cecília sentiu-se desconfortável. O fuso horário havia arrancado seis horas de seu dia e parecia surreal para ela.

Antes de desembarcarem, Beneditte deu seus últimos retoques, colocando máscaras, goro e até mesmo touca nos cabelos. Ela havia informado sobre uma possível confusão no aeroporto, já que Fiorella causou isso, para saber se ela chegaria na Itália como haviam combinado.

Claro que, a desculpa seria o fim da turnê, da estrela revelação de toda Sicília.

— Fiorella, preciso te contar uma coisa. – Disse Beneditte, terminando com os últimos detalhes. — Não fique brava comigo, mas eu só poderia te contar quando chegássemos aqui.

— O que foi? Eu por acaso serei vendida para um traficante? – Perguntou Cecília, assustada. — Eu tenho hepatite e meu fígado já está quase acabado.

A italiana sorriu, ao ouvir aquilo. Ela pensou até em ajudar Cecília, pois havia cuidado dela.

— Você é casada. – Disse Beneditte, prendendo os olhos por lamentação.

— Eu sei. E ele é bem bonito! – Respondeu Cecília com humor, fazendo a italiana abrir os olhos assustada.

— Você sabia? – Perguntou Beneditte, espantada.

— Achei as fotos no celular dela. Bom, acho que precisamos ir, não é? – Disse Cecília, já entrando no personagem. Ela foi na frente e os seguranças carregaram todas as malas da mulher, indo atrás dela em seguida.

Assim que Cecília desceu as escadas, ela sentiu um arrepio em sua pele, ao ver um homem parado em sua frente, com uma expressão séria.

Era como se ela estivesse em um dos filmes que gostava de assistir aos finais de semana, sobre máfias e gângster; mas sem fugir da realidade, pois Cecília sabia que na realidade era diferente das ilusões da televisão.

O homem dava dois de Cecília; ele usava um terno cinza que realçava seu corpo e que por falar nisso, foi uma das coisas que mais chamou a atenção em Cecília.

Ele era forte, de ombros largos, pernas e cochas torneadas e tinha um belo traseiro.

Quando ela subiu os olhos, não dava para ver seus olhos através dos óculos escuros, mas ela viu que ele tinha uma linda silhueta.

Cecília suspirou e logo se aproximou, vendo um lindo sorriso nos lábios do homem.

— Como foi a viagem, senhora? – Perguntou o homem, abrindo os braços.

— Foi bem querid... - Antes que ela respondesse, Beneditte a cutucou e cochichou.

— Esse é o primo. Ele é chamado assim, porque é o braço direito do seu marido. Chame-o de Ítalo. – Disse a italiana em um tom baixo, apontando em outra direção. — Aquele é seu marido.

Quando Cecília se virou, se espantou com a cena; um homem, de terno grafite, com o corpo duas vezes mais robusto que ítalo, se aproximava.

Dava para sentir o poder a quilômetros, Hugo estava indo na direção de Cecília, acompanhado por mais três homens bem vestidos.

Ele arrancaria suspiros de todos ali, se não conhecessem a fria personalidade do homem, junto a sua péssima reputação. Só que isso, não tirava os traços atraentes do homem.

A aparência dele, era melhor do que a de Ítalo; o chefe deles, tinha mais pernas e braços, era mais robusto e tinha uma áurea negra. Um olhar de Hugo, já era o suficiente para que muitos se sentissem intimidados; menos Fiorella.

— Primo! – Disse Hugo, deixando seus homens e caminhando até a nova Fiorella. Ele estranhou, sua esposa não sorrir e o cumprimentar como sempre e então, ele travou o maxilar, tirando os óculos em seguida.

— "Mia Moglie" como foi a viagem? – Perguntou Hugo, encarando a ruiva de cima a baixo, notando algumas diferenças no corpo dela. Ele achou que, a esposa estava mais magra do que o costume e também abatida.

— Senhor Scopelli! – Respondeu ela em um tom frio, agradando ao homem em sua frente. Ela o olhava nos olhos e ao invés de sentir medo, Cecília se encantou com a beleza dele.

Ela não deveria julgar o livro pela capa!

Hugo a abraçou e depositou um beijo no topo da cabeça dela, inalando o perfume de seus cabelos. Não tinha amor ali, mas ele ainda teria que encenar, para que ninguém percebesse sua fúria.

— Espero que tenha descansado e aproveitado bastante, porque a partir de agora, não terá um dia de paz. – Cochichou Hugo, fazendo com que o corpo todo de Cecília se estremecesse.

Naquele momento, ela entendeu o porquê de Fiorella ter escondido sobre o marido. Ele parecia um homem perverso, mesmo encenando o contrário.

Hugo deu de costas e ao perceber que sua esposa não o seguia, ele a olhou por cima do ombro e sorriu para ela.

— Vamos, tenho uma surpresa para você. Aposto que está ansiosa para chegar em casa!

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