Aeroporto Internacional de Richmond.
Cecília empurrava sua mala pelo saguão, acompanhada por uma e mais dois seguranças. Ela se sentiu insegura, pois havia pensado que, Fiorella iria até lá , mas não a viu.
Eles entraram juntos no avião e foram todos se acomodarem em seus assentos. Assim que Cecília passou os olhos pelo lugar, se encantou com a vista.
— Eu só vi um desses pela televisão! – Cochichou Cecília, para a manager de Fiorella, que estava bem ao seu lado. — Acha mesmo que isso vai dar certo?
— Você já se olhou no espelho? As chances de isso dar errado, são nulas. – Respondeu, a italiana, tirando um pó compacto da bolsa, passando em Cecília. — Só preciso esconder essas sardas.
Assim que Beneditte disse aquilo, a primeira atitude de Cecília foi levar as mãos no rosto, para as esconder.
A italiana riu da atitude da garota e voltou a se encostar em sua poltrona.
— É, acho que não será fácil. Você é o oposto dela. – Resmungou Beneditte, suspirando fundo, continuando a falar em seguida. — Lembre-se, sorrir sempre e sem doçura., mostrando autoridade. Não deixem que te vejam nua, a final, você é mais magra.
— Pode deixar. A partir de agora, serei Fiorella Scopelli! – Disse Cecília, respirando fundo.
— Não! A partir de agora, você será a senhora Scopelli e não Fiorella. Ela usava o primeiro nome apenas como meio artístico. – Respondeu Beneditte, olhando fixamente para Cecília, que prendeu a respiração ao sentir uma enorme pressão nos ouvidos.
Aquela era a primeira vez que Cecília estava em um avião.
Fiorella havia cuidado de todos os detalhes sorrateiramente; para que aquela viagem acontecesse.
Quando Cecília concordou, ela não sabia, mas seus dados já haviam sido roubados por Fiorella, que agiu meticulosamente contra ela.
Fiorella comprou uma passagem para a Rússia no nome da então garota, com Ronald, amante de Fiorella. Ela agendou, em seguida, um voo de volta para Itália em seu próprio nome. Dessa forma, Hugo não desconfiaria.
Cecília estava realmente integrada ao personagem; os cabelos estavam ondulados e com um laranja vivo. Os olhos azuis brilhantes, foram necessários ser tampados por uma lente acinzentada, apenas para diminuir o brilho.
Foi Fiorella quem cuidou desses detalhes também.
Só tinha um problema; Cecília tinha lindas sardas no rosto. Graças a maquiagem que Fiorella usava, nunca foram vistas uma se quer.
Ela tinha um certo preconceito com sua aparência e algumas coisas, Fiorella resolveu cirurgicamente. Até mesmo ela, invejou o corpo de Cecília, quando a viu nua.
Ela sabia que, a garota que ocuparia seu lugar, tinha uma aparência sexy e pura, da forma que deixaria todos encantados, principalmente Hugo.
Mas a partir daquele momento, o eu Hugo fizer com Cecília não era problema mais dela, a final, ela achou justo a garota ser entregue de bandeja, já que viveria com ele.
Não se tem uma vida boa, sem sacrifícios; pensou Fiorella, antes de sair do salão sem se despedir.
No avião, já haviam se passado bastante tempo. Cecília ouviu com atenção, tudo o que Beneditte havia dito. Ela foi ensinada sobre como deveria andar, assistiu a alguns vídeos de Fiorella desfilando no tapete vermelho e até mesmo sobre a forma de como a artista italiana tratava as pessoas.
Ela, também, aprendeu sobre o nome e personalidade de cada parente. Dos que Fiorella gostava e sobre as que ela não suportava; como Mirella e Cássia.
Beneditte também, mostrou fotos da casa, das estilistas particulares e até mesmo sobre o amigo gay, que arrumava o cabelo de Fiorella com frequência.
Cecília se intrigou e sorriu, deixando sua companheira confusa; ela pensou que, toda a personalidade que ela detestava, estava vendo diante de seus olhos, em uma gêmea.
Depois de tantas horas estudando, eles se alimentaram e Cecília acabou pegando no sono. Ela teve os eletrônicos trocados e cada último detalhe estava sendo cuidado por Beneditte, já que estavam se aproximando de seu destino.
Aeroporto de Palermo, 10:00 AM.
Assim que chegaram na Itália, Cecília sentiu-se desconfortável. O fuso horário havia arrancado seis horas de seu dia e parecia surreal para ela.
Antes de desembarcarem, Beneditte deu seus últimos retoques, colocando máscaras, goro e até mesmo touca nos cabelos. Ela havia informado sobre uma possível confusão no aeroporto, já que Fiorella causou isso, para saber se ela chegaria na Itália como haviam combinado.
Claro que, a desculpa seria o fim da turnê, da estrela revelação de toda Sicília.
— Fiorella, preciso te contar uma coisa. – Disse Beneditte, terminando com os últimos detalhes. — Não fique brava comigo, mas eu só poderia te contar quando chegássemos aqui.
— O que foi? Eu por acaso serei vendida para um traficante? – Perguntou Cecília, assustada. — Eu tenho hepatite e meu fígado já está quase acabado.
A italiana sorriu, ao ouvir aquilo. Ela pensou até em ajudar Cecília, pois havia cuidado dela.
— Você é casada. – Disse Beneditte, prendendo os olhos por lamentação.
— Eu sei. E ele é bem bonito! – Respondeu Cecília com humor, fazendo a italiana abrir os olhos assustada.
— Você sabia? – Perguntou Beneditte, espantada.
— Achei as fotos no celular dela. Bom, acho que precisamos ir, não é? – Disse Cecília, já entrando no personagem. Ela foi na frente e os seguranças carregaram todas as malas da mulher, indo atrás dela em seguida.
Assim que Cecília desceu as escadas, ela sentiu um arrepio em sua pele, ao ver um homem parado em sua frente, com uma expressão séria.
Era como se ela estivesse em um dos filmes que gostava de assistir aos finais de semana, sobre máfias e gângster; mas sem fugir da realidade, pois Cecília sabia que na realidade era diferente das ilusões da televisão.
O homem dava dois de Cecília; ele usava um terno cinza que realçava seu corpo e que por falar nisso, foi uma das coisas que mais chamou a atenção em Cecília.
Ele era forte, de ombros largos, pernas e cochas torneadas e tinha um belo traseiro.
Quando ela subiu os olhos, não dava para ver seus olhos através dos óculos escuros, mas ela viu que ele tinha uma linda silhueta.
Cecília suspirou e logo se aproximou, vendo um lindo sorriso nos lábios do homem.
— Como foi a viagem, senhora? – Perguntou o homem, abrindo os braços.
— Foi bem querid... - Antes que ela respondesse, Beneditte a cutucou e cochichou.
— Esse é o primo. Ele é chamado assim, porque é o braço direito do seu marido. Chame-o de Ítalo. – Disse a italiana em um tom baixo, apontando em outra direção. — Aquele é seu marido.
Quando Cecília se virou, se espantou com a cena; um homem, de terno grafite, com o corpo duas vezes mais robusto que ítalo, se aproximava.
Dava para sentir o poder a quilômetros, Hugo estava indo na direção de Cecília, acompanhado por mais três homens bem vestidos.
Ele arrancaria suspiros de todos ali, se não conhecessem a fria personalidade do homem, junto a sua péssima reputação. Só que isso, não tirava os traços atraentes do homem.
A aparência dele, era melhor do que a de Ítalo; o chefe deles, tinha mais pernas e braços, era mais robusto e tinha uma áurea negra. Um olhar de Hugo, já era o suficiente para que muitos se sentissem intimidados; menos Fiorella.
— Primo! – Disse Hugo, deixando seus homens e caminhando até a nova Fiorella. Ele estranhou, sua esposa não sorrir e o cumprimentar como sempre e então, ele travou o maxilar, tirando os óculos em seguida.
— "Mia Moglie" como foi a viagem? – Perguntou Hugo, encarando a ruiva de cima a baixo, notando algumas diferenças no corpo dela. Ele achou que, a esposa estava mais magra do que o costume e também abatida.
— Senhor Scopelli! – Respondeu ela em um tom frio, agradando ao homem em sua frente. Ela o olhava nos olhos e ao invés de sentir medo, Cecília se encantou com a beleza dele.
Ela não deveria julgar o livro pela capa!
Hugo a abraçou e depositou um beijo no topo da cabeça dela, inalando o perfume de seus cabelos. Não tinha amor ali, mas ele ainda teria que encenar, para que ninguém percebesse sua fúria.
— Espero que tenha descansado e aproveitado bastante, porque a partir de agora, não terá um dia de paz. – Cochichou Hugo, fazendo com que o corpo todo de Cecília se estremecesse.
Naquele momento, ela entendeu o porquê de Fiorella ter escondido sobre o marido. Ele parecia um homem perverso, mesmo encenando o contrário.
Hugo deu de costas e ao perceber que sua esposa não o seguia, ele a olhou por cima do ombro e sorriu para ela.
— Vamos, tenho uma surpresa para você. Aposto que está ansiosa para chegar em casa!
Comuna Catânia, Sicília- ItáliaA cidade é bonita, realmente um paraíso para os olhos. Eram como nas pinturas; as casas baixas e com aparência antiga.Tinham praças, igrejas antigas e até mesmo o clima que passava, era como se estivessem em um tempo antigo.Cecília estava admirada, ela tentou ao máximo esconder a reação de encanto, sendo quase pega pelo então marido.— Quem é você? – Perguntou Hugo, se virando para a olhar. Naquele momento, até mesmo Cristovam, os encarou pelo retrovisor interno.— O quê? – Perguntou a ruiva, o olhando confusa. Hugo sentiu a diferença e sorriu, fingindo ser uma piada.— Acho que estava com saudades de casa, não é mesmo? – Perguntou ele, segurando a mão de Cecília. Ele vincou as sobrancelhas e permaneceu mais um tempo daquela forma, estranhando o comportamento dela.Ele sabia que, havia algo de errado. Fiorella sempre achou essas coisas de casais, um tanto antiquado e por isso, não demonstrava afeto.Hugo se sentiu curioso e virou o rosto, levando a at
Cecília começou a ouvir passos junto a sussurros pelo quarto; quando ela abriu os olhos, não fazia ideia de que já havia amanhecido e ao ver algumas mulheres andando pelo lugar, ela se sentou imediatamente e se cobriu.— Quem são vocês? – Perguntou Cecília, se escondendo dentro da coberta, deixando apenas partes do rosto a vista.— Desculpe por termos a acordado, senhora. Foi ordem do senhor Scopelli, para virmos limpar toda bagunça. – Quando uma das funcionárias disse aquilo, Cecília levou os olhos pela parede, notando que não havia nada mais, pendurado ali.— Foram vocês? Vocês viram tudo? – Perguntou Cecília, preocupada. A mulher e as outras três, que estavam uniformizadas de forma idênticas como camareira, as olharam confusas, pensando que, talvez, Fiorella estivesse atordoada.— O que há de errado com a parede, senhora? – Perguntou Genevive, a chefe das empregadas. Ela era considerada assim, porque estava a mais tempo na casa, do que as demais.Cecília as olhou e então, suspirou
Aquela sensação que Cecília teve; era como se o peito dela se comprimisse, fazendo-a esquecer de respirar.Por que aquele homem era daquela forma? Ela se perguntou.Cecília virou o rosto lentamente para o olhar e então, os olhos enraivados e escurecidos de Hugo, estavam sobre ela.— D-desculpa, eu pensei que tivesse a chave da biblioteca. – Quando Cecília se justificou, com a voz trêmula, Hugo sorriu e tirou uma chave do bolso, estendendo a ela.— Aqui está, amor. – Disse ele, a vendo pegar, mas antes que Cecília a alcançasse, Hugo recolheu o braço. — Mas por que você iria até lá, se foi sua, a ordem de desfazer dela uma vez?Assim que Hugo disse aquilo, Cecília sentiu-se desconfortável; seria impossível conseguir uma desculpa tão rápida, ela pensou.— Eu disse? Não sei, apenas me senti entediada e decidi rever o lugar! – Respondeu ela com rispidez, tomando a chave de Hugo.Quando ela ia dando de costas para o homem, Cecília sentiu sua cintura ser segurada com força e então, ela foi g
Já haviam se passado os três dias de limite, que Hugo havia dado a Cecília; não tinha jeito, ela teria que ir ao médico para exames, assim que amanhecesse. A ruiva estava aflita, faziam dois desses dias, que ela não tinha notícias do então marido.— Senhora, precisa de mais alguma coisa? – Pergunto Genevive, a governanta.Cecília havia acabado de sair do quarto, com mais um dos livros que recebeu, em mãos.Já se passava do jantar; a maioria dos funcionários havia se recolhido e Cecília havia descido as escadas, para fazer a sua leitura no jardim.Ela olhou para Genevive e sorriu simplista, por ser pegada em flagrante.— Não! Só vou ao jardim. Não se preocupe e continue o que estava fazendo. – Disse ela, tentando ser ríspida, mas ainda assim, ela acabava se saindo fofa sem nem mesmo perceber.Cecília usava um vestido longo branco, que ela gostava de usar para dormir; ela não tinha muitas vestes adequadas e foi a mais descente que ela encontrou nas coisas de Fiorella.Ela segurava as ba
Já estava de manhã e Cecília não havia conseguido dormir. Ela havia se mexido incontáveis vezes, procurando uma boa posição para descansar.Mas como ela poderia dormir, com aqueles pensamentos?A imagem de Hugo, sem camisa não saía da cabeça da ruiva. Ela sabia que não deveria se sentir daquela forma, mas não era como se pudesse controlar.Cecília bateu as pernas na cama, agindo feito uma criança em sua crise de pirraça.— O que eu faço agora? – Perguntou ela, se lembrando de que, o mesmo homem por quem ela estava se sentindo atraída, tinha o poder para tirar a vida dela.Que ironia, não?Hesitante, Cecília ainda permaneceu deitada, esperando que o tempo passasse, mas de repente, ela foi interrompida de seus devaneios por alguém batendo na porta.— Senhora? – Perguntou Giovana, abrindo uma fresta da porta. — A senhora tem visita!— Visitas? – Perguntou Cecília, se levantando da cama com rapidez. Ela caminhou até a porta e olhou diretamente para a empregada. — Quem é?— Está lá em
A situação parecia estar a favor de Cecília.Ela havia se sentado à mesa para tomar o desjejum, sob ordem de Hugo e enquanto eles comiam tranquilos, Ítalo entrou na sala de jantar os interrompendo.— "Don"– Chamou primo, olhando espantado para a ruiva ao lado de seu amigo.— Seja direto, primo! – Rosnou Hugo o observando.O homem ajustou a postura e encarou Hugo, voltando de seus pensamentos confusos. Ele, por um instante, achou estranho ter visto Fiorella a mesa com o amigo, mas teve que ignorar.— Está tudo pronto! Partiremos em uma hora. – Disse ele, olhando para a ruiva mais uma vez e com o cenho enrugado.— Certo. Onde está Katherine? – Perguntou ele, confuso. Ele se referia a amiga de Mirella, que era estilista e faria um lindo vestido para Fiorella.Hugo não o olhou diretamente ao fazer a pergunta, ele segurou a xícara de café e levou aos lábios, esperando que o amigo pronunciasse.— Luigi já cuidou disso. Ela estará lá, esperando pela senhora Scopelli. – Disse ele, tendo os ol
Cecília se instabilizou por um instante, mas sorriu fraco o olhando.— Ótimo, assim descansamos juntos. – Disse ela, com um tom firme, olhando em seguida para Katherine. Ela fez aquilo propositalmente, fingindo estar com ciúmes e foi nesse momento, que todos estremeceram.Sabiam que a indomável Fiorella estava de volta.Hugo a guiou até o final do corredor passando pelo enorme salão de festa da sala de jantar e então, foi na frente guiando Cecília pelas escadas.A ruiva olhou admirada para cada detalhe da decoração do lugar; era uma casa grande e luxuosa; parecia como um enorme castelo.Cecília acabou se entregando mais uma vez, ao olhar tudo com admiração, principalmente quando seus olhos brilharam ao notar o enorme lustre que ia do teto, até a altura da escada, iluminando tudo.— Cuidado, vão achar que é a primeira vez que está vendo isso. – Disse Hugo, a fazendo gelar.— Já vi maiores que nem me lembrava desse. – Disse ela, com a voz desdenhosa, mas interiormente, Cecília estava um
Hugo sorriu, lascivamente, inebriado e cheio de expectativas.Ele se permitiu ser domado por aquela fera, que logo o puxou para perto e selou os lábios deles começando sem muito contato. Quando se afastaram para se olhar, foi a vez de Hugo mostrar a fera que habitava dentro dele.Hugo a beijou com vontade e quando estava prestes a agarra-la, forçou a ponta dos dedos na cintura de Cecília, tentando se conter.Ele respirou de forma pesada e encostou a testa da dela, os mantendo daquela forma.— Acho melhor sairmos daqui! – Disse ele, com um tom aveludado, sorrindo para ela.Cecília estava tentando se recuperar, mas assentiu concordando. Se ela não tomasse aquela coragem toda de uma vez, iria acabar desistindo de seu plano.Assim que ela teve a mão segurada e foi puxada por Hugo para fora dali ela agradeceu mentalmente por sua amiga ter a ajudado.Mas algo não estava se encaixando. Por que ela não havia avistado Beneditte em lugar algum?Cecília e Hugo subiram os degraus da escada com cl