Cecília começou a ouvir passos junto a sussurros pelo quarto; quando ela abriu os olhos, não fazia ideia de que já havia amanhecido e ao ver algumas mulheres andando pelo lugar, ela se sentou imediatamente e se cobriu.
— Quem são vocês? – Perguntou Cecília, se escondendo dentro da coberta, deixando apenas partes do rosto a vista.
— Desculpe por termos a acordado, senhora. Foi ordem do senhor Scopelli, para virmos limpar toda bagunça. – Quando uma das funcionárias disse aquilo, Cecília levou os olhos pela parede, notando que não havia nada mais, pendurado ali.
— Foram vocês? Vocês viram tudo? – Perguntou Cecília, preocupada. A mulher e as outras três, que estavam uniformizadas de forma idênticas como camareira, as olharam confusas, pensando que, talvez, Fiorella estivesse atordoada.
— O que há de errado com a parede, senhora? – Perguntou Genevive, a chefe das empregadas. Ela era considerada assim, porque estava a mais tempo na casa, do que as demais.
Cecília as olhou e então, suspirou fundo, cobrindo o rosto com as mãos. De repente, uma voz fria e grossa, soou no cômodo como um trovão.
— Podem sair! – Disse Hugo, se escorando na porta. As mulheres, começaram a se agitar, pegando todos os baldes e produtos que estavam pelos cantos, saindo em seguida.
Hugo fechou a porta e caminhou até as janelas, fechando as cortinas em seguida.
Ele se virou, vendo que sua esposa ainda permanecia escondida por dentro das cobertas e então, foi até ela, as puxando em seguida.
— Levanta e se lave, vamos sair! – Disse ele, com um tom frio.
Cecília levantou os olhos marejados até o homem na sua frente e então, o viu vincar a testa. Hugo pensou naquele instante, que nunca havia visto sua mulher sem maquiagem antes e que ela parecia mais bonita do que o normal.
Ele vacilou por um instante e quando lembrou o que a mulher havia feito, voltou a olhá-la com fúria.
— Eu disse, levanta! – Falou ele, com grosseria.
— Aonde vamos? – Perguntou Cecília, com a voz trêmula.
— Ao médico. Preciso saber se você não adquiriu alguma doença, estando fora. A final, quem garante que foi apenas com ele?! – Disse Hugo com o ódio no olhar. Assim que ele deu de costas, Cecília tentou o seu melhor para o impedir.
Ela pensou, o que Fiorella faria nesse momento?
— Eu não vou! – Disse ela, com autoridade, olhando para Hugo. O homem, que nunca aceitava ser contrariado, se virou para a olhar e vincou as sobrancelhas, indo até ela novamente.
— O que disse? – Perguntou ele, furioso e entre dentes.
— Eu disse que não vou! Você não tem o direito de me forçar a abrir as pernas para um médico, só porque você quer! Por que não verifica por si só? – Disse Cecília, fingindo se desfazer da camisola, mas ao olhar Hugo, viu um sorriso estranho nos lábios dele.
— É melhor arrumar outra desculpa para se deitar comigo, essa não é interessante. – Disse ele, puxando a roupa dela para baixo, evitando vê-la nua.
Mas ao notar um suspiro aliviado de sua esposa, Hugo complementou.
— Você vai ao médico.
— Eu não posso! As minhas "regras" desceram. – Disse Cecília, com calma e o olhando nos olhos.
— Quando? Quando desceram? – Perguntou ele, indo até as coisas dela, vendo se haviam tampões, mas se surpreendeu ao achar um pacote higiênico.
Ele segurou o pacote em mãos e estranhou o comportamento de sua mulher ter mudado tanto. Ela não usava aqueles tipos de coisa e conforme o remédio que ela tomava para não ter filhos, raramente ficava naqueles dias.
— Ah, hoje é claro. Eu estou tão fraca que meu ciclo acabou se descontrolando. Quer passar essa vergonha para o médico? – Perguntou Cecília, tomando o pacote das mãos dele.
— FIORELLA, TRÊS DIAS! – Disse Hugo, alterado. Ele a olhou mais uma vez e deu de costas, saindo do quarto.
Cecília respirou fundo e começou a procurar seu celular por todo quarto, para tentar entrar em contato com Beneditte, a final, ela também era responsável por Cecília estar em uma enroscada.
Cecília revirou tudo e não achou o aparelho. Ela, então, ficou olhando pela janela e viu que Hugo havia saído com um de seus capangas e então, ela abriu a porta com suavidade, caminhando em passos leves até a biblioteca ao lado.
Ela estava trancada e era a única esperança de Cecília; provavelmente o lugar teria um computador, ela pensou.
Ainda decidida a livrar a sua pele, ela foi até a porta do quarto de Hugo, entrando no lugar em seguida.
— Por onde começo? – Se perguntou ela, indo até as escrivaninhas da cama. Cecília mexeu em tudo, não achando nem a chave, muito menos um celular.
De repente, ela olhou para o closet e decidiu ir até lá. Assim que entrou, Cecília se surpreendeu com tamanha organização. Havia um lugar certo para as camisas, sapatos, gravatas e até relógios.
Ela pensou, se ele era tão detalhista em mínimos detalhes, imagina em seus negócios?
Aquilo a arrepiou.
Quando ela se virou, achou uma caixa branca, perto dos sapatos. Cecília imaginou que talvez fosse seus pertences, mesmo sendo impossível que fosse verdade.
Ela, então, caminhou até lá e ao tirar a tampa, sorriu desacreditada, por encontrar o celular e os documentos de Fiorella.
— Anda, liga! – Disse ela, apertando o botão da lateral. O aparelho, em seguida, deu sinal de carga e ligou, mas para a surpresa dela, a porta do quarto foi aberta.
Cecília se desesperou e se escondeu atrás da porta, escutando passos até o lugar.
Ela sentiu o medo tomar conta de seu corpo e a primeira coisa que pensou em fazer, foi colocar o telefone no silencioso. Em seguida, ela clicou no número de Beneditte, e digitou com uma só mão um "S.O.S".
Quando ela olhou pela greta da porta, viu Hugo se despindo; ele parecia ter sujado a camisa e estava a trocando. A questão era que, o homem é mais esperto do que parecia.
Ele se virou e notou que, a porta dos sapatos estava desalinhada e então, Hugo as ajeitou olhando desconfiado para a caixa branca.
Hugo respirou fundo e foi até a mesa de relógios para trocar o que estava em seu pulso, saindo em seguida.
Cecília respirou aliviada, ao ouvir a porta ser encostada e então, foi até a caixa, guardar o aparelho novamente.
Ela havia apagado as mensagens e desligado o celular.
Assim que ela teve a certeza de que Hugo havia saído, a ruiva saiu do closet em passos leves, com medo de que alguém desconfiasse e ao passar pelo arco da porta, sentiu seu corpo se congelar, ao ver Hugo encostado na parede ao lado, com os braços cruzados.
— Estava tramando algo?
Aquela sensação que Cecília teve; era como se o peito dela se comprimisse, fazendo-a esquecer de respirar.Por que aquele homem era daquela forma? Ela se perguntou.Cecília virou o rosto lentamente para o olhar e então, os olhos enraivados e escurecidos de Hugo, estavam sobre ela.— D-desculpa, eu pensei que tivesse a chave da biblioteca. – Quando Cecília se justificou, com a voz trêmula, Hugo sorriu e tirou uma chave do bolso, estendendo a ela.— Aqui está, amor. – Disse ele, a vendo pegar, mas antes que Cecília a alcançasse, Hugo recolheu o braço. — Mas por que você iria até lá, se foi sua, a ordem de desfazer dela uma vez?Assim que Hugo disse aquilo, Cecília sentiu-se desconfortável; seria impossível conseguir uma desculpa tão rápida, ela pensou.— Eu disse? Não sei, apenas me senti entediada e decidi rever o lugar! – Respondeu ela com rispidez, tomando a chave de Hugo.Quando ela ia dando de costas para o homem, Cecília sentiu sua cintura ser segurada com força e então, ela foi g
Já haviam se passado os três dias de limite, que Hugo havia dado a Cecília; não tinha jeito, ela teria que ir ao médico para exames, assim que amanhecesse. A ruiva estava aflita, faziam dois desses dias, que ela não tinha notícias do então marido.— Senhora, precisa de mais alguma coisa? – Pergunto Genevive, a governanta.Cecília havia acabado de sair do quarto, com mais um dos livros que recebeu, em mãos.Já se passava do jantar; a maioria dos funcionários havia se recolhido e Cecília havia descido as escadas, para fazer a sua leitura no jardim.Ela olhou para Genevive e sorriu simplista, por ser pegada em flagrante.— Não! Só vou ao jardim. Não se preocupe e continue o que estava fazendo. – Disse ela, tentando ser ríspida, mas ainda assim, ela acabava se saindo fofa sem nem mesmo perceber.Cecília usava um vestido longo branco, que ela gostava de usar para dormir; ela não tinha muitas vestes adequadas e foi a mais descente que ela encontrou nas coisas de Fiorella.Ela segurava as ba
Já estava de manhã e Cecília não havia conseguido dormir. Ela havia se mexido incontáveis vezes, procurando uma boa posição para descansar.Mas como ela poderia dormir, com aqueles pensamentos?A imagem de Hugo, sem camisa não saía da cabeça da ruiva. Ela sabia que não deveria se sentir daquela forma, mas não era como se pudesse controlar.Cecília bateu as pernas na cama, agindo feito uma criança em sua crise de pirraça.— O que eu faço agora? – Perguntou ela, se lembrando de que, o mesmo homem por quem ela estava se sentindo atraída, tinha o poder para tirar a vida dela.Que ironia, não?Hesitante, Cecília ainda permaneceu deitada, esperando que o tempo passasse, mas de repente, ela foi interrompida de seus devaneios por alguém batendo na porta.— Senhora? – Perguntou Giovana, abrindo uma fresta da porta. — A senhora tem visita!— Visitas? – Perguntou Cecília, se levantando da cama com rapidez. Ela caminhou até a porta e olhou diretamente para a empregada. — Quem é?— Está lá em
A situação parecia estar a favor de Cecília.Ela havia se sentado à mesa para tomar o desjejum, sob ordem de Hugo e enquanto eles comiam tranquilos, Ítalo entrou na sala de jantar os interrompendo.— "Don"– Chamou primo, olhando espantado para a ruiva ao lado de seu amigo.— Seja direto, primo! – Rosnou Hugo o observando.O homem ajustou a postura e encarou Hugo, voltando de seus pensamentos confusos. Ele, por um instante, achou estranho ter visto Fiorella a mesa com o amigo, mas teve que ignorar.— Está tudo pronto! Partiremos em uma hora. – Disse ele, olhando para a ruiva mais uma vez e com o cenho enrugado.— Certo. Onde está Katherine? – Perguntou ele, confuso. Ele se referia a amiga de Mirella, que era estilista e faria um lindo vestido para Fiorella.Hugo não o olhou diretamente ao fazer a pergunta, ele segurou a xícara de café e levou aos lábios, esperando que o amigo pronunciasse.— Luigi já cuidou disso. Ela estará lá, esperando pela senhora Scopelli. – Disse ele, tendo os ol
Cecília se instabilizou por um instante, mas sorriu fraco o olhando.— Ótimo, assim descansamos juntos. – Disse ela, com um tom firme, olhando em seguida para Katherine. Ela fez aquilo propositalmente, fingindo estar com ciúmes e foi nesse momento, que todos estremeceram.Sabiam que a indomável Fiorella estava de volta.Hugo a guiou até o final do corredor passando pelo enorme salão de festa da sala de jantar e então, foi na frente guiando Cecília pelas escadas.A ruiva olhou admirada para cada detalhe da decoração do lugar; era uma casa grande e luxuosa; parecia como um enorme castelo.Cecília acabou se entregando mais uma vez, ao olhar tudo com admiração, principalmente quando seus olhos brilharam ao notar o enorme lustre que ia do teto, até a altura da escada, iluminando tudo.— Cuidado, vão achar que é a primeira vez que está vendo isso. – Disse Hugo, a fazendo gelar.— Já vi maiores que nem me lembrava desse. – Disse ela, com a voz desdenhosa, mas interiormente, Cecília estava um
Hugo sorriu, lascivamente, inebriado e cheio de expectativas.Ele se permitiu ser domado por aquela fera, que logo o puxou para perto e selou os lábios deles começando sem muito contato. Quando se afastaram para se olhar, foi a vez de Hugo mostrar a fera que habitava dentro dele.Hugo a beijou com vontade e quando estava prestes a agarra-la, forçou a ponta dos dedos na cintura de Cecília, tentando se conter.Ele respirou de forma pesada e encostou a testa da dela, os mantendo daquela forma.— Acho melhor sairmos daqui! – Disse ele, com um tom aveludado, sorrindo para ela.Cecília estava tentando se recuperar, mas assentiu concordando. Se ela não tomasse aquela coragem toda de uma vez, iria acabar desistindo de seu plano.Assim que ela teve a mão segurada e foi puxada por Hugo para fora dali ela agradeceu mentalmente por sua amiga ter a ajudado.Mas algo não estava se encaixando. Por que ela não havia avistado Beneditte em lugar algum?Cecília e Hugo subiram os degraus da escada com cl
Já havia amanhecido.Cecília sentiu a pele de seu rosto ser tocada e boa parte do que Hugo cochichava, ela não conseguia acompanhar, pela sonolência. Os toques que ela recebeu, foram o suficiente para que ela se sentisse mal, pois sabia que, ele havia dormido com Fiorella e não com ela.Aquilo a deixou tão mal e confusa, que Cecília hesitou em abrir os olhos. Ela só pôde respirar aliviada, quando ouviu algumas batidas na porta e viu que Hugo se levantou para atender.— Senhor, temos problemas. – Disse Luigi, o segundo homem de confiança de Hugo.— Avisem todos, eu já estou indo. – Respondeu Hugo, fechando a porta em seguida.Ele inspirou forte e se vestiu rapidamente. Em seguida, Hugo se aproximou da cama e Cecília nem precisava abrir os olhos para saber que ele a encarava, ela sentia a pele de seu corpo queimar e então, finalmente ouviu os passos dele para fora do quarto .— Minha nossa! – Disse Cecília, se sentando na cama.Ela sentiu um desconforto em seu corpo; tudo estava dolor
Orfanatrofio de Sambuca di Sicilia –O Dodge Caliber preto de Hugo encostou no local, sendo acompanhado por mais dois; estavam todos bem vestidos e abusando do poder de Hugo, para conseguir o que precisavam.Bem na entrada, os oito homens bem vestidos e emanando poder, foram recebidos por uma madre e mais duas freiras.Elas eram as mais velhas daquele antigo orfanato.— A benção, madre. – Disse Hugo, com sarcasmo.— O que te traz aqui novamente? – Disse a mais velha, com uma voz rouca e cansada. A mulher, olhou para todos os homens e sem se sentir ameaçada, seu de costas.Hugo olhou para seus homens, comunicando com eles através de suas expressões e entrou, seguindo a mulher mau humorada.Eles entraram em uma sala escura e então, a senhora foi até as janelas abrir as cortinas e se sentou na mesa, o encarando.— Você é teimoso e ganha as coisas ameaçando pessoas, mas não se esqueça de que aqui, não é você quem manda, rapaz. Acha que não sei sobre sua má fama? – Disse ela, com grosseria