Capitolo Quarto: Entendendo tudo

Comuna Catânia, Sicília- Itália

A cidade é bonita, realmente um paraíso para os olhos. Eram como nas pinturas; as casas baixas e com aparência antiga.

Tinham praças, igrejas antigas e até mesmo o clima que passava, era como se estivessem em um tempo antigo.

Cecília estava admirada, ela tentou ao máximo esconder a reação de encanto, sendo quase pega pelo então marido.

— Quem é você? – Perguntou Hugo, se virando para a olhar. Naquele momento, até mesmo Cristovam, os encarou pelo retrovisor interno.

— O quê? – Perguntou a ruiva, o olhando confusa. Hugo sentiu a diferença e sorriu, fingindo ser uma piada.

— Acho que estava com saudades de casa, não é mesmo? – Perguntou ele, segurando a mão de Cecília. Ele vincou as sobrancelhas e permaneceu mais um tempo daquela forma, estranhando o comportamento dela.

Ele sabia que, havia algo de errado. Fiorella sempre achou essas coisas de casais, um tanto antiquado e por isso, não demonstrava afeto.

Hugo se sentiu curioso e virou o rosto, levando a atenção para a vista na janela. Eles ainda estavam de mãos dadas e ele queria saber mais, sobre o que estava acontecendo.

— Achei que ficaria mais um mês, por que decidiu vir logo? – Perguntou ele, sem a encarar, porém, ele apertava mais a mão dela. — Onde está sua aliança?

— Ah, isso...! – Respondeu Cecília, puxando a mão. — Eu acabei perdendo ao passar pelo detector de metais. Me desculpa!

— Te desculpar? – Perguntou Hugo, se virando para a olhar. — Claro amor. Sorte de quem achou um diamante tão grande, não acha?

— Claro! Tomara que façam bom uso! – Respondeu Cecília, virando para o vidro, na tentativa de esconder o nervosismo.

Hugo soltou a mão dela e se virou também, controlando a sua ira.

— Era Rubi! – Resmungou Hugo, em forma de cochicho.

Hugo começou a analisar Fiorella com atenção. Ele queria tentar entender o que estava acontecendo para que a ruiva estivesse tão desatenta. Ele achou que, talvez, a esposa tivesse adoecido e sofrido com algo, que tenha afetado diretamente a personalidade dela.

Por isso, ele decidiu que, assim que chegassem em casa, ele a deixaria descansar, mas algo também estava errado. Fiorella gostava da casa luxuosa em Palermo e não de Catânia.

Ela era uma construção mais convencional, ao invés de se parecer com um antigo castelo próximo às ruínas da cidade.

Hugo percebeu um então silêncio no veículo e ao passar os olhos na garota ao seu lado, ele notou uma mancha no pescoço dela. Sentindo-se instigado, ele se virou para a olhar e notou que, ela tinha uma marca preta atrás da orelha.

Aquela cena foi inusitada, já que Hugo nunca havia acariciado sua esposa em público. Ele não resistiu em passar a ponta dos dedos para afastar os fios alaranjados, encontrando atrás da orelha dela, uma meia-lua nova.

Hugo vincou a testa e ainda mantendo os dedos ali, se perguntou algumas vezes, de onde ele conhecia aquela marca.

Cecília se moveu, despertando-se do sono e ao sentir que alguém a tocava, abriu os olhos, tendo os de Hugo bem próximo.

— Chegamos. – Disse Hugo, em um tom baixo. Ele tinha um olhar que dava medo em muitos; era firme e gélido, mas Cecília achou estranho e, no fundo, ela não via daquela forma.

Assim que os dois desceram do carro, Hugo foi na frente, deixando a ruiva para trás. Ele havia sentido algo estranho quando se aproximou da nova Fiorella,

Quando Cecília passou pela porta, duas mulheres uniformizadas vieram ao seu encontro.

— Senhora! – Disseram as duas, se reverenciando.

Cecília passou os olhos por todo o lugar a procura de Hugo e ao ver que o homem já havia desaparecido, decidiu então, usar aquela oportunidade ao seu favor.

Ela lembrou dos conselhos de Beneditte e decidiu colocá-lo em prática.

— Levem minhas bagagens aos meus aposentos. – Disse ela, com um tom fio e autoritário.

Cecília respirou aliviada e as acompanharam, para saber onde ficava seu quarto. Assim que ela chegou ao topo da escada, viu Hugo escorado no guarda corpo, a observando detalhadamente.

— Por que não me esperou? – Perguntou Cecília, puxando assunto. Hugo sorriu e se afastou da proteção, indo até ela.

— Acho que, o fuso horário acabou lhe afetando um pouco. Que tal relaxar? – Perguntou ele, a estendendo a mão.

Cecília a princípio, se assustou com a atitude serena do homem, mas sentiu que deveria se manter alerta.

Ele havia a ameaçado mais cedo, por que parecia tão calmo?

Cecília se perguntava o tempo todo, o que Fiorella havia feito de tão grave, para estar fugindo do marido. Determinada a descobrir sobre isso, Cecília tentou seus truques mais uma vez, se desfazendo do homem a sua frente.

— Como você mesmo disse, estou cansada, com licença. – Disse ela, passando direto por ele, o deixando com a mão esticada.

Hugo abaixou a mão e se virou, rindo enquanto a observava caminhar até o quarto.

Assim que a ruiva passou pelo arco da porta, entrando no cômodo, Hugo entrou atrás dela, trancando a porta em seguida.

— O que você está fazendo? – Perguntou Cecília, se assustando ao sentir seu corpo ser empurrado contra a parede.

Hugo estava furioso e quando ele chegava nesse estado, era impossível que ele controlasse os ataques de raiva.

— Achou que eu não saberia de suas atividades extracurriculares, esposa? – Perguntou Hugo, apertando o pescoço de Cecília, a olhando com satisfação.

Ela começou a dar alguns t***s na mão dele para que fosse solta, mas ele estava já com os dentes cerrados e os olhos ensanguentados, a estrangulando.

— Eu tenho provas de cada momento em que você esteve com ele, coladas nessa parede. E você passará boa parte do seu tempo, as olhando e refletindo sobre o que fez, sua vadi**! – Disse Hugo, entre dentes a soltando em seguida.

Cecília caiu sem forças no chão, ela mal conseguia manter seus olhos abertos. Ela alisou a garganta para se livrar do desconforto, enquanto respirava fundo em busca de ar.

Cof, Cof! Tossiu ela algumas vezes, para tentar se recuperar.

Hugo se abaixou, ficando de frente para ela e a encarou, sorrindo de forma diabólica.

— Por que voltou de repente, hum? Quem te disse que eu estava atrás de você? – Perguntou Hugo, tirando uma caixa de cigarros de dentro do bolso da calça, levando um em seus lábios.

O homem, de olhar frio, pegou um isqueiro dourado e brincou com ele, antes de acender o cigarro, mas em nenhum momento, ele tirou os olhos dos dela.

Hugo sentiu que, aquela mulher em sua frente, nem ao menos tinha o mesmo olhar que a sua esposa e então, ele pensou que se talvez a pressionasse mais um pouco, ela diria a verdade.

Ele tragou o cigarro e inspirou a fumaça com pressão, sem nem mesmo tirar os olhos de Cecília. Era dessa forma que ele usava, para pressionar suas vítimas a se confessarem.

Talvez aquilo funcionaria com Cecília, mas como ela poderia contar algo do qual, não sabia?

— Eu- Senti saudades! – Disse ela, o deixando surpreso. Hugo até havia perdido a fala, por um mísero segundo, mas quando Cecília pensou que estivesse tudo bem, ele começou a gargalhar.

— Eu até acreditaria em você, se essas fotos da sua maravilhosa trepada, não existisse. – Disse ele, se levantando e tacando o cigarro no chão, pisando em cima com fúria, para o apagar.

A ruiva levou os olhos ao homem em sua frente, que andava de um lado para o outro, anunciando em Italiano, que queria matar o amante de sua esposa.

— "Voglio uccidere questo figlio di puttana"- Resmungou Hugo entre dentes, voltando a se abaixar perto de Cecília, a olhando de forma intimidadora.

— Eu não vou te perdoar! Você só sairá daqui, depois que eu descobrir o que fazer com você. – Disse Hugo, se levantando e saindo do quarto.

Cecília abraçou as pernas e começou a chorar de forma silenciosa, pelo medo que sentia percorrer seu corpo. Ela não fazia ideia de que a mulher que havia a prometido uma vida melhor, fosse capaz de coisas tão sórdidas, mesmo sabendo do que seu marido era capaz.

Com dificuldade, Cecília se levantou e foi até a parede de frente a cama, pegando as fotos e suas mãos. Ela tampou a boca ao ver cenas tão absurdas retratadas em suas mãos e então, ela jogou as fotos em um canto qualquer do quarto.

Aos prantos, Cecília deitou na cama e abraçou as pernas, ficando em posição fetal, se dando conta, em fim, do que estava acontecendo.

Ela percebeu haver caído em uma armadilha; Fiorella não havia a procurado por que queria lhe dar uma vida boa e sim, para poder se livrar daquele maldito homem.

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