Comuna Catânia, Sicília- Itália
A cidade é bonita, realmente um paraíso para os olhos. Eram como nas pinturas; as casas baixas e com aparência antiga.
Tinham praças, igrejas antigas e até mesmo o clima que passava, era como se estivessem em um tempo antigo.
Cecília estava admirada, ela tentou ao máximo esconder a reação de encanto, sendo quase pega pelo então marido.
— Quem é você? – Perguntou Hugo, se virando para a olhar. Naquele momento, até mesmo Cristovam, os encarou pelo retrovisor interno.
— O quê? – Perguntou a ruiva, o olhando confusa. Hugo sentiu a diferença e sorriu, fingindo ser uma piada.
— Acho que estava com saudades de casa, não é mesmo? – Perguntou ele, segurando a mão de Cecília. Ele vincou as sobrancelhas e permaneceu mais um tempo daquela forma, estranhando o comportamento dela.
Ele sabia que, havia algo de errado. Fiorella sempre achou essas coisas de casais, um tanto antiquado e por isso, não demonstrava afeto.
Hugo se sentiu curioso e virou o rosto, levando a atenção para a vista na janela. Eles ainda estavam de mãos dadas e ele queria saber mais, sobre o que estava acontecendo.
— Achei que ficaria mais um mês, por que decidiu vir logo? – Perguntou ele, sem a encarar, porém, ele apertava mais a mão dela. — Onde está sua aliança?
— Ah, isso...! – Respondeu Cecília, puxando a mão. — Eu acabei perdendo ao passar pelo detector de metais. Me desculpa!
— Te desculpar? – Perguntou Hugo, se virando para a olhar. — Claro amor. Sorte de quem achou um diamante tão grande, não acha?
— Claro! Tomara que façam bom uso! – Respondeu Cecília, virando para o vidro, na tentativa de esconder o nervosismo.
Hugo soltou a mão dela e se virou também, controlando a sua ira.
— Era Rubi! – Resmungou Hugo, em forma de cochicho.
Hugo começou a analisar Fiorella com atenção. Ele queria tentar entender o que estava acontecendo para que a ruiva estivesse tão desatenta. Ele achou que, talvez, a esposa tivesse adoecido e sofrido com algo, que tenha afetado diretamente a personalidade dela.
Por isso, ele decidiu que, assim que chegassem em casa, ele a deixaria descansar, mas algo também estava errado. Fiorella gostava da casa luxuosa em Palermo e não de Catânia.
Ela era uma construção mais convencional, ao invés de se parecer com um antigo castelo próximo às ruínas da cidade.
Hugo percebeu um então silêncio no veículo e ao passar os olhos na garota ao seu lado, ele notou uma mancha no pescoço dela. Sentindo-se instigado, ele se virou para a olhar e notou que, ela tinha uma marca preta atrás da orelha.
Aquela cena foi inusitada, já que Hugo nunca havia acariciado sua esposa em público. Ele não resistiu em passar a ponta dos dedos para afastar os fios alaranjados, encontrando atrás da orelha dela, uma meia-lua nova.
Hugo vincou a testa e ainda mantendo os dedos ali, se perguntou algumas vezes, de onde ele conhecia aquela marca.
Cecília se moveu, despertando-se do sono e ao sentir que alguém a tocava, abriu os olhos, tendo os de Hugo bem próximo.
— Chegamos. – Disse Hugo, em um tom baixo. Ele tinha um olhar que dava medo em muitos; era firme e gélido, mas Cecília achou estranho e, no fundo, ela não via daquela forma.
Assim que os dois desceram do carro, Hugo foi na frente, deixando a ruiva para trás. Ele havia sentido algo estranho quando se aproximou da nova Fiorella,
Quando Cecília passou pela porta, duas mulheres uniformizadas vieram ao seu encontro.
— Senhora! – Disseram as duas, se reverenciando.
Cecília passou os olhos por todo o lugar a procura de Hugo e ao ver que o homem já havia desaparecido, decidiu então, usar aquela oportunidade ao seu favor.
Ela lembrou dos conselhos de Beneditte e decidiu colocá-lo em prática.
— Levem minhas bagagens aos meus aposentos. – Disse ela, com um tom fio e autoritário.
Cecília respirou aliviada e as acompanharam, para saber onde ficava seu quarto. Assim que ela chegou ao topo da escada, viu Hugo escorado no guarda corpo, a observando detalhadamente.
— Por que não me esperou? – Perguntou Cecília, puxando assunto. Hugo sorriu e se afastou da proteção, indo até ela.
— Acho que, o fuso horário acabou lhe afetando um pouco. Que tal relaxar? – Perguntou ele, a estendendo a mão.
Cecília a princípio, se assustou com a atitude serena do homem, mas sentiu que deveria se manter alerta.
Ele havia a ameaçado mais cedo, por que parecia tão calmo?
Cecília se perguntava o tempo todo, o que Fiorella havia feito de tão grave, para estar fugindo do marido. Determinada a descobrir sobre isso, Cecília tentou seus truques mais uma vez, se desfazendo do homem a sua frente.
— Como você mesmo disse, estou cansada, com licença. – Disse ela, passando direto por ele, o deixando com a mão esticada.
Hugo abaixou a mão e se virou, rindo enquanto a observava caminhar até o quarto.
Assim que a ruiva passou pelo arco da porta, entrando no cômodo, Hugo entrou atrás dela, trancando a porta em seguida.
— O que você está fazendo? – Perguntou Cecília, se assustando ao sentir seu corpo ser empurrado contra a parede.
Hugo estava furioso e quando ele chegava nesse estado, era impossível que ele controlasse os ataques de raiva.
— Achou que eu não saberia de suas atividades extracurriculares, esposa? – Perguntou Hugo, apertando o pescoço de Cecília, a olhando com satisfação.
Ela começou a dar alguns t***s na mão dele para que fosse solta, mas ele estava já com os dentes cerrados e os olhos ensanguentados, a estrangulando.
— Eu tenho provas de cada momento em que você esteve com ele, coladas nessa parede. E você passará boa parte do seu tempo, as olhando e refletindo sobre o que fez, sua vadi**! – Disse Hugo, entre dentes a soltando em seguida.
Cecília caiu sem forças no chão, ela mal conseguia manter seus olhos abertos. Ela alisou a garganta para se livrar do desconforto, enquanto respirava fundo em busca de ar.
Cof, Cof! Tossiu ela algumas vezes, para tentar se recuperar.
Hugo se abaixou, ficando de frente para ela e a encarou, sorrindo de forma diabólica.
— Por que voltou de repente, hum? Quem te disse que eu estava atrás de você? – Perguntou Hugo, tirando uma caixa de cigarros de dentro do bolso da calça, levando um em seus lábios.
O homem, de olhar frio, pegou um isqueiro dourado e brincou com ele, antes de acender o cigarro, mas em nenhum momento, ele tirou os olhos dos dela.
Hugo sentiu que, aquela mulher em sua frente, nem ao menos tinha o mesmo olhar que a sua esposa e então, ele pensou que se talvez a pressionasse mais um pouco, ela diria a verdade.
Ele tragou o cigarro e inspirou a fumaça com pressão, sem nem mesmo tirar os olhos de Cecília. Era dessa forma que ele usava, para pressionar suas vítimas a se confessarem.
Talvez aquilo funcionaria com Cecília, mas como ela poderia contar algo do qual, não sabia?
— Eu- Senti saudades! – Disse ela, o deixando surpreso. Hugo até havia perdido a fala, por um mísero segundo, mas quando Cecília pensou que estivesse tudo bem, ele começou a gargalhar.
— Eu até acreditaria em você, se essas fotos da sua maravilhosa trepada, não existisse. – Disse ele, se levantando e tacando o cigarro no chão, pisando em cima com fúria, para o apagar.
A ruiva levou os olhos ao homem em sua frente, que andava de um lado para o outro, anunciando em Italiano, que queria matar o amante de sua esposa.
— "Voglio uccidere questo figlio di puttana"- Resmungou Hugo entre dentes, voltando a se abaixar perto de Cecília, a olhando de forma intimidadora.
— Eu não vou te perdoar! Você só sairá daqui, depois que eu descobrir o que fazer com você. – Disse Hugo, se levantando e saindo do quarto.
Cecília abraçou as pernas e começou a chorar de forma silenciosa, pelo medo que sentia percorrer seu corpo. Ela não fazia ideia de que a mulher que havia a prometido uma vida melhor, fosse capaz de coisas tão sórdidas, mesmo sabendo do que seu marido era capaz.
Com dificuldade, Cecília se levantou e foi até a parede de frente a cama, pegando as fotos e suas mãos. Ela tampou a boca ao ver cenas tão absurdas retratadas em suas mãos e então, ela jogou as fotos em um canto qualquer do quarto.
Aos prantos, Cecília deitou na cama e abraçou as pernas, ficando em posição fetal, se dando conta, em fim, do que estava acontecendo.
Ela percebeu haver caído em uma armadilha; Fiorella não havia a procurado por que queria lhe dar uma vida boa e sim, para poder se livrar daquele maldito homem.
Cecília começou a ouvir passos junto a sussurros pelo quarto; quando ela abriu os olhos, não fazia ideia de que já havia amanhecido e ao ver algumas mulheres andando pelo lugar, ela se sentou imediatamente e se cobriu.— Quem são vocês? – Perguntou Cecília, se escondendo dentro da coberta, deixando apenas partes do rosto a vista.— Desculpe por termos a acordado, senhora. Foi ordem do senhor Scopelli, para virmos limpar toda bagunça. – Quando uma das funcionárias disse aquilo, Cecília levou os olhos pela parede, notando que não havia nada mais, pendurado ali.— Foram vocês? Vocês viram tudo? – Perguntou Cecília, preocupada. A mulher e as outras três, que estavam uniformizadas de forma idênticas como camareira, as olharam confusas, pensando que, talvez, Fiorella estivesse atordoada.— O que há de errado com a parede, senhora? – Perguntou Genevive, a chefe das empregadas. Ela era considerada assim, porque estava a mais tempo na casa, do que as demais.Cecília as olhou e então, suspirou
Aquela sensação que Cecília teve; era como se o peito dela se comprimisse, fazendo-a esquecer de respirar.Por que aquele homem era daquela forma? Ela se perguntou.Cecília virou o rosto lentamente para o olhar e então, os olhos enraivados e escurecidos de Hugo, estavam sobre ela.— D-desculpa, eu pensei que tivesse a chave da biblioteca. – Quando Cecília se justificou, com a voz trêmula, Hugo sorriu e tirou uma chave do bolso, estendendo a ela.— Aqui está, amor. – Disse ele, a vendo pegar, mas antes que Cecília a alcançasse, Hugo recolheu o braço. — Mas por que você iria até lá, se foi sua, a ordem de desfazer dela uma vez?Assim que Hugo disse aquilo, Cecília sentiu-se desconfortável; seria impossível conseguir uma desculpa tão rápida, ela pensou.— Eu disse? Não sei, apenas me senti entediada e decidi rever o lugar! – Respondeu ela com rispidez, tomando a chave de Hugo.Quando ela ia dando de costas para o homem, Cecília sentiu sua cintura ser segurada com força e então, ela foi g
Já haviam se passado os três dias de limite, que Hugo havia dado a Cecília; não tinha jeito, ela teria que ir ao médico para exames, assim que amanhecesse. A ruiva estava aflita, faziam dois desses dias, que ela não tinha notícias do então marido.— Senhora, precisa de mais alguma coisa? – Pergunto Genevive, a governanta.Cecília havia acabado de sair do quarto, com mais um dos livros que recebeu, em mãos.Já se passava do jantar; a maioria dos funcionários havia se recolhido e Cecília havia descido as escadas, para fazer a sua leitura no jardim.Ela olhou para Genevive e sorriu simplista, por ser pegada em flagrante.— Não! Só vou ao jardim. Não se preocupe e continue o que estava fazendo. – Disse ela, tentando ser ríspida, mas ainda assim, ela acabava se saindo fofa sem nem mesmo perceber.Cecília usava um vestido longo branco, que ela gostava de usar para dormir; ela não tinha muitas vestes adequadas e foi a mais descente que ela encontrou nas coisas de Fiorella.Ela segurava as ba
Já estava de manhã e Cecília não havia conseguido dormir. Ela havia se mexido incontáveis vezes, procurando uma boa posição para descansar.Mas como ela poderia dormir, com aqueles pensamentos?A imagem de Hugo, sem camisa não saía da cabeça da ruiva. Ela sabia que não deveria se sentir daquela forma, mas não era como se pudesse controlar.Cecília bateu as pernas na cama, agindo feito uma criança em sua crise de pirraça.— O que eu faço agora? – Perguntou ela, se lembrando de que, o mesmo homem por quem ela estava se sentindo atraída, tinha o poder para tirar a vida dela.Que ironia, não?Hesitante, Cecília ainda permaneceu deitada, esperando que o tempo passasse, mas de repente, ela foi interrompida de seus devaneios por alguém batendo na porta.— Senhora? – Perguntou Giovana, abrindo uma fresta da porta. — A senhora tem visita!— Visitas? – Perguntou Cecília, se levantando da cama com rapidez. Ela caminhou até a porta e olhou diretamente para a empregada. — Quem é?— Está lá em
A situação parecia estar a favor de Cecília.Ela havia se sentado à mesa para tomar o desjejum, sob ordem de Hugo e enquanto eles comiam tranquilos, Ítalo entrou na sala de jantar os interrompendo.— "Don"– Chamou primo, olhando espantado para a ruiva ao lado de seu amigo.— Seja direto, primo! – Rosnou Hugo o observando.O homem ajustou a postura e encarou Hugo, voltando de seus pensamentos confusos. Ele, por um instante, achou estranho ter visto Fiorella a mesa com o amigo, mas teve que ignorar.— Está tudo pronto! Partiremos em uma hora. – Disse ele, olhando para a ruiva mais uma vez e com o cenho enrugado.— Certo. Onde está Katherine? – Perguntou ele, confuso. Ele se referia a amiga de Mirella, que era estilista e faria um lindo vestido para Fiorella.Hugo não o olhou diretamente ao fazer a pergunta, ele segurou a xícara de café e levou aos lábios, esperando que o amigo pronunciasse.— Luigi já cuidou disso. Ela estará lá, esperando pela senhora Scopelli. – Disse ele, tendo os ol
Cecília se instabilizou por um instante, mas sorriu fraco o olhando.— Ótimo, assim descansamos juntos. – Disse ela, com um tom firme, olhando em seguida para Katherine. Ela fez aquilo propositalmente, fingindo estar com ciúmes e foi nesse momento, que todos estremeceram.Sabiam que a indomável Fiorella estava de volta.Hugo a guiou até o final do corredor passando pelo enorme salão de festa da sala de jantar e então, foi na frente guiando Cecília pelas escadas.A ruiva olhou admirada para cada detalhe da decoração do lugar; era uma casa grande e luxuosa; parecia como um enorme castelo.Cecília acabou se entregando mais uma vez, ao olhar tudo com admiração, principalmente quando seus olhos brilharam ao notar o enorme lustre que ia do teto, até a altura da escada, iluminando tudo.— Cuidado, vão achar que é a primeira vez que está vendo isso. – Disse Hugo, a fazendo gelar.— Já vi maiores que nem me lembrava desse. – Disse ela, com a voz desdenhosa, mas interiormente, Cecília estava um
Hugo sorriu, lascivamente, inebriado e cheio de expectativas.Ele se permitiu ser domado por aquela fera, que logo o puxou para perto e selou os lábios deles começando sem muito contato. Quando se afastaram para se olhar, foi a vez de Hugo mostrar a fera que habitava dentro dele.Hugo a beijou com vontade e quando estava prestes a agarra-la, forçou a ponta dos dedos na cintura de Cecília, tentando se conter.Ele respirou de forma pesada e encostou a testa da dela, os mantendo daquela forma.— Acho melhor sairmos daqui! – Disse ele, com um tom aveludado, sorrindo para ela.Cecília estava tentando se recuperar, mas assentiu concordando. Se ela não tomasse aquela coragem toda de uma vez, iria acabar desistindo de seu plano.Assim que ela teve a mão segurada e foi puxada por Hugo para fora dali ela agradeceu mentalmente por sua amiga ter a ajudado.Mas algo não estava se encaixando. Por que ela não havia avistado Beneditte em lugar algum?Cecília e Hugo subiram os degraus da escada com cl
Já havia amanhecido.Cecília sentiu a pele de seu rosto ser tocada e boa parte do que Hugo cochichava, ela não conseguia acompanhar, pela sonolência. Os toques que ela recebeu, foram o suficiente para que ela se sentisse mal, pois sabia que, ele havia dormido com Fiorella e não com ela.Aquilo a deixou tão mal e confusa, que Cecília hesitou em abrir os olhos. Ela só pôde respirar aliviada, quando ouviu algumas batidas na porta e viu que Hugo se levantou para atender.— Senhor, temos problemas. – Disse Luigi, o segundo homem de confiança de Hugo.— Avisem todos, eu já estou indo. – Respondeu Hugo, fechando a porta em seguida.Ele inspirou forte e se vestiu rapidamente. Em seguida, Hugo se aproximou da cama e Cecília nem precisava abrir os olhos para saber que ele a encarava, ela sentia a pele de seu corpo queimar e então, finalmente ouviu os passos dele para fora do quarto .— Minha nossa! – Disse Cecília, se sentando na cama.Ela sentiu um desconforto em seu corpo; tudo estava dolor