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Capitolo Secondo: O respeitado chefe da Sicília

Igreja de Gesu, Palermo, Sicília.

O lugar estava silencioso, já se passavam das duas da tarde, quando alguns passos pesados, foram ouvidos indo em direção ao confessionário.

Padre Guilhermo terceiro, estava dentro do oratório com suas atividades rotineiras, quando ouviu uma voz rouquenha e assustadora, através das grades de madeira.

— Padre, eu vim me confessar! – Disse um jovem, causando arrepios no senhor de bata. Ele se ajoelhou sobre uma almofada que havia no chão, repetindo a mesmas ações dos fervorosos fiéis, que procuravam limpar suas almas dos pecados cometidos.

O mais velho, respirou fundo e sem o olhar diretamente, entregou um envelope pardo, como haviam o ordenado que fizesse.

— Eu estava a sua espera! Diga filho, o que tanto te aflige? – Disse o padre, mostrando sua preocupação, porém, sua voz saiu trêmula.

Mesmo ele sendo um homem licenciado pela igreja para dar a absorção aos fiéis, ele também temia o jovem, que estava do lado de fora da grade de madeira.

— Me desculpe padre, mas se aqui tiver provas de que ela me traiu, eu mesmo a matarei! – Disse Hugo entre dentes, mostrando a sua fúria.

Hugo se levantou, agarrando fortemente o envelope entre seus dedos, mas antes de passar pela porta, ele ouviu o padre lhe dando a absorção.

— Nel nome del padre, del figlio e dello spirito santo. Possa Dio prendersi cura di quest'anima peccatrice. – Disse o padre o seu famoso bodão, fazendo o sinal da cruz.

Ele pedia para que Deus cuidasse da alma de Hugo, já manchada pelos pecados e sangue de muitos.

Hugo caminhou em passos firmes até a saída da capela, entrando em um Maserati, tendo um motorista o guiando apressadamente para longe dali.

Ele não disse nada, até que um de seus homens e braço direito, quebrasse todo o silêncio.

— E aí? Manteremos a missão? – Perguntou Luigi, estendendo a mão, recebendo o envelope.

— Cercatelo! – Disse Hugo, irritado, ordenando que procurassem sua esposa.

Hugo sentiu seu sangue ferver, ao abrir o envelope e ver sua esposa aos beijos com um homem americano na foto.

Ele é uma pessoa de sangue fria, que não mede esforços para se vingar.

Hugo havia dado todo luxo para Fiorella; até mesmo deixou que ela continuasse com sua carreira artística, permitindo que ela não abandonasse o trabalho que tanto dizia amar.

Mas uma coisa não era segredo para toda Sicília, ele não permitia traições e todos sabiam que, quem agisse de forma leviana com ele, não teria o direito clamar por segunda chance.

Esse seria o mesmo destino para Fiorella.

O carro foi indo com velocidade pela estrada, rumo ao mosteiro da cidade. Lá, era onde Hugo e seus capangas, faziam seus encontros frequentes, decidindo onde seria o próximo passo.

Assim que Hugo chegou com Luigi e Cristovam no mosteiro, oito de seus homens estavam nas ruínas o esperando.

Hugo se virou de costas para eles e levou as mãos até os bolsos da calça social justa, olhando para a paisagem que as montanhas o revelava.

Para Hugo, aquela imagem era seu ponto de equilíbrio em meio ao caos.

— Senhor Scopelli! – Chamou Romero, um dos informantes de Hugo, vendo o homem de postura ereta e personalidade fria, se virar lentamente para o olhar. — Ele é um fotógrafo particular da Senhora. Eles mantiveram encontros frequentes a três semanas diretas, desde sua viagem ao exterior.

— Mais alguma coisa sobre ela e esse "bastardo"? – Perguntou Hugo, voltando os olhos para as montanhas.

— Parece ser apenas um caso. Ele tem passagens marcadas para a Rússia, partirá ele e a esposa, cujo nome é Cecília Mantovanni, amanhã à noite. – Disse Romero, ouvindo um suspiro longo.

— E ela? O que achou sobre ela? – Perguntou Hugo, voltando a olhar seu informante.

— Senhor, o nome dela está registrado em uma passagem de volta, no voo americano, para amanhã as quinze horas. Ela está voltando, senhor!

— Rossi! – Chamou Hugo, vendo o homem ir apressado até ele, segundos depois.

— Sim senhor! – Respondeu um de seus funcionários de confiança.

— Peçam que organize a casa de Catânia, iremos receber a senhora Scopelli, com estilo! – Disse Hugo, com rispidez travando o maxilar. Ele exibia um olhar frio e gélido, fazendo com que todos em sua volta, amedrontassem.

— Sim senhor! – Respondeu o homem, saindo apressado, sendo acompanhado por mais alguns.

...

Hugo havia chegado em casa antes mesmo de escurecer e ao entrar com o carro pelos enormes portões de ferro, logo avistou Mirella e Cássia na varanda, cada uma com uma taça de vinho bordô.

— Querido, achei que não voltaria hoje. Como estão as coisas na cidade? – Perguntou Cássia, indo até o filho, o receber no início dos degraus da pequena escada.

— Estou cansado, podemos falar sobre isso depois? – Perguntou Hugo, subindo as escadas direto, abrindo em seguida as enormes portas de madeira da entrada.

— Onde está sua mulher, irmão? – Perguntou Mirella o provocando, antes mesmo que ele entrasse na mansão.

Hugo se virou para ela, exibindo seus olhos escurecidos.

— Ela está a caminho. – Disse Hugo, a respondendo com um timbre gélido.

— Ficamos sabendo que ela anunciou o fim da carreira publicamente. Ela realmente está bem em voltar? – Perguntou Cássia, desconfiando da situação.

— Por que não as perguntam diretamente, quando chegar? Eu estou cansado. - Disse ele friamente, as dando de costas em seguida.

Com isso, elas logo entenderam que, ele não estava para conversa e então o deixaram ir.

Hugo recusou o jantar e foi direto para seu antigo quarto. Ele morava naquela enorme mansão de paredes antigas, antes de se casar. Depois, ele e Fiorella, optaram por uma casa tradicional na cidade.

Ficar na casa da mãe às vezes era mais viável para ele, somente quando estava lá a negócios.

Hugo, era um dos homens mais respeitado e temido em toda Sicília.

O primeiro, foi seu pai, Giuseppe, antigo dono da cadeira de ouro da família Scopelli. Em seguida, veio seu tio Bernard e agora, era a vez dele, o terceiro homem que restou na família.

Hugo carregava o nome da família nas costas, dando continuidade ao trabalho de seus pais. Nada e nem ninguém na Sicília, sem a permissão de Hugo. Ele costumava dar liberdade aos negócios involuntários, desde que não fugissem de suas regras.

Era extremamente proibido o tráfego de menores e a omissão de ganhos sobre os negócios. Ele mais cobrava de casas de jogos e dívidas de agiotas.

Hugo também era um deles; o rigoroso chefe da máfia.

Ele não era de um tanto ruim, muitos o procuravam quando precisavam. A questão era quando faltavam com a palavra e fugiam dele, Hugo ia diretamente cobrar.

E era nesse momento, que diziam sobre ele não ter piedade e nem coração.

Mas essa, era uma frase dos endividados; já as mulheres, pensavam diferente. Elas costumavam fazer de tudo para ter uma oportunidade na cama do Homem.

Hugo além de ser um homem milionário e frio, também era dono de uma beleza comparada aos livros de mitologia grega.

O homem era alto e forte, dono de uma perfeita silhueta e aparência máscula. Ele tinha a pele não muito clara e os olhos eram verdes, como os de folhas frescas. Os cabelos eram curtos e a barba estava sempre bem-feita, mesmo sendo grande.

Ele tinha o hábito de se exercitar com frequência e também, de ter uma bela dama o acompanhando durante as noites. Isso começou, desde que sua esposa saiu da Itália, o deixando disponível para as mulheres.

Hugo não tinha o extinto de fidelidade, mas questionava a esposa e sempre a jurou castigar, caso descobrisse de algo.

Para homens com o poder que ele tinha, somente a opinião deles contava.

Hugo estava tão tomado de fúria, que sua vingança começou naquela mesma noite, quando uma de suas garotas entrou pelo quarto quase desnudas.

— Por que demorou? – Perguntou Hugo, entre dentes, vendo a mulher sorrir de forma lasciva.

Em silêncio, ela caminhou até ele, se desfazendo da fina camisola que a cobria. Hugo travou o maxilar e como um animal descontrolado, ele a jogou na cama, dando a ela uma noite quente de prazer.

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