Miguel Ylmaz Eu nunca fui de me apegar. Não quando o apego significava fraqueza. Mas naquela noite, enquanto Anny estava sentada no meu sofá, segurando aquela rosa, entre tantas que eu mandei, algo mudou. Não era só a lembrança do incêndio ou a ameaça de Kemal que me perturbava. Era ela. Sua presença me inquietava de uma forma que eu não queria admitir. — Você deveria dormir aqui esta noite — eu disse, rompendo o silêncio que pairava entre nós. Ela levantou o olhar, surpresa e talvez um pouco desconfiada. — Miguel, não é necessário. Eu estou bem. — Bem? — Rebati, inclinando-me para frente. — Você veio até aqui no meio da noite porque estava preocupada comigo. E agora quer voltar para casa sozinha, sabendo que tem um incendiário à solta? Não seja teimosa, Anny. Ela respirou fundo, claramente tentando encontrar uma desculpa para sair, mas eu não ia deixá-la escapar. — Então, que tal isso? — continuei antes que ela pudesse argumentar. — Eu mesmo te levo para o seu apartament
Anny Celik Miguel insistiu para que eu subisse ao quarto de visitas, e, embora eu quisesse resistir, o cansaço emocional da noite passada pesava mais. Não valia a pena discutir com ele naquele momento. Aceitei, mas com a promessa silenciosa de manter minha distância emocional. Assim que entrei no quarto, minha respiração quase falhou.O ambiente era luxuoso, mas não foi isso que me deixou perplexa. Sobre a cama impecavelmente arrumada, havia roupas de grife, lingeries finas, e tudo que uma mulher poderia precisar. No closet, ainda mais peças esperavam por mim.Miguel estava encostado na porta, me observando com aquele olhar intenso que sempre parecia desnudar minha alma.— Devo perguntar? — perguntei, sem esconder o tom desafiador na voz.Ele sorriu, aquele sorriso que só ele sabia dar.— Estava pensando em te trazer nem que fosse à força amanhã, bombom, para morar aqui comigo. Por isso pode ficar à vontade. Tudo o que está no closet e tudo o que vê diante de você nesta mansão é seu
Miguel Ylmaz Fui para o meu escritório, peguei uma pasta com alguns documentos e logo depois fiquei na sala, esperando que a Anny descesse. Quando a vi descendo as escadas, ela estava linda, vestida com uma saia justa que delineava perfeitamente suas curvas, e uma blusa social entreaberta, revelando uma pequena parte de sua pele macia. Estava sensual e provocante, eu a desejei com todas minhas foças, mas, acima de tudo, parecia estar se esforçando para me ignorar. Ela ajustava a bolsa no ombro, pronta para sair. Algo dentro de mim se agitou. Não era apenas desejo, era a necessidade de ter ela para mim naquele instante, de fazê-la esquecer qualquer outra coisa que não fosse nós dois. — Já vai sair? — perguntei, minha voz rouca. Ela virou o rosto na minha direção, mas não respondeu. Apenas balançou a cabeça afirmativamente, sem ao menos me olhar nos olhos. Isso foi o suficiente para me fazer atravessar a sala em poucos passos. Quando cheguei perto, segurei sua cintura com
Anny Celik A luz da manhã invadia a sala, revelando o caos ao nosso redor. Minhas roupas estavam espalhadas pelo chão, um lembrete gritante da intensidade do que havia acontecido. Suspirei, tentando recompor meus pensamentos, mas era impossível ignorar a presença dele ao meu lado, seus olhos me observando como se eu fosse a única coisa que importava naquele momento. — Eu preciso trabalhar, Miguel. — Minha voz saiu suave, mas firme. Ele me olhou com aquela mistura de autoridade e desejo que sempre me fazia estremecer. Mesmo assim, ele se afastou um pouco, permitindo que eu me levantasse. Enquanto pegava minhas roupas e as vestia apressadamente, senti seu olhar me acompanhando. — Não acha que poderia tirar o dia de folga? — ele provocou, cruzando os braços enquanto me observava. — Nem pense nisso — respondi, olhando por cima do ombro. — Tenho pessoas esperando por mim. Ele riu baixo, aquele som grave que sempre fazia meu coração acelerar, mas se levantou e começou a se vesti
Miguel YlmazSaí do hospital ainda com o gosto dos lábios de Anny nos meus. Ela era meu ponto fraco e minha maior força, mas também o motivo pelo qual eu não poderia relaxar. Não quando o mundo ao meu redor parecia conspirar para me derrubar. Entrei no carro e, com um aceno rápido para meu motorista, seguimos para a empresa. O caminho foi silencioso, minha mente presa em pensamentos. A presença de James, aquele médico desgraçado, ainda martelava na minha cabeça. Mas isso era o de menos. O verdadeiro problema estava no passado que eu tentava enterrar, mas que insistia em voltar à superfície. Ao chegar à empresa, mal tive tempo de entrar na minha sala quando um dos meus seguranças apareceu com um pacote. — Isso chegou agora, senhor. Peguei o envelope, notando imediatamente que não era um simples recado. Meu nome estava escrito em letras grandes e firmes, mas era o perfume que o acompanhava que fez meu estômago revirar. Diana. Abri o pacote com cuidado, revelando algumas fotos
Miguel Ylmaz Eu sabia que Diana falaria. Ela sempre falava, quando pressionada do jeito certo. O problema nunca era conseguir a informação dela, mas sim separar a verdade das mentiras. E, naquele momento, minha paciência era tão fina quanto a linha entre o medo e o desespero que brilhava nos olhos dela. — Fala, Diana. — Pressionei a arma contra sua testa, sem tremer. — Se eu tiver que perguntar de novo, vai doer. Ela respirou fundo, fechando os olhos por um segundo. Quando os abriu, algo em sua expressão havia mudado. Resignação. — Kemal está movendo tudo de novo, Miguel. — Sua voz estava baixa, quase um sussurro. — Ele acredita que você tem o arquivo completo do caso Canavar, aquele que conecta ele ao tráfico internacional. — Continue. — Minha voz era dura, mas interiormente eu já começava a conectar as peças. — Ele quer destruir você. Não só profissionalmente, mas pessoalmente também. Ele quer... ele quer Anny. Meu coração parou por um segundo, mas meu rosto permaneceu
Miguel YlmazEu não sabia exatamente o que estava esperando quando entrei na sala da Anny, mas a cena diante de mim acendeu algo primordial no meu peito. James estava segurando o braço dela, com aquele olhar asqueroso, como se tivesse algum direito sobre ela. E Anny, mesmo lutando como uma guerreira, parecia vulnerável naquele momento.Minha visão ficou turva. Tudo o que consegui pensar foi: ninguém machuca o que é meu.Caminhei até ele em passos calculados, sentindo o peso frio da arma dentro do meu paletó. Eu não precisava de palavras. Meu olhar bastava.— Solte-a — disse, a voz baixa, mas firme.James hesitou, mas o medo em seus olhos já denunciava que ele sabia que tinha cruzado uma linha perigosa. Ele soltou Anny, mas não rápido o suficiente para o meu gosto.Eu me aproximei ainda mais, sentindo a adrenalina pulsar em minhas veias. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, um movimento periférico chamou minha atenção.Um dos meus homens. Luiz. Ele havia entrado na sala sem m
Miguel YlmazA sala da Anny estava um caos. Luiz estava caído no chão, e James... bem, ele não era mais uma preocupação. Meus homens chegaram rápido, como sempre. O som abafado de passos e ordens baixas preencheu o ambiente. — Limpem isso agora. — Minha voz era firme, sem espaço para questionamentos. Anny estava sentada no sofá, os olhos ainda fixos no vazio. Apesar de sua força, o que acabara de acontecer não era algo que qualquer pessoa pudesse digerir facilmente. Caminhei até ela, abaixando-me para ficar em seu nível. — Você está bem? — perguntei suavemente. Ela me olhou, ainda segurando a arma que havia usado momentos atrás. Seus olhos, tão determinados minutos antes, agora revelavam uma vulnerabilidade que me rasgava por dentro. — Não me pergunte isso, Miguel. Não agora. Assenti, respeitando seu espaço. Toquei levemente sua mão, e ela finalmente largou a arma. Fiz um sinal para um dos meus homens, que a pegou e saiu sem uma palavra. Enquanto a sala era limpa, olhe