Camila Duarte — Lorenzo… você está pedindo para eu fingir ser sua noiva? — Por apenas um mês. Depois disso, não será mais necessário. — Ele se aproximou, diminuindo a distância entre nós. — Você pode até me odiar, mas sei que você entende o que é carregar cicatrizes como as minhas. Ele estava certo. Eu entendia. Não podia ignorar o apelo em seus olhos, a fragilidade escondida por trás daquela fachada de homem forte e impenetrável. Respirei fundo, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar. — Tudo bem, Lorenzo. Eu aceito. Por um mês. Eu podia suportar isso, certo? Ser a "noiva" de um homem que, apesar de sua frieza, carregava uma dor semelhante à minha. Ele exalou um suspiro de alívio e, sem aviso, deu um passo à frente, envolvendo-me em um abraço. Fiquei imóvel por um instante, surpresa com o gesto. Ele não era o tipo de homem que demonstrava carinho ou proximidade, mas naquele momento, algo mudou. Senti o cheiro amadeirado do perfume dele, e sua presença er
Camila Duarte O final do dia se aproximava na empresa, e eu terminava de revisar os relatórios que Lorenzo havia pedido para apresentarmos na reunião da manhã seguinte. Desde que entrei na vida dele, tanto pessoal quanto profissionalmente, havia me dedicado ao máximo para provar meu valor. E talvez, de maneira inconsciente, para me mostrar indispensável para ele. Estava prestes a sair quando a porta do escritório se abriu sem aviso, revelando uma mulher alta, de cabelos perfeitamente alinhados e um perfume marcante que parecia encher a sala. Seu sorriso era doce, mas seus olhos carregavam uma frieza que instantaneamente me colocou em alerta. — Onde está Lorenzo? — ela perguntou, direta, com a confiança de quem já era íntima dele. Olhei para ela, com um sorriso sarcástico no rosto, ajustando minha postura antes de responder: — Ele está ocupado no momento. E, de qualquer forma, não está disponível para você. Os olhos dela me avaliaram dos pés à cabeça, e seu sorriso ganhou
Lorenzo RicciEu não conseguia tirar os olhos dela. Grávida. As palavras ecoavam na minha mente como se alguém as tivesse gritado e, ao mesmo tempo, sussurrado. Um misto de choque e emoção tomou conta de mim, e, por um momento, fiquei paralisado. — Você está... grávida? — repeti, como se precisasse me certificar de que tinha ouvido certo. Camila me olhou nos olhos, firme, mas também havia algo vulnerável em sua expressão, algo que ela raramente mostrava. — Sim, Lorenzo. Estou grávida. E antes que pergunte, não, eu não planejava te contar tão cedo. — Sua voz era segura, mas eu notei a hesitação em sua postura. — Não achei que você fosse o tipo de homem que eu imaginava para ser o pai do meu filho. Essas palavras me atingiram mais do que eu esperava. Dei um passo para trás, cruzando os braços, como se precisasse de algo para me ancorar. — E por que você acha isso, Camila? — perguntei, tentando manter minha voz calma, mas não conseguindo esconder a pontada de dor que se infiltrava.
Lorenzo RicciCamila cruzou os braços, o queixo erguido, enquanto olhava ao redor da mansão como se estivesse avaliando um território inimigo. Eu sabia que ela estava fazendo isso de propósito, tentando me irritar ou talvez me testar. — Só para deixar bem claro, Lorenzo, eu não vou dormir no mesmo quarto que você — declarou, a voz firme como um tiro. — Aliás, nem no mesmo andar, se possível. Eu ri, um som baixo e carregado de sarcasmo. Fechei a porta atrás de nós e me encostei nela, observando-a com um sorriso que sabia que a deixava irritada. — Ah, é mesmo? — perguntei, fingindo interesse. — E onde exatamente você acha que vai dormir, Mila? Ela revirou os olhos e apontou para o corredor à direita. — Nesse casarão enorme, tenho certeza de que há um quarto disponível. Não preciso ficar no mesmo espaço que você. Caminhei lentamente até ela, o som dos meus sapatos ecoando no piso de mármore. Quando parei à sua frente, estávamos tão próximos que eu pude sentir o calor que emanava d
Lorenzo Ricci Duas semanas depois... A luz do sol invadia meu quarto pelas frestas da cortina. Eu já estava de pé, vestido e pronto, como sempre. O hábito de começar o dia cedo foi algo que aprendi por minha avó, Dona Helena Ricci. Ela dizia: “O mundo pertence a quem se antecipa a ele." Mesmo agora, anos após sua morte, as palavras dela ainda ecoavam na minha mente. Desde que ela se foi, o peso do sobrenome Ricci repousava exclusivamente sobre mim, e eu tinha feito questão de carregá-lo. Não como um sobrenome que meu pai ou minha mãe carregavam, mas como um Ricci. Porque ser um Ricci significava força. Abri a porta do quarto e fui surpreendido por vozes vindas da sala de estar. Reconheci imediatamente a risada leve de Camila, e junto dela, as vozes dos meus pais. Meu coração acelerou por um instante. Era raro vê-los na Itália, e mais raro ainda eles aparecerem na minha casa sem aviso. Quando entrei na sala, a cena era quase surreal. Minha mãe, Anny, estava sentada no sofá,
Camila Duarte Observei Lorenzo atravessar a sala após o café da manhã. Ele parecia carregar o peso do mundo nos ombros, e algo me dizia que aquilo ia além de nós dois. Respirei fundo, reunindo coragem, e o chamei antes que ele desaparecesse para longe novamente. —Lorenzo, precisamos conversar. Ele parou, a tensão em seu corpo denunciando que sabia o que viria. Lentamente, ele se virou para me encarar. —Agora? — perguntou, com um tom quase resignado. —Sim. Isso não pode esperar. Caminhei até a sala adjacente, sinalizando para que ele me seguisse. Assim que ele entrou, fechei a porta atrás de nós, criando um espaço onde ninguém mais pudesse interferir. —Você precisa ser claro comigo, Lorenzo. — Minha voz saiu firme, mas meu coração batia acelerado. — Quando seus pais chegaram, você mudou. Até poucos dias atrás, parecia feliz em ser pai, mas agora... agora me sinto como um peso na sua vida. Ele abriu a boca para falar, mas eu ergui a mão, interrompendo-o. —Deixe-me termi
Camila Duarte Eu ainda sentia os braços de Lorenzo ao meu redor enquanto um silêncio confortável preenchia a sala. Pela primeira vez em muito tempo, parecia que estávamos nos aproximando. Meu coração ainda estava acelerado, mas não tive muito tempo para pensar nisso. A campainha tocou, interrompendo o momento entre nós. Lorenzo e eu trocamos olhares antes de caminharmos juntos até a porta. Eu sabia quem estava lá, e só de imaginar a reação de Lorenzo ao conhecer minha família, um sorriso escapou. Abri a porta e, como esperado, minha família entrou com uma energia que parecia ocupar cada canto da casa. —Camila! — Minha mãe, Marília, foi a primeira a me abraçar. — Olha só pra você! Parece que tá mais bonita desde que chegou na Itália! Logo depois, veio meu pai, Carlos, com aquele sorriso caloroso. Ele me abraçou forte e murmurou: —Minha filha, não importa onde você esteja, você sempre vai ser minha menina. Antes que eu pudesse responder, minhas três irmãs invadiram o espaç
Camila DuarteEu não sabia onde enfiar a cara depois que minha mãe soltou a bomba sobre a gravidez. Todos me olhavam como se eu fosse um filme que chegou no momento mais esperado e ninguém quisesse piscar para não perder nada. —Então é verdade mesmo, Camila? — Cristal perguntou, inclinando-se sobre a mesa como se fosse a juíza do caso. —Fala logo, mana! — Milena insistiu, batendo as mãos na mesa com tanta força que quase derrubou o copo de suco do Caio. —Tá grávida ou não tá? — Marcela completou, já pegando o celular como se fosse criar um grupo de WhatsApp para discutir sobre a notícia.Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, Lorenzo, que até então estava tentando passar despercebido no meio da confusão, levantou-se de repente. —Sim, ela está grávida. O silêncio foi instantâneo. Até a respiração barulhenta do meu pai parou por um momento. Todos olharam para Lorenzo, que estava com a postura ereta e a expressão séria. Por um segundo, achei que minha família fosse explodir