Lorenzo RicciO restaurante era um lugar simples, bem diferente dos estabelecimentos sofisticados que eu costumava frequentar. Assim que entrei, avistei Camila sentada com um homem que reconheci imediatamente. Davi. Um dos funcionários do departamento dela. Havia algo em mim que não conseguia ignorar a presença dela, mesmo quando eu tentava. Talvez fosse o brilho nos olhos dela ou aquela determinação teimosa que me fazia sentir desafiado sempre que estávamos no mesmo ambiente. Caminhei até a mesa com passos firmes, ignorando o olhar curioso de alguns clientes. Quando me aproximei, os dois estavam rindo, uma cena que, por algum motivo, me incomodou profundamente. — Boa noite, senhorita Camila. Boa noite, Davi. Posso me juntar a vocês? — perguntei, mantendo o tom educado, mas deixando claro que não era exatamente uma pergunta. Os dois me olharam surpresos. Camila abriu a boca, provavelmente para recusar, mas Davi, com sua cordialidade irritante, apenas assentiu. — Claro, senho
Camila Duarte Aquela noite no restaurante foi tudo, menos tranquila. Lorenzo conseguiu transformar o que deveria ser um momento leve em uma batalha de nervos. Assim que ele começou com seus comentários provocativos, respirei fundo e me virei para Davi. — Acho que já deu por hoje. Precisamos ir, Davi. Ele pareceu hesitar, olhando de relance para Lorenzo, mas então concordou com um aceno de cabeça. — Claro, Camila. Vamos. Deixamos Lorenzo sozinho, e não precisei olhar para trás para saber que ele estava furioso. Senti seu olhar queimando minhas costas enquanto saíamos do restaurante. No carro, o silêncio entre mim e Davi foi constrangedor. Ele tentou puxar conversa algumas vezes, mas minha mente estava longe. A figura de Lorenzo e sua arrogância insistente não me deixavam em paz. — Chegamos, Camila — disse Davi, parando o carro em frente ao meu prédio. — Obrigada, Davi. Boa noite. Ele sorriu, mas pude ver a confusão em seus olhos. Não me importei. Subi para o meu aparta
Camila Duarte Ao chegar no apartamento, bati a porta com força e joguei minha bolsa no sofá, tentando afastar o calor que subia pelo meu rosto. Meu corpo inteiro tremia de raiva. Como ele podia? Como Lorenzo podia continuar a me propor algo tão... absurdo? Me joguei na cama, afundando o rosto no travesseiro, tentando sufocar o grito de frustração que queria escapar. Meu coração estava acelerado, e eu sentia uma mistura de indignação e algo mais perigoso, algo que me recusava a nomear. Depois de um tempo, levantei e fui direto para o chuveiro. A água quente escorria pelo meu corpo, mas não levava embora a confusão em minha mente. Eu estava irritada, não só com ele, mas comigo mesma. Como ele conseguia mexer tanto comigo? Lorenzo era frio, arrogante e manipulador, mas, de algum jeito, ele tinha algo que me atraía, algo que me fazia questionar minha sanidade. "Como alguém pode ser tão sem noção?"— pensei, esfregando o rosto com as mãos. Ele era meu chefe, pelo amor de Deus! E ai
Camila Duarte Ao chegar à farmácia, senti as mãos trêmulas ao pegar os testes de gravidez. Minha amiga tentava parecer calma, mas percebia sua preocupação nos olhares furtivos que me lançava. Paguei pelos testes com uma sensação de urgência e nervosismo esmagador. Estava prestes a encarar uma verdade que podia mudar minha vida para sempre. De volta ao apartamento, notei que Lorenzo não estava mais à porta. Um alívio misturado com inquietação tomou conta de mim. Subimos em silêncio, e, assim que entramos, fui direto ao banheiro com os testes nas mãos. — Quer que eu vá com você? — minha amiga perguntou, hesitante. — Não. Eu... preciso fazer isso sozinha. Ela assentiu, respeitando meu espaço, mas ficou à porta, pronta para descobrir o resultado. Tranquei-me no banheiro e respirei fundo. O som da minha respiração era o único ruído. Fiz o primeiro teste e coloquei-o sobre a pia, aguardando os minutos mais longos da minha vida. Repeti o processo mais três vezes, como se a qua
Camila Duarte — Lorenzo… você está pedindo para eu fingir ser sua noiva? — Por apenas um mês. Depois disso, não será mais necessário. — Ele se aproximou, diminuindo a distância entre nós. — Você pode até me odiar, mas sei que você entende o que é carregar cicatrizes como as minhas. Ele estava certo. Eu entendia. Não podia ignorar o apelo em seus olhos, a fragilidade escondida por trás daquela fachada de homem forte e impenetrável. Respirei fundo, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar. — Tudo bem, Lorenzo. Eu aceito. Por um mês. Eu podia suportar isso, certo? Ser a "noiva" de um homem que, apesar de sua frieza, carregava uma dor semelhante à minha. Ele exalou um suspiro de alívio e, sem aviso, deu um passo à frente, envolvendo-me em um abraço. Fiquei imóvel por um instante, surpresa com o gesto. Ele não era o tipo de homem que demonstrava carinho ou proximidade, mas naquele momento, algo mudou. Senti o cheiro amadeirado do perfume dele, e sua presença er
Camila Duarte O final do dia se aproximava na empresa, e eu terminava de revisar os relatórios que Lorenzo havia pedido para apresentarmos na reunião da manhã seguinte. Desde que entrei na vida dele, tanto pessoal quanto profissionalmente, havia me dedicado ao máximo para provar meu valor. E talvez, de maneira inconsciente, para me mostrar indispensável para ele. Estava prestes a sair quando a porta do escritório se abriu sem aviso, revelando uma mulher alta, de cabelos perfeitamente alinhados e um perfume marcante que parecia encher a sala. Seu sorriso era doce, mas seus olhos carregavam uma frieza que instantaneamente me colocou em alerta. — Onde está Lorenzo? — ela perguntou, direta, com a confiança de quem já era íntima dele. Olhei para ela, com um sorriso sarcástico no rosto, ajustando minha postura antes de responder: — Ele está ocupado no momento. E, de qualquer forma, não está disponível para você. Os olhos dela me avaliaram dos pés à cabeça, e seu sorriso ganhou
Lorenzo RicciEu não conseguia tirar os olhos dela. Grávida. As palavras ecoavam na minha mente como se alguém as tivesse gritado e, ao mesmo tempo, sussurrado. Um misto de choque e emoção tomou conta de mim, e, por um momento, fiquei paralisado. — Você está... grávida? — repeti, como se precisasse me certificar de que tinha ouvido certo. Camila me olhou nos olhos, firme, mas também havia algo vulnerável em sua expressão, algo que ela raramente mostrava. — Sim, Lorenzo. Estou grávida. E antes que pergunte, não, eu não planejava te contar tão cedo. — Sua voz era segura, mas eu notei a hesitação em sua postura. — Não achei que você fosse o tipo de homem que eu imaginava para ser o pai do meu filho. Essas palavras me atingiram mais do que eu esperava. Dei um passo para trás, cruzando os braços, como se precisasse de algo para me ancorar. — E por que você acha isso, Camila? — perguntei, tentando manter minha voz calma, mas não conseguindo esconder a pontada de dor que se infiltrava.
Lorenzo RicciCamila cruzou os braços, o queixo erguido, enquanto olhava ao redor da mansão como se estivesse avaliando um território inimigo. Eu sabia que ela estava fazendo isso de propósito, tentando me irritar ou talvez me testar. — Só para deixar bem claro, Lorenzo, eu não vou dormir no mesmo quarto que você — declarou, a voz firme como um tiro. — Aliás, nem no mesmo andar, se possível. Eu ri, um som baixo e carregado de sarcasmo. Fechei a porta atrás de nós e me encostei nela, observando-a com um sorriso que sabia que a deixava irritada. — Ah, é mesmo? — perguntei, fingindo interesse. — E onde exatamente você acha que vai dormir, Mila? Ela revirou os olhos e apontou para o corredor à direita. — Nesse casarão enorme, tenho certeza de que há um quarto disponível. Não preciso ficar no mesmo espaço que você. Caminhei lentamente até ela, o som dos meus sapatos ecoando no piso de mármore. Quando parei à sua frente, estávamos tão próximos que eu pude sentir o calor que emanava d