Theo Lima Olhei para Aurora e a beijei, o gosto dela ainda nos meus lábios. Aurora. O nome ecoava em minha mente, mas algo estava errado. O beijo foi intenso, cheio de emoção, mas... vazio. Deveria ter sido diferente. Deveria ter sido como uma explosão dentro de mim, mas ao invés disso, parecia... estranho. Ela se afastou, os olhos me analisando em busca de algo que eu não conseguia lhe dar. — Preciso voltar para o hotel — sua voz era baixa, mas firme. Assenti, sentindo um aperto inexplicável no peito. Eu a levei, deixei-a na porta do hotel e, antes que ela entrasse, me inclinei e capturei seus lábios novamente. Talvez eu só precisasse de mais um beijo para sentir o que deveria sentir. Mas não senti. Nada além de confusão. Aurora me olhou por um momento antes de sussurrar um boa noite e desaparecer para dentro do prédio. Entrei no carro e segui para casa. Meus dedos apertavam o volante com força, minha mente rodopiando. Por que eu não senti nada? Por que, ao invés d
Theo Lima O som da água caindo no chão do box ecoava pelo banheiro enquanto eu terminava meu banho. A noite tinha sido longa, e minha mente ainda estava uma bagunça. Aurora, Lívia, o passado… Tudo parecia embaralhado dentro de mim. Mas uma coisa eu sabia: não podia continuar assim. Precisava colocar a cabeça no lugar. Depois de me vestir, desci as escadas, sentindo o cheiro familiar de café e pão quente. Quando cheguei à sala de estar, vi Lívia colocando a mesa com um cuidado quase automático, como se estivesse imersa em seus próprios pensamentos. Ela ergueu os olhos ao me ver e hesitou por um instante. — Preciso falar algo com você — sua voz saiu suave, mas firme. Aquela frase bastou para que um nó se formasse em meu peito. — O que foi? — perguntei, dando um passo mais próximo. Mas antes que ela pudesse responder, sua expressão mudou. Seus ombros caíram levemente, e ela levou uma das mãos à testa, piscando algumas vezes como se o mundo ao seu redor estivesse girando.
Theo Lima O peso da verdade ainda pulsava em minha mente enquanto dirigia de volta para casa, com Lívia ao meu lado. Meu coração batia acelerado, como se quisesse sair do peito. Tudo o que havíamos vivido até agora era uma mentira cruelmente arquitetada. Eu olhava para Lívia, que estava tão abalada quanto eu. Seu rosto estava pálido, e suas mãos tremiam levemente sobre as pernas. Eu queria dizer algo, mas que palavras poderiam confortá-la depois de tudo? Assim que chegamos à mansão, Aurora já nos esperava. Seus olhos analisaram a mim e a Lívia, e vi o momento exato em que ela compreendeu. Seu rosto endureceu, mas não havia raiva ali. Apenas um cansaço profundo e uma tristeza devastadora. Ela não precisou perguntar nada. Nós também não. O silêncio foi a resposta. Mas eu tinha que dizer. — Nós três fomos enganados — minha voz soou firme, mas o nó na garganta quase me impediu de continuar. — Isabella e Gabriel nos manipularam desde o início. Os olhos de Aurora se fec
Aurora Duarte Ricci A porta da mansão de Theo se fechou atrás de mim com um baque seco, mas a tempestade dentro de mim continuava a rugir. Meu corpo tremia de raiva, dor, e algo que eu ainda não conseguia nomear. O ar quente da noite no Brasil, cortava minha pele, mas eu mal sentia. Tudo o que ecoava em minha mente era a voz de Regiane e Theo traçando um plano para desmascarar Isabella. Minha própria irmã. Como ela pôde? Como foi capaz de manipular meu passado, arrancar de mim a verdade sobre o meu filho, sobre o homem que… Balancei a cabeça, tentando afastar o pensamento. Entrei no carro, minhas mãos ainda trêmulas segurando o volante. O hotel onde eu estava hospedada não ficava longe, mas cada curva da estrada parecia me sufocar mais. Minha respiração era curta, e o nó na minha garganta crescia a cada batida do meu coração. Eu precisava de respostas. Eu precisava encarar Isabella. Quando estacionei em frente ao hotel, não demorei a sair. O hall estava quase vazio,
Aurora Duarte Ricci Eu não consegui ir direto para casa, ao chegar no aeroporto, decidi que primeiro iria pensar no que fazer então aproveitei o momento e peguei um voo para a Espanha. O cheiro de álcool e perfume caro pairava no ar quando o avião pousou suavemente em solo espanhol. Eu abri os olhos lentamente, a cabeça latejando, o estômago embrulhado. A primeira classe parecia silenciosa demais, e o contraste com a tempestade dentro de mim era quase insuportável. Eu não sabia por que tinha escolhido esse destino. Talvez porque não fosse a Itália, talvez porque eu precisasse me perder em algum lugar onde ninguém conhecia meu nome. A cada passo pelo aeroporto, sentia como se meu corpo pesasse uma tonelada. As últimas horas eram um borrão. Isabella, Dimitri, Theo e Lívia … A dor me engolia, e tudo o que eu queria era esquecer. A primeira coisa que fiz quando saí do aeroporto foi pegar um táxi. — Para onde, señorita? — o motorista perguntou. — Um cassino — minha voz saiu r
Aurora Duarte Ricci Eu senti o chão sumir sob meus pés. Meu coração disparava no peito, a cabeça latejava, e as palavras dele ecoavam como um trovão nos meus ouvidos. — Eu fiz o quê?— Minha voz saiu em um sussurro rouco. Lucas, se esse era mesmo o nome dele — cruzou os braços, me observando com aquele olhar intenso e curioso, como se tentasse decifrar cada pedaço do meu caos interno. — Ligou para o Theo— ele repetiu, dando de ombros. — Disse para ele vir pra cá o mais rápido possível, que você tinha um plano. Também mencionou uma tal de Lívia. Eu levei a mão à boca, tentando conter o pânico que subia pela minha garganta. Theo e Lívia… Meu Deus. Eu estava mesmo tão fora de mim a ponto de puxá-los para essa bagunça? — Eu não lembro de nada disso… — minha voz saiu trêmula. Lucas inclinou a cabeça, como se me analisasse. — Bom, você estava bem alterada. Mas vou confessar que fiquei impressionado. Tanta raiva, tanta dor… Parecia que estava pronta pra incendiar o mund
Aurora Duarte Ricci Não demorou muito e Lívia e Theo chegaram a Espanha, eles foram até o hotel em que me hospedei e lá junto com Lucas, o Theo teve a ideia de irmos para a Itália no dia seguinte e ficar por lá, esperando o dia do casamento da Isabella, para assim, arruinar o dia mais importante para ela, assim como arruinou nossas vidas nos últimos anos. (...) O avião pousou suavemente na pista do aeroporto, mas dentro de mim, nada era suave. Meu coração pulsava tão forte que parecia querer romper meu peito. Olhei para Theo ao meu lado. Ele parecia tenso, seus olhos escuros refletindo a mesma inquietação que os meus. Lívia, sentada na poltrona ao lado, manteve-se em silêncio, apertando a alça da bolsa com força. Lucas, por outro lado, parecia relaxado demais para alguém que estava prestes a arruinar um casamento. Ele esticou as pernas longas e sorriu para mim. — Está pronta para fazer história, Aurora? Não respondi. Como poderia estar pronta? Isabella sempre conseguiu
Aurora Duarte Ricci Eu tremia. Meus olhos se voltaram para Theo. Ele estava pálido. — Então… quem esteve comigo naquela noite? Sei que antes de ir para aquele hotel, eu bebi, eu estava triste pois o Theo havia terminado comigo, parte dele, sabia que eu não era o amor dele, e eu acreditei que o Theo fosse o pai do meu filho, por ter tido com ele dias atrás antes dele terminar comigo e eu voltar para Itália para nosso aniversário.Então com quem eu estive naquela noite?Quem é o pai do meu filho? O silêncio era absoluto. Então, uma voz profunda ecoou atrás de mim. — Fui eu. Virei-me lentamente. Derick. O irmão mais velho de Dimitri se aproximou, os olhos fixos nos meus. — Fui eu quem esteve com você naquela noite. Achei que algo estivesse errado e pensei que fosse a Isabella. Mas então, você começou a dizer que estava com calor, e acabamos fazendo amor. Mas eu não sabia que estava drogada. Eu não faria nada se soubesse. Aquele momento congelou no tempo. Theo, ao