Aurora Duarte Ricci Eu tremia. Meus olhos se voltaram para Theo. Ele estava pálido. — Então… quem esteve comigo naquela noite? Sei que antes de ir para aquele hotel, eu bebi, eu estava triste pois o Theo havia terminado comigo, parte dele, sabia que eu não era o amor dele, e eu acreditei que o Theo fosse o pai do meu filho, por ter tido com ele dias atrás antes dele terminar comigo e eu voltar para Itália para nosso aniversário.Então com quem eu estive naquela noite?Quem é o pai do meu filho? O silêncio era absoluto. Então, uma voz profunda ecoou atrás de mim. — Fui eu. Virei-me lentamente. Derick. O irmão mais velho de Dimitri se aproximou, os olhos fixos nos meus. — Fui eu quem esteve com você naquela noite. Achei que algo estivesse errado e pensei que fosse a Isabella. Mas então, você começou a dizer que estava com calor, e acabamos fazendo amor. Mas eu não sabia que estava drogada. Eu não faria nada se soubesse. Aquele momento congelou no tempo. Theo, ao
Theo Lima O silêncio dentro do escritório era avassalador. Podia ouvir minha própria respiração, pesada, descompassada, tentando acompanhar o turbilhão de emoções que se agitava dentro de mim. Lívia estava ao meu lado, tão imersa na tempestade quanto eu. Camila ainda estava ajoelhada à nossa frente, o rosto marcado pelo peso das confissões que acabara de fazer. Eu queria dizer algo. Qualquer coisa. Mas as palavras se recusavam a sair. Isabella que destruiu parte da nossa vida. A mesma que agora, sem que soubéssemos, havia sofrido silenciosamente. Havia perdido quatro filhos. Havia se punido todos os dias. E, acima de tudo, havia salvado a vida de Aurora sem esperar nada em troca. Meu coração estava um caos. Como era possível sentir raiva e, ao mesmo tempo, compaixão? Como perdoar alguém que roubou tanto de nós e, ao mesmo tempo, perdeu para si? Antes que eu pudesse processar tudo isso, a porta do escritório se abriu. O som foi suave, mas o impacto foi como um choque elétric
Isabella Duarte Ricci O silêncio do quarto era ensurdecedor. A única coisa que eu conseguia ouvir era minha própria respiração fraca e o som dos pensamentos que não me deixavam em paz. Fazia uma semana que eu estava ali, trancada. Não permitia que ninguém entrasse, nem mesmo minha mãe. Não tinha forças para enfrentá-la, nem a ninguém. Eu estava devastada. Não pelo que Dimitri fez comigo, mas pelo que eu mesma fiz. Pelas mentiras, pelos erros, por tudo que sacrifiquei… por ele. E no fim? Ele simplesmente me deixou. Uma risada sem humor escapou dos meus lábios rachados. Eu me entreguei, me anulei, destruí quem eu era… por nada. Me virei na cama, abraçando meus joelhos. Meu corpo doía, minha cabeça latejava, e eu não me lembrava da última vez que havia comido algo. Mas não importava. Nada importava mais. Foi então que ouvi o estrondo. A porta do quarto foi arrombada, e antes que eu pudesse reagir, Aurora entrou, os olhos faiscando de raiva. — É sério isso, Isabella?—
Dimitri Carter A garrafa de uísque estava quase vazia. O líquido âmbar descia queimando minha garganta, mas a dor era tão amarga quanto o sabor da bebida. Melhor sentir isso do que encarar o vazio que me consumia por dentro.Eu estava jogado no sofá da sala, encarando a escuridão do cômodo. A mansão era grande demais para mim, fria demais. Mas talvez fosse exatamente o que eu merecia, ou o que me representava, eu deveria ser parte daquele cômodo, como uma mobília, vazio e sem vida.O som dos saltos ecoando pelo corredor me tirou dos meus pensamentos. Não precisei olhar para saber quem era.— Dimitri — a voz de Natasha soou hesitante, quase como se soubesse que não era bem-vinda ali. — Precisamos conversar.Soltei uma risada baixa e irônica. Conversar? Eu não queria falar. Não queria ouvir. Só queria esquecer.— Se veio para isso, pode ir embora — murmurei, levando o copo aos lábios mais uma vez.Mas Natasha nunca foi do tipo que aceitava um não. Ela se aproximou, deslizando os dedos
Um mês depois... Eu estava em minha empresa, imerso em pilhas de documentos e relatórios, tentando me distrair da confusão que era minha própria vida. Mas não importava quantos contratos eu assinasse ou quantos negócios fechasse, a verdade me perseguia como uma sombra insistente: Isabella ainda estava em minha mente. A porta do meu escritório se abriu abruptamente e Natasha entrou sem ser anunciada. Sua expressão era dura, e antes que eu pudesse sequer perguntar o motivo de sua presença, ela jogou algo sobre minha mesa. Um teste de gravidez. Meu olhar se fixou naqueles dois pequenos tracinhos vermelhos. Um peso imediato caiu sobre meus ombros, e eu levantei os olhos para encarar Natasha. Ela cruzou os braços, a expressão desafiadora. — Eu estou grávida — disse ela, a voz firme. — E não sou o tipo de mulher que vai aceitar uma pensão e criar um filho sozinha. Quero que case comigo e seja um pai presente para o nosso bebê. Quero que ele tenha uma família. Respirei fundo, esfre
Isabella Ricci O telefone vibrou sobre a mesa de centro da sala e meu coração se apertou ao ver o nome dele na tela. Dimitri. Fechei os olhos por um instante, sentindo a familiar onda de emoções conflitantes me invadir. Eu não queria atender. Não queria ouvir aquela voz que um dia foi tudo para mim. Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim queria encerrar aquilo de vez. Eu já havia tomado minha decisão. O passado precisava ficar para trás. Respirei fundo antes de deslizar o dedo pela tela, levando o celular ao ouvido. — Isabella — a voz dele era um sussurro carregado de tensão. — Você pode falar? Cruzei os braços, tentando conter a raiva e a dor que se misturavam dentro de mim. — Se for sobre os papéis do divórcio, sim, eu posso falar. Você tem alguma dúvida? Um silêncio pesado se instalou entre nós. Podia ouvi-lo respirar do outro lado da linha, como se estivesse tentando encontrar as palavras certas. Mas não havia palavras certas. Nada que ele dissesse mudaria o que acon
Dimitri Carter A dor era um peso esmagador em meu peito. Eu nunca imaginei que chegaria ao ponto de sentir um vazio tão profundo, um buraco negro sugando cada fragmento de minha existência. Mas ali estava eu, sentado no chão frio do meu escritório, com os papéis espalhados ao meu redor e as palavras de Isabella ecoando na minha mente como um trovão incessante. Ela não queria me ver. Ela não queria mais me ter em sua vida. A ficha caiu como um soco brutal. Meus olhos ardiam, e, antes que percebesse, lágrimas deslizaram pelo meu rosto. Eu, Dimitri, chorava. Não de raiva, não de frustração, mas de dor. Uma dor que experimentei antes, quando havia perdido o meu filho e minha falecida esposa. Isabella foi minha força, minha tempestade e minha calmaria. E agora, ela estava fora do meu alcance. Levantei-me de súbito, meus músculos rígidos pelo tempo que passei imóvel. Passei as mãos pelo rosto, limpando as lágrimas, e encarei meu reflexo no vidro da janela. Eu precisava lutar. Se havi
Isabella Duarte Ricci O silêncio pairava sobre nós, denso e pesado. O som da porta se fechando ainda ecoava em minha mente, e eu podia sentir o peso da presença de Dimitri mesmo após sua partida. O cheiro amadeirado do perfume dele ainda pairava no ar, misturando-se ao aroma de cacau do chocolate quente que Aurora preparou mais cedo. Ela mexia os dedos nervosamente sobre o tecido da manta fina que cobria suas pernas, como se tentasse organizar as palavras antes de soltá-las. — Você... um dia vai contar para o Dimitri? — Sua voz soou baixa, quase um sussurro, mas atingiu meus sentidos como um trovão. Fechei os olhos por um breve instante, inspirando fundo. Eu sabia que essa pergunta viria, era inevitável. Mas ouvir Aurora verbalizá-la tornava tudo mais real, mais definitivo. — Não. Ele agora tem que se preocupar apenas com a mulher que engravidou e o bebê que ele terá — Minha resposta saiu firme, sem hesitação. Ela se virou para mim, os olhos castanhos refletindo um misto de surpr