CAPÍTULO 2 EMÍLIA

O despertador toca cedo porque em meio a minha vida corrida como administradora de um hospital tenho que tentar manter a minha vida o mais saudável possível, fazer exercícios e alimentação é preciso.

Saio para praticar exercícios, mas ao voltar tomo banho e arrumei-me rapidamente tomei café, sozinha porque a minha irmã Alicia deve ter ido dormir com o seu namorado após o plantão e eu sigo sozinha nesse apartamento e cheia de trabalho, mas se não fosse por Elis e esse trabalho eu e Alicia não estaríamos onde estamos, não posso reclamar! Somente agradecer.

Entrei no meu carro e fui diretamente para o hospital e ao chegar falo com todos os colaboradores e vou diretamente para o meu escritório e uma pilha de pastas já estão esperando-me.

Respiro fundo analisando cada pasta e algumas delas são contratações de novos profissionais para trabalhar aqui, ponho os óculos e o celular começa a chamar, é Elis Navarro ligando para o meu celular o atendi imediatamente.

— Bom dia, senhora Ellis.

— Bom dia, Emília, marquei uma reunião com Clóvis no horário do almoço e preciso de você presente. — Elis fala.

— Como quiser, senhora Elis. — Desligo o celular.

Respiro fundo e engulo seco o que acabei de ouvir, queria encontrar todo o mundo nessa vida menos Clóvis só em pensar que um dia deixei seduzir-me por aquele traste e ele me humilhou deixando-me com a autoestima baixa. Mas a senhora Elis não quer saber dos meus problemas pessoais e muito menos do meu envolvimento com Clóvis, apesar de tudo eu quem devo a ela.

A senhora Elis sempre foi uma mulher forte e misteriosa, só sei que ela tem três filhos homens e um deles não conheço, só vejo burburinhos que ele é um playboy rebelde e que nunca se curvou diante da sua autoridade, a senhora Elis nunca comentou nada sobre ele para ela só existem dois filhos.

Continuei a trabalhar, estava tão focada na frente do computador que não percebi Clóvis entrar na minha sala e levei um susto pondo a mão no coração.

— Quanta eficiência Emília! Estava com saudades de mim? — Clóvis pergunta.

— Quem te deu permissão para invadir o meu escritório? — Pergunto nervosa.

— Para que tanto nervosismo ao me ver, ainda é apaixonada por mim porque eu não sou por você e, além disso, iremos participar de uma reunião juntos.

— Se um dia gostei de você, saiba que me arrependo do ser humano podre que você é.

— Saiba Emília que qualquer homem no meu lugar jamais tocará em você quando tirar a roupa.

Clóvis sai da minha frente batendo a porta e eu que até então segurava as lágrimas para não chorar, deixo elas caírem uma a uma, na rapidez da minha dor, o celular chama e é Elis. Enxugo rapidamente as lágrimas e bebo água para me recompor, ir a essa reunião para enfrentar o meu desconforto.

O pior de tudo é ter que estar presente nessa reunião com esse crápula e fingir que está tudo bem e a senhora Elis ao ver-me fala.

— Vamos dar início a nossa reunião, Emília chegou. — Ela fala.

Sento-me na cadeira totalmente desconfortável e a reunião era para anunciar infelizmente mais um ano de parceria com Clóvis, ele é dono de uma das maiores empresas de material hospitalar, tentei várias vezes trocar de fornecedores, mas a senhora Elis parece que vive cega e não ver o mau-caratismo desse homem e após ele sair resolvi falar com ela.

— Senhora Elis, você prometeu que iria ver o material daquele outro fornecedor que falei.

— Emília sempre te dei aval para mandar e desmandar após mim, antes de levantar-te e fazer-te uma mulher inteligente eu já existia, esse hospital já era todo abastecido com os materiais do pai de Clóvis, mas saiba que só poderá fazer mudanças aqui quando eu morrer lembre-se que você assinou um documento no passado, não se esqueça disso a qualquer momento cobrarei o favor aqui é uma mão lavando a outra.

Ela levanta da cadeira e sai sem olhar para trás, arrepio toda a vez que ela me lembra desse documento.

Ao voltar para o meu escritório quem me espera agora é Alicia e ela ao ver-me.

— Irmã, que cara é essa? — Ela pergunta vindo abraçar-me.

— Hoje Clóvis esteve aqui! E o pior, a senhora Ellis lembrou do documento que assinei sem ler.

— O que será que está escrito nesse documento, acho que não é algo ruim Emília, se fosse ela não teria colocado nas suas mãos esse império de hospitais para cuidar e cuida de tudo com eficiência, você tem um coração humano e sensível, todos te amam aqui.

— Às vezes penso como você Alicia, mas a cada vez que ela fala sinto uma energia nada boa, sei que não é algo bom.

— Vamos almoçar juntas hoje — Alicia fala sorrindo e abraçando-me.

Não consigo negar nada para esse sorriso dela, a minha irmã é a coisa mais importante da minha vida, a minha única família, sempre só tivemos uma a outra para nos ajudar nos dias tristes.

Durante o horário do almoço, Alicia veio buscar-me para irmos juntas e conversamos sobre a sua vida pessoal e sobre o seu namoro com o Dr. Castro.

— Alicia quando vai casar irmã? Já que se formou, quero ver você formando a sua e ter ao menos um sobrinho, aí, sim, ficarei satisfeita. — Falo seria.

— O que é isso, Emília ainda verei você se casando primeiro que eu. — Alicia fala ao sorrir.

— Alicia eu casando!? Quem casaria comigo? Nessas condições, já estou com 31 e nada.

— Você é linda por dentro e por fora e eu tenho certeza que você vai encontrar alguém que te ame do jeito que você é.

Alicia sempre me diz isso desde que somos crianças e até hoje estou solteira, o único traste que apareceu desiludiu-me de que alguém possa amar-me verdadeiramente como eu sou.

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