O bom de trabalhar nesse hospital é que não tenho tempo de pensar em mim, somente no próximo subo e desço nos elevadores resolvendo todo e qualquer problema burocrático daqui e das outras unidades depois da senhora Elis eu que respondo por tudo.
Nunca sonhei em administrar tamanho hospital, mas com o tempo aprendi a amar e a entender que nem tudo na vida é como a gente quer e a minha realidade vem desde que eu sou criança. Vivo somente para ajudar os outros até o dia que Deus me permitir. Voltar para a casa sempre é maravilhoso, deito-me no sofá e estico as pernas e a campainha toca, bufo olho a hora no relógio e imagino que não possa ser Alicia uma hora dessas, pois ela está com o seu namorado, surpresa também não é, levantei com todo o sacrifício e ao abrir a porta deparo-me com Alicia aos prantos. — Minha irmã o que aconteceu porque está assim? — Pergunto aflita. — Castro terminou comigo? — Alicia fala chorando. — Mas isso não é tão ruim assim Alicia você é jovem, tem vitalidade, saúde, é linda quem perdeu foi ele! — Falo. — Emília, estava esperando um pedido de casamento e ele terminou comigo. — Alicia fala desolada. — Não é para ser ele o homem da sua vida, não posso nem te dar conselhos amorosos Alícia nunca namorei sério com ninguém. — Posso ficar aqui com você? — Alicia pergunta. — Esse apartamento é seu também. A noite foi longa consolei ela e fiz o meu papel de irmã e mãe como sempre fiz na vida desde quando éramos crianças, mesmo cansada preparei o jantar tomei os meus remédios e enfim fomos dormir juntas estava tão cansada que dormi feito uma pedra. No dia seguinte espreguicei e percebi que Alicia não estava no quarto e ao sair do quarto ela estava na cozinha, preparando o café da manhã, ao ver Alicia sofrendo pelo castro lembrei-me do pequeno romance que tive com Clóvis eu enxerguei completamente que nada daquelas sensações que sentia era amor e ainda bem que ele me deixou, imagino o tanto o que eu sofreria do lado daquele homem. Como Alicia está e ela não tem restrição alimentar com nada, mandei comprar uns donuts para ela e pedi para o porteiro receber na portaria e subir para me entregar, alguns minutos passaram-se e ele sobe e quando abri a porta do apartamento. — Bom dia senhor Luís! Senhor Luís. — Bom dia menina Emília, estou lendo o jornal da manhã e foi preso ontem um grupo de jovens praticando racha em carros velozes. — É uma prática ilegal, mas nunca deixou de existir senhor Luís, aqui está o dinheiro dos donuts. — Essa prática é comum, mas dessa vez a pessoa que praticou é muito rico! — O senhor Luís vira o jornal para mim. Abro a boca quando vejo o sobrenome Navarro estampado naquela matéria policial e vejo um homem branco com os cabelos loiros escuros, tons pasteis, olhos na cor de mel, corpo másculo, Tarso Navarro algemado. — Viu ele é filho da sua chefe! — Eu nunca o vi pessoalmente, senhor Luís, posso ficar com o jornal? — Pergunto surpresa. — Claro Emília. — Ele fala entregando-me o jornal O senhor Luís se vai e fico com os olhos vidrados naquele jornal e Alicia vem até onde estou. — Alguém morreu Emília? O que tanto ver de importante nesse jornal? — Alicia pergunta vindo até a mim. — Tarso Navarro é ele! — Afirmo. Alicia pede o jornal para ver o que tanto vejo e a entreguei, e ela põe a mão na boca ao ver a imagem e nós duas lemos a notícia que estava naquela nota, imagino que a senhora Elis está com os nervos a flor pele, ele afinal o filho que estava longe agora veio rodeado de problemas. — Emília esse Tarso eu não conhecia, mas o que tem de bonito, tem de problemas nem parece Esaú e Allan que são uns anjos. — Alicia fala. — Pois é ele é um homem muito bonito, mas é rebelde e playboy quem odeia escândalos como a senhora Ellis. — Mas nem tudo é perfeito Emília, nem todos devem se curvar a ela como nós duas fizemos a vida toda. — A nossa situação é diferente! Alicia jamais compare nós duas com esse rapaz o Tarso, éramos como folha seca, só o vento saberia o nosso destino. — Falo e olho o jornal novamente. Entrego os seus donuts e fomos tomar café e os meus olhos não conseguiam sair daquele jornal, a imagem do olhar dele sendo levado por policial não sai da minha cabeça eu só queria entender como Tarso vive uma vida assim, sempre teve dinheiro, estudos, inúmeros hospitais para trabalhar e prefere viver assim uma vida delinquente. Alicia sai de casa para trabalhar e eu fico sozinha, não demorou muito a campainha toca novamente creio que pode ser o senhor Luís em busca do seu jornal coitado dele fiquei em choque com essa notícia e ao abrir a porta vejo a senhora Elis na minha frente eu sem entender nada. — Bom dia senhora Elis, entre por favor. — Falo rapidamente. — Hoje não é um bom dia Emília! — A senhora Elis fala andando de um lado para o outro. — A senhora quer um chá, um café. — Nada disso vai acalmar-me Emília, nunca fui de falar do meu segundo filho, Tarso, aliás para mim ele nunca foi o meu filho, penso que ele foi trocado na maternidade. — A senhora Elis fala e sinto ódio nas suas palavras. — Eu o conheci hoje através dos jornais, eu lamento muito senhora Elis. — Falo triste. — A vida dele foi sempre jogar lama no meu sobrenome eu tive os meus três filhos imaginando e sonhando um futuro brilhante para eles e olha onde está o sobrenome da minha família, sobrenome esse que lutamos ardentemente para ser reconhecido e Tarso vem novamente praticar racha, estou a base de remédios. — Senhora, eu lamento muito, mas o juiz Fakin talvez conceder um habeas corpus para soltá-lo, só assim todos irão esquecer novamente esse escândalo. — Pedi a ele que não concedesse nada, Tarso só sairá da cadeia de casamento marcado. Fico perplexa ao ouvir as suas palavras, eu não sabia que Tarso já era noivo, olho para a senhora Elis e tento falar algumas palavras. — Tarso é noivo? Não entendi quando você fala que ele só sairá de lá casado? É algo contra a sua vontade. — Pergunto curiosa. — Tarso não é noivo! Ele vai ficar a partir de hoje, agora, a sua vez chegou Emília. Está na hora de você cumprir o contrato que assinamos anos atrás e a minha exigência é essa Emília que case com Tarso. A cada palavra que saia da sua boca era uma parte do meu corpo que ia gelando, eu não sentia nem mais os meus pés, sentei de uma vez na poltrona e ela entrega-me a pasta vermelha, lembro-me perfeitamente do dia em que ela me fez assinar e pergunto o que vai ser de mim agora.Após ser preso tive direito ao menos um telefonema até porque no passado fui um visitante assíduo dessa delegacia e agora voltei, liguei imediatamente para Yan em plena madrugada quero ver se ele é o meu amigo é agora. O telefone chama, chama e enfim Yan atendeu. — Tarso, Alô? — Yan fala do outro lado da linha. — Estou preso Yan quero você aqui e agora. Ouvi só a sua respiração do outro lado da linha, e desligou o telefone e sem muita conversa alguns minutos foram necessários e ele finalmente chegou se identificando e ao ver-me ela põe a mão na cintura. — Você está aqui de propósito, não é? Yan pergunta. — Lógico que não Yan, aquela turma toda é para você defender pode pagar a fiança de todos. — Tarso, você é o homem mais louco que conheci na vida e o pior sem limites, sem rédeas. Sorriu debochando dele e Yan em plena madrugada começa soltando a turma, menos Kell porque a Ferrari é minha, na cela de frente para a dele Kell e eu discutimos devido à aposta e enfim chegamos
Passei um momento em choque após a senhora Elis exigir que me case com Tarso eu não estava acreditando levantei-me do sofá e fiquei em silêncio por alguns minutos e só assim a voz voltou. — A senhora está brincando, não é senhora Elis? é, eu e Tarso não temos nada a ver um com outro, não tem outra maneira. — Falo nervosa e a senhora Elis me interrompi. — Não tem Emília, o acordo foi feito anos atrás que um dia eu cobraria tudo o que investi em você e na Alicia e caso não aceite o que estou impondo, dê adeus ao seu cargo geral dos hospitais Navarro e Alicia, a sua residência em um dos melhores hospitais dessa cidade que você sabe muito bem que não há melhor do que o meu hospital. — Eu aceito, a senhora sabe da gratidão que tenho por apostar tão alto em mim e na Alicia e não serei ingrata a tal ponto, o que vou ter que fazer? Sabe que Tarso vai recusar o casamento como uma desconhecida. — Pergunto aflita. — Você é uma garota de ouro, Emília, você é meiga, linda, doce, educada, pa
Penso e repenso no que a minha mãe falou, bufo de raiva só em pensar que estou nas mãos dela, esmurro a parede, quem diabos é Emília, quem será essa mulher e o quanto ela recebeu para viver essa farsa do meu lado.Já estava com fome e não aceito comida daqui não posso confiar em ninguém, maldita hora que esse juiz foi se envolver com a minha mãe, pergunto-me por onde anda Yan não estou acreditando que pela primeira vez terei que ceder a ela.E enfim Yan aparece com uma marmita, ele olha-me desolado e fala.— Pelo menos consegui mais uma visita, sabia que a sua mãe conseguiu impedir a minha entrada aqui, subornei um pouco e aqui estou eu, odeio trabalhar assim, mas às vezes não tenho saída.— Estou morrendo de fome Yan, a minha mãe veio aqui. — Falo — Sério e aí o que conversaram? — Yan pergunta.— Ela quer que eu me case com uma mulher que nem sei quem é, segundo ela para tentar limpar a minha imagem e o nosso bendito sobrenome.— Sério isso? Casamento como uma mulher que você não co
Ao sair do hospital eu não andava, flutuava porque eu não me sentia bem, e no estacionamento Allan e Esaú os dois ao me ver vem na minha direção. — Emília! — Grita Allan. Olho para trás em silêncio e os espero, pelo semblante deles já sei que eles devem estar sabendo o que está acontecendo e os mesmos cercam-me. — Algum problema que eu posso ajudar? — Pergunto disfarçando um pouco a minha tristeza. — É você que irá casar com Tarso? — Esaú pergunta. — Sim, — respondo baixando a cabeça. — O que está acontecendo? Mamãe foi capaz de propor uma loucura dessa? — Allan pergunta. — Meninos sei que vocês estão sem entender nada, a única coisa que peço é que vocês me entendam e no momento certo vocês irão saber o porquê estou fazendo tudo isso, e só assim vocês poderão julgar-me. — Falo totalmente perdida. — Mas Emília. Entrei no meu carro e o dirijo completamente perdida, jamais seria capaz de pôr os filhos da senhora Elis contra ela, sei que se eles descobrirem um dia a verda
Deito-me na cela olhando a foto da Emília, estou sem acreditar que ainda vou ter que passar a noite aqui, mas enfim aguardarei até amanhã, Yan não voltou mais para me dar alguma notícia, e acabei adormecendo. No dia seguinte acordei com o agente policial chamando. — Acorda playboy está solto, o seu advogado está esperando. — Já era sem tempo, estou louco para tomar um banho. — Falo levantando-me. Saio de cabeça erguida e Yan já me esperava para conversar comigo e pelo que vejo parece que ele não dormiu bem também! — Tarso por favor venha vamos conversar procurei a sua mãe, ela quer que você case em dois dias, casamento tradicional, com tudo o que tem direito e mais ela quer o seu passaporte para ter a certeza que não vai fugir e nem causar mais uma vergonha, a sua carteira de habilitação está suspensa e não poderá se ausentar da cidade. — Um verdadeiro prisioneiro, quero muito ir para o hotel, tomar um banho e beber um café bem forte, já que estou livre, quero ir até à casa da m
Se já estava nervosa ao ver Tarso pessoalmente, mudei de cor quando ele falou sobre a lua de mel foi impossível os olhos não arregalar com tamanha ousadia do mesmo, mas Elis me garantiu que ele estava brincando e após conversarmos sento-me no sofá e a senhora Elis me olha. — O porquê está assim Emília, se acalme, Tarso não vai te fazer nenhum mal. — Senhora Elis como me sentir segura Tarso saiu da cadeia. — Falo preocupada. — Dou-lhe a minha palavra Emília e deixa de ser medrosa, vamos para a guerra, só se preocupe em estar pronta para esse casamento e com Allan e Esaú eu me entendo não fique se explicando para ninguém e vá para onde Tarso for e nade conforme a maré, um dia Tarso vai ceder a alguém. Fico mais insegura com as suas palavras ao entrar no carro, respiro fundo e lembro do sorriso do Tarso, lembro que pelo menos já comprei o vestido dirigi rapidamente para o trabalho e ao chegar imediatamente enviei uma mensagem para Mirtes para saber se Alicia já se levantou confesso qu
Quem pensava que eu não ia convidar os meus amigos da periferia estavam todos enganados, mandei convite para geral, roupa e tudo porque os conheço e sei que eles não viriam se misturar ao meu mundo real, a minha quase desmaiou quando pedi os convites para enviar a eles e se não causar impacto não sou eu. Se eu pudesse teria feito uma despedida de solteiro, a minha vida também não será um mar de rosas do lado da mulher correta que vive só para estudar e trabalhar. Acordei e Yan já me esperava ele estava mais perfeito que eu que sou o noivo. — Yan bom dia você vai casar também? — Pergunto porque sei como irritá-lo. — Você é demais Tarso, olha a hora! Fica estranho a noiva chegar antes do noivo. — É já eu fico arrumado e lindo, acordei de bom humor. — Falo. Como sempre bebi água e comi uma fruta, tomei banho e na hora de vestir-me pedi ajuda a Yan porque não sei nem como usar uma gravata. Ele vem até o meu quarto e começa a arrumar-me e no pequeno espelho olho-me passo a mão
Ao chegar na igreja vejo Tarso no altar, o coração bate aceleradamente. Alicia segura forte na minha mão e sorrir, foi difícil fingir naturalidade enquanto todos os olhares estavam sobre mim, analisando cada movimento meu!Tarso parece tão tranquilo não transparece nenhuma emoção, enquanto eu estou-me desmanchando em lágrimas e principalmente quando o padre fala sobre termos a sorte de encontrar alguém que nos ame como a gente é, sem máscaras, de alma limpa e um dos meus sonhos é esse encontrar alguém como o padre descreveu e aqui estou do lado do Tarso, um homem fora da curva para não chamar de louco.Estava suando frio durante a troca de alianças, Tarso segurou a minha mão para pôr a aliança, ele beija a minha mão num gesto sedutor, tento disfarçar o quanto fiquei sem graça.Mudei de cor quando o padre disse que o Tarso podia beijar a noiva, senti um frio na barriga com o toque do Tarso sobre o meu rosto e a medida em que a sua boca se aproxima da minha, sinto borboletas no estômago