Parte 2...
— Não seja tonto, Diogo - entrou no salão grande e foi analisando as pessoas em volta. Não sabia como seria o senhor Fussô — Isso não tem nada a ver com namoro, é tudo um acerto. Cada pessoa deixa claro o ponto que espera do outro e se houver concordância entre as vontades e gostos pessoais, começam um relacionamento, mas é só interesse pessoal.
— Credo, que coisa nada romântica.
— O que eu menos quero é romance, Diogo - um menino passou correndo por ele.
— Só você mesmo para aparecer com uma coisa dessa.
— Diogo, eu prefiro ser honesto. Não me adianta nada ficar com bobagens românticas apenas para conseguir o que quero. É mais rápido e simples abrir o jogo.
— Tudo bem, mas você poderia fazer um acordo desse com a Lívia, por exemplo.
Dessa vez foi ele quem riu.
— Lívia sempre quis que eu assumisse um namoro com ela. O que acha que ela iria fazer se eu pedisse que se casasse comigo para depois de um ano cada um ir para seu lado?
— É... Você tem razão - ele pausou — E a Noeli?
— Você ficou maluco de vez? - segurou a voz para não chamar atenção das pessoas — A Noeli sempre quis estar no meio da sociedade mais alta. Ela iria querer me tirar tudo depois.
— Então só posso te desejar boa sorte, amigo.
— Não preciso de sorte. Preciso de um bom acordo.
— Cuidado na hora da escolha da noiva.
— Não será uma noiva e sim uma parceira. Eu dou a ela o que precisa para ter a vida que sonha e em troca ela me ajuda a ter o que quero. Já te disse, é simples.
— Ah, é sim... Muito simples - dava para sentir o tom de sarcasmo dele.
— Não enche, vai à merda!
Uma mulher na mesa ao lado olhou para ele de cara fechada ao ouvir o xingamento.
— Olha, depois a gente se fala mais.
— Qualquer coisa me manda uma mensagem. Eu vou te socorrer se precisar - disse rindo.
— Vai se foder, Diogo.
A mulher arregalou os olhos de novo e ele virou a cara.
— Eu só não quero que você se foda - gargalhou — Sua ideia de namoro é péssima. Não sabe tratar uma mulher.
— Olha, só não digo o que você tem que fazer porque está cheio de gente aqui.
Diogo gargalhou do outro lado. Falava de propósito.
Nicolau desligou prometendo que depois iria ligar para contar como foi a reunião com o senhor Fussô.
Ele guardou o celular no bolso do sobretudo e deu outra olhada pelo lugar. Estava mais atrasado ainda e isso não era bom para sua imagem. Com certeza o homem deveria estar achando que ele não iria aparecer.
Caminhou entre algumas mesas. A maioria ocupada com famílias ou mulheres que conversavam entre si. Não estava vendo onde estaria o homem.
Ajudaria se ele soubesse como era a aparência de Dominique Fussô, mas não tinha ideia. Nas duas vezes em que ligou para a agência, quem o atendeu foi uma secretária e depois marcou o encontro no restaurante.
A secretária tinha deixado claro que o homem detestava atrasos, mas sendo ele quem era, poderia se dar ao luxo de se atrasar e ainda assim muitas pessoas fingiriam que nada havia acontecido.
Seu nome e sua conta bancária falavam mais alto. Ele não se atrasava porque não gostava, mas nesse caso, estaria isento da culpa. E com certeza que Dominique Fussô deve ter checado quem ele era e sabia bem que ter o nome dele na agência faria muita diferença.
Ele tinha pouco tempo para encontrar uma garota que coubesse no seu plano e aceitasse se casar o mais rápido possível. Cada hora contava para isso.
Nicolau tinha muita coisa em jogo e não aceitava perder de forma alguma. Apesar de ser contra relacionamentos, pois não acreditava nessa bobagem de amor, ele tinha alguns casos, mas não passavam disso.
Sempre que ele sentia que a mulher estava começando a ficar grudenta e exigindo demais de seu tempo e paciência, logo terminava o caso e partia para outro sem nem perder tempo, o que lhe rendeu a fama de mulherengo e cafajeste.
E não se importava que falassem isso dele. Quanto maior a fama, mais ele conseguia ter amantes, todas querendo ser a mulher de sua vida que faria com que ele caísse de amor por ela.
Coitadas. Pelo menos nesse ponto ele nunca enganou nenhuma delas. Sempre deixou claro que não se envolvia ao ponto de se apaixonar e que tudo era passageiro, mas elas insistiam em não acreditar e depois ficavam magoadas, jogando a culpa toda de sua frustração em cima dele. Um engano delas.
Se ele não conseguisse encontrar uma parceira que fingisse ser sua noiva até no máximo domingo, ele estaria com um problema grande. Talvez tivesse mesmo que recorrer a uma das garotas com quem teve um caso para que entrasse nessa com ele, mas isso seria uma sorte, um tiro no escuro.
Era muito melhor fazer um contrato com uma mulher desconhecida do que pedir em casamento alguma de suas ex amantes. Seria tudo o que iriam querer.
Infelizmente havia muita coisa em jogo para arriscar não meter o pé em algo assim. Não apenas a fortuna de seu avô, como também a propriedade medieval e seu título.
Valia a pena cometer essa loucura.
Ele tirou os óculos escuros para poder avaliar melhor. De um lado duas garotas fofocavam apontando para algo em um celular e na mesa ao lado, um casal de idosos conversavam sobre o cardápio. Excluiu as mesas de casais, as mesas com crianças e naquele lado do restaurante não viu possibilidade do homem estar ali o esperando.
Foi para o outro lado que estava menos cheio. Da mesma forma foi excluindo as mesas que não caberiam na descrição de um homem de negócios esperando por outro.
Parte 3...Enquanto ia caminhando pelo local, algumas cabeças se viravam para olhar para ele, curiosas. Nicolau chamava mesmo a atenção pela sua altura e pelo seu tom de pele, herdado de sua mãe espanhola.Parou e colocou a haste dos óculos na boca, virando a cabeça devagar.Viu um casal com um bebê no carrinho ao lado. Um rapaz muito jovem para ser o dono de uma agência de tal porte e que estava concentrado em seu notebook. Nem mesmo levantou a cabeça quando ele passou ao lado da mesa.Do outro lado do salão ele notou uma mulher de costas, com a mão apoiando o queixo e olhando pela grande janela de vidro, vendo o movimento que passava lá fora na calçada do outro lado. O cabelo loiro escuro estava preso em uma trança longa que chegava até o meio da coluna.Parecia bem distraída. Avançou mais um pouco e viu um homem em outra mesa, a cabeça baixa, lendo algo. Ele se aproximou e o homem levantou a cabeça, o encarando, mas logo depois voltou a baixar sem lhe dar a mínima atenção. Então nã
Parte 4...— Muito decepcionado com esse fato? - ela perguntou séria — Por acaso é machista ao ponto de achar que uma mulher não pode comandar uma empresa? - ela ergueu a sobrancelha.— Não sou machista... Não muito, eu acho - ele respondeu de uma forma quase infantil.Dominique sorriu de novo e ele sentiu um arrepio gostoso na nuca que desceu por sua coluna. Ela parecia bem centrada e direta. Gostava disso.Quando ela parou de sorrir para pegar uma pasta, ele logo sentiu falta do sorriso. Era impressionante. Em pouco mais de um minuto a mulher o deixara deslocado do ambiente, totalmente ligado nela.— E não é machismo - ele quis reforçar — É que eu achava que estaria lidando com um homem, apenas isso.— Tudo bem, um engano comum - ela deu de ombro.— Já foi confundida com um homem antes?A pergunta era idiota, mas ele se sentia idiota. Não conseguia tirar os olhos daquela boca.— Apenas pelo nome - ela riu de leve e tirou os óculos.Então ele pode ver seus olhos. Eram de uma cor que
Parte 5...— E será mesmo que você irá conseguir me ajudar? - ele cruzou as mãos sobre a mesa — Como vou ter a certeza de que a mulher que me apresentar, será a ideal para o que quero?— Bem, o seu assistente fez uma pesquisa e achou minha agência no topo, porque fazemos um trabalho sério e dedicado - ela também se inclinou para a frente — Temos muitos clientes, homens e mulheres que buscam um par por vários motivos.— Mas com tanta gente, será que vai achar uma a tempo? O meu prazo realmente é curto.— Sei bem disso. Uma triagem será feita com todo cuidado, levando em consideração as informações de ambos os lados. Eu vou precisar que o senhor responda a um questionário da forma mais honesta possível - ela passou a língua pelo lábio — Eu não aceito que um cliente tente enganar o outro, usando minha agência. Sou uma pessoa responsável.Ele ouvia o que ela dizia, mas seus olhos seguiram o movimento da língua ao acariciar aquele lábio delicado. Imaginou como seria dar uma mordida nele.—
Parte 6...— Gosto muito de pessoas honestas, que não tentam me enganar para tirar proveito, por menor que seja - ela guardou as folhas na pasta — Por agora está tudo certo para mim.— Sabe, eu poderia ter mentido sobre algo - ele brincou.Ela foi guardando tudo enquanto falava para ele.— O senhor tem trinta e seis anos até daqui a três meses e meio. Diogo é seu amigo desde os doze anos de idade e vocês se conheceram quando ele mudou de turma na mesma escola em que estudava - olhou para ele enquanto fechava a pasta — Não ficou preso vinte e quatro horas e sim dezesseis horas, até que seu avô resolveu tudo.Ele fez uma cara engraçada, pego de surpresa.— O abusado que incomodou sua irmã era um playboy acostumado a dar em cima das meninas, se aproveitava delas e depois ainda saía espalhando mentiras. Fez bem em quebrar o nariz dele e fazer com que virasse piada. É o comportamento certo de um irmão mais velho que ama a irmã.Ele ficou sem saber o que falar.— E se o senhor tivesse menti
Parte 1...Dominique deu uma geral pra ver se alguém poderia vê-la ali ao lado do carro, no cantinho de estacionamento. Não viu ninguém, então ninguém a veria também.Não resistiu e com um sorriso enorme no rosto, fez uma dancinha boba e infantil, mexendo o corpo de um lado para outro, erguendo os braços. Se alguém a visse ali diria que é louca ou estava bêbada.De qualquer forma, ela estava feliz.Finalmente seus esforços e organização começavam a dar mais frutos do que ela esperava. Agora com essa conta de Nicolau Menotti, seu nome ficaria de vez conhecido no meio da alta sociedade como sempre almejou, mas não fazia ideia de que aconteceria tão depressa assim.Pelos cálculos dela poderia ter o nome ainda mais reconhecido em um período de cinco a dez anos. Mas agora, com apenas pouco mais de dois anos, já conseguia isso, graças a esse novo cliente.Imagine quantos novos clientes da sociedade fechada dos mais ricos, ela conseguria agora?Não podia falhar com Nicolau Menotti. Precisava
Parte 2...O avó dele era muito conhecido em Paradiso e havia muitas histórias de benfeitorias realizadas pela família. Isso passou para o pai dele, que teve algumas histórias não tão boas com relação a amantes e isso pelo jeito criou atritos na família.Ela não era muito ligada em fofocas, mas a partir do momento em que decidiu criar a agência e unir mulheres e homens que buscavam por uma companhia dentro do que achavam interessante para suas vidas, ela teve que começar a se ligar no que acontecia no meio e começar a conhecer nomes e rostos.Por enquanto ela estava conseguindo manter os negócios e estava tendo uma renda muito boa que ajudava a sustentar as necessidades, mas precisaria de mais para ficar mesmo relaxada e trabalhar apenas por prazer e não por necessidade.Por agora ela tinha uma grande responsabilidde nos ombros e conseguir essa conta de Menotti traria outras, de certeza. E apenas com o que ganharia dele para esse serviço já a deixaria descansar por no mínimo uns dois
Parte 3...Joane ela eram amigas há muito tempo, antes mesmo de tudo cair de forma tão louca em volta dela, mudando toda sua vida. E no momento em que ela se sentiu só, Joane estava lá.— Outra coisa, você tem que ligar para a clínica.Dominique parou de empurrar o carrinho.— O que foi? Eles ligaram para a agência? Eu não recebi nenhuma chamada hoje de manhã - se preocupou, sentindo um bolo na garganta.— Calma, eles não disseram nada fora do comum - não queria que a amiga ficasse preocupada — Só pediram que você ligasse para eles quando fosse possível.Não tinha como ela não se preocupar de imediato quando recebia um chamado da clínica. Logo seu coração batia forte.— Mas não disseram nada sobre a Dani?— Eu perguntei, mas a mulher que ligou disse apenas que seria bom que você passasse lá na clínica para ver a Dani, mas que não era nada grave.Ela até suspirou um pouco aliviada. Saber que a irmã poderia ter tido uma piora a deixava muito nervosa.— Está bem, eu vou ligar quando acab
Parte 1...Nicolau continuava curioso sobre seu encontro mais cedo com Dominique Fussô. Depois que ela descreveu partes de sua vida, ele também queria saber sobre a dela.Mandou que o assistente Clusô fizesse uma pesquisa sobre ela para ver o que descobriria.Quando chegou no escritório ele o avisou de que havia um e-mail pessoal à sua espera. Leu tudo com cuidado assim como ela o orientou e de qualquer forma, faria mesmo isso. Não tinha costume de assinar documentos que não sabia ao certo o que eram, isso era perigoso.Depois que releu tudo ele fez a assinatura para enviar de voltar para ela. O arquivo com as candidatas estava em anexo e ele mandou imprimir.Realmente Dominique tinha feito o serviço de forma rápida. Ele estava com cinco páginas de candidatas e todas dentro do que ele gostava em matéria de aparência física.Sem dúvida todas eram lindas. Mulheres que chamam atenção em qualquer lugar onde passem. Ele leu com calma cada folha com as descrições de cada uma.A primeira era