Parte 3...
Enquanto ia caminhando pelo local, algumas cabeças se viravam para olhar para ele, curiosas. Nicolau chamava mesmo a atenção pela sua altura e pelo seu tom de pele, herdado de sua mãe espanhola.
Parou e colocou a haste dos óculos na boca, virando a cabeça devagar.
Viu um casal com um bebê no carrinho ao lado. Um rapaz muito jovem para ser o dono de uma agência de tal porte e que estava concentrado em seu notebook. Nem mesmo levantou a cabeça quando ele passou ao lado da mesa.
Do outro lado do salão ele notou uma mulher de costas, com a mão apoiando o queixo e olhando pela grande janela de vidro, vendo o movimento que passava lá fora na calçada do outro lado. O cabelo loiro escuro estava preso em uma trança longa que chegava até o meio da coluna.
Parecia bem distraída. Avançou mais um pouco e viu um homem em outra mesa, a cabeça baixa, lendo algo. Ele se aproximou e o homem levantou a cabeça, o encarando, mas logo depois voltou a baixar sem lhe dar a mínima atenção. Então não seria ele também o senhor Fussô.
Começava a achar que o homem havia ido embora devido o seu atraso, mas isso era de uma falta de educação enorme. Se não podia esperar por ele, que mandasse avisar para não perder tempo indo até ali.
Por outro lado, ele não poderia julgar. Quem sabe se o homem não estaria preso no trânsito, assim como aconteceu com ele e não teve como avisar? Ele poderia estar chegando ainda.
Poderia apenas ir embora e depois quando o homem ligasse ele diria a verdade. Não tinha todo o tempo do mundo para ficar aguardando.
Porém, decidiu esperar pelo menos quinze minutos. Passou por duas mesas e sentou em uma outra perto da janela também, ficando de frente para a loira que ainda estava atenta ao que acontecia lá fora. Parecia pensativa e até mesmo um pouco séria. Chamou o garçom e pediu que trouxesse uma bebida para esperar. Não ficaria de garganta seca.
Olhou o relógio de novo. Quinze minutos. Vinte no máximo e depois iria embora.
Deixou a pasta na cadeira ao lado e ficou batendo os dedos na mesa, esperando seu pedido. Quando o garçom trouxe e o serviu, ele agradeceu e teve a atenção voltada para a loira um pouco adiante.
Ela o encarava com olhos brilhantes. Achou estranho o modo sério como o fazia. Não parecia um flerte. Ele meneou a cabeça e deu um sorriso de leve, bebendo um pouco.
Voltou a olhar para a porta de entrada, esperando ver se algum homem entrava, também procurando por outra pessoa, o que indicaria que era o senhor Fussô.
Ao mexer a cabeça de novo, lá estava a loira o encarando, agora de braços cruzados. Ele franziu a testa. Ficou em dúvida se a conhecia ou não?
Procurou no pensamento por algum rosto parecido, mas nada veio até ele. Estava pensando no que fazer quando seu celular tocou. Ele viu o nome da agência na telinha e logo atendeu.
— Pode falar - atendeu esperando que não fosse um cancelamento.
— Você é Nicolau Menotti?
Ele franziu a testa e olhou para a frente. A loira se levantava e pegava a bolsa, ainda o encarando.
— Sim, aqui é Nicolau. Quem fala?
Ele ergueu o rosto para ver a mulher parar em sua frente.
— Eu sou Dominique Fussô... E você está atrasado!
Essa foi uma grande surpresa para Nicolau que ficou de boca entreaberta, sem acreditar que ela era ele. No caso, Dominique não era um homem.
— Mas você é uma mulher - ele exclamou.
Ela sorriu e desligou o celular. Nicolau ficou sem saber como aquela criatura teria o sorriso mais lindo que ele já tinha visto na vida. Deixaria qualquer candidata ao miss universo em segundo lugar.
Sem falar no tom de sua voz ao telefone, que deixou seu ouvido encantado com um leve sotaque. Se essa voz fosse de uma atendente de tele-sexo, ele gastaria sua fortuna ligando vinte e quatro horas sem parar, todos os dias da semana.
— Desde que eu nasci, senhor Menotti - ela estendeu a mão para ele — E você me deixou esperar. Detesto isso.
Ele piscou rápido e olhou para a mão fina e pequena com unhas pintadas de rosa claro. Delicada. Ele gostou disso. Apertou sua mão e sentiu sua pele suave.
— Peço desculpas, o trânsito estava péssimo.
— Vou aceitar a desculpa porque sei que realmente o trânsito em Paradiso está cada dia mais caótico.
Ela sorriu de novo e ele logo observou seus dentes brancos muito bonitos. Os caninos eram um pouco pronunciados, o que lhe dava um charme no sorriso, parecendo pequenas presas vampirescas.
E rapidamente ele pensou que seria bom sentir aquelas presas em seu pescoço.
— Senhor Menotti?
Ele piscou rápido novamente, dando atenção ao que ela falava. Nicolau ficou um pouco perdido diante daquele sorriso. Levantou e puxou a cadeira ao lado, fazendo um gesto.
— Por favor, sente-se.
Ela agradeceu e sentou. Nicolau notou que era mais baixa do que ele, mal chegava ao seu ombro. Voltou a sentar.
— Podemos continuar com essa reunião ou não vai querer me ouvir, apenas por eu ser mulher?
— Bem, não é por isso - ele mexeu o ombro — É que eu achei que você fosse um homem.
Parte 4...— Muito decepcionado com esse fato? - ela perguntou séria — Por acaso é machista ao ponto de achar que uma mulher não pode comandar uma empresa? - ela ergueu a sobrancelha.— Não sou machista... Não muito, eu acho - ele respondeu de uma forma quase infantil.Dominique sorriu de novo e ele sentiu um arrepio gostoso na nuca que desceu por sua coluna. Ela parecia bem centrada e direta. Gostava disso.Quando ela parou de sorrir para pegar uma pasta, ele logo sentiu falta do sorriso. Era impressionante. Em pouco mais de um minuto a mulher o deixara deslocado do ambiente, totalmente ligado nela.— E não é machismo - ele quis reforçar — É que eu achava que estaria lidando com um homem, apenas isso.— Tudo bem, um engano comum - ela deu de ombro.— Já foi confundida com um homem antes?A pergunta era idiota, mas ele se sentia idiota. Não conseguia tirar os olhos daquela boca.— Apenas pelo nome - ela riu de leve e tirou os óculos.Então ele pode ver seus olhos. Eram de uma cor que
Parte 5...— E será mesmo que você irá conseguir me ajudar? - ele cruzou as mãos sobre a mesa — Como vou ter a certeza de que a mulher que me apresentar, será a ideal para o que quero?— Bem, o seu assistente fez uma pesquisa e achou minha agência no topo, porque fazemos um trabalho sério e dedicado - ela também se inclinou para a frente — Temos muitos clientes, homens e mulheres que buscam um par por vários motivos.— Mas com tanta gente, será que vai achar uma a tempo? O meu prazo realmente é curto.— Sei bem disso. Uma triagem será feita com todo cuidado, levando em consideração as informações de ambos os lados. Eu vou precisar que o senhor responda a um questionário da forma mais honesta possível - ela passou a língua pelo lábio — Eu não aceito que um cliente tente enganar o outro, usando minha agência. Sou uma pessoa responsável.Ele ouvia o que ela dizia, mas seus olhos seguiram o movimento da língua ao acariciar aquele lábio delicado. Imaginou como seria dar uma mordida nele.—
Parte 6...— Gosto muito de pessoas honestas, que não tentam me enganar para tirar proveito, por menor que seja - ela guardou as folhas na pasta — Por agora está tudo certo para mim.— Sabe, eu poderia ter mentido sobre algo - ele brincou.Ela foi guardando tudo enquanto falava para ele.— O senhor tem trinta e seis anos até daqui a três meses e meio. Diogo é seu amigo desde os doze anos de idade e vocês se conheceram quando ele mudou de turma na mesma escola em que estudava - olhou para ele enquanto fechava a pasta — Não ficou preso vinte e quatro horas e sim dezesseis horas, até que seu avô resolveu tudo.Ele fez uma cara engraçada, pego de surpresa.— O abusado que incomodou sua irmã era um playboy acostumado a dar em cima das meninas, se aproveitava delas e depois ainda saía espalhando mentiras. Fez bem em quebrar o nariz dele e fazer com que virasse piada. É o comportamento certo de um irmão mais velho que ama a irmã.Ele ficou sem saber o que falar.— E se o senhor tivesse menti
Parte 1...Dominique deu uma geral pra ver se alguém poderia vê-la ali ao lado do carro, no cantinho de estacionamento. Não viu ninguém, então ninguém a veria também.Não resistiu e com um sorriso enorme no rosto, fez uma dancinha boba e infantil, mexendo o corpo de um lado para outro, erguendo os braços. Se alguém a visse ali diria que é louca ou estava bêbada.De qualquer forma, ela estava feliz.Finalmente seus esforços e organização começavam a dar mais frutos do que ela esperava. Agora com essa conta de Nicolau Menotti, seu nome ficaria de vez conhecido no meio da alta sociedade como sempre almejou, mas não fazia ideia de que aconteceria tão depressa assim.Pelos cálculos dela poderia ter o nome ainda mais reconhecido em um período de cinco a dez anos. Mas agora, com apenas pouco mais de dois anos, já conseguia isso, graças a esse novo cliente.Imagine quantos novos clientes da sociedade fechada dos mais ricos, ela conseguria agora?Não podia falhar com Nicolau Menotti. Precisava
Parte 2...O avó dele era muito conhecido em Paradiso e havia muitas histórias de benfeitorias realizadas pela família. Isso passou para o pai dele, que teve algumas histórias não tão boas com relação a amantes e isso pelo jeito criou atritos na família.Ela não era muito ligada em fofocas, mas a partir do momento em que decidiu criar a agência e unir mulheres e homens que buscavam por uma companhia dentro do que achavam interessante para suas vidas, ela teve que começar a se ligar no que acontecia no meio e começar a conhecer nomes e rostos.Por enquanto ela estava conseguindo manter os negócios e estava tendo uma renda muito boa que ajudava a sustentar as necessidades, mas precisaria de mais para ficar mesmo relaxada e trabalhar apenas por prazer e não por necessidade.Por agora ela tinha uma grande responsabilidde nos ombros e conseguir essa conta de Menotti traria outras, de certeza. E apenas com o que ganharia dele para esse serviço já a deixaria descansar por no mínimo uns dois
Parte 3...Joane ela eram amigas há muito tempo, antes mesmo de tudo cair de forma tão louca em volta dela, mudando toda sua vida. E no momento em que ela se sentiu só, Joane estava lá.— Outra coisa, você tem que ligar para a clínica.Dominique parou de empurrar o carrinho.— O que foi? Eles ligaram para a agência? Eu não recebi nenhuma chamada hoje de manhã - se preocupou, sentindo um bolo na garganta.— Calma, eles não disseram nada fora do comum - não queria que a amiga ficasse preocupada — Só pediram que você ligasse para eles quando fosse possível.Não tinha como ela não se preocupar de imediato quando recebia um chamado da clínica. Logo seu coração batia forte.— Mas não disseram nada sobre a Dani?— Eu perguntei, mas a mulher que ligou disse apenas que seria bom que você passasse lá na clínica para ver a Dani, mas que não era nada grave.Ela até suspirou um pouco aliviada. Saber que a irmã poderia ter tido uma piora a deixava muito nervosa.— Está bem, eu vou ligar quando acab
Parte 1...Nicolau continuava curioso sobre seu encontro mais cedo com Dominique Fussô. Depois que ela descreveu partes de sua vida, ele também queria saber sobre a dela.Mandou que o assistente Clusô fizesse uma pesquisa sobre ela para ver o que descobriria.Quando chegou no escritório ele o avisou de que havia um e-mail pessoal à sua espera. Leu tudo com cuidado assim como ela o orientou e de qualquer forma, faria mesmo isso. Não tinha costume de assinar documentos que não sabia ao certo o que eram, isso era perigoso.Depois que releu tudo ele fez a assinatura para enviar de voltar para ela. O arquivo com as candidatas estava em anexo e ele mandou imprimir.Realmente Dominique tinha feito o serviço de forma rápida. Ele estava com cinco páginas de candidatas e todas dentro do que ele gostava em matéria de aparência física.Sem dúvida todas eram lindas. Mulheres que chamam atenção em qualquer lugar onde passem. Ele leu com calma cada folha com as descrições de cada uma.A primeira era
Parte 2...Para ser marquês ele teria que levar junto uma marquesa. Era a exigência. E se ele não tivesse sua marquesa, o primo tinha. Mike era casado há quatro anos. Ele seria o seguinte no testamento para receber tudo o que vinha junto com o título e isso ele não iria deixar e nem era louco de jogar fora algo tão importante assim.— Dominique também era de família rica, mas o pai foi preso acusado de desvio de dinheiro, posse de informações sigilosas sobre o mercado de ações e mais cinco outros processos como sonegação de impostos - Nicolau se virou para ele — Com a prisão do pai, a mãe dela pediu o divórcio, mas acabou perdendo tudo porque a dívida era enorme e o governo tomou tudo, prendendo as contas.Ele apertou o copo. Tinha uma vaga lembrança de um caso desse que dominou a mídia por alguns meses, mas depois acabou desviando o interesse para outros assuntos.— A mãe dela não aceitou perder a fortuna, o nome e todo o luxo que tinha, além do status de superioridade que o nome do