A visão de sua casa era privilegiada: podia ver toda a colina onde Vilarejo ficava, via cada uma das casas de madeira enegrecida postas em duas filas, uma de cada lado de um caminho marcado que chamavam de Rua Primeira, uma espécie de rua principal, via até mesmo a Orla norte depois do muro de troncos que ergueram ao redor de Vilarejo. A vila descia a colina do lado oposto ao do extenso lago congelado atrás dela. Roudinie mantinha a janela aberta, deixando entrar o ar da primeira manhã após a Noite Eterna, esvoaçando seus cabelos negríssimos e longos; não tinha o hábito de cortar os fios. Por mais que o vento ressecasse seus olhos verdes e lábios pálidos, ela não ligava, havia passado tempo demais dentro daquela casa, trancafiada nela pelo medo da Noite e para sua segurança que qualquer bocado de luz natural a atraía como um inseto hipnotizado por uma vela.
Aquele não era apenas o primeiro período diurno após a Noite Eterna, era também seu aniversário. Roudinie comemorava o primeiro dia de seus quatorze anos – idade que Cayden tinha quando foi banido.
Ao pensar em seu irmão, seu coração enrugou como uma fruta seca, sugando toda a graça e felicidade daquele dia. Roudinie fechou as janelas e contentou-se com o uivar do vento por entre as casas. Apertou o xale rosa-coral ao redor de seu pescoço para conter o frio em sua alma; maior que o frio do clima hostil. Os sapatos de couro claro roçavam o chão a cada passo que Roudinie dava. Sentou-se na cama – que Cayden construíra para ela dois anos antes com madeira crua e ainda com casca – e tentou escutar o movimento fraco no andar de baixo da casa.
Aquele era o quarto que dividiu com seu irmão durante toda a vida. Roudinie ainda não tinha coragem de tirar os itens dele de lá, as roupas que ele não levou e os diminutos cavalos de madeira que Cayden fez para ela quando pequena. A ausência dele doía dia após dia, quando Roudinie acordava sozinha na cama gelada ou quando o último dia da semana chegava e ela não o ouvia no banheiro cortando o cabelo com uma tesoura cega.
As telhas gemiam com o peso da neve acima de sua cabeça. O telhado curvo do chalé velho deveria fazê-la escorrer para o chão, porém a calha segurava a neve que se acumulou nos quatro meses que passaram. Roudinie sabia que a neve derreteria o suficiente para pingar por dias pelas pontas das telhas, mas teriam de dar um jeito naquele dia mesmo ou o peso afundaria o telhado.
Por fim Roudinie lavou o rosto com a água gelada que a mãe colocava para ela em uma tigela de argila cinzenta no banheiro. Deixaria os cabelos soltos naquele dia, caindo pelas costas como uma cascata de breu. Vestiu as calças de lã grossa tingida de preto e um par de blusões de mesma cor, voltando a colocar o xale ao redor dos ombros. Deixou o quarto meio iluminado pela luz diurna que entrava pelas duas janelas e desceu as escadas, parando no último degrau. Os pais já haviam saído para seus afazeres no Vilarejo – arrumar o que havia quebrado durante a Noite, conseguir mais alimento e toda a sorte de coisas que precisavam após tanto tempo presos em casa – e deixado um bolo rudemente decorado com frutinhas vermelhas secas e creme. Roudinie suspirou e bateu palmas um par de vezes, felicitando a si mesma.
...
Aproveitaria a ausência dos habitantes da vila para levar uma fatia do bolo à Cayden, junto de um pão grande; ele certamente teria fome após a sua primeira Noite Eterna sozinho. Arrumou tudo dentro de um pote quadrado com tampa e enfiou em uma bolsa de lona. Colocou uma touca de pele de urso na cabeça, prendeu uma capa longa de couro preto nos ombros por cima do xale e calçou luvas grossas. Pendurou a bolsa no ombro direito e saiu pela porta dos fundos como um roedor sorrateiro. Em dois minutos alcançou a entrada de Vilarejo e embrenhou-se na floresta.
A primeira manhã depois da Noite era sempre estranha e lenta, como se toda a vida ainda não tivesse voltado ao normal. As árvores congeladas estalavam com o vento rude, redemoinhos de neve se formavam aqui e ali e arbustos cobertos de neve pareciam-se com punhados de chantilly aos pés dos troncos brancos. Roudinie parecia um pequeno pedaço de carvão no meio de toda a neve; a ideia de roupas escuras era justamente destacar-se em um mundo tomado de gelo e branco. Roudinie se arrependia de não ter coberto o rosto, sentindo o vento rasgando a pele de tons cadavéricos.
Um percurso que normalmente levaria duas horas, estendeu-se por três. A neve a prendia até as panturrilhas e o esforço de caminhar nela fazia seus pulmões gritarem de cansaço. Avistou a casa de Cayden ao longe, a madeira cinza contrastando contra a neve. Caminhou com mais vontade até ela e, respirando como um boi exausto, Roudinie parou cerca de três metros distante da casa, encarando a porta amarela que batia com o vento, pendurada em uma só dobradiça. O receio de que Cayden tivesse mudado de lugar a assombrou intensamente. Arrastou os pés que queimavam com a dura caminhada e segurou a porta com as duas mãos, abrindo-a o suficiente para olhar lá dentro. A sala continuava vazia como sempre foi, porém com uma avalanche de neve formando-se a partir da janela aberta como um rombo na parede de madeira. Roudinie entrou na casa escura e andou cautelosa por ela, procurando vestígios de Cayden.
O colchão onde ele dormia – embaixo da escada – ainda estava lá, o travesseiro e os cobertores continuavam aos pés da cama improvisada e uma panela com resquícios de comida descansava no canto da lareira. Roudinie olhou na cozinha, abrindo o armário que ela sabia que Cayden usava como geladeira e surpreendeu-se com a quantidade de comida estocada, estranhando os sinais de abandono e as coisas dele ainda na casa. Roudinie sentia o peito apertar a cada indicativo de que Cayden sumiu.
Estava claro que ele não havia ido embora por vontade própria.
Saiu da casa e olhou ao redor, sentindo-se perdida. Procurava por indícios de seu irmão – vivo ou morto – e nada encontrou. Deixou a bolsa de lona cair e gritou o nome dele, andando por entre as árvores sem rumo.
Dava a décima volta pela casa quando deu de cara com Leonid, o filho do Ancião de Vilarejo, uma espécie de líder, alguém que encabeçava a vila. O garoto era alto demais, magro demais e vazio como um tronco oco. Os olhos negros dele pareciam dois poços sem fundo e o cabelo cor de areia estava constantemente ensebado e grudento, o rosto encovado a amedrontava e Leonid estava sempre por perto, parecendo segui-la a todo canto; demasiado desagradável. Ele vestia roupas maltrapilhas e sujas, arrastava os pés meio tortos pela neve e Roudinie tinha a impressão de que ele começaria a babar a qualquer instante. Ele era uma espécie de “pau-mandado” do Ancião, o que o tornava menos tolerante para ela.
— Leonid! M-mas que... surpresa.
Roudinie ofegava de cansaço e desespero, desejando se livrar dele o quanto antes. Uma das mãos dele estava escondida atrás das vestes escuras e largas demais para o corpo descarnado, enquanto a outra pendia morta ao lado do tronco. A mão escondida a preocupava imensamente.
— Eu vi você saindo. — Ele disse com uma voz arrastada e grave.
— É! Eu... eu estava procurando lebres.
— Com um pedaço de bolo?
Ela olhou para o pote que caiu para fora da bolsa, espalhando o bolo e o pão pela neve.
— Oras, era meu lanche da caçada.
Leonid oscilava com o vento, entreabrindo a boca como se ponderasse algo com muita atenção.
— Por que estava chamando o banido?
— Cayden. O nome dele é Cayden. — Roudinie rosnou; odiava que o chamassem de Banido.
Leonid pareceu intimidado com a hostilidade dela. Deu um passo para trás e baixou o olhar para seus próprios pés. Por um momento, Roudinie sentiu pena dele, mordiscando o lábio inferior enquanto pensava em desculpar-se com Leonid.
— Eu só estava com saudades dele. — Roudinie disse em baixo tom.
— E o pão que você deixa para ele desde a primavera?
Aquilo a pegou de surpresa. Então Leonid sabia...
Desde quando?
— Não sei do que está falando.
Roudinie deu as costas para ele e se ajoelhou na neve para pegar o pote e a bolsa, deixando a comida lá. Se Cayden voltasse, ele poderia pegar o pão; a neve o conservaria bem.
— O Ancião sabe.
Ela engoliu em seco, sentindo que um tijolo descia por sua garganta. Certamente seria banida quando voltasse para o Vilarejo. Se ao menos soubesse onde Cayden estava...
— Ele disse que se você aceitar ser minha noiva, ele não bane você também.
— E se eu não aceitar? — Seu estômago revirava com a ideia de se casar com Leonid ou qualquer homem da família dele.
— Então ele disse que eu deveria dar um jeito.
Roudinie parou de tentar recolher o bolo numa falha tentativa de deixá-lo apresentável para Cayden e olhou por sobre o ombro. Fitou Leonid por um segundo, vendo-o com o braço erguido e um martelo alaranjado de ferrugem em sua mão, até que ele a desceu agressivamente e a atacou a primeira vez. Roudinie sentiu o impacto seguido de uma dor lancinante no topo de sua cabeça, uma dor que vinha em ondas e a cegava. Levou uma das mãos ao couro cabeludo e tocou o ponto onde o crânio afundara, apavorando-se. Leonid tremia, mas já havia começado; que terminasse o quanto antes.
O garoto a atacou sucessivas vezes, montando o corpo para alcançar melhor a cabeça – achatada naquele momento – e, quando seu braço começou a arder com o esforço, ele parou e voltou a se levantar.
O martelo se recusava a se soltar do crânio e quando Leonid puxava, erguia o corpo de Roudinie. Leonid soltou o martelo e Roudinie foi ao chão, de rosto enterrado na neve e sangue respingado ao redor de si, encharcando o pão à frente dela com sangue, pedaços de massa cinzenta e lascas de ossos. Os cabelos negros pareciam serpentes desprendendo-se da cabeça aberta no topo, espalhados pelo chão.
Nervoso, Leonid torcia as mãos no tecido das roupas velhas, pensando se aquele teria sido o jeito certo. Tirou a capa dela e a vestiu, feliz pela nova vestimenta. Pensou por alguns instantes e decidiu levar toda a roupa de Roudinie, tirando peça por peça com cuidado para não as sujar mais ainda com o sangue fresco. Daria aquelas roupas para a irmã mais nova, que certamente amaria ter novas peças além das vestes esfarrapadas que usava.
Leonid deixou o corpo nu de Roudinie para trás, sorrindo feliz com as roupas em suas mãos – a irmã iria gostar muito das roupas –, vez ou outra levando as peças até o rosto e inspirando fundo o cheiro de Roudinie. Aquele realmente fora o jeito certo.
A terra dura se recusava a ser tirada aos nacos congelados pela pá de Emull. Cada vez que a fincava no solo eternamente endurecido era como se cavasse em um bloco de gelo; vez ou outra a pá rangia como se gemesse agoniada sempre que cravada na terra. Quase metade do dia havia sido gasto naquele trabalho e logo anoiteceria.Emull tirava os longos cabelos grisalhos do rosto, apoiado no cabo da pá. Seu corpo fraco e velho estremecia com o frio que se embrenhava em suas vestes surradas e a barba criava alguns nós com o vento que o açoitava sem pena. A pele enrugada e queimada de frio se franzia com a tristeza de cavar uma cova para sua própria filha, tudo o que o sobrara.A cada punhado de terra dura que Emull tirava e jogava ao lado o fazia se lembrar do riso contido de Roudinie, de sua preocupação silenciosa com Cayden, sua juventude desabrochando como uma florzinha de pétalas negras e miolo verde e o lembrava de como ela os defendia da hostilidade dos habitantes de
O saco onde levavam os poucos itens que puderam carregar pesava nas costas de Emull. O vento passava uivando por seus ouvidos e o homem se curvava cada vez mais, protegendo o rosto do gume afiado da ventania. Clematis cobria o rosto com um trapo amarelo em uma falha tentativa de se proteger do frio. Ela se preocupava com seu marido, afinal de contas ele era um homem de idade avançada e carregar peso em uma viagem de algumas horas no frio e neve era extremamente nocivo para Emull. Afundavam até os tornozelos na neve que ainda não havia se compactado, forçando as panturrilhas magras e fracas a trabalhar. Os músculos queimavam com o esforço e os estômagos vazios roncavam alto de fome.— Temos que parar, Emull. — Clematis pediu, tentando falar acima do som do vento.— Não. Precisamos ir mais longe, só mais um pouco.— Estou com cansada e com sede! Por favor...Emull olhou para trás sem parar de andar. Respirou fundo e, diminuindo os passos
Dois meses haviam se passado após mudarem-se de Vilarejo. Não se distanciavam demais do lugar por segurança, por saberem o que tinha ao redor da vila, mas não ao longe dela. Os dias fora de lá eram mais exaustivos: não possuíam o conforto de uma casa, outras pessoas para conversar, mais opções de comida... Emull e Clematis tinham construído uma cabana de galhos e peles de ursos em um local onde os pinheiros estavam mais próximos uns dos outros. A cabana tinha formato piramidal e acolhia a ambos com conforto, a neve não se acumulava no topo por conta do formato e o vento contornava a cabana.O vento era constante, porém os pinheiros quebravam um pouco da velocidade dele perto da cabana. Próximo dali havia um lago onde Clematis abriu um buraco no gelo para pegar água, um ou outro peixe ou lavar alguma coisa. A água era gélida, mas seria exaustivo além da conta carregar água o suficiente e esquentá-la para fazer o que poderia facilmente ser feito no lago.Clemat
A respiração falhava de tempos em tempos, piorando com a má postura que, após tantas décadas, o fez corcunda. O Ancião retorcia o rosto em uma expressão horrenda de ódio e apreensão, sentado na poltrona centenária da saleta no final do corredor de sua casa - maior que as demais, afinal ele era O Ancião. Emitia uma espécie de rosnado ao soltar o ar por entre os lábios rachados. Batia as gengivas desprovidas de dentes umas nas outras e murmurava consigo mesmo. A saleta estava fria feito gelo, sem lenha para a lareira, pois Leonid não aparecera ainda com ela.O Ancião acendeu – com extrema dificuldade por conta do mal de Parkinson – uma vela grossa e torta em cima da mesa, aproximando as mãos da chama bruxuleante para aquecê-las um pouquinho que fosse, evitando que as articulações doessem mais do que já o faziam. Uma corrente de ar forte entrava por alguma fresta que ele não conseguia achar, acometendo o corpo idoso e fraco com uma febre que aumentava com o passar dos minutos. Se
Leonid, sentado à beira da cama de seu avô, fitava o rosto pálido adormecido dele. A luz bruxuleante da vela conferia nuances quentes sobre o rosto do Ancião e uma gotinha de sangue ainda sujava uma de suas narinas. O clima rançoso do quarto parecia grudar em seu corpo, deixando-o com uma sensação gosmenta na pele. As tábuas de madeira riscada pelos anos de sapatos pisando e móveis arrastando estalavam vez ou outra, mas Leonid já estava acostumado com os rangidos e estalos. Havia até decorado onde fazia o quê.A porta se abriu sem cerimônia e Oxalis entrou com uma pilha de cobertores nos braços. O vestido cinza estava molhado na altura do abdômen e os cabelos loiros estavam bagunçados, cheios de mechas fora do coque mal feito. Leonid olhava para sua mãe com uma expressão vazia, como se vê-la não fosse nada. O rosto dela era tão parecido com o do Ancião que, vez ou outra, dava pena; o velho era horrível, de fato. Porém, o que o velho tinha de ruindade e ignorância, Oxalis
— Por que não podemos ir para alguma cidade e ficar lá, morando em alguma casa?Anemony ofegava com o esforço de andar pela neve carregando o fardo de utensílios em suas costas esqueléticas. Ela mantinha os cabelos prendidos feito um rabo de cavalo no topo da cabeça, como Clematis a ensinou no dia anterior; prender os cabelos era deveras prático na hora dos afazeres. A garota não levava tanta coisa quando Clematis, entretanto, seu mirrado estado a fazia sofrer com o menor dos pesos.— Porque nas cidades há muitas Mariposas. Com tantos lugares fechados e escuros, elas podem nos ferir até mesmo durante o dia se acabarmos entrando em alguma casa.— Ah, que droga. — Anemony resmungou.— Sei onde tem várias cabanas abandonadas por aqui, podemos morar em uma se não houver ninguém nelas. As pessoas acham mais seguro morar em vilarejos, você sabe.— E se não der certo?Clematis se surpreendia com a inocência e falta de saberes de A
Muscari andava de um lado ao outro na frente da porta do quarto, enrolando os dedos no tecido do avental puído. Ninguém tivera coragem de entrar no quarto para ver o que tinha acontecido, para ver se o Ancião ainda estava lá. Leonid saíra cedo para recolher mais lenha e Oxalis não havia acordado ainda; todos a deixavam dormir o quanto quisesse, vez ou outra, por conta do sofrimento a respeito de Anemony.Cansada de nutrir ansiedade, Muscari fechou a mão esquelética na maçaneta redonda e abriu a porta, apenas uma fresta, deparando-se com uma fatia do quarto vazio e ainda escuro, iluminado precariamente pela luz baça da manhã. A parte da cama que Muscari conseguia ver estava revirada, respingos de sangue e fluídos – que Muscari não sabia do que se tratavam – manchavam os lençóis.Abriu a porta mais ainda e se deteve: uma delas ainda estava lá dentro, no canto ao da janela, virada para a parede. Muscari paralisou, presa entre trancar a porta e nunca mais abrir a
A tenda tremulava com o vento quente que soprava do oeste. O véu achado nas ruínas das casas de uma cidade próxima ao deserto cobria a cabeça loura e a parte inferior do rosto para que o sol fizesse o menor estrago possível. Anemony carregava, pendurada por uma alça de couro em seu ombro direito, uma bolsa feita com estômago de camelo, algo que os povos do deserto usavam para guardar água e mantê-la fresca. Ela ouvia a água balançar dentro do reservatório esquisito a cada passo que dava pela areia fofa e traiçoeira – as dunas mudavam dia após dia, impossibilitando a localização por meio delas. Tinham apenas o sol e as estrelas como relógio, embora esse tipo de localização fosse mais difícil para Anemony. Ela entrou na tenda e tirou o véu negro da cabeça, aliviada por sair do sol e calor seco. Clematis varria com uma vassoura de palha os tapetes que cobriam o chão da tenda; embora fosse um tanto difícil manter os tapetes livres da areia. Ao menos o grosso dela conseguiam tirar.